Deena Knocks (Já com Beta)

Espaço para os Betas das Fanfics de Romance

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Adriana Snape
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Deena Knocks (Já com Beta)

Post by Adriana Snape »

A fic ainda não está terminada, mas a Arwen undómiel Potter está betando. Por sinal, ela faz um serviço excelente!

Já estou escrevendo o cap. 20. No site da FeB, dá pra baixar os arquivos em PDF...

Comments, pliiiis!! 8)

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Cap 1: Fred Weasley
- Knocks, Deena! – Chamou a Profa. McGonagall.
- Corvinal!
Ao ouvir a escolha do chapéu seletor, Deena ficou radiante! Desde que ouvira falar nas casas de Hogwarts, sempre desejara ser escolhida para Corvinal. E agora, seu desejo se realizava. Aos onze anos de idade, Deena se sentia a garota mais feliz do mundo.
O ano letivo foi realmente tranqüilo. Logo, Deena percebeu que suas colegas de casa não eram exatamente expansivas, mas apreciavam sua companhia, especialmente na hora de estudar. Dona de uma mente aguçada e de incríveis habilidades mágicas herdadas de seu pai, ela não demorou a ser conhecida na turma como uma boa aluna. E isso, na Corvinal, não era pouca coisa.
Sua primeira aula de poções ficou marcada como uma tatuagem indelével em sua mente. Aquela sala cheia de vidros com conteúdos estranhos, o cheiro, e principalmente a figura exótica e aterradora do professor Snape, a quem não demorou a admirar e logo elegeu como seu favorito. O prof. Snape tinha uma postura reservada, rude até, com alunos que não fossem da casa da qual era diretor, Sonserina, mas Deena não se importava. Quanto mais ele a desafiava, mais ela se sentia estimulada a estudar.
Na aula de poções, suas notas costumavam ser as melhores da classe. Simplesmente porque o prof. Snape não tinha argumentos para descontar um décimo sequer de sua nota. Suas poções eram perfeitas! Vinha de uma casa de bruxos, desde muito cedo aprendera com a mãe as sutilezas e meandros no preparo de poções excelentes. E agora seus conhecimentos eram-lhe muito úteis.
Infelizmente, os gêmeos sentados na bancada à sua frente não pareciam dispor das mesmas habilidades. Fred e Jorge Weasley sofriam para conseguir bons resultados, vitimados na maioria das vezes por sua própria má-vontade evidente para com os detalhes de uma boa poção.
- Atenção, essas folhas devem ser picadas finamente antes de serem jogadas no caldeirão! – avisou o arrogante professor.
Deena espichou o pescoço e olhou sobre os ombros dos gêmeos, apreciando as folhas retalhadas que eles pretendiam jogar em sua própria poção. Sem saber o que a levou a desferir o feitiço, Deena sussurrou, apontando sua varinha:
- Accio folhas!
Os garotos olharam espantados enquanto suas folhas mal-cortadas voavam até a mesa de trás, sendo então substituídas por um punhado de folhas picadas em tiras tão finas que pareciam fios de cabelo. Antes que o professor percebesse, Deena cortou um pouco melhor as folhas que agora estavam em sua mesa e jogou-as no caldeirão, fazendo sua poção ficar vermelha. O rapaz da direita (seria Fred ou Jorge?) aproveitou a deixa e jogou o pequeno novelo vegetal no caldeirão também, e a poção imediatamente passou do amarelo pálido que estava para um alaranjado brilhante.
- Srta. Knocks, o que é isso em seu caldeirão? – perguntou Snape – Será que dentre todos os alunos desta sala, a Srta. entregará a pior poção por causa de um detalhe tão estúpido?
- Desculpe, professor, acho que não estou em um dos meus melhores dias...
- É, acho que não. Aliás, pelo que posso perceber por esta amostra, você não deveria ter saído da cama hoje...
***
- Olha, garota, foi muito legal aquilo que você fez na aula de poções, hoje. Aliás, por que você fez aquilo?
- Boa tarde pra vocês também. Pra começo de conversa, você é o Jorge ou o Fred?
- Eu sou o Fred, ele é o Jorge. E boa tarde.
- Bom, meu nome é Deena, e eu não sei bem por que eu troquei nossas folhas. Acho que é porque o Snape sempre pega no pé de vocês, eu vi a burrada que vocês estavam fazendo e fiquei com pena.
- PENA!!?? Nós não precisamos de nenhuma menina com pena da gente! – retrucou Jorge, com o rosto vermelho de ira. – Muito obrigado, mas da próxima vez, pode prestar atenção na sua própria poção.
- Tá bom. Não precisa arrepiar os cabelos! Eu fiz aquilo pra ver se o professor notava ou se eu seria capaz de trocar sem ele perceber, só por isso...
- Ah bom, se foi uma tentativa de enganar Snape, tudo bem – respondeu um Fred já apaziguado.
- Se é assim, a gente aceita – disse Jorge, completando a fala do irmão. E assim nasceu uma forte amizade.
Cap 2: Veneno de jararaca
O primeiro e o segundo ano de Deena em Hogwarts transcorreram sem dificuldades. Durante as férias de verão ao fim do segundo ano, Deena surpreendeu-se diversas vezes pensando no prof. Snape. Ela sempre pensava na escola e em seus colegas, que estavam tão longe. Seu pai, Shouto Knocks, era embaixador do Ministério para a América Latina, um emprego muito interessante. Ele permitia que Deena viajasse bastante, tivesse acesso à magia de diferentes culturas, e pudesse praticar o que quisesse durante as férias, uma vez que a América Latina não tinha a mesma legislação que a Europa no tocante à prática de bruxarias por menores de idade fora das escolas. Na verdade, a maioria dos países da América Latina nem possuía um ministério da magia com força suficiente para impor uma legislação muito restritiva. <br>
Assim, Deena costumava passar suas férias inteiras praticando os feitiços, poções e transformações aprendidas durante o ano letivo. E nessas horas de estudo prático, toda vez que conseguia um bom resultado a garota pensava em Snape. E quando conseguia um resultado ruim, também... <br>
Ela queria que o sisudo professor de poções prestasse atenção nela. Queria que ele percebesse toda a sua admiração, tanto por seu conhecimento quanto por seu... Aspecto fascinante. Aqueles olhos negros a seduziam e encantavam, a garota se sentia como uma presa frente a uma serpente venenosa pronta para dar o bote. Deena ainda não tinha plena consciência, mas estava apaixonada pelo professor. <br>
*****
- Oi, Fred, como foi de férias? <br>
- Eu sou o Jorge, Deena... <br>
- Não, não é. Você é o Fred, tenho certeza. <br>
- Mas como você pode ter certeza disso se nem nossa mãe tem? <br>
- Não sei, mas tenho certeza. Você é o Fred. Ele é o Jorge. E não adianta tentar me enganar, porque eu sei. E aí, como foram de férias? <br>
- Tudo bem – responderam ambos, em uníssono. – Você viu nosso irmão Rony na escolha das casas? <br>
- É eu imaginei que um menino ruivo daquele jeito só podia ser irmão de vocês. Ele também foi para Grifinória, certo? <br>
- É. <br>
- O que vocês estão fazendo aqui que ainda não foram para nossa sala comunal?– interrompeu o monitor da Grifinória. <br>
- Calma, Percy, nós estávamos apenas falando com nossa amiga aqui. – disse Jorge – Além disso, não é da sua conta. <br>
- Tá, tá bom. Agora andem logo. Você também deve ir para sua sala, mocinha. <br>
- Uuuuui, tô ficando até com medo... Mas vou mesmo assim. Tchau, rapazes, até à tarde, na aula de poções. <br>
*****
Logo depois do almoço, Deena saiu correndo para uma certa masmorra onde teria a primeira aula de poções do ano letivo. Ela levava um pequeno pacote escondido em sua manga. Após bater na porta e ouvir um abafado “Entre” vindo de dentro, a garota viu-se frente a frente com seu amado professor. <br>
- O que você já está fazendo aqui? Ainda faltam 20 minutos para o início da aula. <br>
- Oi, professor, desculpe. É que eu queria trazer algo para o Sr., e achei melhor fazer isso antes que os outros chegassem. <br>
- Se eu tiver a impressão que isso é algum tipo de tentativa de suborno, tirarei 50 pontos de sua casa, Srta. Knocks. <br>
- Oh, não, professor, não é isso – respondeu Deena, insegura. – É só algo que eu trouxe do Brasil, e pensei que o Sr. fosse apreciar. É veneno de jararaca, um ingrediente muito usado pelos bruxos de lá, e que não tem por aqui. – ela disse, colocando o frasquinho em cima da mesa. <br>
Snape olhou para o frasco e dele para o rosto enrubescido da garota, sem entender direito o que estava acontecendo. <br>
- Seus pais sabem que você trouxe veneno de cobra de outro país para cá? <br>
- Hmmm, acho que não, Sr. Eles não perguntaram, sabe, e lá não há mesmo nenhum controle sobre o comércio desse tipo de ingredientes... <br>
- E o que a faz pensar que eu apreciaria tal veneno? <br>
- Esse monte de frascos que o Sr. tem aqui. Bom, é só um presente, mas se o Sr. não quiser, eu levo de volta. <br>
O professor segurou o frasquinho contra a luz da vela acesa sobre sua mesa. Admirando a transparência de seu conteúdo, ele pensou um pouco e finalmente disse: <br>
- Está bem. Obrigado, eu realmente não tenho este veneno em meu estoque. Mas que não passe pela sua cabeça a idéia de que eu a irei favorecer em qualquer coisa por causa deste presente, heim? <br>
- Não, senhor. Isso nem... <br>
A conversa foi interrompida por um grupo de alunos da Grifinória e da Corvinal, que já chegavam para a aula. Deena, envergonhada, deu as costas para o professor e foi para seu lugar ao lado da amiga Marissa, que acabara de entrar trazendo seus livros. <br>
- Oi, Marissa, obrigada por trazer minhas coisas. <br>
- Eu não sei por que, mas imaginei que você estaria aqui, sabe? – respondeu a amiga, com um risinho malicioso nos lábios. – O que você estava fazendo? <br>
- Ah, não era nada de importante, não enche!! – disse Deena, tentando esconder o riso. <br>
- Oi, Marissa! <br>
- Oi, rapazes! Desculpe se eu não sei quem é quem, mas acho que só a Deena é capaz de diferenciar vocês dois... <br>
Cap 3: A Banda
O ano transcorreu lentamente, porém sem alterações na rotina de estudos das interessadas alunas da Corvinal. No Halloween, um enorme trasgo invadira a escola, causando desordem e pânico. A criatura foi detida por três primeiranistas da Grifinória, dentre os quais estava o irmão mais novo dos gêmeos. <br>
- Ei, Fred, o que deu na cabeça do seu irmão para enfrentar um trasgo daquele jeito? – perguntou Deena, zombeteira, no corredor. <br>
- É a lendária coragem dos Weasley, oras! E eu sou o Jorge. <br>
- Não é, não. Será que vocês não cansam de tentar me enganar? <br>
- É que temos a esperança de que um dia você caia – emendou o outro irmão. <br>
- Sinto desapontá-lo, Jorge, mas isso não vai acontecer. Eu simplesmente SEI... <br>
Nesse momento, Snape passou mancando pelo grupinho. Deena parou o que estava falando e suspirou, levando um cutucão de sua amiga Marissa. <br>
- Que foi, Marissa? <br>
- Nada, ué. <br>
- Só que você parece uma tonta virando os olhos quando esse seboso passa – respondeu Fred, irritado. <br>
- E isso te incomoda, maninho? – perguntou Jorge, zombeteiro. <br>
- Vamos, Marissa, esses dois vão ficar me alugando e a estufa onde teremos aula de herbologia é muito longe... <br>
As meninas saíram, deixando um garoto irritado e o outro rindo, ambos espantados com a cena que acabaram de presenciar. <br>
*****
Novembro chegou trazendo tempo frio e quadribol. Deena não gostava de nenhum dos dois. Habituada ao calor dos trópicos, onde vivera desde muito nova, ela sofria muito com os rigores do inverno europeu e evitava deixar o castelo nessa época, a menos que fosse realmente necessário. <br>
Quanto ao quadribol, esportes de grupo nunca haviam atraído sua atenção. Ela não sabia diferenciar as bolas, não enxergava nenhuma estratégia por trás daquelas jogadas, e não se interessava por quem iria vencer. No seu primeiro ano em Hogwarts, ela não fora a nenhum jogo e aproveitara o tempo extra na biblioteca. Mas desde o segundo ano ela tinha que ir aos jogos, pois seus queridos amigos Fred e Jorge haviam entrado para o time da Grifinória, que agora contava com um novo apanhador, o famoso Harry Potter. <br>
O jogo inicial, Grifinória contra Sonserina, foi um tédio que felizmente não se prolongou demais. Logo o garoto Potter estava quase caindo de sua vassoura (e falaram que ele voava tão bem...), e depois a capa do professor Snape pegou fogo, em um improvável acidente. Em seguida, Grifinória ganhou o jogo e todos puderam voltar para dentro do castelo, onde era quente. <br>
*****
O ano seguinte se iniciou com uma forte nevasca. Deena, desacostumada com o frio, sentia-se morrer por dentro cada vez que tinha que sair de seu quarto quentinho e enfrentar os longos corredores da escola até qualquer sala de aula. Qualquer menos a masmorra onde tinha aula de poções. Lá, Deena gostaria de ficar o dia inteiro, se fosse possível. <br>
Outras alunas da sua casa começavam a reparar no interesse que Deena demonstrava na aula de poções, ou mais especificamente, para com o professor de poções. Antes do fim da temporada de quadribol, ela já havia virado motivo de chacota por suspirar cada vez que via Snape pelos corredores. O professor não percebia nada, ou se percebia, fingia não perceber. Mas as alunas não perdoavam, e logo Deena carregava o carinhoso apelido de “Sebosinha”. Mas ela não ligava. Ou melhor, fingia ser tudo uma brincadeira, e com essa estratégia de defesa, exagerava nos suspiros e zombava de si mesma. <br>
*****
O início do quarto ano em Hogwarts trouxe uma surpresa para Deena. Em um belo dia de setembro, ela estava tomando seu banho tranquilamente, cantando no chuveiro, quando ouviu vozes de outras duas meninas que entraram no banheiro. Ela continuou cantando, até para que as meninas soubessem que havia mais alguém aí, e como esperava, as meninas se calaram. <br>
Após lavar e enxugar seu corpo esguio, ela saiu do compartimento onde estava e viu as duas garotas encostadas em uma pia, como que esperando por ela. <br>
- Oi, tudo bem com vocês? – Perguntou Deena. <br>
- Você estava usando algum feitiço para cantar? – perguntou de sopetão a mais loira das duas, uma garota bonita chamada Laisa. <br>
- Não, né? Se estivesse, o resultado seria melhor – respondeu Deena mal-humorada, achando que as meninas queriam zombar dela. <br>
- Olha, nós achamos que você estava cantando super bem, sabia? – respondeu a morena, uma garota árabe conhecida como Latifah. – De fato, nós duas e meu irmão estamos pensando em montar uma banda. Meu irmão é percussionista, ele toca muito bem. Todos na nossa casa são músicos, e Laisa sabe tocar guitarra. Nós estávamos justamente falando sobre encontrar alguém que cante para entrar na banda também. Além disso, também precisamos de um baixista, porque eu toco teclado e guitarra. <br>
- E daí vocês me ouviram cantar no chuveiro e ficaram impressionadas com meu talento vocal? <br>
- É, é mais ou menos isso – explicou Latifah. – É muito difícil encontrar bruxas que cantem bem sem o uso de feitiços, e... <br>
- Olha, desculpa, mas pra cima de mim, não. Eu sei que vocês estão é procurando algum jeito de tirar uma com a minha cara. Mas não vai rolar, entenderam? Tchau pra vocês. <br>
Deena saiu do vestiário furiosa, pensando em quanto tempo levaria até que suas colegas de classe amadurecessem. Ela estava não nervosa que nem viu Marissa passando rumo à biblioteca. <br>
- Ei, Deena, aonde você vai com essa toalha na cabeça? <br>
- Ui, Marissa, que bom que você me avisou. Eu estava tão nervosa que nem percebi – respondeu Deena, soltando os longos cabelos castanhos molhados – Você acredita que aquelas duas meninas da Grifinória, a Laisa e a Latifah, queriam me convencer a cantar para elas? <br>
- E daí, você aceitou, né? <br>
- Eu?? Pra quê? Pra dar mais um motivo pra escola inteira rir de mim? Se eu não tivesse notas tão boas, pode ter certeza que seria mais ridicularizada que aquela menina Lovegood, filha do dono do Pasquim. <br>
- Mas do que você está falando, Deena? Todo mundo sabe que elas estão montando uma banda! Tem um monte de gente cantarolando por aí pra ver se elas ouvem e convidam para participar. Se você tirasse o nariz de dentro do livro de poções, você também saberia disso... <br>
- Jura? Então é verdade?? Ai, que fora que eu dei!! Larguei as duas falando sozinhas no banheiro... Bom, mesmo assim, eu nem queria cantar, de um jeito ou de outro... <br>
Mas a idéia de cantar em uma banda não abandonou os pensamentos de Deena. Ela começou a pensar nas músicas que sabia, nas que cantava melhor, em como seria interessante fazer um teste e saber o que os outros achavam. Conversando com Fred a respeito, o rapaz a incentivou: <br>
- Por que você não procura a Latifah? Ela é bem legal, e não vai se recusar a marcar um teste. Além disso, se você achar que o clima não ficou bom, você desafina e se desclassifica, e pronto. <br>
- É, Fred, é isso mesmo que eu vou fazer. <br>
- Só me avise quando for o teste, tá? <br>
- Por quê? Você quer ir assistir? <br>
- Não, para eu tirar meus protetores de ouvido da mala!! <br>
- Ora, seu... <br>
*****
Latifah era realmente uma pessoa acessível. Ela entendeu o ponto de vista de Deena e concordou em marcar um teste. Afinal, Deena tinha mesmo uma bela voz, que só precisava ser mais trabalhada. <br>
- Mas olha, Deena, se tiver ensaio em dia de quadribol, você tem que ir ao ensaio, tudo bem? <br>
- Ah, agora você está brincando comigo, né? <br>
*****
O teste aconteceu na noite do Halloween. Deena foi testada juntamente com outras três garotas da Lufa-lufa e duas da Grifinória. Não havia mais ninguém de sua própria casa, e os sonserinos pareciam não se misturar. Também foram testados 3 ou 4 rapazes para tocar baixo, e ao final de todos os testes, Deena e um rapaz da Lufa-lufa, Ian McKornick, foram selecionados para a banda. <br>
Quando todos saíam da sala de estudos requisitada para o teste rumo à festa, que já devia estar no fim, uma multidão nos corredores barrou o caminho dos jovens. Adiante, gritos descontrolados do zelador, o Sr. Filch, e manchas vermelhas na parede. Parece que alguém petrificara a gata do zelador... <br>
Cap 4: Hermione
Os ensaios da banda ficaram mais freqüentes com a proximidade do feriado de Natal. Deena estava se saindo muito bem, e além de cantar começara a compor músicas juntamente com Ahmed, o irmão de Latifah. <br>
- Oi, Deena, você quer estudar Poções conosco? <br>
- Fred, você vai estudar? Acho que vou faltar ao ensaio só pra ver isso... <br>
- Não seja tola, menina! – respondeu Jorge, interrompendo com uma risada a resposta que o irmão ia começar a desferir – Ele só está dizendo isso pra ver se você dá um pouco de sua atenção pra qualquer outra coisa que não seja a banda. <br>
- Ei, isso não é verdade!! Deena, não acredite nessa cópia mal-feita de mim! Eu realmente queria que você fosse conosco estudar Poções. Afinal, você é a melhor aluna da turma, e nós estamos realmente enrascados na matéria. <br>
- Fale por si só, irmãozinho. Eu não estou nem aí para o Snape e seus líquidos fedorentos. <br>
- Fred, Jorge! – interrompeu Hermione chegando perto do grupo que conversava. <br>
- Oi, Hermione. Deena, esta é Hermione Granger, ela queria te conhecer. <br>
- Oi, tudo bem? Você precisa de ajuda com alguma coisa? <br>
- Vamos até ali comigo que eu te mostro, Deena. É uma poção meio complicada, acho que você vai gostar. <br>
As duas garotas seguiram até um banheiro desativado. Deena estava achando aquilo meio estranho, afinal, um banheiro não é o melhor lugar para fabricar poções. Hermione seguia calada, com ar de mistério, e Deena achou melhor não interromper seus pensamentos. <br>
Chegando à porta do banheiro, Hermione virou-se para Deena e disse: <br>
- Deena, esse assunto é secreto. Nós confiamos em você porque Fred confia, ele nos garantiu que você saberá guardar segredo, certo? <br>
- Então tem mais gente nessa história, é? <br>
- Tem, eu, Rony, irmão do Fred e do Jorge, e o Harry Potter, não sei se você os conhece... <br>
- Não, só de vista. Tudo bem, não se preocupe. Desde que vocês não matem ninguém, nem me façam de vítima de alguma brincadeira cruel, eu não me importo. <br>
- Entre. <br>
O caldeirão estava sobre uma pia, enquanto, no box ao lado, uma garota fantasma se lamentava e chorava lugubremente. <br>
Deena observou a capa e o conteúdo do livro. <br>
- Pociones muy potentes, heim? Meu pai tem um desses. É um livro raro, sabiam? Não devia estar no banheiro... Qual receita vocês estão fazendo? <br>
- Esta aqui – indicou Rony, apontando para uma página amarelada e envelhecida. <br>
- Poção Polissuco. É uma poção complicada e demorada. Tá, eu ajudo, nunca fiz essa poção, vai ser interessante! Mas vejam bem, se vocês se meterem em encrencas por causa disso, não contem que eu ajudei! Eu negarei como uma acusada de homicídio, tá legal? <br>
- Não se preocupe. Nós não pretendemos fazer nada de (muito) errado com isso. Mas precisamos de ajuda aqui no finzinho. Onde vamos arrumar essa tal de serifólia? <br>
Deena saiu, carregando o pesado livro no meio de seu próprio material. <br>
*****
À noitinha, Deena foi até a sala do seu querido prof. Snape carregando a cópia do livro emprestado. Ela enfeitiçara a capa do livro para que parecesse a do seu pai. O professor estava sentado atrás de sua escrivaninha, com uma pilha de rolos de pergaminhos, quando Deena entrou. Silenciosamente, ela se aproximou da mesa, observando com atenção os movimentos dos olhos negros do professor. A uma distância de cerca de cinco passos da mesa, Deena quebrou o silêncio que reinava na sala: <br>
- Professor? <br>
Snape levantou os olhos devagar e encarou a jovem quartanista diante dele. <br>
- O que você está fazendo aqui, Knocks? <br>
- A porta estava aberta e eu entrei. – explicou-se Deena – Queria perguntar uma coisa para o Sr. sobre este livro que eu estava lendo... <br>
- Este livro não é um livro acessível aos alunos, Knocks. <br>
- Não, professor, este aqui é do meu pai. Ele não liga que eu veja esses livros, agora que estudo aqui em Hogwarts. Claro que eu não pretendo fazer nenhuma dessas poções, mas eu só queria saber como se pronuncia este nome aqui, e como é a aparência desses extratos aqui... <br>
Snape virou-se para ver o livro, e dirigiu-se para o outro lado da sala em busca dos extratos que a aluna queria ver. Enquanto isso, ela rapidamente apanhou um punhado de serifólia do frasco facilmente localizado graças ao perfeccionismo do professor, que guardava tudo em ordem alfabética. <br>
- Satisfeita? Posso voltar ao meu trabalho? <br>
“Estou muito longe de ficar satisfeita...” pensou Deena, mas concluiu a conversa com um “Muito obrigada, professor, desculpe o incômodo”, e saiu da sala. <br>
*****
No dia seguinte, durante o café da manhã, Deena aproximou-se da mesa da Grifinória para entregar um pequeno pacote enrolado à nova amiga: <br>
- Hermione, aqui está o que você me pediu ontem. Consegui uma porção muito pequena, não vai dar pra fazer muita coisa, tudo bem? Se você tiver alguma dúvida, pergunte. <br>
- Puxa, muito obrigada! Bem que o Fred disse que você era esperta! <br>
- Ele disse isso, é? – perguntou Deena envergonhada. <br>
- Disse sim – piscou Hermione, com um tiquinho de malícia no olhar. <br>
- Bom, não quero nem saber o que vocês vão fazer com isso aí – concluiu Deena, baixando a voz tanto quanto possível – mas saiba que eu enfeiticei o embrulho para que minha letra não seja reconhecida. <br>
- Tudo bem, – riu Hermione – pode confiar em nós. <br>
*****
O feriado natalino chegou, e nesse ano a imensa maioria dos alunos resolveu deixar Hogwarts por causa de misteriosos ataques ocorridos no castelo. Algumas pessoas estavam petrificadas na ala médica, e ninguém conseguia fazê-las voltar ao normal. <br>
Deena não estava preocupada. Não era trouxa nem mestiça, a última nascida trouxa na sua família fora sua avó materna. Não que isso fizesse diferença. Deena não se importava com a ascendência das pessoas, se vinham de família de bruxos ou não. Aliás, na América Latina isso nem era um assunto viável, uma vez que só nas grandes cidades como São Paulo e Cidade do México existiam famílias puras de bruxos. Na maioria dos países, os bruxos existiam em quantidade tão pequena, que a miscigenação com trouxas era praticamente obrigatória. <br>
Na véspera do natal, Deena procurou um elfo doméstico por toda a sala comunal de sua casa durante a noite, e ao encontrá-lo, perguntou quem entregava os presentes de natal aos alunos e professores. O elfo assustado respondeu que eram eles mesmos, os elfos, que tinham passe livre em todos os aposentos da escola. Então Deena passou um embrulho ao elfo, pedindo para entregar à pessoa cujo nome estava no pacote. O elfo concordou e sumiu, deixando a garota com um sorriso bobo nos lábios. <br>
*****
Na manhã seguinte, Severus Snape despertou sonolento e olhou em volta, com o pressentimento de que havia alguma coisa anormal em seu austero aposento particular. De fato, sobre sua mesinha de cabeceira havia um pacote que não estava ali na noite anterior. Ao ler o bilhete que acompanhava o colorido embrulho, o professor não pôde evitar um minúsculo, quase imperceptível, sorriso. Dizia: <br>
“Feliz Natal. E isso não é uma tentativa de suborno.” <br>
Sem nome. Como se fosse necessário. <br>
*****
Os ensaios com a banda tomaram quase todo o tempo livre de Deena durante o fim de seu terceiro ano em Hogwarts. Ela recebera um misterioso cartão de dia dos namorados em um evento organizado pelo panaca do Prof. Lockhart. O cartão dizia simplesmente “Pensei em você o dia todo, hoje.”, e ela demorou meses para descobrir quem havia mandado. <br>
No final do ano letivo, a irmã mais nova de Fred e Jorge se envolveu em alguma encrenca, e rumores diziam que ela havia sido salva de Lord Voldemort graças a Harry Potter. Fred confirmou a história, mas não quis dar detalhes. Ele e o irmão ficaram muito preocupados com a caçula Weasley, e Deena colocou-se à disposição para ajudar, se necessário. Mas tudo já estava bem, e os alunos se viram às voltas com uma incrível festa no meio da noite, para comemorar o final do ano letivo e a solução de todos os problemas. <br>
Cap 5: Quinto ano
Então, novamente vieram as férias. A viagem para a Argentina foi mais tediosa do que o normal. Seus pais faziam o possível para que Deena desfrutasse da estadia em terras portenhas, mas nada fazia com que ela esquecesse sua amada rotina escolar. Ela já sentia novamente falta da biblioteca cheia de estranhos volumes, dos corredores ressoando o riso e os passos dos alunos, e das aulas, ah, que saudades das aulas e de todas as descobertas interessantes que elas traziam continuamente. <br>
Marissa escrevera a Deena algumas vezes, mas ela estava viajando com seus pais pelo interior da Rússia, o que a deixava muito difícil de ser localizada. Suas amigas da banda também mantiveram contato. Laisa estava na Inglaterra mesmo, junto com sua família trouxa, e Latifah e seu irmão Ahmed haviam voltado para a Arábia Saudita, para também passar um tempo com a família. <br>
*****
Depois do que pareceu uma eternidade, setembro chegou e Deena se viu de volta ao imponente castelo. Tudo estava muito mais sombrio do que costumava ser. Logo na viagem de ida, uma horrível criatura entrou no trem, um dementador. Ele fez Deena e suas amigas que estavam no mesmo vagão sentirem calafrios. <br>
No discurso de boas vindas, o prof. Dumbledore alertou a todos sobre a presença desses dementadores durante o ano letivo. Eles estavam procurando por um prisioneiro fugido de Azkaban, Sirius Black. <br>
Mas nem tudo foi ruim. Deena ficou muito satisfeita ao rever seus grandes amigos Weasley, e também ao rever o professor Snape, de quem estava cheia de saudades. Dumbledore também apresentou o prof. Lupin, o novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas. Ele pareceu ser muito simpático, e rapidamente mostrou saber do que estava falando, ao contrário de seu antecessor. <br>
Logo na primeira aula, Deena reencontrou Fred e Jorge. <br>
- Oi, rapazes! As férias fizeram bem a vocês, ambos parecem muito melhores do que no fim do período passado... <br>
- Oi, Deena! – exclamou Jorge, lisonjeado. – As férias foram mesmo boas, sabe... Mas não víamos a hora de voltar. <br>
Passando por ela rumo à sala de aula, Fred se inclinou e falou baixinho no ouvido da garota: <br>
- Pensei em você o dia todo, hoje...<br>
*****
- Oi, Deena, como foi de férias? <br>
- Marissa, que saudades! – Disse a garota, beijando a amiga que não via há meses – Minhas férias foram um tédio, mas adivinha? Acabei de descobrir quem me mandou aquele cartão no Dia dos Namorados! Foi o... <br>
- Me deixa adivinhar... Fred? <br>
Deena parou e olhou atônita para Marissa: <br>
- Como você sabia? <br>
- Ora, Deena, você pensa que eu sou burra, é? No primeiro momento que você me falou sobre esse cartão, eu tive certeza que o autor era ele. <br>
- Por quê? <br>
- Bom, ele sempre me pareceu gostar mais de você do que como amiga. Você nunca percebeu, não? <br>
- Não... Você sabe que meus olhos só vêem o... Bom, você sabe... <br>
- Snape? Ora, francamente... Só você para desperdiçar a adolescência inteira apaixonada por um professor que mal sabe que você existe. Ele não liga pra você e sinceramente, nem te merece – replicou Marissa, enquanto ambas andavam pelos corredores da escola a caminho do dormitório. – Por que você não investe no Fred? Você pode ter boas surpresas, que tal? <br>
- Ai, Marissa, não sei... Ele é tão meu amigo... Não queria arriscar estragar uma amizade tão legal com uma coisa que pode nem dar certo... <br>
- Olha, Dee, não estou dizendo pra você casar com ele. Dê uns beijos, passeie por Hogsmeade de mãos dadas, e se não der certo, passou, oras. O Jorge estava ficando com uma outra garota da Grifinória, parece-me que eles não estão mais juntos, mas continuam sendo amigos. <br>
- Hmmm, pode ser, pode ser. Preciso pensar um pouco nisso. <br>
- Então pensa rápido. Porque eles dois estão muuuuito gatinhos, se você não pegar logo, vai ter quem pegue, tenho certeza! – riu Marissa, vendo a cara espantada da amiga. <br>
*****
Algum tempo passou, sem surpresas no campo afetivo. Snape continuava ignorando solenemente a paixonite que Deena nutria por ele. Deena, por sua vez, começava a cansar de ser ignorada, enquanto Fred insistia na marcação. Nos últimos dias de aulas antes do recesso natalino, ambos se encontraram em um dos corredores externos. <br>
O frio havia chegado cedo esse ano. A neve cobria o vasto campo ao redor de Hogwarts, e até o salgueiro lutador parecia estar tremendo de frio. Deena caminhava rapidamente, ansiosa que estava em voltar para dentro do castelo, para o calor de seu dormitório. Fred estava parado no corredor, debruçado em uma janela, desfrutando do frio intenso e cortante, quando Deena passou por ele. <br>
- Ui, o que você está fazendo aqui, Fred? Nesse frio... <br>
- Estava pensando em você – falou o rapaz, sem rodeios. <br>
- Em mim? E por quê? – Perguntou Deena, fingindo inocência. <br>
- Nada de especial... Estava pensando em quando você vai parar de perseguir quem não se importa com você, e olhar um pouco para quem se importa. <br>
- E esse seria você? – perguntou Deena, zombeteira. <br>
- É incrível como eu nunca falo sério com ninguém, e quando eu falo, não acreditam em mim – disse Fred, aproximando-se. – Vem cá, vem... <br>
Fred puxou Deena pelo braço e enlaçou sua cintura. Ela pensou em resistir por um nanossegundo, mas antes de conseguir decidir o que fazer, Fred já estava beijando-a com uma vontade acalentada há tempos. Deena deixou-se beijar, aquele beijo aquecia seu corpo por dentro, era muito mais eficiente que a quantidade de luvas, roupas e cachecóis que a garota usava durante o inverno gelado. <br>
Ambos ficaram grudados pelo que pareceu ser uma eternidade. Ou poucos segundos. Então Deena e Fred se debruçaram na janela onde ele estivera, momentos antes, sozinho, e ficaram desfrutando a companhia um do outro, sem falar nada, para que as palavras não estragassem o conforto que ambos sentiam por estar juntos. <br>
*****
- Namorando? – perguntou Marissa, quando ambas estavam confortavelmente aquecidas em frente à lareira na sala da Corvinal. <br>
- É. Ele disse que gosta de mim há muito tempo, me conhece e sabe que é isso que ele quer. Além disso, ele disse que eu sou a única pessoa que diferencia ele do Jorge, e que isso só pode ser um sinal que fomos feitos um pro outro, hahahahaha. <br>
- É um fofo, esse Fred! Mas e o Snape? <br>
- Bom, Fred sabe da minha paixonite aguda. Ele não está iludido sobre o Snape. Mas eu realmente pensei bastante, e acho que eu preciso mesmo ocupar minha cabeça com outra pessoa para esquecê-lo. Poxa, o cara nem sabe que eu existo... Quer dizer, quando eu tinha 11 anos, é compreensível que ele me achasse uma criança, mas agora... Eu estou crescendo! <br>
- Olha, Dee, eu fico mais do que feliz em ver você avançando na vida, seguindo em frente. Deixa o Snape pra lá, o Fred é muito mais a sua cara. <br>
Mas a realidade não era assim tão simples. Fred era realmente um namorado de primeira, ele e Deena se divertiam e se davam muito bem. Entretanto, o professor de Poções não havia desaparecido; Snape continuava existindo, e a cada vez que Deena olhava para ele, não conseguia evitar um suspiro, e a cada vez que Snape olhava para ela, não dava para evitar o calafrio que aqueles olhos negros lhe causavam. <br>
O namoro prosseguiu durante o segundo período do quinto ano. Fred acompanhava Deena nos ensaios da banda, ambos estudavam juntos para as provas do N.O.M., que se aproximavam rapidamente. Às vezes, o namoro parecia uma relação a três, de tão próximo que estava Jorge. Às vezes, ainda, parecia um namoro a quatro, porque Marissa ou Laisa se juntavam ao trio. Deena sentia-se tão alegre que mal percebeu os comentários sobre a quase-prisão do perigoso Sirius Black... Com a chegada da primavera, o vento gelado que rodeava o castelo foi-se embora, e um sol cálido aquecia as tardes de sábado, encontrando freqüentemente Deena e seu grupo tocando violão pelo jardim, ensaiando as músicas da banda. <br>
Cap 6: Copa Mundial de Quadribol
Deena não queria ir à América Latina, não queria se afastar de Fred e de seus outros amigos de Hogwarts. A casa de seus pais era confortável, acolhedora, mas de alguma maneira parecia impessoal demais para a garota. Não havia lá nada que ela pudesse chamar de seu. Mas o Sr. Knocks sabia negociar; ele não era embaixador há tantos anos por nada... <br>
- Um ingresso para a Copa? Você promete, papai? <br>
- Claro, minha querida, – respondeu Shouto Knocks – se é isso que você quer por seu fantástico desempenho nos NOM... Só que eu nunca imaginei que você se interessasse por quadribol a esse ponto. Quero dizer, a Copa é um evento internacional, vai estar cheio de bruxos por lá, acampando, torcendo, gritando, sem nenhum livro por perto... <br>
- É, papai, eu sei. Mas eu quero ir. Eu AAAAAMO quadribol, sabia? Quem vai jogar, mesmo? <br>
- Bom, se você vai, eu também vou. Eu também estou cansado de reuniões e eventos de políticos trouxas que nem sabem o que eu estou fazendo entre eles. <br>
*****
A viagem de chave de portal foi uma experiência interessante para Deena. A chave estava em São Paulo, uma das maiores cidades da América Latina e a maior colônia bruxa da América do Sul. Era um livro dentro da Biblioteca Mário de Andrade. <br>
Quando Deena e o pai chegaram, já havia um bruxo jovem e sua irmã mais nova, e um casal de meia idade, aparentemente vivendo uma segunda lua-de-mel. <br>
- Saudações, embaixador! – exclamou o senhor de idade. <br>
- Ora, Oto, você pode me chamar de Shouto, que bobagem é essa? <br>
- Esta moça é a sua filha? Olá, menina, os anos em Hogwarts estão te fazendo bem, heim? A última vez que eu vi você, você tinha jeito de rapazinho e usava tranças, e eu e seu pai tínhamos um pouco mais de cobertura aqui em cima – falou o homem bem-humorado, apontando para sua própria careca brilhante. <br>
A bibliotecária se aproximou do grupo discretamente. <br>
- Sr. Embaixador? Só faltava o senhor. Agora vocês podem partir antes que chamem a atenção da bibliotecária desse andar. <br>
- Muito obrigado, Ariela. – respondeu o Sr. Knocks. E depois, voltando-se aos demais, disse – Vamos, então? Todos prontos? Um, dois, três! <br>
Todos os presentes, exceto a bibliotecária gorducha, seguraram o livro ao mesmo tempo e partiram. Uns momentos depois, todos estavam em um campo gramado, observando o deslocamento de diversos outros grupos de bruxos que também chegavam, via chaves de portais, de diversas partes do mundo. <br>
O grupo de Deena se dispersou, e o Sr. Knocks foi com ela procurar os funcionários do ministério para poder se acomodar de acordo. Deena não teve dificuldades para localizar as cabeças flamejantes dos Weasleys em meio à multidão. <br>
- Fred! Ei, Fred!! – gritou ela, dirigindo-se ao namorado que estava adiante, caminhando com um pequeno grupo. <br>
- Deena, o que você está fazendo aqui? – indagou o ruivo, enquanto o grupo seguia adiante. <br>
- Puxa, que acolhida emocionada... Pensei que você ficaria feliz em me ver, – murmurou Deena aborrecida – afinal, eu farei o sacrifício de assistir partidas de quadribol aqui nessa muvuca, só pra ficar com você. <br>
- Ei, queridinha, não é isso! – disse Fred, puxando a garota para perto de si. – Eu só fiquei surpreso, mais nada. Claro que estou feliz que você tenha vindo. Seu pai deixou? <br>
- Mais que isso. Ele me trouxe. Ali está ele. – Deena apontou para o Sr. Knocks, que se aproximava sorrindo. <br>
- Ah, Dee, já entendi seu súbito interesse em quadribol! – disse o Sr. Knocks, galhofeiro. <br>
- Papai, este aqui é o Fred Weasley. Ele estuda comigo em Hogwarts. <br>
- Prazer em conhecê-lo, Sr. Knocks – murmurou Fred, ligeiramente constrangido, afastando-se da namorada. Um pouco adiante, seus irmãos Jorge e Rony dobravam-se no meio de tanto rir, enquanto Harry, que sorria discretamente, Hermione e Gina faziam menção de se aproximar, mas ainda não tinham certeza. – Deena fala muito do senhor. <br>
- Ah fala, é? Sei... Seus pais estão por aqui? Creio que seu pai também é funcionário do ministério, certo? Eu conheci um Weasley, mas já faz tanto tempo... <br>
- Claro, meu pai está logo ali adiante. Ele é funcionário do ministério há muitos anos. Seu nome é Arthur. <br>
Nesse momento, Fred foi interrompido pela chegada de seu pai, que se juntou ao grupo animadamente. <br>
- Shouto, meu velho, há quanto tempo não nos vemos! <br>
- Então é você mesmo, Arthur! Que coincidência incrível. <br>
Os dois homens saíram conversando e rindo em direção a um outro grupo de funcionários do ministério que estava ali adiante, aparentemente esquecidos de seus filhos adolescentes. <br>
- Fred, Fred, por que você está vermelho assim? – zombou Jorge, aproximando-se do casal. <br>
- Ora, Jorge, deixe o Fred. Até que não foi tão ruim assim, vai? Meu pai é bem legal. <br>
- É, pode ser, mas mesmo assim... Venha, Dee, vamos lá pra barraca que eu vou mostrar mais umas “Gemialidades” que inventamos nas férias! <br>
*****
Mais tarde, todos juntos dirigiram-se ao estádio construído especialmente para o evento. Era um estádio imenso, com capacidade para cem mil pessoas, de acordo com o Sr. Weasley, e seus lugares eram no camarote do ministério, excelentes lugares de honra. <br>
O jogo da Irlanda e Bulgária foi excitante para o grupo todo. Os jovens vibraram com as apresentações dos times, o jogo foi intenso e empolgante. No final, com a vitória da Irlanda, os gêmeos ganharam uma aposta feita com Ludo Bagman e saíram satisfeitos com a possibilidade de mais investimentos em “Gemialidades”. <br>
Cap 7: Os Comensais da Morte
Deena e seu pai foram dormir em uma outra barraca, próxima à dos Weasley, onde haviam feito sua reserva. Infelizmente, nem tudo ficou perfeito. Com o cair da noite, um tumulto despertou o acampamento. Deena e seu pai saíram para ver a baderna generalizada que se espalhava entre a multidão. Por todos os lados, bruxos e bruxas de roupas de dormir deixavam suas tendas assustados. Mães preocupadas seguravam suas crianças, e Deena correu até a barraca de seus amigos para acordá-los. Porém, antes que pudesse entrar, ela topou com o Sr. Weasley, que caminhava para longe dali, seguido por todos os jovens. O Sr. Knocks se uniu ao grupo e em breve todos viram o porquê da confusão: um grupo de bruxos vestidos de negro se preocupava em maltratar algumas pessoas, que voavam sobre suas cabeças gritando e sendo chacoalhadas. <br>
A imagem das pessoas voando lá em cima calou fundo em Deena e impediu momentaneamente sua reação. A garota viu-se pasma e chocada no meio da massa de bruxos assustados que fugiam correndo, e foi tirada de seu devaneio indignado por Fred, que a puxou pelo braço. <br>
- Meu pai! Cadê meu pai, Fred? <br>
- Calma, Dee, nossos pais foram com o Gui, o Carlinhos e o Percy para junto do pessoal do ministério, ajudar a consertar as coisas. Vamos, eles pediram para não nos separarmos! Gina, cadê você?? – disse, pegando a mão da irmã mais nova. – Venha, vamos sair daqui! <br>
Deena, Fred, Jorge e Gina se afastaram da barraca, deixando para trás Rony, Harry e Hermione. Quando perceberam a ausência do trio, os gêmeos tentaram voltar, mas foram impedidos pela massa humana que seguia em outra direção. <br>
O grupo só parou quando alcançou a floresta. Deena estava indignada consigo mesma: <br>
- Por Merlin, como essa gente pode agir assim? E por que nós, bruxos, somos tão bananas e não fazemos nada? Olha quanta gente tem aqui em volta, éramos uns 20 mil nessa parte do acampamento. Tirando crianças e velhinhas, ainda teria uns 12 mil bruxos em condições de eliminar aquela meia-dúzia de imbecis. Por que corremos, Fred? <br>
- Ora, Deena, não diga bobagens. Qualquer ação mais repentina poderia derrubar aquela pobre família. <br>
- Sem essa, Jorge. Se 10 mil bruxos reunidos não conseguirem segurar uma família trouxa que está caindo, então é o fim do mundo... <br>
- Mas, Dee, o que nossos pais foram fazer é isso: tentar consertar esse estrago. <br>
- É, Gina, eles foram, mas, ainda assim, eram Comensais da Morte, os servos de Voldemort. Esses bruxos cruéis só se mostraram dessa forma porque tinham certeza de que não aconteceria nada com eles, entende? Até que alguém efetivamente fizesse algo, eles já estariam bem longe e em segurança. E por quê? Porque somos uns bananas. Nossa passividade é que permite que esses cretinos se instalem por aí fazendo o que bem entendem. <br>
- Certo, Dee, certo, agora vamos procurar o Rony e os demais. – falou Jorge, sem paciência de discutir com a amiga. <br>
- É, Jorge, eles sumiram na entrada da floresta. <br>
O grupo dirigiu-se então à borda da floresta, e assim que conseguiram ver o céu sobre suas cabeças, foram surpreendidos com a Marca Negra de lord Voldemort brilhando um pouco adiante. Assustados, os jovens decidiram voltar ao lugar onde estavam acampados, pois a maior aglomeração já havia se desfeito e os Comensais haviam sumido. <br>
Quando seus pais voltaram, trazendo consigo Harry, Rony e Hermione, o grupo recebeu as explicações pelas quais tanto ansiava e todos foram dormir. Após algumas horas de sono, o Sr. Weasley e o Sr. Shouto acordaram os jovens e todos partiram. <br>
Apesar de todo o protesto de Deena, o Sr. Shouto não permitiu que ela se hospedasse na Toca. Pai e filha ficaram, como combinado anteriormente, em um pequeno mas elegante hotel perto do Beco Diagonal, onde compraram os materiais para o próximo ano letivo e aguardaram uns dias até que Deena retornasse a Hogwarts. Dessa forma, o Sr. Shouto pôde comparecer ao Ministério para ajudar a estabilizar a situação após o desastre ocorrido na final da Copa. <br>
Cap 8: Sexto ano
O sexto ano de Deena em Hogwarts começou muito bem, com o anúncio do Torneio Tribruxo, que se realizaria naquela escola durante todo o ano, em lugar da tradicional e maçante Copa de Quadribol entre as casas. Hermione tomara como causa a situação vivida pelos elfos domésticos. Ela resolveu protestar abertamente, mas logo se tornou motivo de riso pelos demais estudantes. A garota tentou vender bottons do FALE, seu Fundo de Apoio à Libertação dos Elfos, mas a maioria das pessoas que comprou seu material o fez para que ela parasse de enchê-los. Deena ajudou com carinho sua amiga, pois assim como Hermione, ela também nunca se acostumara a tratar os elfos como escravos. Na verdade, nunca havia convivido com elfos antes, e embora essa realidade lhe parecesse meio distante, Deena ajudou com prazer. <br>
O novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas, “Olho-Tonto” Moody, era quase uma unanimidade entre os alunos. Exceto para Deena e Marissa. Elas simplesmente não simpatizaram com ele desde o início. Deena sabia do interesse do prof. Snape pelas aulas de Defesa, mas não entendia por que Dumbledore contratava um professor diferente a cada ano, ao invés de deixar Snape lecionar logo essa disciplina. Marissa pensava que talvez Snape não gozasse de tanta confiança quanto Deena parecia acreditar, mas não era doida de comentar isso com a amiga apaixonada. <br>
Apaixonada sim. Apesar do namoro com Fred estar completando um ano, Deena não se sentia tão envolvida com ele quanto gostaria. Ela não conseguia esquecer seus sentimentos pelo professor de Poções, independentemente do esforço realizado por Fred para agradar a namorada. <br>
O namoro dos dois era bastante agradável e Deena amava Fred sinceramente. Mas não *daquele* jeito. Ela o amava como a um amigo muito especial, gostava de sua conversa e sua companhia. Admirava o incrível senso de humor dos gêmeos (que diferença do concorrente...), admirava também sua jovialidade e sua bela aparência. E ela ficava impressionada com as incansáveis tentativas de Fred em agradá-la e seduzi-la. <br>
Mas, ainda assim, Deena não conseguia parar de ver em Snape sua principal inspiração para compor. Snape era, na verdade, sua grande motivação para sair da cama de manhã. Era nele, e não em Fred, que Deena pensava antes de dormir, e com quem ela desejava sonhar todas as noites. E não havia o que Fred pudesse fazer para mudar essa situação, que ela mesma já não houvesse tentado. <br>
Outubro trouxe as delegações de Durmstrang e Beauxbatons que participariam do Torneio Tribruxo. Os jovens visitantes eram garotas e rapazes muito bonitos, inteligentes, a nata de ambas as escolas. Sua presença em Hogwarts animava a escola, mas não alterou a rotina habitual de Deena. Ela continuava estudando, freqüentando a biblioteca com Hermione e Marissa, ensaiando com a banda de Laisa e Latifah, sonhando acordada com o professor de poções... Fred e Jorge queriam a todo custo participar do Torneio, e quando souberam que não poderiam por causa da idade, envolveram Deena na busca por uma poção ou feitiço eficiente para enganar o Cálice de Fogo. Mas o resultado foi uma enorme barba branca no rosto de cada um dos gêmeos. <br>
Curiosamente, um dos nomes cuspidos pelo Cálice foi o de Harry Potter. Muitos alunos ficaram indignados, achando que Harry os havia enganado. <br>
- Harry, posso falar com você um minutinho? – disse Deena, dois dias depois do anúncio dos competidores do Torneio. <br>
- O que é, Deena? – perguntou o garoto, desanimado com as repetidas críticas. <br>
- Só queria te dizer que eu não acredito que você tenha colocado seu nome no Cálice. <br>
- Puxa, Dee, valeu. Mas por que você acredita em mim, se nem o Rony está acreditando? <br>
- Por um motivo muito simples: eu mesma tentei colocar o nome do Fred e tudo o que eu consegui foi um namorado barbudo. Com perdão pela arrogância, eu duvido que você tivesse sucesso onde eu falhei após ter pensado tanto. – ela disse e saiu, rindo da expressão atônita de Harry. <br>
Cap 9: Uma canção para Snape
Em uma fria tarde de novembro, Laisa entrou no dormitório aos pulos e se jogou no pescoço da amiga, gritando:
- Deena! Deena! Você nem vai acreditar!! Dumbledore me chamou na sala dele hoje, ele me tirou da aula para falar comigo.
- Nossa, Laisa, tá bom que você gosta do Dumbledore, mas assim já é demais – disse Marissa, que observava a cena sorrindo.
- Não, sua boba! Deixa eu terminar! Ele primeiro ficou um tempão falando sobre o Baile, a importância do Baile, as danças do Baile, uma chateação que por um momento eu achei que ele estivesse ficando gagá. E de repente, ele simplesmente vira e me diz que gostaria que nossa banda tocasse no Baile! A gente! Tocando no Baile! Pode isso?
- Ué, amiga, mas me disseram que As Esquisitonas iriam tocar no Baile... – Disse Deena intrigada.
- Pois é, mas nós vamos abrir para eles. Vamos tocar só 4 ou 5 músicas, mas já é alguma coisa, você não acha?
- Eu, Laisa? Eu acho fantástico! Mas será que não é um passo maior que nossa perna, não? Afinal, nós nunca tocamos de verdade.
- AAAARGH, Deena, às vezes é tão difícil falar com você. Venha, vamos procurar a Latifah e o Ahmed pra ver o que eles pensam disso.
A banda se reuniu muitas vezes durante o semestre para decidir quais músicas tocariam e para ensaiar e repassar o show minuto a minuto. Essas reuniões foram divertidas no início, mas começaram a ficar desgastantes conforme o baile se aproximava. Fred e Jorge não agüentavam mais ir aos ensaios e Marissa também dava sinais de desistência.
*****
No dia do baile, Jorge e Marissa foram como um par, enquanto Fred foi sozinho para encontrar Deena durante o show das Esquisitonas. Na porta do camarim, o rapaz chamou Deena e lhe deu um beijo de boa sorte. Ela estava muito nervosa, mas parecia linda com um vestido preto de um tecido mágico que imitava minúsculas estrelas que piscavam e se moviam, dando a impressão de ser algo diferente a cada vez que se olhasse. Seu longo cabelo castanho estava solto, e ela tentava decidir se usaria sapato de salto, sapatilha, ou se entraria descalça mesmo no palco.
Então houve a valsa e logo era a vez deles.
Tudo transcorreu bem durante a primeira e a segunda música. O público, que no início gritava pelas Esquisitonas, rendeu-se ao ritmo da percussão furiosa de Ahmed, ao talento das duas guitarristas e do baixista, e à voz empolgante de Deena. A terceira música realmente levantou o povo, mas a catarse ocorreu na última música, quando ao som dos primeiros acordes da guitarra de Laisa, Deena, em uma súbita inspiração, revelou ao microfone:
- Professor Snape, esta música eu fiz para você! – e cantou...
Your cruel device
(Seu plano cruel)
Your blood, like ice
(Seu sangue, como gelo)
One look could kill
(Um olhar pode matar)
My pain, your thrill
(Minha dor, sua excitação)

I want to love you but I better not touch
(Eu quero te amar, mas é melhor não tocar)
I want to hold you but my senses tell me to stop
(Eu quero te abraçar, mas meus sentidos me mandam parar)
I want to kiss you but I want it too much
(Eu quero te beijar mas eu quero demais)
I want to taste you but your lips are venomous poison
(Eu quero te provar, mas seus lábios são venenosos)

You're poison running through my veins
(Você é veneno correndo em minhas veias)
You're poison, I don't want to break these chains
(Você é veneno, e eu não quero quebrar essa corrente)

Your mouth, so hot
(Sua boca, tão quente)
Your web, I'm caught
(Sua teia, eu estou pego)
Your skin, so wet
(Sua pele, tão molhada)
Black lace on sweat
(Laço negro sobre o sour)

I hear you calling and it's needles and pins
(Eu ouço seu chamado e é como agulhas e alfinetes)
I want to hurt you just to hear you screaming my name
(Quero te ferir só para ouvir você gritar meu nome)
Don't want to touch you but you're under my skin
(Não quero te tocar mas você está sob minha pele)
I want to kiss you but your lips are venomous poison
(Quero te beijar mas seus lábios são venenosos)

You're poison running through my veins
(Você é veneno correndo em minhas veias)
You're poison, I don't wanna break these chains
(Você é veneno, eu não quero quebrar essa corrente)

Run deep inside my veins
(Correndo profundamente em minhas veias)
Its burning deep inside my veins
(Está queimando profundamente em minhas veias)
One look could kill
(Um olhar pode matar)
My pain, your thrill
(Minha dor, sua excitação)

I want to love you but I better not touch
(Eu quero te amar, mas é melhor não tocar)
I want to hold you but my senses tell me to stop
(Eu quero te abraçar, mas meus sentidos me mandam parar)
I want to kiss you but I want it too much
(Eu quero te beijar mas eu quero demais)
I want to taste you but your lips are venomous poison
(Eu quero te provar, mas seus lábios são venenosos)

You're poison running through my veins
(Você é veneno correndo em minhas veias)
You're poison, I don't wanna break these chains
(Você é veneno, eu não quero quebrar essa corrente)

Poison
(Veneno)

Nas últimas repetições do refrão, tomada pelo ritmo e energia da música, a platéia toda cantava junto com Deena, em uníssono, batendo no antebraço cada vez que gritava “Poison”. Extasiada pelo frenesi, Deena agradeceu e a banda saiu do palco, ouvindo os pedidos de “mais um!” da platéia. No camarote, o guitarrista das Esquisitonas veio cumprimentar Laisa e Deena, dizendo que a banda parecia profissional e, se continuassem tocando depois de Hogwarts, eles poderiam fazer mais shows juntos.
Tudo parecia perfeito, exceto pela ausência de Fred. Eles haviam combinado que o rapaz viria até o camarim no final do show, mas ele não apareceu. Ligeiramente aborrecida, mas sem suspeitar que houvesse algo errado, Deena tomou uma cerveja amanteigada gelada que estava sobre a mesa e saiu em busca do namorado.
Deena rodou o salão inteiro desviando dos cumprimentos entusiasmados dos colegas enquanto procurava por Fred, mas não encontrou o rapaz em canto algum. Então ela viu Rony, seu irmão mais novo, sentado junto com Harry e uma garota indiana que parecia entediada. Deena aproximou-se do desanimado grupo e perguntou:
- Ei, rapazes, vocês viram o Fred?
- Claro. – Respondeu Rony – Ele está lá fora. E está super aborrecido com você...
- Falando em aborrecimento, Rony, você também não me parece feliz.
- Fala sério, Deena, olha essa roupa que minha mãe me deu! E olha o Harry como está elegante!
- Não pensei que você fosse vaidoso a ponto de se aborrecer tanto com isso.
- E não é, - falou a garota indiana – ele está assim por causa da Granger.
- Fica quieta, Patil, ninguém te perguntou nada. – Disse Rony, agressivo.
Deena achou melhor sair dali e procurar Fred. Por que ele estaria chateado? Ele sabia que ela passaria parte do baile tocando, mas agora eles poderiam dançar. Deena saiu para a noite gelada e felizmente não precisou andar muito. Fred estava encostado em um muro, parecendo não se dar conta dos flocos de neve que se acumulavam suavemente sobre seus cabelos ruivos.
Deena se aproximou sorridente e disse:
- Não vai me dar os parabéns? O show foi um sucesso!
- Parabéns... – respondeu Fred, desanimado.
- O que é isso, Fred? Esses foram os parabéns mais frouxos que eu já ouvi...
- Deena, você tá brincando comigo, é? – Fred levantou a cabeça e olhou Deena nos olhos. Ele estava furioso, Deena nunca o vira assim antes. – Como você dedica AO SNAPE uma música como aquela? “I want to love you”? “I want to kiss you”? De onde saiu isso? Eu nunca ouvi essa música antes!
- Você já ouviu o arranjo. Eu estava trabalhando na letra, só ficou pronta semana passada. – Deena se arrependeu no instante em que a frase saiu de sua boca.
- Ah, semana passada. Legal. Então esse tempo todo que a gente está junto é nele que você pensa, é ele que você quer abraçar e beijar. Francamente, Deena, eu sabia que você não me quer tanto quanto eu te quero, mas assim já é demais.
- Fred, eu...
- Olha, Deena, me deixa, tá? Nada que você disser agora vai diminuir a raiva que eu estou sentindo. Você estragou o baile, a minha noite, e ainda me humilhou e me expôs na frente de todo mundo daqui. Me esquece, tá legal? – Dizendo isso, Fred virou as costas e partiu para o castelo. Deena cogitou a hipótese de ir atrás dele, mas, atônita, não conseguiu. Ele estava certo. Ela havia feito algo horrível e não poderia simplesmente sair correndo atrás dele para tentar consertar. Isso não ajudaria nada.
Voltando para o salão do baile, Deena encontrou Hermione sozinha perto da porta. Ela também parecia um pouco triste, mas mesmo assim notou as lágrimas que haviam escorrido pelo rosto de Deena.
- O que aconteceu, Dee?
- Adivinha, Mione... Garotos, quem pode com eles? O Fred acabou de terminar o namoro comigo.
- Por causa do Snape, é?
- É. Eu pisei na bola, não foi? – perguntou Deena, desolada.
- Foi, amiga. Mas se isso te consola, parece-me que o baile não está sendo bom para um monte de gente.
- Não, isso não me consola nada...
SLY PRIDE


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Post by Arwen Undómiel Potter »

Beta se apresentando com orgulho para dizer que é um prazer revisar uma escritora como a Adriana Snape já que ela escreve divinamente bem e a ficção é extremamente cativante! Adri, devo retomar os trabalhos ainda hoje e, assim que possuir novos capítulos, envio para você!

Beijos, Arwen :wink:
"Um coração puro não se amedronta à toa".

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Post by Arwen Undómiel Potter »

Adriana,

enviei para o seu e-mail os capítulos já revistos! Cada vez mais, apaixono-me pela sua história, por Deena, pelo forte amor que você deu vida de forma tão singela e vigorosa nessa ficção!

Logo que encerrar novos capítulos, repasso-os para você!

Beijos, Arwen :wink:
"Um coração puro não se amedronta à toa".

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Post by Adriana Snape »

Temos aí mais uns capítulos da Deena Knocks, revisados e betados pela Arwen, que é uma Beta incrível! Minha "ídala" e irmã na família FicWriter.


Cap 10: E agora?
Jorge estava aborrecido. Desde o baile, há uma semana, seu irmão não era mais o mesmo. Ele estava estupidamente maçante, chato e mal-humorado. Jorge não se lembrava de tê-lo visto assim antes. <br>
Fred amava Deena. Jorge sabia disso. Mas Deena amava Snape. E a escola inteira sabia disso, até mesmo Fred. Então por que tanto drama? Fred também sabia que seu namoro estava fadado ao fracasso, desde o início... Marissa interrompeu seus pensamentos abruptamente: <br>
- Jorge, preciso da sua ajuda! Que bom que eu finalmente consegui te encontrar sozinho. <br>
Jorge olhou para ela encantado. Aqueles cabelos ruivos pálidos, de uma tonalidade tão diferente da dos seus, e aqueles olhos incrivelmente verdes que iluminavam o rosto sardento da garota simplesmente deixavam Jorge encantado. Beijá-la no fim do baile fora uma das coisas mais doces que ele já havia provado, mas com a briga de seu irmão com Deena, eles não puderam mais ficar a sós. <br>
- Marissa! Que bom te ver! – Disse Jorge, enlaçando a garota pela cintura. Ela se desvencilhou delicadamente, dizendo: <br>
- Agora não, Jorge! Eu preciso de um favor, preste atenção... <br>
*****
Fred estava apático na sala da Grifinória. Ele amava Deena, mas já havia se conformado em não tê-la como namorada. Sua surpresa era a dificuldade de viver sem a amizade da garota. Mesmo que não fosse sua namorada, Deena fazia falta. Ele gostaria de reaver sua amizade, mas como voltar a se aproximar dela depois do que ela havia feito no baile? Será que ela tinha idéia do quanto ele estava magoado? Se tinha, por que não procurou por ele a semana inteira? <br>
Perdido em pensamentos, Fred teve que ser chacoalhado pelo irmão para escutar o que ele dizia: <br>
- Terra chamando Fred! Presta atenção, cara, venha aqui que a Marissa está com um problema! <br>
Jorge saiu correndo e, sem pensar muito, Fred correu atrás. Eles desceram até as salas de aula, vazias por conta do feriado de Natal que terminaria amanhã, quando os alunos voltariam a ter aulas normalmente. Jorge praticamente correu até uma sala ao lado de onde eles tinham aula de História da Magia, abriu a porta e entrou. <br>
Intrigado com o comportamento do irmão, Fred também entrou e se deparou com a sala escura e silenciosa. Lá dentro, um único feixe de luz iluminava uma silhueta no meio da sala, que ele logo reconheceu. Era Deena. Fred fechou a porta. Imediatamente uma música começou a tocar e Deena cantou baixinho: <br>
<center>It's been seven days and fifteen ticks
(Faz 7 dias e 15 minutos,)
Since u took your love away
(Desde que você levou seu amor embora...)
I go out every night and sleep all day
(Eu saio todas as noites e durmo o dia inteiro,)
Since u took your love away
(Desde que você levou seu amor embora...) <br>

Since u been gone I can do whatever I want
(Desde que você se foi, eu posso fazer qualquer coisa que queira,)
I can see whomever I choose
(Posso ver quem eu escolher.)
I can eat my dinner in a fancy restaurant
(Posso fazer meu jantar num restaurante extravagante,)
But nothing
(Mas nada,)
I said nothing can take away these blues
(Eu disse que nada consegue tirar esta melancolia.) <br>

'Cos nothing compares
(Porque nada se compara,)
Nothing compares 2 U
(Nada se compara a você...) <br>

It's been so lonely without u here
(Tem sido tão solitário sem você aqui,)
Like a bird without a song
(Como um pássaro sem canto.)
Nothing can stop these lonely tears from falling
(Nada consegue impedir estas lágrimas desamparadas de caírem.)
Tell me baby, where did I go wrong
(Me diga, baby, onde foi que eu errei?) <br>

I could put my arms
(Eu poderia colocar meus braços)
around every boy I see
(ao redor de todo rapaz que eu visse,)
But they'd only remind me of you
(Mas eles apenas me fariam lembrar de você...)
I went to the doctor guess what he told me
(Eu fui ao médico, adivinhe o que ele me disse,)
Guess what he told me
(Adivinhe o que ele me disse?)
He said girl u better try to have fun
(Ele falou: "Garota, é melhor você tentar se divertir,)
no matter what u do
(Não importa o que você fizer".)
but he's a fool
(Mas ele é um bobo,) <br>

''Cos nothing compares
(Porque nada se compara,)
Nothing compares 2 U
(Nada se compara a você...) <br></center>
Enquanto ela cantava, ao seu lado, varinhas faiscavam na sala escura causando um efeito impressionante. No final da música, Fred encarou Deena emocionado, e ela correu e se jogou em seus braços. Então as luzes se acenderam e ele viu, desconcertado, seu irmão abraçado a Marissa, e também Laisa, que estivera tocando teclado acompanhando a canção, Ahmed, Hermione, Harry e Rony. Todos com as varinhas faiscantes em punho. <br>
- Que armação é essa? – Perguntou Fred, provocativo. <br>
- Vamos, gente, vamos deixar esses dois conversarem sozinhos. – Disse Laisa, conduzindo os amigos para fora da sala. <br>
*****
Uma vez sozinhos, Deena e Fred puderam conversar sem interrupções. <br>
- Fred, será que você pode me perdoar por ter feito aquilo com você no baile? <br>
- Perdôo, Deena, claro que perdôo. Mas o que será de nós? Não sei se podemos continuar namorando... <br>
- É, Fred, eu sei. Não acho justo continuar com você depois disso tudo. Mas será que não podemos ser amigos? Eu senti tanto sua falta durante a semana... <br>
- Ah, Deena, minha queridinha... Você sentiu minha falta! E eu? Você não faz idéia do que foi essa semana pra mim. Você me ignorou solenemente, sua pilantra! <br>
Deena sorriu, com os olhos rasos de água, e disse: <br>
- É, eu sei. Foi de propósito. Queria que você tivesse tempo para pensar, para chegar hoje aqui tendo certeza dos seus sentimentos. Mas foi muito duro. <br>
- Dee, você tem certeza? Quero dizer, sobre o Snape? – Fred falou baixinho, nutrindo esperanças. <br>
- Tenho, Fred. Eu acho mesmo que devemos ser apenas amigos. Mas podemos ser os melhores amigos do mundo. O que você acha disso? <br>
Fred ficou em silêncio, com Deena em seus braços, por um momento. Ela encostou a cabeça em seu peito, e ele pôde sentir novamente o cheiro bom que vinha de seus cabelos compridos. <br>
- É, acho que eu vou ter que viver com isso, né? – Ele disse. – Melhor do que nada. <br>
Capítulo 11: O Torneio continua
Fevereiro chegou e o Torneio Tri-Bruxo trouxe a segunda tarefa para Harry Potter. Deena acompanhou a prova da arquibancada, orgulhosa ao ver seu amigo resgatar duas pessoas do fundo do lago, como só um grifinório poderia fazer. <br>
Depois da páscoa, a escola inteira só falava da terceira tarefa. O campo de Quadribol havia sido transformado em uma floresta, e ninguém sabia o que esperar, embora houvesse muita especulação a respeito. Maio chegou e trouxe o ápice da expectativa com ele. Todos os alunos falavam na tarefa, que se realizaria em quatro de junho e já era de conhecimento geral. Deena estava ajudando Harry a estudar azarações, juntamente com Hermione e Rony, para melhorar seu desempenho até aquela data. <br>
Enfim o grande dia chegou. A família Weasley compareceu e todos se sentaram juntos na grande arquibancada montada ao redor da entrada da gigantesca sebe plantada onde um dia fora o campo de quadribol. Os competidores entraram em uma arena em frente ao labirinto, saudaram o público debaixo de aplausos e apupos, e atravessaram as primeiras árvores na ordem de classificação, iniciando a tarefa. A sebe fechou-se e os ruídos da torcida aos poucos diminuíram até quase o silêncio. Apenas alguns murmúrios continuaram durante todo o tempo em que os competidores ficaram trancados no labirinto. <br>
Pouco tempo depois, uma linha vermelha subiu ao céu, indicando que um dos competidores estava fora. Com o coração na mão, Deena e os demais se levantaram para ver quem não conseguira cumprir a tarefa. Era Fleur. Comoção geral entre os alunos de Beauxbatons. Um pouco depois, mais um facho de luz vermelha saiu do labirinto: Krum também estava fora do torneio. O que significava que, de um jeito ou de outro, a taça iria para Hogwarts! <br>
A torcida enlouqueceu, gritou e esbravejou, uma vez que era composta de bruxos ingleses em sua maioria, alunos ou ex-alunos de Hogwarts. As arquibancadas quase foram abaixo com a saída de Krum, mas depois de um tempinho o barulho diminuiu até parar. Todos estavam na expectativa. Não deveria demorar muito, agora... <br>
Mas o tempo passou, e nada aconteceu. Nenhum dos dois competidores apareceu, nem luzes vermelhas acenderam novamente. Passaram-se algumas horas, o dia já estava terminando, quando de repente um brilho prateado surgiu no meio da arena, bem em frente ao local onde os competidores haviam partido algum tempo atrás. A fanfarra começou a tocar, o público aplaudia sem sequer ver quem era o vencedor. Todos se levantaram para tentar ver melhor aquele que havia conseguido trazer a taça, quando um grito agudo se sobrepôs à barulheira geral. <br>
- Ele está morto! – gritou alguém, possivelmente uma garota mais próxima da arena. <br>
A banda parou de tocar conforme o grito se repetia diversas vezes, subindo pela arquibancada. Quem morrera? Harry? O Sr. Diggory já estava na arena, debruçado, e em um momento tudo ficou claro: fora Cedrico. <br>
O lamento do pai foi mais alto que o burburinho. Perto, o prof. Dumbledore tentava colocar alguma ordem. Ele se ajoelhou e ergueu Potter, que estivera debruçado sobre o corpo sem vida de Cedrico. Deena notou que Dumbledore disse a Harry para ficar ali parado. Entretanto, para espanto da garota, logo que Dumbledore virou as costas, Olho-Tonto Moody, o professor de Defesa contra as Artes das Trevas (por sinal, o professor com que Deena menos simpatizava) passou o braço sobre os ombros de Harry e o levou. <br>
“Que estranho,” pensou ela, “posso jurar que Dumbledore pediu para Harry ficar aqui...”. Deena desceu a arquibancada até perto de onde estava o professor Snape. Não conseguiu avançar mais, graças ao tumulto que havia se formado. <br>
-Professor! Profesor Snape! – Ela gritou, até ser atendida. <br>
- O que é, Srta. Knocks? Agora não é hora de... – Replicou o professor, irritado. <br>
- Escute, professor, por favor! Tem algo errado aqui! O prof. Dumbledore acabou de pedir a Harry que ficasse aqui, entretanto o prof. Moody está levando-o embora! Veja, lá vão eles, sumindo no caminho de volta ao castelo! <br>
Snape virou a cabeça para onde a aluna indicava, em tempo de ver os vultos sumindo ao longe. Ele olhou para a garota e perguntou: <br>
- Tem certeza que Dumbledore mandou Potter ficar aqui? <br>
- Cem por cento, professor! Eu estava justamente olhando para ele quando falou, e pude entender nitidamente sua ordem. <br>
Snape afastou-se até onde estava o professor Dumbledore, aparentemente para confirmar a informação. De longe, Deena observou o prof. Snape alcançar Dumbledore e Minerva McGonagall. Ela achou que ele fosse imediatamente perguntar, mas o professor simplesmente postou-se ao lado do bruxo mais velho, esperando para falar com ele. <br>
Deena ficou aborrecida com o sangue frio de Snape. Mas agora não era hora para bons modos; ela tinha uma forte sensação que algo muito errado estava acontecendo. Com dificuldades, ela se desvencilhou da multidão e alcançou os bruxos mais velhos, bem na hora que Snape sussurrava algo ao ouvido de Dumbledore. <br>
Pego de surpresa pela notícia, Dumbledore olhou em volta e viu Deena vindo em sua direção. Ele perguntou: <br>
- Você tem certeza que Moody o levou, Srta. Knocks? <br>
- Sim, prof. Dumbledore. E eu tenho uma forte sensação que algo estranho está acontecendo. Por favor, vamos atrás deles! – Ela pediu. Sua cabeça latejava e ela não tinha coragem de olhar o corpo morto de Cedrico, que jazia logo ali. Felizmente, o prof. Dumbledore acatou imediatamente sua sugestão. <br>
- Vamos. Snape, Minerva, vamos até o castelo agora. <br>
- Srta. Knocks, talvez a Srta. devesse ficar aqui. – Falou o prof. Snape. Deena ficou surpresa e chateada, mas não pôde contestar. Felizmente, o próprio prof. Dumbledore veio em sua defesa. <br>
- Deixe-a, Snape. Ela que nos alertou, tem direito de ir conosco. Afinal, só vamos ver se está tudo bem com Harry, não há motivos para acreditar que não esteja. – Disse Dumbledore. Mas seus olhos traíam sua preocupação. <br>
O percurso até o castelo foi feito em passo acelerado, e Deena viu com surpresa que os três bruxos adultos empunhavam suas varinhas. Alarmada, ela também pegou a sua, no momento exato em que passavam pelas portas do castelo. <br>
- Deena, fique atrás. – Sussurrou o prof. Snape perto dela. <br>
O grupo invadiu imediatamente a sala de Moody, lançando feitiços estuporantes. Dumbledore foi o primeiro a entrar; Deena entrou por último, semi-oculta pelo prof. Snape. Quando constataram que o prof. Moody estava inconsciente, Dumbledore ordenou que Deena fosse até a cozinha buscar a elfa de nome Winky e ela foi, junto com o prof. Snape e a profa. McGonagall, que tinham outras tarefas para cumprir. <br>
Na cozinha, Deena não teve dificuldades para encontrar Winky. Era a única elfa com cara triste e preocupada no enorme grupo de servos do castelo. De volta à sala de Moody, Deena viu que Snape já estava lá. No chão, em lugar do prof. Moody estava um jovem que ela não conhecia. Logo, Bartô Crouch Jr., induzido pelo prof. Dumbledore, contou a horrível história que explicava tudo. Então Dumbledore pediu a Deena que fosse buscar Madame Pomfrey e a Snape que fosse em busca de Cornélio Fudge, o ministro da Magia. Saindo da sala de Moody, o professor virou-se para a garota e disse muito sério: <br>
- Muito bem, Srta. Knocks. Você me surpreendeu esta noite. – E partiu para cumprir sua tarefa, deixando Deena com um sorriso abobalhado no rosto. <br>
*****
O ano letivo terminou sem tropeços. Depois de uma linda cerimônia de despedida, a viagem de volta a Londres foi tranqüila. Fred e Jorge saíram para passear um pouco no trem e voltaram rindo. Eles pegaram Malfoy e seus amigos-comparsas com uma chuva de azarações. Uma vez na plataforma do trem, na hora da despedida, Fred virou-se para Deena e disse: <br>
- Nosso ano foi difícil, né, queridinha? <br>
Há muito que ele não usava mais o antigo apelido ao falar com ela... <br>
- É, Fred, foi. Ainda bem que nem tudo se perdeu, não é mesmo? <br>
- É. E nós precisaremos da sua ajuda durante as férias. Conseguimos um patrocinador para nossa loja de logros, sabe? – Disse o rapaz, piscando um olho. <br>
- Sério? Que bom! Nem vou perguntar quem é... Vamos manter contato. Tenho que ir para a América visitar a mamãe, mas não preciso ficar lá as férias inteiras, né? <br>
- É. Eu tenho a impressão que a gente vai se ver logo, logo. Olhe ali, não é seu pai conversando com mamãe? <br>
De fato, Shouto Knocks estava conversando com Molly Weasley e eles pareciam falar de algo mais importante que o clima. Os jovens se entreolharam, cúmplices. <br>
- Até breve, então, Fred. E diga ao Jorge para desgrudar da Marissa antes que alguém passe e conjure um balde de água gelada sobre os dois. <br>
- Tchau, Dee.
Cap 12: Encontros nas férias
Em algum lugar da Bahia, Deena Knocks se estendia na areia branca da praia, desfrutando o sol cálido e a ausência de trouxas. Era inverno na América do Sul, mas para ela a temperatura estava particularmente agradável. <br>
A garota fora à praia depois do almoço para pensar um pouco em tudo o que havia acontecido em Hogwarts no semestre anterior, e na situação bruxo-política na Europa atualmente. O retorno de Voldemort estava começando a deixá-la inquieta, agora que ela havia descoberto que Snape fora um Comensal da Morte. Ela estava preocupada. Não com a integridade de seu amado professor. Nada disso. Deena tinha certeza que, se Dumbledore confiava nele, é porque ele estava acima de quaisquer suspeitas. <br>
Entretanto, o retorno de Voldemort poderia ter conseqüências sérias para Snape. Voldemort não perdoaria a traição de um de seus comensais, dificilmente ele deixaria o professor em paz. Além de todas essas preocupações, ela não conseguia parar de pensar naquele outro dia, quando fora chamada pelo primeiro nome. <br>
Pensar em Snape levava Deena a pensar em Fred. Que pena que o namoro havia terminado, estava bem divertido... Entretanto, ela não podia ficar enrolando Fred assim. Afinal, no início ela pensou mesmo que Fred a faria esquecer Snape. Mas não levou mais que dois meses para perceber que sua idéia não funcionara e Snape continuava firme e forte em seu coração. <br>
E agora, seu pai veio lhe dizer que ambos iriam para Londres, passar o resto das férias lá. Seu pai lhe contou histórias sobre a Ordem da Fênix, o maior foco de resistência a Voldemort, organizado por Dumbledore há vários anos atrás. Seu pai havia participado ativamente, antes de ser enviado pelo Ministério para a América do Sul. E agora ela era maior de idade, já poderia participar também se quisesse. <br>
O Sr. Knocks estava empolgado com o interesse de Deena em bruxo-política, e já havia escrito para Dumbledore autorizando que ela participasse ativamente da Ordem e se envolvesse tanto quanto possível. Ele estava muito satisfeito em ver que sua única filha havia tomado partido de algo que ele considerava certo, e não era apenas mais uma bruxa na multidão amedrontada pela imagem de Voldemort. <br>
Então, amanhã, Deena e seu pai iriam para Londres se hospedar na sede da Ordem da Fênix, onde ficariam até o fim das férias. Bom, talvez o Sr. Shouto tivesse que voltar antes, mas Deena certamente ficaria lá. <br>
Sua mãe não parecia muito satisfeita com essa história. Ela já era casada com Shouto há muitos anos e se lembrava do perigo a que o marido se expusera na época. Deena suspeitava que a mãe houvesse solicitado ao ministério a transferência de Shouto para a América, mas nunca perguntou a ela. A garota e a mãe não eram exatamente amigas. Não que fossem inimigas, contudo a mãe de Deena, Lorena, era uma mulher fechada e distante, difícil de se lidar. <br>
*****
Na tarde seguinte, Deena e o pai fizeram uma aparatação transcontinental até o ministério, em Londres. Foi uma tarefa difícil, que a garota só conseguiu cumprir de braço dado a seu pai. Lá, o Sr. Knocks procurou pelo Departamento de Artefatos Trouxas e pegou um pequeno papel com o Sr. Weasley, sem mais conversa. Então, pai e filha tomaram um ônibus trouxa para um subúrbio um pouco distante, onde desceram e caminharam cerca de duas quadras. <br>
Em frente a um pequeno largo, o Sr. Knocks tirou o papel do bolso e entregou-o à filha, que olhou com curiosidade. Seu texto não era mais que uma simples frase, que dizia: <br>
“O Quartel-General da Ordem da Fênix pode ser encontrado no número 12, Grimmauld Place, Londres.” <br>
Deena compreendeu que deveria ser uma permissão para localizar a casa. Ela estava habituada com esse tipo de procedimento, pois vivendo em meio aos trouxas, eventualmente sua família precisava recorrer a feitiços de proteção. <br>
Com efeito, uma casa pareceu se materializar do nada, como se estivesse espremida entre outras duas casas bem em frente a eles. Shouto Knocks subiu os degraus da entrada e torceu a maçaneta, que se abriu. Ambos entraram e foram conduzidos por Molly Weasley, aos sussurros, até a cozinha. <br>
Chegando lá, Molly fechou a porta e pôde falar com sua voz normalmente calorosa: <br>
- Shouto! Deena! Que prazer vê-los novamente! Sirius, este é o embaixador para a América Latina, Shouto Knocks. Ele pertencia aos primórdios da Ordem, não sei se você já o conheceu? <br>
- Encantado, Excelência. – Disse, levantando-se da mesa, o homem mais lindo que Deena já tinha visto. Ele tinha olhos seguros e levemente desafiadores, um cabelo sedoso ligeiramente longo e uma aparência de cuidadosa displicência que muito agradou Deena. – Acho que ainda não nos conhecíamos, embora eu já tenha ouvido falar muito do Sr., naturalmente. <br>
- É um prazer conhecê-lo, Sr. Black. Pode me chamar de Shouto, essa etiqueta ministerial é extremamente cansativa, não concorda? Esta aqui é minha filha Deena, ela está no sétimo ano em Hogwarts. – Disse o Sr. Knocks, tirando Deena do enlevo que ela se encontrava. <br>
- Como vai, Deena? – Disse aquele lindo homem, estendendo a mão para ela. – Vocês podem me chamar de Sirius, por favor. <br>
Todos se sentaram à mesa para tomar um lanche servido pela Sra. Weasley. Deena não conseguiu comer quase nada, com o estômago revirado pela viagem repentina e fascinada como estava com a visão de Sirius Black. Esse era então o homem que aterrorizara o ministério há dois anos? Bem que seu pai havia dito que ele não devia ser culpado de nada... Deena não conseguia imaginar alguém tão lindo como um vil traidor, e o fato de estar na Ordem só poderia ser garantia de sua inocência. <br>
- Você não acha, Dee? – Perguntou seu pai, de repente. Deena viu-se apatetada, sem saber o que responder. Que droga, já ia começar fazendo um papelão... <br>
- O quê, papai? – Ela teve que perguntar. <br>
- Você não está prestando atenção? Estou falando da miscigenação que existe entre bruxos e trouxas na América Latina... <br>
- Ah, claro, papai, claro. Concordo com o Sr. É muita miscigenação, mesmo... – Disse ela, sem convicção. Com medo de seu pai querer se aprofundar na conversa, a garota dirigiu-se à bruxa mais velha, perguntando: - Sra. Weasley, onde estão Fred e Jorge? <br>
- Eles estão lá em cima, junto com Gina, Hermione e Rony. O único que não chegou ainda foi Harry Potter, mas isso é um outro assunto que temos que conversar depois. – Disse ela, dirigindo as últimas palavras ao Sr. Knocks e a Black. Voltando-se para Deena, ela completou – Pode ir até lá, é só subir as escadas. Mas por favor, não faça barulho. Há um quadro no hall de entrada que não gosta de ser perturbado. <br>
Sem conseguir olhar para Sirius, Deena levantou-se e saiu. Ao fechar a porta da cozinha atrás de si, a garota permitiu-se um enorme suspiro e percebeu, espantada, que passara os últimos 15 minutos pensando em outro homem que não seu professor Snape... <br>
Deena subiu silenciosamente as escadas, e logo ouviu vozes dentro de um dos quartos. Assim que ela abriu a porta com cuidado, viu cinco rostos espantados virando-se em sua direção. <br>
- Dee! – Gritaram os gêmeos, atirando-se sobre a amiga. – Que saudade, garota! Então era você que estava conversando com mamãe na cozinha? <br>
- Oi, Fred! Jorge! Há quanto tempo! Éramos eu e meu pai. E também está lá o Sr. Black. <br>
- Naturalmente, - respondeu Hermione, apertando um sorriso – visto que esta casa é dele... <br>
-Oh... – murmurou Deena. – E sobre o Harry, o que está acontecendo? <br>
- Ah, isso é outra história. – Disse Hermione, preocupada. – Harry foi atacado por dementadores, lá na casa dos tios. Ele conseguiu conjurar um patrono e salvar a si e ao primo. Mas agora o Ministério quer expulsá-lo de Hogwarts por uso indevido de magia. <br>
- Mas isso é um absurdo! <br>
- Sim, é o que todos nós achamos. – Concordou Gina. – Mas é o que está acontecendo... <br>
Os jovens continuaram conversando até que Molly veio avisar que o jantar estava servido. Ao final do jantar, chegaram mais duas pessoas que Deena não conhecia: uma jovem bruxa de cabelos violetas, com quem Deena simpatizou imediatamente, e um bruxo ruivo, também jovem, que não negava suas origens e foi apresentado a ela como Gui Weasley. Na hora que a Sra. Weasley pediu aos jovens que subissem para o quarto, o prof. Snape cruzou a porta da cozinha, deixando Deena sem fôlego com a surpresa. Ele também era um membro da Ordem! <br>
*****
Harry chegou no dia seguinte, conduzido por um verdadeiro esquadrão bruxo. Ele também não conhecia a Ordem da Fênix, nem a casa de Sirius, e logo começou a brigar com seus próprios amigos por sentir-se esquecido o verão inteiro. Às vezes, Deena achava Harry tão patético... Ela se forçava a lembrar que o garoto devia ter muitos problemas na vida, e que crescer sem os pais, sendo criado por tios que sequer gostam dele, deve ser de arrasar qualquer um. Mas mesmo assim, ela achava que brigar com seus verdadeiros amigos, que passaram o verão inteiro pensando nele e tentando ajudá-lo, parecia algo extremamente egoísta. <br>
O resto da semana transcorreu entre limpeza e arrumação da enorme e poeirenta casa. O grupo animado de jovens parecia deixar Sirius empolgado, e a proximidade de seu afilhado Harry decididamente havia melhorado seu humor. Deena lançava eventuais olhares furtivos, fascinada pela beleza do bruxo. Entretanto, seu coração ainda batia pelo mal-humorado Snape, que apareceu diversas vezes na casa durante a semana, sem nunca dar a Deena sequer um “Boa noite”. <br>
Três dias depois de sua chegada a Londres, o Sr. Knocks veio falar com Deena em seu quarto. Ele parecia melancólico quando chamou a filha para conversar. A garota, estranhando o humor do seu pai, que sempre era tão animado, sentou-se sobre a cama de frente para ele, a fim de escutar: <br>
- Dee, minha filha, eu estou voltando para a América daqui a pouco. Você sabe que eu gostaria muito de ficar com você até o dia do embarque a Hogwarts, mas será impossível. Dumbledore me pediu para voltar logo, ele precisa de apoio de bruxos de outros países, mesmo que seja dos longínquos cantões latinos. Então eu devo voltar para lá, para fazer alianças e tentar politizar um pouco aqueles bruxos alienados, e talvez arregimentar alguns aliados para nossa causa. Eu quero pedir a você que se comporte bem, ajude a Molly e obedeça aos Weasley, eu tenho total confiança neles. Eles cuidarão de você como eu faria... <br>
- Tudo bem, papai, pode deixar. Por que você está tão triste? Não é a primeira vez que eu vou para Hogwarts, vai dar tudo certo! <br>
Seu pai baixou os olhos e segurou a mão de Deena. <br>
- Minha garotinha é hoje uma linda mulher, e eu tenho medo que, só por ser maior de idade e já poder aparatar por aí, ela comece a esquecer coisas como prudência e precaução e resolva sair salvando o mundo. <br>
- Mas papai, salvar o mundo é o que fazemos melhor! – Disse ela, piscando alegremente para o pai. <br>
- Sim, querida, estamos aqui tentando. Mas não esqueça que ninguém salva o mundo sozinho, tá bem? E eu gosto muito de saber que você está na Ordem, você participa, mas, ao mesmo tempo, ficaremos em casa, eu e sua mãe, muito preocupados com seu bem-estar. <br>
- Tá bem, papai. – Disse Deena, dando a conversa por encerrada. <br>
- Ah, Dee, só mais uma coisa: você não acha que o Snape é um pouco... velho? – Perguntou seu pai, com um sorriso jovial. Deena sentiu-se corar até a raiz dos cabelos. <br>
- Boa viagem, papai. – Ela saiu, fechando a porta atrás de si e ouvindo o estalo provocado por seu pai, que aparatava para a América.
Cap 13: De volta a Hogwarts
Mais alguns dias se passaram antes da volta a Hogwarts. Hermione e Rony haviam sido escolhidos monitores da Grifinória, o que foi um ótimo pretexto para uma festa de despedida. No dia seguinte, todo o grupo de jovens partiu para Hogwarts, escoltado por Moody, Tonks e a Sra. Weasley. <br>
O ano letivo não começou bem. Logo na cerimônia de abertura, Dumbledore apresentou aos alunos Dolores Umbridge, a nova professora de Defesa contra as Artes das Trevas. Como todos os demais, Deena ficou boquiaberta com a notícia. Aquela bruxa esquisita, com a boca grande como a de um sapo, uma aparência tão ridícula... <br>
Deena e os outros não tardaram a perceber que Umbridge era mais uma espiã do Ministério que uma professora de verdade. Ela queria ensinar Defesa em teoria! Como se isso fosse vantajoso para alguém! E justo no último ano, quando Deena teria que prestar os NIEMs! Além disso, logo ela foi declarada “Alta inquisidora”, e começou a querer inspecionar as aulas. <br>
Numa bela manhã, Deena entrou na masmorra para sua aula favorita e se deparou com a própria “alta inquisidora”, inspecionando a aula do prof. Snape. A mulherzinha ficou sentada ali, ao lado da mesa do professor, fazendo anotações esporádicas no seu caderno, sem dizer nada. Ao final da aula, Deena foi até a mesa entregar o frasco com a poção meticulosamente preparada. <br>
- Aqui está, professor. <br>
- Hmm. Bom, Srta. Knocks. – Respondeu Snape, na maior falta de empolgação que Deena já vira em um elogio. Ela deu as costas para o professor, e já ia saindo quando Umbridge a interrompeu: <br>
- Hem, hem... A senhorita seria por acaso filha do Embaixador Knocks? <br>
Completamente constrangida pela falta de tato da bruxa, Deena virou-se para ela e respondeu: <br>
- Sim senhora. <br>
- Puxa, mas que interessante! Eu fui muito amiga de seu pai na adolescência! – Disse Umbridge, parecendo genuinamente satisfeita. <br>
- É, acho que uma vez papai comentou comigo que costumava correr com os búfalos na campina, quando era mais jovem. – Disse Deena friamente, antes de virar as costas para Umbridge e seguir rumo à porta da masmorra. <br>
- O que o Sr. acha que ela quis dizer com isso, prof. Snape? – Deena ainda teve tempo de ouvir a mulher dizer. – Será que o pai dela é do tipo esportista? <br>
- Não sei, e isso nem me interessa. – Respondeu Snape, dando a Deena vontade de voltar lá e colar um beijo na sua bochecha branca. <br>
*****
Logo alguns alunos começaram a desenvolver um foco de resistência a Umbridge. Na primeira visita a Hogsmeade, Hermione convocou uma reunião com amigos, Knocks inclusive, sobre um grupo de estudos de Defesa contra as Artes das Trevas. Era a resposta que Deena estava esperando, pois ela mesma se encontrava agoniada com a falta de prática em Defesa justamente no ano dos seus NIEMs. <br>
Então o grupo, que imediatamente se tornou clandestino, reuniria-se semanalmente na Sala Precisa, uma localidade fantástica que Deena ainda não conhecia. Ela participaria juntamente com sua amiga Marissa, que estava namorando Jorge, e também com Ahmed e Latifa, seus amigos da banda. Laisa ainda estava em dúvida, e Ian havia terminado seus estudos no ano passado. O novo baixista, Adhamastor, não gozava da inteira confiança dos demais integrantes do grupo, portanto não havia sido convidado. <br>
O primeiro encontro do grupo na Sala Precisa foi animador para Deena. Ela viu que a maioria dos alunos não tinha domínio sobre feitiços elementares, mas possuía interesse e disposição para se aperfeiçoar. Harry era o coordenador geral do grupo; certamente o melhor aluno em Defesa, e até mesmo Deena foi obrigada a confessar seu espanto frente às proezas que ele já realizara. O grupo começou meio devagar, mas logo uma sensível melhora já era notada no desempenho de todos. Inclusive de Deena, que depois de algumas aulas conseguiu projetar o maior e mais bonito patrono já feito em sua vida. Ela conhecia esse feitiço, mas nunca conseguira mais que uma grande nuvem prateada, sem forma definida. Entretanto, em um dos encontros do grupo, depois de algumas orientações um enorme urso pardo prateado saiu de sua varinha, correu pela sala junto do cervo de Harry, e sumiu no ar, para o deleite de todos os observadores. <br>
*****
Em novembro, Latifah chamou Deena para uma conversa, logo depois do ensaio da banda. Seu tom era ligeiramente preocupado, e quando os demais colegas saíram da sala, as duas meninas sentaram-se nas almofadas, frente a frente, para conversar. <br>
- Dee, eu queria te pedir uma coisa, ou melhor, não é bem pedir... Eu queria saber sua opinião. – Disse ela, parecendo ligeiramente insegura. <br>
- Diga, Latifah, você está me deixando preocupada! <br>
- Olha, não é nada sério, não se preocupe. É só que... Bom... É sobre o Fred. <br>
Deena entendeu imediatamente onde a amiga queria chegar. Ela já notara que Fred estava comparecendo assiduamente aos ensaios da banda, mesmo quando músicas novas eram elaboradas e tocadas exaustivamente, o que tornava o programa muito maçante. A garota se perguntava a razão disso, e aparentemente agora ela teria sua resposta. <br>
Um silêncio levemente constrangedor caiu entre as duas amigas. Deena pensou um pouco e disse: <br>
- Vocês estão juntos, é isso? <br>
- Não, - disse Latifah, parecendo alarmada – ainda não... Quer dizer, ele tem olhado bastante para mim. Nós nunca conversamos a sós, você sabe como é o Ahmed, não me deixaria um minuto sozinha com algum rapaz... Mas eu acho que ele está interessado em mim, e eu... <br>
- E você? <br>
- Bom, eu queria saber o que você acha disso. Se está tudo bem por você... <br>
Deena pensou em Fred com uma pitada de angústia no coração. Ele era uma presença tão constante em sua vida... Mas por outro lado, ela já havia percebido que não daria certo ficar com ele. E como o ruivo fatalmente logo começaria a namorar alguma outra garota, melhor que fosse Latifah, com seu irmão superprotetor... <br>
O que ela estava pensando? Que egoísmo havia se apossado dela? Por acaso ela não queria que Fred fosse feliz? E quem melhor que Latifah, sua amiga tão inteligente, tão bonita, bem humorada e educada? Fred merecia o melhor. E por isso ele merecia Latifah. Não porque Deena teria ciúmes (sim, ela sabia que teria) nem porque o irmão dela não deixaria Fred ultrapassar qualquer limite... <br>
Em paz com seus sentimentos, Deena então concluiu a conversa, segurando as mãos da amiga: <br>
- Você não poderia ter escolhido melhor, Lála. Ele é incrível, cuide bem dele. <br>
*****
Bem no final do ano, um dia antes do feriado de Natal, o Sr. Weasley foi misteriosamente atacado por uma serpente enquanto estava a serviço da Ordem. Harry e todos os Weasley seguiram para a sede, no número 12 do largo Grimmauld. Deena, entretanto, como não era da família, precisou esperar mais um dia para ir. Seu pai já havia autorizado, e ela seguiu sozinha até Londres, pelo Nôitibus Andante. <br>
Ela desceu do ônibus em frente à estação King´s Cross, e realizou a pé a caminhada de cerca de 20 minutos que levava até seu destino. A garota entrou na casa e viu-se sozinha com Sirius, que parecia preocupado, porém animado pelas visitas. Os demais haviam seguido até o Hospital St. Mungus, para visitar o Sr. Weasley. Sirius estava na cozinha, entretido com farinha, leite e parafernálias para fazer um bolo. <br>
- Deena Knocks, que bom ver você! Por acaso você sabe fazer bolo? Eu queria preparar algo especial para quando os Weasley voltassem... <br>
Deena riu ao ver a sobrancelha direita do bruxo mais velho branca de farinha. Ela foi até ele e apanhou a colher de sua mão. Juntos, os dois conseguiram fazer um interessante bolo com cobertura e recheio, que estava delicioso, apesar de sua aparência caótica. <br>
O Natal foi encantador. Hermione chegara trazendo Marissa, Latifah e Ahmed. O grande grupo de jovens fez com que a reunião tomasse ares de festa, e mesmo sem Laisa e Ian, eles puderam conjurar alguns instrumentos e tocar algumas músicas para animar a noite. Os outros dias do feriado transcorreram com animação cada vez menor. Deena percebeu que Sirius estava ficando cada vez mais deprimido, e isso refletia no humor do grupo em geral. <br>
No último dia do feriado, Deena estava na sala de estar ao lado do hall de entrada, lendo um livro que havia encontrado na estante. Então ela ouviu a voz de Snape, que saía da cozinha naquele momento. Ele estivera conversando com Harry. Deena foi até a porta do hall para vê-lo sair e quando ele passou, ela murmurou timidamente: <br>
- Boa tarde, professor Snape. <br>
Snape virou-se e olhou para a aluna como se ela fosse algum bicho gosmento. Ele não parecia estar em um dos seus melhores dias, e passou direto por Deena, sem sequer se dignar a responder. Imediatamente, o coração da garota doeu como se quisesse parar, e ela começou a fechar a porta da sala em que estava, sentindo que iria chorar. Entretanto, antes de fazer a porta se encostar ao batente, esta foi novamente aberta por Sirius, que havia acompanhado a cena do lado oposto do hall. <br>
Sirius empurrou Deena, que ainda tentava fechar a porta, para dentro da sala. Ela não conseguia mais segurar as lágrimas, e a entrada intempestiva de Sirius só fez seu autocontrole fraquejar ainda mais. O bruxo mais velho olhou para ela com um misto de compreensão e pena, fazendo Deena soluçar e desabar em pranto. <br>
- Calma, calma, Dee. – Disse Sirius, envolvendo os ombros da garota. – Eu vi o que aquele estúpido fez. Ele estava enchendo o saco do Harry, o meu, e daí para não perder o hábito, acabou sendo idiota com você também, logo você, que não merece isso. <br>
Deena não conseguiu responder imediatamente. Sua voz estava tapada atrás do bolo que entupia sua garganta, e ela se sentia gelar por dentro pensando no professor. <br>
- Eu devo ser realmente muito patética, - confessou Deena, ao recuperar um pouco de seu autocontrole – porque depois de tanto tempo, ele continua me tratando como se eu não existisse. Desculpe o papelão, Sirius. – Ela falou, e tentou desvencilhar-se daqueles braços que prendiam seu corpo. <br>
Sirius, entretanto, não afrouxou o abraço. Ele fitou Deena nos olhos, e disse: <br>
- Você precisa de outro homem para esquecer Snape. <br>
- Não adianta. Eu já tentei. Ou você não sabia que eu namorei Fred por quase um ano? <br>
- Eu disse um homem, Deena. Fred é muito legal, mas é apenas um garoto. Você não vai esquecer um homem como Snape saindo com um garoto como Fred. – Dizendo isso, Sirius afrouxou só um pouquinho a pressão que fazia ao redor dos ombros da menina. <br>
- Claro, Sirius, claro. E posso saber onde eu encontraria um homem que tivesse uma personalidade forte, entretanto fosse delicado comigo, e que também fosse inteligente, agradável, divertido e bonito. E que, pra coroar, estivesse interessado em me fazer esquecer o Snape? <br>
- Que tal olhar para a sua frente? – Ele disse, suave. <br>
Deena levantou os olhos vermelhos de choro e encarou Sirius fixamente. Ele estava com um sorriso encantador no rosto, e seus narizes quase se tocavam. Ele então se aproximou um pouco, com o sorriso se transformando em lábios entreabertos que pediam um beijo. <br>
O calor que emanava da pele de Sirius deixou Deena fora do mundo por alguns momentos. Sentindo as lágrimas quentes e salgadas descerem por sua face a caminho da boca, Deena colou seus lábios aos dele, sedenta por alguma satisfação que acalmasse a dor que latejava dentro de si. Por um momento, ela se entregou ao beijo, sentindo o hálito doce e picante de Sirius. Suas línguas dançaram juntas dois compassos de uma breve valsa, e então se separaram. <br>
Assustada com o que havia acontecido, Deena tomou uma postura defensiva diante de Sirius. Ele não esperava por nenhuma reação física tão intensa, então também não conseguiu responder nada quando a garota, furiosa, desvencilhou-se à força de seus braços e disse: <br>
- Ora, Sirius, francamente, você só pode estar brincando comigo. Você acha que esta é a melhor hora pra me fazer de palhaça? – E Deena saiu correndo para seu quarto, batendo a porta após entrar. <br>
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Terminei a fic. É bem grande, duvido que alguém vá lê-la inteira aqui... Mas enfim, aqui estão os últimos capítulos.

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Cap 14: Oclumência e Legilimência
No dia seguinte, todos os estudantes voltariam a Hogwarts. Entretanto, logo após o desjejum, Sirius procurou por Deena, que ajudava a Sra. Weasley com a louça, na cozinha. <br>
- Deena, posso falar com você? <br>
- Muffliato. – Disse baixinho Deena, que não queria que Molly Weasley testemunhasse a conversa que viria a seguir. – Claro, Sirius, o que você quer? <br>
- Me desculpar. Eu fui mesmo insensível ontem, me comportei como um trasgo... <br>
- Falta muito para você parecer um trasgo, Sirius. Eu é que estava chiliquenta, me desculpe também. Mas a sua brincadeira foi mesmo de muito mau gosto... <br>
- Não era brincadeira. Eu realmente me encanto com você, sabe? Quer dizer, eu sei que temos uma grande diferença de idade, mas isso não me incomoda muito. Se você quiser mesmo esquecer o Snape, pode contar comigo. <br>
Sirius disse isso e saiu da cozinha, deixando Deena atônita e pensativa. Ela gostava dele, ele realmente era uma companhia agradável, era bonito, inteligente e fazia parte da Ordem. E seu beijo, como ela havia gostado daquele beijo... Suave, carinhoso, mas firme e decidido. O que mais ela poderia querer? Pensando bem, era mesmo seu último ano em Hogwarts... Logo, se Snape não se decidisse até o fim do semestre, ela nunca mais o veria. Se decidisse... A quem ela estava tentando enganar? Ele nunca sequer olhara para ela com alguma atenção. A única vez que ele a chamara pelo primeiro nome, foi para mandá-la para trás. Uma parte dela queria pensar que ele se importava, mas na realidade ela não pensava que fosse assim. Na realidade, achava que Snape mal sabia qual a diferença entre Deena e a mesa da cozinha.
Sentindo-se reconfortada pela declaração de Sirius, Deena voltou para Hogwarts pronta para tudo.
Ou para quase tudo.
Logo no primeiro dia de aulas, a profa. McGonagall procurou por ela, para avisar que o prof. Dumbledore queria vê-la. A velha bruxa levou Deena até a sala do diretor, anunciou-a e saiu.
- Deena, que prazer revê-la. Como foi seu feriado? – Perguntou Dumbledore, gentilmente.
- Bem, professor, e o do senhor?
- Tudo bem, tudo bem. Eu chamei você aqui para fazer uma pergunta. E um convite. O que você sabe sobre oclumência?
Deena não sabia o que esperar, mas certamente não era isso. Ela pensou por uns instantes e respondeu:
- O que todos sabem... É a capacidade de ocultar seus pensamentos, de modo a defendê-los da invasão de um legilimente, ou seja, alguém que possa ter acesso a eles.
- Um resumo claro e conciso. O convite é para você ter aulas extras de oclumência, junto com Harry Potter. Eu sei que os NIEM estão se aproximando, então não acharei ruim se você não quiser. Mas é uma oportunidade única, sabe? Não há muitos bruxos que dominem oclumência e legilimência hoje em dia.
- Claro que eu aceito, professor. Mas posso fazer uma pergunta? Por que eu? Quero dizer, por que não a Hermione? Não que eu esteja reclamando, mas...
- Sim, entendo. A oclumência, Deena, é uma arte dominada por poucos hoje em dia porque é muito difícil de ser aprendida. Geralmente, oclumência é um dom de família, e é um dom presente na família Prince, a família de sua mãe. Não sei se sua mãe é oclumente; ela estudou em Beauxbatons e não aqui, logo não a conheço muito bem. Mas ela deve ser, em algum grau. Além disso, essas aulas serão com o prof. Snape, e eu acredito que ele ficará mais confortável em sua presença do que na presença da Srta. Granger.
“Aulas extras de oclumência? Com o Snape? O mundo não podia ser mais maravilhoso...” Pensou Deena. O diretor concluiu a conversa dizendo:
- Se não há mais perguntas...
Deena levantou da cadeira e dirigiu-se à porta, mas antes de abrir ela se virou e perguntou:
- Desculpe, professor, mas por que o Snape dará essas aulas, se ele e o Harry... – Ela então interrompeu o que dizia, temendo ter sido indiscreta.
- Deena, algumas coisas estão além do que eu posso explicar agora. Eu mesmo gostaria de ensinar ao Harry, mas não posso. E o professor Snape é um excelente oclumente, eu confio na capacidade dele e na sua, visto que você deverá não apenas assistir as aulas, mas também ajudar o Harry a treinar. É essencial que ele aprenda oclumência o quanto antes, entendeu?
- Sim senhor.
Deena saiu da sala do diretor e se dirigiu diretamente à masmorra onde ela sabia que estaria o prof. Snape. Lá, ela bateu na porta e, ouvindo a permissão do professor, entrou.
- Com licença, professor. Vim apenas perguntar quando serão as aulas de oclumência. O prof. Dumbledore me convidou a assistir...
Snape olhou para ela aparentando o maior desinteresse possível. Deena imediatamente lembrou de Sirius e pensou se fora uma boa idéia aceitar essas aulas... Mas então o professor falou:
- Você aceitou, heim? Muito bem. Serão às quartas-feiras, seis da tarde. Não se atrase. E se alguém perguntar, diga que você vai ajudar com as aulas extras do Potter.
Sem mais nada a dizer, Deena saiu da lúgubre masmorra.
*****
A tarde passou e logo Deena voltou à masmorra para a aula de oclumência. Ela sentou-se na cadeira indicada pelo professor e, em um ou dois minutos, Harry também entrou na sala.
- Oi, Dee, o que você está fazendo aqui? – ele perguntou, ignorando a presença do professor. Snape respondeu irritado:
- A Srta. Knocks vai me ajudar a tolerar essas aulas.
O começo da aula foi bastante desagradável, com Deena ouvindo a conversa entre os dois. Snape estava tratando Harry da forma mais irritante possível e Harry também não se esforçava nada para agradar. Ambos estavam duelando com palavras até que, por fim, cansado de perder tempo, Snape se levantou e começou com o treinamento, invadindo a mente de Harry.
O garoto parecia não conseguir se defender, e Deena ficou espantada vendo Snape saborear as lembranças desagradáveis que Harry certamente não gostaria de compartilhar com o professor. De repente, ela pensou que aceitar essas aulas foi uma idéia muito, muito ruim! Como ela esconderia seus sentimentos de Snape? Começando a ficar em pânico, Deena pensava se conseguiria dar alguma desculpa para sair da sala. Mas então, Snape virou-se para ela e disse, com um brilho sádico no olhar:
- Depois do sofrível desempenho do Sr. Potter, vamos ver como você se sai, Srta. Knocks. Mantenha-se concentrada e tente evitar que eu veja seus segredos.
Deena imediatamente sentiu-se tonta, e começou a lembrar das coisas que aconteceram durante o Baile de Inverno. No mesmo instante, ela se lembrou do nervosismo que sentiu ao entrar no palco sob os gritos que pediam As Esquisitonas, e do alívio ao receber os primeiros aplausos, no fim da primeira música. Então sua memória pulou para a última música, aquela que ela havia dedicado ao Snape. Ela se lembrou de vê-lo em um canto, aparentemente surpreso com a audaciosa declaração. E logo a garota estava vendo Fred parado na neve, com os cabelos ruivos salpicados de branco. Ela sabia que a memória seguinte era muito íntima, e tentou de todas as formas evitá-la, mas Snape viu a briga que culminou com a ruptura no namoro dos dois jovens.
Deena estava se esforçando ao máximo para repelir Snape, mas era simplesmente impossível. Então ela percebeu que uma parte dela estava gostando de ter o professor dentro de sua cabeça, e imediatamente aquela seqüência de memórias foi interrompida.
Agora ela era uma menina pequena, de uns cinco ou seis anos, e estava parada perto de um caldeirão, vendo sua linda mãe picar folhas em pedaços finíssimos e rigorosamente iguais. Sua mãe sorria um sorriso discreto, e falava em voz baixa com a filha pequena.
Snape saiu de sua cabeça e olhou para ela desapontado. Deena sentiu o suor molhar sua nuca, seu corpo dolorido reclamando de exaustão. Não era nada agradável compartilhar os pensamentos com outra pessoa...
- Patética, Srta. Knocks. Você não se concentrou nada. Esperava um resultado melhor. Você precisa me repelir com a mente, e não ficar pulando de pensamento em pensamento, para facilitar minha tarefa. Quem era aquela bruxa?
- Minha mãe. – Respondeu Deena, perdida em seu devaneio. – Eu nem me lembrava de como ela era bonita. Desculpe, professor, vou tentar fazer melhor.
- Ótimo. Legilimens! – E de novo Snape entrou na cabeça da aluna.
Dessa vez, Deena focalizou seu pensamento em suas últimas férias, na Bahia. Ela se esforçou ao máximo para pensar apenas na água salgada, no sol cálido que banhava seu corpo, no barulho do vento batendo nas árvores. Ela realmente achou que o resultado foi bom, mas então ela olhou para uma pessoa ruiva que estava passando na praia, e com isso lembrou-se de Fred. E imediatamente estava no Baile, levando um fora do namorado por amar outro homem.
Snape parou e disse:
- Agora foi um pouco melhor. Você conseguiu se concentrar em um único e inofensivo pensamento. Potter, discipline sua mente. Vamos tentar de novo. Legilimens!
Snape trabalhou com Harry mais duas vezes, e depois mandou que eles treinassem durante a semana, esvaziando as mentes antes de dormir. A próxima aula seria na quarta-feira seguinte. Potter saíra excitado por qualquer coisa que estava acontecendo dentro do Departamento de Mistérios do Ministério, mas Deena estava tão cansada que só pensava em ir deitar.
*****
Na aula seguinte, Deena estava mais preparada. Ela havia se esforçado muito para esvaziar a mente, apesar do amor por Snape, que teimava em aparecer quando ela deitava a cabeça no travesseiro. Harry, entretanto, não parecia ter treinado nada. Ele, que havia conseguido algum resultado na primeira aula, passou a segunda aula em branco, sem o menor controle sobre Snape, quando este invadia sua mente.
Deena percebeu que podia ficar um tempão pensando em uma mesma coisa, como alguma aula especialmente maçante de História da Magia. Isso geralmente funcionava, pelo menos até Snape começar a forçar. Daí qualquer coisa diferente poderia virar uma ligação que levava a outro pensamento e, quase sempre, a história terminava na paixão de Deena pelo professor.
Na primeira vez, ela havia pensado nas férias na Bahia. Na semana seguinte, ela pensou em uma recepção na Casa Rosada, o palácio presidencial argentino, em Buenos Aires. Deena passeava pela sala, com cerca de 14 anos de idade, junto com seu pai e sua mãe. Sua mãe usava um lindo vestido de pano de estrelas. O pano levou seu pensamento ao vestido que ela própria usara durante o Baile de Inverno, e logo chegou a Fred e no fim do namoro. E assim por diante.
Foi só na terceira aula que Deena pensou, sem querer, em Sirius. Snape pegou a ponta do pensamento dela e puxou, desenrolando toda a história ocorrida no último dia do feriado de Natal. Deena reviu a rejeição do professor, pôde sentir novamente a frustração de não ser sequer cumprimentada por ele. Depois, Sirius, irrompendo na sala como um furacão, abraçando-a com tanto carinho e dizendo a ela que esquecesse Snape. E, por fim, o beijo que ambos trocaram.
Enquanto tais pensamentos passavam por sua cabeça, Deena tentava com todas as suas forças impedir Snape de vê-los. Mas tanto ela queria impedir quanto ele queria ver. E ele tinha muito mais prática e habilidades em legilimência do que a garota em oclumência. Apesar das tentativas de Deena, foi impossível evitar a invasão de Snape.
Quando o contato se desfez, Snape estava lívido, sentado em sua cadeira com as costas retas e os lábios crispados. Deena olhou para ele, desafiadora. Ele falou, entre dentes:
- Potter, saia. A aula acabou para você.
Harry saiu correndo da sala, sem precisar de outro convite. A sós, Snape continuou encarando Deena fixamente, com ódio no olhar. A garota sustentou sua cabeça erguida. Ela não tinha razão para se envergonhar, pois havia sido rejeitada pelo professor.
- O Sr. quer continuar vendo como acabou essa história? – Ela convidou.
Surpreso com o convite inesperado, Snape entrou novamente nas lembranças da aluna, e viu a amável declaração de Sirius na manhã seguinte, dizendo que ajudaria Deena a esquecer Snape se ela assim desejasse.
Professor e aluna continuaram se encarando por alguns minutos. Nenhum dos dois ousava dizer palavra alguma, temendo iniciar um conflito. Então, ainda em silêncio, Deena levantou-se, apanhou o pergaminho que levara para fazer anotações, contornou a mesa e se colocou bem em frente ao professor, que continuava sentado. Com a voz gelada, Deena concluiu a aula dizendo:
- O Sr. conhece muito bem os meus sentimentos. Mais até do que eu queria que conhecesse... Entretanto, nunca teve uma única palavra gentil para me oferecer. As aulas estão acabando, dentro de alguns meses eu irei embora de Hogwarts e possivelmente nunca mais o verei. É bom que você saiba que, se você não me quer, tem quem queira.
Então ela saiu da sala, deixando Snape constrito, silencioso e ainda mais grave que o seu normal.
Cap 15: E as aulas continuam...
Sua resistência, ao contrário da de Harry, estava cada vez maior. Deena agüentava cada vez mais tempo Snape dentro de sua cabeça. Já não suava nem tremia, e sequer ficava tonta quando ele começava. Entretanto, ele já havia visto todas as noites que ela passara em claro, pensando nele, e como ela escrevia suas músicas deitada na cama, pensando nele. E como ela estudava poções em casa, pensando nele. E ainda assim, ele jamais dissera nada a respeito de tais pensamentos...<br>
Harry não conseguia segurar seus pensamentos nem controlar seus sonhos. Deena sabia que estava lá unicamente por esse motivo: Harry tinha que parar de ter sonhos com o Ministério. Mas tanto ela quanto Snape estavam fracassando, pois o garoto não se concentrava nem esvaziava a mente. Ele simplesmente não estava interessado na fascinante arte da Oclumência. Essa atitude deixava o professor furioso. Uma única vez, depois da primeira aula, Harry usara com sucesso um feitiço protetor e conseguira inclusive penetrar nas memórias de Snape. Mas aparentemente isso foi totalmente casual.<br>
Um pouco depois disso, a Armada Dumbledore, que estivera treinando durante todo o semestre, foi desmanchada à força graças a uma traição de um de seus membros, Marietta Edgecombe. Deena conseguiu escapar da perseguição, mas Harry não teve a mesma sorte, e sua captura culminou no desaparecimento do prof. Dumbledore, que também trancou sua sala de diretor. Agora, Dolores Umbridge havia alcançado o poder que ela tanto almejava, sendo nomeada diretora substituta de Hogwarts.<br>
Logo no primeiro dia de sua nova gestão, Umbridge viu-se às voltas com Fred e Jorge Weasley, que não tinham nenhum respeito ou admiração pela bruxa com cara de sapo. Eles patrocinaram uma indescritível queima de fogos, que deu muita dor de cabeça à nova diretora.<br>
Deena não pôde ir à aula seguinte de oclumência porque tinha um trabalho especialmente difícil de Feitiços para entregar. Como seu avanço era muito maior que o de Harry, o prof. Snape a dispensou para que pudesse fazer a tarefa; assim, ele mesmo teria mais tempo para se dedicar a Harry.<br>
Mas não foi o que aconteceu. Deena não entendeu nada quando, na semana seguinte, ela foi até a masmorra para a aula de oclumência e Snape não esperou por Harry. Eles treinaram sozinhos; o desempenho da aluna mostrando-se cada vez melhor. No final da aula, ela perguntou casualmente o motivo pelo qual Harry não viera, e se ela deveria treinar com ele durante a semana.<br>
- Ele não continuará a freqüentar essas aulas, Srta. Knocks. O motivo é irrelevante para você, mas se quiser treinar com ele, não me importa.<br>
Snape parecia mais azedo do que nunca ao dizer as últimas palavras. Deena, boquiaberta, não conseguiu pensar em mais nada. No dia seguinte, ela procurou Harry sozinho no corredor.<br>
- Harry, não sei o que você fez para deixar o Snape tão furioso, mas você precisa aprender oclumência, lembra?<br>
- Dee, eu não vou mais pisar na sala dele. Ele me expulsou. Se você quiser, podemos treinar juntos, mas com ele não vai dar...<br>
- Como assim, se eu quiser? Você precisa de um legilimente para poder treinar oclumência! E eu não sou uma legilimente.<br>
- Não é, mas talvez pudesse se tornar... – Disse Harry, lançando um olhar cúmplice para Deena.<br>
*****
A idéia a perseguiu durante o feriado de Páscoa. No último dia do feriado, ela esperou pelo professor em um corredor, depois do desjejum.<br>
- Professor, eu posso ter uma palavrinha com o Sr.?<br>
- Vamos até minha sala.<br>
Eles caminharam em silêncio pelo corredor vazio. Entrando na sala de Snape, Deena encostou a porta atrás de si e disse:<br>
- Professor, eu estive pensando em uma solução. Não sei o que o Harry fez, e isso nem é da minha conta, mas ele precisa aprender oclumência. E se o Sr. me ensinasse legilimência, para que eu pudesse treinar de verdade com ele? Eu acredito, inclusive, que sem sua presença... Intimidadora, Harry terá um desempenho melhor.<br>
Snape pareceu pensar por um momento, avaliando a proposta. Então ele olhou para Deena em silêncio, por mais alguns segundos, até que finalmente falou:<br>
- Legilimência é muito mais difícil que oclumência, Srta. Knocks. Não é algo que qualquer pessoa consiga.<br>
- Mas nós podemos tentar. O prof. Dumbledore dá muita importância para que Harry aprenda! Além disso, ele disse que os membros da família da minha mãe costumam apresentar esses dons, então quem sabe eu...<br>
- Certo, certo. – Interrompeu Snape, sem paciência. – Então na quarta-feira nós treinaremos Legilimência. Vamos ver se você consegue...<br>
*****
Na quarta-feira seguinte, a aluna entrou na masmorra pontualmente às seis da tarde. Snape estava sentado atrás da mesa, e havia outra cadeira, de frente para a dele, do outro lado da mesa. A garota sentou-se em silêncio, e Snape começou a falar.<br>
- Srta. Knocks, a legilimência não é uma habilidade comum; muitos bruxos tentam dominá-la a vida inteira e não conseguem. Portanto, se você também se mostrar incapaz, não há nada que possamos fazer. Você deve manter contato visual com a outra pessoa, no caso, eu. Olhando fixamente para mim, – Snape levantou-se da cadeira e contornou a mesa, parando atrás de Deena. Ele continuou falando perto de seu ouvido – você deve tentar imaginar quais pensamentos estão passando em minha cabeça. E você também deve tomar muito cuidado para manter os seus próprios pensamentos longe dos meus, ou eu serei capaz de percebê-los. Você já sabe a palavra. Tente agora.<br>
O professor voltou para sua cadeira e ficou em silêncio, olhando diretamente para Deena. Ligeiramente perturbada, a garota respirou fundo limpando sua própria mente, ergueu a varinha e murmurou:<br>
- Legilimens.<br>
Deena olhou para Snape e tudo o que ela viu foi um enorme muro branco. O muro seguia tanto para a direita quanto para a esquerda, e era tão alto que ela não conseguia divisar seu fim. Intrigada, Deena tentou afastar-se para ter um ponto de visão mais amplo, entretanto o muro continuava tão grande quanto intransponível. <br>
A garota rompeu o contato visual e se deparou com o professor ligeiramente espantado. Snape disse:<br>
- O que você conseguiu ver?<br>
- Nada, professor, apenas um enorme muro branco.<br>
- Você conseguiu realmente visualizar o muro, Srta. Knocks?<br>
- Sim, nitidamente. Mas o que eu...<br>
- Isso é algo muito bom. – Interrompeu o professor. – Esse muro é uma das táticas de oclumência. Se a Srta. conseguiu realmente visualizá-lo, já é um começo bastante promissor.<br>
Deena ficou muito satisfeita consigo mesma. Snape sugeriu que ela tentasse irromper por esse muro. Ele não tinha fim para nenhum dos dois lados, mas sim circulava suas lembranças, mantendo-as em seu interior. A garota teria que tentar rompê-lo, passar através dele.<br>
Ela passou o resto da aula tentando e tentando, sem conseguir resultado algum. No final, Snape, aborrecido, mandou Deena continuar o exercício de esvaziar a mente. E a proibiu de tentar ler a mente de Harry por enquanto. Não era uma única aula que faria dela uma legilimente, e essa não era uma prática que pudesse ser usada sem pleno controle.<br>
Cap 16: A última aula
Infelizmente, Deena não pôde ter aulas de Legilimência com a freqüência desejada. Logo chegariam os exames finais, e tanto ela quanto Snape teriam muito que fazer para poderem se dedicar às aulas extras. Em seu último encontro, Deena pediu a Snape que a deixasse ver alguma memória, pois ela estava cansada do muro branco intransponível. <br>
- Por favor, professor! Eu preciso ver como é! Além disso, Harry continua sonhando com corredores, portas e outras coisas que não quer me falar!<br>
- Está bem, Srta. Knocks. – Disse Snape, aborrecido com a insistência da aluna. Ele então foi à penseira e retirou mais alguns pensamentos, colocando-os junto com aqueles que ele tirava todo início de aula. – Pode tentar.<br>
- Legilimens!<br>
Mais uma vez, Deena viu o muro branco. Um pouco frustrada, ela tocou o muro e, surpreendentemente, seu braço sumiu. Ela então tirou o braço e viu que ele ainda existia. Logo, ele havia atravessado o muro!<br>
Curiosa, mas delicadamente, Deena aproximou seu corpo do muro, e dessa vez ela conseguiu atravessá-lo. O muro sumia conforme ela passava, e depois de chegar ao outro lado, Deena virou-se e viu que o muro continuava lá, porém dessa vez atrás dela.<br>
Voltando-se para frente, Deena viu que estava na estufa de Herbologia, durante uma aula, entretanto os alunos ali presentes não eram aqueles conhecidos por ela. Olhando ao redor em busca de algum conhecido, ela viu um jovem alto, magrelo e de cabelos negros lisos que só podia ser Snape. Ele parecia muito concentrado na aula. Atrás dele, outros dois rapazes conversavam e apontavam.<br>
Snape estava escrevendo algo. Deena se concentrou no vaso que estava ao seu lado e, de repente, ela viu aquele mesmo vaso em cima de outra mesa, na masmorra. Um Snape adulto estava tirando uma folha da planta que estava ali, e espremendo a seiva que pingava da folha em um cadinho branco.<br>
Então, de repente, ela estava novamente do outro lado do muro. Snape havia retomado sua oclumência e Deena não mais podia ver sua memória.<br>
- Satisfeita, Srta. Knocks?<br>
- O Sr. estava em uma aula de herbologia! – Disse Deena, encantada.<br>
- Sim, eu sei. – Respondeu Snape, com um pequeno sorriso ao ver a empolgação da aluna.<br>
- Puxa, professor, que legal! E o que aconteceu depois?<br>
- Você buscou um atalho entre duas memórias minhas, por meio daquela beladona que estava no vaso sobre a mesa.<br>
- Eu fiz isso? – Ela disse espantada. – Posso fazer de novo? Só mais uma vez? Por favoooor!!<br>
Parecendo divertido com a cena, Snape assentiu e se recostou na cadeira.<br>
- Legilimens!<br>
Agora ela era Snape, andando pelos corredores de Hogwarts. Ela via as portas passando conforme ele andava, seguro, pelo caminho. Então ele tocou na porta que ela sabia ser da masmorra, aquela mesma onde eles estavam tendo aula, e entrou. Lá dentro, Harry estava debruçado sobre alguma coisa que parecia uma bacia...<br>
- Chega! – Interrompeu Snape, parecendo furioso. – O que você pretende com isso, Srta. Knocks?<br>
Deena, confusa, não sabia o que dizer. O que Harry estava fazendo? Ele estava se afogando? Lavando o cabelo? E então ela olhou em volta, viu a penseira e, de repente, entendeu o que acontecera. Harry havia visto as memórias que Snape guardava cuidadosamente antes de cada aula.<br>
O professor perdeu todo o bom humor, e Deena, balbuciando desculpas, começou a sair da sala, dando a aula por terminada. Snape controlou seu mau-humor ao ver que a aluna não havia feito de propósito, e disse:<br>
- Esta foi nossa última aula, Srta. Knocks. Se você quiser, treine mais com Potter, eu não ligo. Podemos continuar ano que vem.<br>
- Mas, professor, eu não estarei aqui ano que vem. Esqueceu que é meu último ano? – Disse ela, perplexa, no meio do caminho para a porta.<br>
- Vamos ver...<br>
Deena saiu em pânico. “Merlin, o que ele quis dizer com ano que vem? Será que ele vai me reprovar no último ano só por causa disso?” Preocupada com seu desempenho, a garota passou o resto da semana sem tirar o nariz dos livros, só estudando para os NIEMs.<br>
Durante toda a semana seguinte, a atmosfera em Hogwarts ficou pesada para os alunos do quinto e sétimo anos. Os exames estavam cada vez mais próximos, e não raro algum aluno ou aluna precisava sair da sala e ser conduzido até Madame Pomfrey para relaxar com alguma poção calmante. A pressão era muito grande, especialmente para os alunos como Deena, que tinham muitas matérias para prestar.<br>
No final do quinto ano, antes de seus NOMs, Deena havia sido entrevistada sobre sua carreira futura pelo prof. Flitwick, o diretor da Corvinal. A garota declarou que gostaria de continuar trabalhando com educação, talvez ser professora. Mas não descartava a hipótese de tornar-se medi-bruxa. Então, ela mesma havia decidido fazer todas as matérias que fossem possíveis. A garota tinha tantas disciplinas para fazer os NIEMs quanto tivera para fazer os NOMs.<br>
Os exames chegaram e se foram. Deena, enfim, pôde relaxar sabendo que havia feito sua parte da melhor maneira possível. Ela e Marissa haviam passado várias noites em claro, estudando diversas matérias, e agora que Jorge e Fred não estavam ali para atrapalhar (eles de fato atrapalhavam, pois não tinham nem uma fração do empenho acadêmico das duas garotas), tudo estava mais fácil. Ela não poderia ainda precisar suas notas, mas tinha certeza que, pelo menos em Poções e Defesa contra as Artes das Trevas havia conseguido a nota máxima.<br>
Na primeira noite depois dos exames, Deena estava relaxando em seu dormitório, olhando pela janela enquanto tentava escrever alguma música. Alguma coisa bem bobinha apenas para espairecer, rimando “amar” com “beijar” ou “amor” com “dor”. Então acidentalmente ela viu algumas pessoas correndo para fora do castelo, rumo à floresta proibida. Deena rapidamente pegou a luneta que usava para estudar Astronomia e apontou para o grupo, identificando rapidamente seus componentes. Aquela sapa gorda e feia estava levando Harry e Hermione para a Floresta Proibida! Isso não poderia ser boa coisa de jeito nenhum!<br>
Deena correu até a sala comunal, onde Marissa estava escrevendo uma carta em um pergaminho todo decorado (possivelmente para Jorge), puxou a amiga e disse apenas:<br>
- Venha! Tem algo estranho acontecendo!<br>
Marissa seguiu Deena para a porta principal, que ainda estava aberta. Não era muito tarde, embora o céu já estivesse escuro, exibindo suas primeiras estrelas. Quando as garotas estavam saindo, outros alunos correram atrás delas até alcançarem-nas. Rony, Gina, Neville e Luna também corriam para a floresta.<br>
- Rony, eu vi a Umbridge levar Harry e Hermione para dentro da floresta! – Disse Deena, preocupada.<br>
- Pra falar a verdade, Dee, você viu a Hermione levar a Umbridge e o Harry para a floresta... E eu nem sei por quê! Mas eles podem precisar de nossa ajuda, vamos logo!<br>
O grupo entrou na floresta e logo o som de árvores se quebrando pôde ser sentido. Eles seguiram o som, e viram alguns centauros machucados tentando correr, fugindo de algo maior e mais perigoso, sem sequer se incomodarem com os jovens que mal se ocultavam atrás das enormes árvores.<br>
Quando o grupo encontrou Harry e Hermione, todos começaram a discutir sobre ir a algum lugar. Harry então explicou que Sirius estava em perigo, e isso foi o suficiente para Deena decidir que, onde quer que eles fossem, ela também iria. Mas de repente a garota se lembrou de algo importante: <br>
- Harry, você tem praticado oclumência?<br>
Antes de ouvir a resposta, Deena pôde adivinhá-la apenas pelo olhar irritado que recebeu do garoto:<br>
- Não. Mas isso não importa, agora não é hora de discursos, Dee!<br>
- Muito pelo contrário! Você pode estar indo para uma armadilha, e...<br>
- Mas eu vou do mesmo jeito. Se você não quiser ir, ninguém está te obrigando.<br>
Harry sabia ser intratável quando queria... Preocupada com o bem-estar dos alunos mais jovens, Deena virou-se para Marissa e disse, baixinho:<br>
- Ma, é uma armadilha. Tenho certeza. Volte para o castelo e procure pelo Snape, conte tudo a ele! Ele saberá o que fazer. Vá correndo, é muito importante!<br>
- Mas Dee, eu não quero sair sozinha pela floresta... – disse Marissa, fazendo cara de choro.<br>
- Por favor, amiga, agora não é hora para isso. Você tem sua varinha. Conjure um lindo patrono como já aprendemos e vá logo. Ah, e se eu morrer, - Deena completou ainda mais baixo, próxima ao ouvido da amiga – entregue ao Snape umas letras de música que estão na minha mala, enroladas e amarradas com uma fita vermelha. São as que eu compus pensando nele.<br>
Cap 17: Batalha no ministério
O problema de locomoção foi resolvido com a chegada de testrálios, os cavalos invisíveis que puxavam as carruagens de Hogwarts. Deena não conseguia vê-los, o que fazia da experiência de voar em tais animais algo muito interessante. O grupo chegou rapidamente à entrada do Ministério em Londres. Todos se enfiaram na minúscula cabine telefônica, não sem dificuldades, e, uma vez lá dentro, seguiram Harry por todo o caminho, passando por uma infinidade de portas. Algumas levavam a salas que tinham coisas estranhas como piscinas com cérebros, ou um misterioso véu que ligava nada a coisa nenhuma. Até que chegaram a uma sala cheia de bolhas de vidro. Sirius não estava em lugar algum. <br>
Certa de estarem em uma armadilha montada especialmente para capturá-los, Deena não desgrudava de sua varinha e trazia os sentidos completamente atentos a qualquer sinal externo. E foi entre aquelas bolhas estranhas que a armadilha se fechou. Harry localizou uma bolha que continha seu nome escrito e, no momento que a tirou da prateleira, vários Comensais da Morte revelaram suas presenças e atacaram o grupo. <br>
Os alunos lutaram uma batalha feroz, que se desenrolou por diversas salas. Deena lançava azarações a torto e a direito e, fugindo de seus perseguidores, entrou em uma sala onde diversos tipos de borboletas voavam livremente e se enroscavam no seu cabelo. Borboletas? Olhando mais de perto, ela percebeu que eram fadas. Lindas fadas azuis, não agressivas como as fadas mordentes, mas meigas e gentis. <br>
O Comensal que a perseguia entrou e atirou um feitiço em Deena. A garota se esquivou, mas o ataque aparentemente irritou as fadinhas, que voaram furiosas em direção ao agressor. Deena não pôde deixar de se sentir aliviada por não ter lançado algum feitiço imediatamente ao entrar na sala, pois dessa forma, todas as fadinhas teriam atacado a ela, e não ao Comensal. <br>
Deena atravessou a sala das fadinhas furiosas, ouvindo os gritos do Comensal atrás de si. Ela passou por uma saída que a levou àquele grande hall onde havia diversas portas que giravam, confundindo quem estivesse desavisado. Deena podia ouvir os gritos em outras salas, seus amigos precisando de ajuda. Então ela entrou no aposento onde havia aquele estranho pórtico e seu véu ondulante e entrou, bem na hora que Neville estava sendo torturado por um Comensal. <br>
Sem saber exatamente como agir, a garota começou a descer os degraus até o meio da sala, com a oportunidade de estupidificar um Comensal que estava parado ali perto, antes que os outros notassem sua presença. Então outras portas se abriram e Sirius em pessoa entrou na sala, seguido por Tonks, Lupin, Moody e Shacklebolt. <br>
Feitiços voavam para todos os lados. Deena não conseguia distinguir onde estavam os seus amigos, mas ela percebia que Harry ainda estava ali perto, segurando a tal da profecia. Ela foi atacada novamente pelo mesmo Comensal, que exibia em seu rosto e braços diversas feridas causadas pelas fadinhas. De fato, parecia que nacos de carne haviam sido arrancados de seu corpo, e um de seus olhos estava completamente oculto por uma catarata de sangue que saía de seus cílios. <br>
- Reducto! – Foi a única coisa que Deena conseguiu pensar, enquanto aquele homem enorme chegava perto dela. Imediatamente, o Comensal encolheu o bastante para ser soterrado pelo corpo de Alastor Moody, que tombava sem um olho e com a cabeça ensangüentada. Deena correu para tirar a varinha do minúsculo braço que ficara para fora do corpanzil do professor e, quando se levantou, surpresa, viu Sirius caindo para dentro do véu. <br>
Imediatamente, Deena pulou em cima do balcão e enfiou o braço através do véu, tentando resgatar Sirius antes que ele sumisse lá dentro. Ela foi impedida por Lupin, que agarrou seu corpo antes que fosse tragado pela cortina. Um minuto depois, ela percebeu que seu braço ficara imediatamente gelado, duro, mas ainda mais duro estava seu coração ao entender o que havia acontecido. <br>
Furiosa, Deena viu Bellatrix fugindo, com Harry atrás dela. A garota imediatamente pôs-se a perseguir a dupla; ela não permitiria que a assassina de Sirius escapasse. Fora de si por causa da raiva e da dor, Deena só alcançou os fugitivos no salão principal do Ministério. Ela viu Harry lançar uma maldição imperdoável sobre Bellatrix, sem efeito. Chegando mais perto, ela pôde ouvir a bruxa dizer: <br>
- ...você precisa realmente querer torturar alguém para fazer essa maldição funcionar! <br>
- Assim? – Perguntou Deena, surpreendendo a bruxa ao erguer sua varinha e gritar – Crucio! <br>
Bellatrix dessa vez caiu no chão. O ódio que tomava conta de Deena parecia não ter limites; ela queria ver a bruxa louca, doente, morta; queria que Bellatrix pagasse pelo que havia acabado de fazer. Completamente fora de si, Deena ainda gritou outras duas vezes: <br>
- Crucio! Crucio! <br>
E a cada vez o corpo de Bella se dobrava e esticava, ela gritava sentindo dores horríveis. <br>
Mas então algo estranho aconteceu com a garota. Sentindo seu corpo ficar cada vez mais gelado, sua mão não mais respondendo a seus comandos, Deena deixou-se cair ao chão. Tudo se apagou. <br>
Cap 18: Hospital St. Mungus
Havia mais alguém ali com ela. Ela estava acordando, mas não estava sozinha. Entretanto, podia perceber que os gritos haviam cessado. Quem mandou parar de torturar Bellatrix? <br>
Ela abriu os olhos com dificuldade e só então pôde perceber que não estava mais no ministério. Ao seu lado, dormindo sentado em uma cadeira, Fred Weasley bancava a babá para a amiga. <br>
- Fred? – Ela tentou dizer. Sua garganta estava embolada, o som que saiu foi algo como “gggãkk”. Mas foi o suficiente para seu amigo despertar e olhar para os lados, preocupado. Então ele se voltou para a garota deitada na cama e disse: <br>
- Dee! Você acordou? Que bom! Espere aí que eu vou chamar o medi-bruxo de plantão. <br>
Deena teve vontade de dizer que não ia esperar, que ia dar uma voltinha pela City, mas não conseguiu sequer articular a brincadeira antes que Fred voltasse, acompanhado por um jovem bruxo baixinho com ar preocupado. <br>
- Srta. Knocks? Que bom que você despertou. Não, não se esforce para falar, - disse ele, percebendo a aflição de Deena. – logo você estará melhor. <br>
O bruxo verteu uma poção amarela pelos lábios da garota, que aqueceu sua garganta e fez com que ela novamente conseguisse controlar as cordas vocais. <br>
- O... O que aconteceu? <br>
- Você está no Hospital, sabe? – Disse Fred. – Já faz três dias que não dá sinal de vida. Estávamos todos preocupados. <br>
- E por que está tão frio aqui? Será que eu poderia ter mais um cobertor? – Perguntou a garota, olhando esperançosa para o medi-bruxo. <br>
Os dois jovens se entreolharam, aparentemente sem saber o que dizer. Foi o medi-bruxo quem quebrou o silêncio. <br>
- Você pode ter todos os cobertores que quiser, mas isso não resolverá seu frio. Você está com uma lesão séria no braço, causada por algum Mistério antigo que ninguém sabe exatamente o que é, nem como podemos reverter. <br>
Então Deena olhou para seu braço direito. Ela se assustou ao ver que ele estava roxo, quase preto, e rigorosamente imóvel. Todas as memórias voltaram de repente, enquanto a garota olhava para seu próprio braço. <br>
- Sirius... – Ela balbuciou, magoada. – O que aconteceu, Fred? Ele não voltou, não é mesmo? <br>
- É, Dee. Parece que ele se foi. E seu braço ficou assim porque você tentou resgatá-lo. Agora os medi-bruxos estão trabalhando no seu caso, você mobilizou uma legião de pessoas preocupadas com sua recuperação. <br>
- Mas ninguém sabe o que fazer com isso? Será que tem conserto? <br>
- Não, - disse Fred, e completou depois de uma pausa – ainda não. <br>
- Mas estão todos pesquisando. – Completou o jovem medi-bruxo. – Afinal, a situação só é considerada perdida quando o membro fica murcho ou ressecado. Morto. E o seu braço conserva o mesmo tônus muscular do braço saudável, apenas está enrijecido e gélido. <br>
*****
Na noite daquele mesmo dia o Sr. Knocks apareceu para visitar a filha. Ela foi surpreendida durante o jantar, pois não esperava ver o pai ali em Londres. <br>
- Papai! Que surpresa! Como foi a viagem? <br>
- Foi bem; meio enjoativa, como toda aparatação intercontinental. Eu e sua mãe estamos em um hotel aqui perto, e ficamos realmente preocupados com você. Ela não sossegou enquanto não viemos vê-la. <br>
- Mamãe esteve aqui? – Perguntou Deena, cada vez mais surpresa. <br>
- Claro! Aliás, esteve, não. Ela está aqui. Está trabalhando com os outros medi-bruxos atrás de um antídoto para seu braço. Você sabe como ela é, não resiste a um desafio... Não teve quem conseguisse mantê-la afastada do caldeirão quando ela soube exatamente o que havia acontecido com você. <br>
O Sr. Knocks percebeu o cansaço nas palavras da filha e lembrou, depois de uma longa pausa: <br>
- Pensei que nós havíamos combinado que você não tentaria salvar o mundo sozinha... <br>
- Mas eu não tentei, papai. Eu só tentei salvar o Sirius. – Deena respondeu, parecendo magoada. E tentando mudar de assunto, ela perguntou – E em Hogwarts, como estão as coisas? <br>
- Ainda faltam quatro dias para o encerramento das aulas. Dumbledore me pediu para vê-la assim que alguém encontrasse a cura para esse seu braço; parece que ele tem algo muito importante para falar com você. <br>
Um pouco depois chegou sua mãe. Lorena Knocks era uma linda bruxa, alta e esguia como a filha, porém dotada de belos cabelos negros e lisos, diferentes dos cabelos de Deena, castanhos e ligeiramente ondulados. Ela cumprimentou a filha de maneira ligeiramente distante, deu-lhe um beijo suave na bochecha e disse: <br>
- Você nos deu um susto, Deena, não faça mais isso, sim? <br>
Ela falava como se Deena houvesse se ferido de propósito, como se houvesse sido alguma traquinagem infantil. Sempre que estava na presença de sua mãe, Deena sentia-se intimidada como uma criança de 5 anos... A garota não conseguiu pensar em nada para responder, além de um murmurado “Sim, mamãe...”. <br>
*****
Mais dois dias se passaram. Deena tomou uma infinidade de poções dos mais diferentes aromas e aspectos. Muitas ofereceram falsas esperanças, aquecendo o braço gelado por uns momentos sem, contudo, conseguir manter seu efeito. Isso estava deixando todos muito preocupados, pois a cada dia o gelo que tomara conta do braço de Deena subia cerca de um centímetro em direção ao ombro. Os médicos não falavam nada perto da garota, mas ela intuía que, se isso continuasse acontecendo, seu destino seria morrer em meio a dores terríveis. <br>
Várias pessoas se revezaram à cabeceira de Deena, tentando animá-la. Fred e Jorge se alternavam como presenças quase constantes; Lupin, que estava desempregado, também passava bastante tempo no hospital com ela, às vezes acompanhado por Tonks, que estava cada vez mais entristecida e, portanto, não era uma companhia muito boa... <br>
Na noite do terceiro dia, o jovem medi-bruxo, que Deena agora sabia chamar-se Nicolas Shufflefoot, entrou na enfermaria parecendo realmente empolgado. Ele trazia mais um frasco de poção, e dessa vez seus olhos brilhavam. <br>
- Conseguimos, Deena, conseguimos! Tenho quase certeza que dessa vez a poção funcionará. Um colaborador descobriu o ingrediente que faltava para manter o calor da poção dentro de você!! <br>
- É mesmo? – Perguntou Deena, esperançosa. – E quem será esse colaborador tão competente? <br>
- Ah, veja, ele está chegando. <br>
Ao virar-se para a porta, Deena quase desmaiou ao reconhecer a silhueta escura do professor Snape parado ali. Ele entrou silenciosamente no quarto, com o olhar fixo em sua ocupante, que imediatamente ergueu-se tanto quanto possível, empertigando-se em seu leito. <br>
- Professor?! O senhor, aqui? <br>
- Como vai, Knocks? – Disse ele, mantendo a mesma seriedade que demonstrava em sala de aula. – Creio que, a despeito dos esforços de sua diligente mãe, quem conseguiu encontrar o antídoto fui eu. <br>
Então era isso... Ele e sua mãe estavam competindo para saber quem prepararia a melhor poção. Entretanto, ele havia se preocupado em ir até lá, mesmo que fosse apenas para ver se a poção funcionaria como o esperado. <br>
Deena apanhou o frasco da mão do jovem medi-bruxo e o olhou, preocupada. <br>
- O Sr. tem certeza que funciona? <br>
- Não, Srta. Knocks. – Snape parecia ofendido. – Só teremos certeza depois que a Srta. tomar. Eu já mandei 4 ou 5 composições diferentes, e o frio em seu braço derrotou a todas. O que a Srta. está esperando? <br>
“Ele havia mandado outras poções!” Deena pensou, espantada, enquanto abria desajeitadamente o frasco em suas mãos. “Ele que fez algumas daquelas poções que falharam!” Esses pensamentos traziam alento à mente da garota, sentindo que, talvez, o professor se preocupasse com ela mais do que gostaria de admitir. <br>
Então ela virou o conteúdo do frasco garganta adentro. Por três longos segundos, todos ficaram olhando para ela, sem reação alguma. Mas de repente, sem aviso, Deena sentiu-se queimar por dentro. Com os olhos arregalados, ela levou as mãos à garganta quando dor a alcançou como um jato de fogo e logo se mostrou insuportável. Deena começou a gritar: <br>
- AAAAHH! SOCORRO!! ESTÁ QUEIMANDO!! POR FAVOR, ALGUÉM ME AJUDE! EU VOU MORREEEEEEER!! TÁ QUENTEEE!! SOCOOOOORRO, PAPAAAAI!! <br>
Ela se debateu na cama, fazendo o medi-bruxo e seu assistente, que cuidava de outro paciente no mesmo quarto, corressem até ela e tentassem agarrar seus braços. A tarefa foi impossível. Todo o corpo da garota estava quente como um caldeirão que estivesse no fogo há horas. Então os dois funcionários do hospital enrolaram os braços em cobertores e, dessa forma, conseguiram manter Deena ainda na cama. Ao seu lado, Snape olhava a cena com o semblante muito sério. Ele já imaginara que o efeito da poção demoraria alguns minutos, e que tais minutos não seriam nada agradáveis à garota. <br>
Deena se debateu muito, e logo os lençóis começaram a amarelar embaixo de seu corpo. O calor que ela emanava estava literalmente fritando seu leito. Seus olhos estavam vermelhos, e um vapor quente saía de sua boca quando ela gritava. Os medi-bruxos perceberam que, se ela continuasse ali, faria a cama pegar fogo. <br>
Entretanto, tão subitamente quanto havia começado, o calor acabou. Deena deitou-se imóvel por algum tempo, exausta que estava por lutar contra seu próprio corpo. Snape chegou mais perto do seu rosto e chamou, baixinho: <br>
- Deena? Deena, você está me ouvindo? <br>
Ela suspirou, produzindo uma última nuvem de vapor, e respondeu: <br>
- Acho que funcionou, professor... <br>
Então os medi-bruxos ergueram a cama até que Deena pudesse firmar seu tronco sentado. Ela logo ergueu o braço e todos ficaram espantados ao notar que, daquela coloração roxa escura, quase preta, o membro agora exibia um tom levemente azulado, porém muito próximo à cor normal da pele. E sua movimentação também havia voltado! <br>
- Bem, Srta. Knocks, - disse o professor, afastando-se da cama da garota - acho que isso é o mais próximo que conseguiremos de uma cura. Posso me retirar, então. <br>
Deena não tinha forças para responder. Snape virou-se e andou até a porta mas, antes de sair, voltou-se novamente à garota que jazia inerte na cama e comentou, casualmente: <br>
- Sabe qual era o ingrediente que faltava para dar certo? Veneno de jararaca... – E saiu. <br>
Cap 19: “O convite”
Tão curada e restabelecida quanto possível, Deena seguiu no dia seguinte para Hogwarts, em companhia do pai. Sua mãe ficou em Londres, fazendo compras. Seu pai se hospedaria em Hogsmeade, pois Deena só ficaria uma noite em Hogwarts, o tempo de falar com Dumbledore e se despedir daquela escola, o único lugar onde ela realmente se sentira em casa. <br>
Chegando ao terreno da escola, a garota logo foi reconhecida e saudada por diversos estudantes, que tomavam o sol do fim da tarde no pátio. Na entrada do castelo, Deena foi recepcionada pela profa. McGonagall e pelo prof. Flitwick que, orgulhoso, acompanhou-a até a sala do diretor. A bruxa mais velha pronunciou a senha à gárgula que guardava a entrada (“morcegos de maçã”), expondo uma escada em caracol. <br>
Uma vez diante do diretor, a professora sentou-se para também participar da conversa. Dumbledore começou a falar, parabenizando Deena pelo desempenho no ministério e pela recuperação. <br>
- Você foi muito corajosa, e se arriscou demais tentando salvar Sirius. <br>
- Qualquer um no meu lugar faria o mesmo, professor... – Disse Deena, sem querer pensar em Sirius de novo. Os últimos três dias no hospital haviam sido, para ela, um verdadeiro tormento de memórias. <br>
- Deena, o que eu quero falar com você é sobre o futuro. Você já tem planos profissionais imediatos? <br>
- Não senhor... <br>
- Durante a última reunião de professores, foi lançada a idéia de convidar você a participar do nosso quadro de efetivos durante o próximo ano letivo. Suas notas dos NIEMs ainda não foram divulgadas, claro, mas acredito que não tenha sido reprovada em nenhuma disciplina. Como nós estamos com uma pequena carência de ajudantes, um dos professores sugeriu seu nome para ocupar um cargo de professora-auxiliar. Se concordar, você deverá auxiliar todos os professores de um modo geral, seja cuidando de estufas, preparando poções, cobrindo aulas na eventualidade da ausência de algum professor e, principalmente, oferecendo aulas de reforço aos alunos que necessitarem. <br>
- O Sr. está me convidando para trabalhar aqui? – Perguntou Deena atônita, sem acreditar no que estava ouvindo. – Eu? Morando aqui? <br>
- Certamente que ofereceríamos todos os benefícios de que os demais professores desfrutam, embora seus rendimentos devam ser um pouco menores por estar ainda em início de carreira. <br>
- Ah, e eu ainda vou receber para isso? Claro que eu aceito, professor, será uma imensa honra! <br>
Dumbledore sorria frente à animação que a aluna demonstrava, sem sequer tentar ocultar. Apesar de satisfeito, ele ainda ponderou: <br>
- Mas você deve falar com sua família antes, certo? Afinal, eles podem ter outras expectativas para seu futuro próximo. <br>
- Não, professor, não se preocupe com isso... Se o Sr. está me convidando para continuar aqui, daqui ninguém me tira! Será que eu posso saber a quem devo agradecer pela indicação? <br>
Agora a professora McGonagall respondeu: <br>
- O seu nome foi lembrado por diversos professores, Srta. Knocks. E foi aprovado por unanimidade. <br>
Deena sentiu-se extremamente satisfeita ao ouvir isso. Ela estava tão feliz que ficou até confusa diante dos dois professores mais velhos, sem saber o que dizer. Felizmente, Dumbledore continuou: <br>
- Então, se você aceita, pode vir para Hogwarts no último dia de agosto. Não deixe para vir no trem, junto dos alunos, pois como é o seu primeiro ano aqui, em um cargo que também é novo, é melhor chegar antes para analisarmos suas atribuições. Alguma pergunta, Deena? <br>
- Não senhor. Muito obrigada. <br>
Sorrindo sozinha, Deena saiu da sala do diretor e desceu as escadas em busca da conhecida masmorra que foi seu refúgio na maior parte do último semestre. A porta estava entreaberta e, mesmo do corredor, ela pôde ver Snape debruçado sobre pergaminhos. <br>
- Professor, eu gostaria de falar com o Sr... <br>
- Entre, Knocks. – Deena entrou e fechou a porta atrás de si. <br>
- Eu não tenho palavras para agradecer o que o Sr. fez por mim. – Ela começou, sentindo aquele calor tão familiar que surgia quando ele estava perto. – Imagino que tenha sido apenas pelo desafio, não tenho pretensão alguma a seu respeito. Mas, mesmo assim, foi algo muito importante. O Sr. me curou e devolveu o braço que eu julgava perdido. Não há o que pague algo assim... <br>
- Sem sentimentalismos, por favor. Deixe-me ver seu braço. – Ele mandou. <br>
Deena esticou o braço e arregaçou a manga da capa até o cotovelo. Snape tomou a mão dela entre as suas, mas surpreendeu-se com a temperatura. Todo o braço da aluna estava frio como pedra. E sua cor continuava azulada. <br>
- Me parece que não consegui êxito total. <br>
- Não diga isso, professor! Sem sua poção, eu estaria perdida! Minha mão está gelada, ainda, mas pelo menos se mexe. E eu sinto. Antes, eu não sentia nada com ela, ela estava rígida; e aquela cor... Tenho pesadelos só em lembrar. <br>
Snape ainda segurava sua mão. Ele pensou mais um pouco e disse: <br>
- Creio que posso elaborar um ungüento para passarmos aqui neste braço, para mantê-lo aquecido. Mas talvez você tenha que passar todos os dias pelo resto de sua vida... <br>
- Tudo bem. Se o Sr. quiser se ocupar com meu problema, eu aceito de bom grado. – Deena respondeu, humildemente. Então ela olhou com cumplicidade para o bruxo e completou: – Acho que o Sr. sabe que eu estarei por aqui em setembro... <br>
- Sim, eu sei. Fui eu que sugeri seu nome. – Disse ele, aparentando descaso cuidadosamente planejado. – Nós temos que terminar as aulas de Legilimência, e tem algumas outras magias antigas que eu gostaria de compartilhar com você. <br>
Deena retirou seu braço das mãos de Snape. Ela mal conseguia reconhecer aquele homem discretamente gentil diante dela como o professor de poções que pensava conhecer tão bem. Então, ela puxou de dentro de uma dobra da capa dois embrulhos. Um pequeno frasco de veneno e um presente. <br>
- Eu trouxe isso aqui para o Sr. Este frasco tem mais veneno de jararaca, afinal, eu usei o seu, não é mesmo? E este aqui é algo muito raro, que estava na família há gerações e eu pedi para meu pai, como um presente de agradecimento. <br>
Snape abriu o presente com toda a calma, mas não pôde evitar o brilho em seus olhos ao ver o que a garota havia trazido para ele. Um bezoar de unicórnio! <br>
- Você sabe bem o que é isso que você está me dando? – Ele perguntou espantado. <br>
- Sim, professor. Bezoar de unicórnio. Bezoares são bolas de pêlos encontradas no estômago de alguns seres vivos. O de cabra é o mais comum, mas mesmo assim é raro. Depois tem o de gato, ainda mais raro. O humano, raro e difícil de obter, vem de mulheres que têm tricofagia, mania de chupar cabelos, e acabam engolindo-os e formando bezoares; e por fim o de unicórnio. Por ser o mais raro de todos, é também o mais poderoso. Um presente que poderá salvar sua vida milhares de vezes. Embora eu espere sinceramente que o Sr. nunca precise usá-lo. – Concluiu Deena, com delicadeza. <br>
- Eu sei o que é um bezoar, Srta. Knocks. – Respondeu o professor, retomando a seriedade habitual. – Eu não sei é se eu devo aceitar um presente tão valioso. <br>
- Ora, vamos. Não há motivo para recusar. Ou o Sr. pensa que, só porque não está aqui, meu pai não ficou agradecido por seu esforço e pela poção? – Deena permaneceu em silêncio enquanto Snape observava a bolota de cabelos, tão compacta que parecia uma pedra. Então ela completou: - Ou talvez o Sr. esteja com vergonha? <br>
Snape levantou os olhos para ela e admirou seu sorriso zombeteiro e cordial. Ele não estava acostumado a ser tratado com tal intimidade por mulheres, muito menos por alunas. Mas não pôde deixar de admitir, apenas para si mesmo, que aquele sorriso era encantador. <br>
- Aceito, Deena, obrigado. <br>
Ela se sentiu corar ao ouvir o professor chamando-a pelo primeiro nome. Pensou em algo para dizer, mas de repente faltou-lhe a coragem. Perguntaria outra hora... A garota deu dois passos para trás, virou-se e saiu, quase correndo, para encontrar seus amigos no último jantar que teria em Hogwarts como aluna. <br>
Cap 20: A nova situação de Deena
As férias de verão nunca haviam demorado tanto para acabar... Mas enfim haviam terminado. Naquele ano, os Knocks estavam nas Antilhas, onde Shouto negociava o apoio dos feiticeiros vodus à causa. Eles seriam adversários temíveis e perigosos, portanto era essencial que, mesmo que não fossem completamente favoráveis à Ordem da Fênix, pelo menos não se transformassem em partidários de Voldemort. <br>
A parte boa é que eles tinham milhares de feitiços e ingredientes diferentes, o que fez com que o tempo passado em meio a tais feiticeiros fosse muito bem aproveitado por Deena. A parte ruim é que eles não eram exatamente educados; eram tribos muito primitivas, quase selvagens em sua maioria... Isso levava Deena a sentir muita saudade da atmosfera polida e cordial de Hogwarts. E ela mal podia esperar para voltar, agora com cargo de professora-auxiliar! <br>
O mês de agosto foi passado no Brasil, novamente. O Sr. Knocks conseguira bons resultados com suas alianças na América Central e resolveu tirar um tempo para desfrutar de merecidas férias de 10 dias nas praias do Nordeste. Lá, o tempo se arrastava ainda mais vagarosamente que nas Antilhas, onde ao menos havia o Vodu para agitar as coisas... No Brasil, a tranqüilidade das ondas quebrando nas praias só competia com o barulho das folhas de palmeiras e coqueiros agitadas pelo vento. Mas o mês não durou para sempre. Um dia, chegou a hora de voltar a Londres e comprar alguns itens necessários para seu retorno a Hogwarts. <br>
Deena fez a viagem sozinha. Ela já estava cada vez mais experiente com aparatação de longas distâncias. Chegando ao Beco Diagonal, ela resolveu comprar um novo conjunto de vestes, pois as vestes oficiais da Corvinal não deveriam mais ser usadas, agora que ela não era mais aluna. Ela também se presenteou com um novo caldeirão e alguns livros na Floreios e Borrões, sobre Didática da Magia. Já que teria que ajudar alunos com dificuldades, ela queria estar preparada! <br>
No dia previamente marcado, ela tomou o Nôitibus Andante e chegou a Hogwarts no meio da tarde. Ela poderia aparatar, mas estava com sua mala e suas novas compras, e embora já tivesse uma certa prática, ela ainda não se sentia confortável aparatando com tantas cargas. Uma vez na escola, ela logo foi recebida pelo diretor: <br>
- Deena, nossa nova professora! Nova mesmo. – Disse o prof. Dumbledore, piscando um olho. – Como vai você, minha menina? <br>
Deena avançou para cumprimentar o velho bruxo e logo percebeu que a mão direita dele estava estranha. Estava ressecada e murcha. Ela ficou espantada, mas achou melhor não comentar. O que quer que houvesse feito aquilo com ele, deveria ser algo muito poderoso. <br>
O diretor levou Deena até os aposentos que havia designado para ela. Um quarto pequeno, mas charmoso, com seu próprio banheiro privativo. Também havia uma lareira, uma mesa e duas confortáveis cadeiras, além de uma estante para seus livros. <br>
- Gostou do lugar? <br>
- Sim, professor, é maravilhoso. – Disse ela, com os olhos brilhando. – Muito obrigada. <br>
Uma vez instalada em seus novos aposentos, Deena reencontrou Snape na hora do jantar. Havia uma única mesa no Salão Principal, com poucos ocupantes conversando animadamente, entre professores e funcionários. Snape, entretanto, parecia muito concentrado em mergulhar meticulosamente seus croutons na deliciosa sopa de cenoura que esfriava em seu prato. <br>
Foi só no fim do jantar que ele se dirigiu à ex-aluna e agora colega: <br>
- Srta. Knocks, creio que o ungüento que eu prometi está pronto. Vá até minha sala buscar. <br>
Deena ficou espantada. Ela havia esquecido completamente que ele lhe prometera um ungüento. Na verdade, ela já havia se acostumado com sua mão azul saindo da manga das vestes... Habituada como estava, só estranhava quando tinha que cumprimentar alguém e, ao chacoalharem as mãos, a outra pessoa geralmente pulava assustada com o frio que emanava da pele da garota. Aliás, o frio às vezes era tão grande que ela podia resfriar um copo d’água em um minuto, apenas envolvendo-o em suas mãos. <br>
Ela terminou a sobremesa e seguiu imediatamente até a sala de Snape; mas, ao chegar lá, viu que a mesma estava vazia. Para onde ele fora? Desconcertada, Deena voltou para seu quarto depois de dar uma volta pela escola tentando, sem sucesso, encontrar o professor. <br>
O dia seguinte amanheceu límpido e claro. Os alunos chegariam no início da noite, e todo o castelo estava agitado com os preparativos para recebê-los. Deena encontrou Snape novamente na hora do almoço, mas ele a ignorou completamente. No fim da refeição, Deena esperou que ele se levantasse e então foi atrás dele. Ao saírem do Salão Principal, a garota alcançou-o e disse: <br>
- Por favor, espere, professor! Eu gostaria de pegar o ungüento. <br>
- Então a Srta. deveria ter ido ontem à minha sala. – Replicou secamente o bruxo mais velho. <br>
- Mas eu fui! E, chegando lá, sabe o que eu encontrei? – Como ele não respondesse, ela mesma concluiu. – Nada. Não havia ninguém lá e a maioria dos objetos que eu conheço tão bem havia desaparecido. Só tive certeza que era a sala correta por causa da despensa de ingredientes... <br>
Snape estacou no corredor e olhou para a garota. Seus olhos agora brilhavam, mas seus lábios continuavam sérios quando ele disse: <br>
- Então você não sabe? Agora eu sou o novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas. <br>
*****
Na sala nova do professor, Deena ganhou um pequeno pote alaranjado. Seu rótulo dizia apenas “Espalhar sobre a área afetada uma vez ao dia”, na letra miúda e apertada que ela conhecia tão bem. Abrindo o pote, a garota se surpreendeu com o vapor perfumado que saída de seu conteúdo. A pomada em si já era quente; além disso, emanava um odor agradável e discreto. <br>
- Gostou do perfume, Srta. Knocks? Um dos componentes do ungüento é gordura de foca, um ingrediente com cheiro repugnante. Como você provavelmente terá que usar isso por muito tempo, resolvi melhorar a receita. <br>
Emocionada com a preocupação aparentemente despreocupada do professor, Deena olhou direto nos olhos dele e, sorrindo, aproximou-se um passo e disse: <br>
- É delicioso. Obrigada, não me esquecerei de usar um dia sequer. – Snape desviou o olhar, parecendo desconfortável com a presença tão próxima da jovem à sua frente. Então ela continuou: - Gostaria de perguntar algo... <br>
- Diga. <br>
- Por que você continua me chamando de Srta. Knocks? Agora, somos colegas. Pode me chamar de Deena. E tem outra coisa... <br>
- Vou tentar me lembrar disso... Deena. O que mais? <br>
- Nossas aulas particulares. Quando poderemos continuar? <br>
- Então a senhorita gostaria de continuar sendo minha aluna, <b>Srta. Knocks</b>? – Perguntou Snape, irônico. Deena sorriu; foi a primeira vez que ela ouviu Snape fazer uma brincadeira. <br>
- Certamente que sim, <b>professor</b> Snape. Eu andei treinando legilimência com meu pai durante as férias, ele está muito satisfeito com meu progresso. <br>
- Deixe as aulas começarem, você vai ver como esta escola fica em polvorosa no início do ano letivo. Depois que as coisas se acalmarem, tentaremos marcar uma noite por semana que seja possível para nós dois. <br>
Deena saiu da masmorra satisfeita. Ela não era mais aluna, e agora Snape parecia olhar para ela com outros olhos. Eles ainda não estavam íntimos, mas pelo menos já conseguia conversar com ele sem tremer. Ela rumou imediatamente para seu quarto e começou a se preparar para receber os alunos. Mal podia esperar para rever seus amigos! Não havia contado para ninguém, nem para Fred e Jorge, que estaria em Hogwarts durante o ano. Todos pensavam que ela havia voltado para a América! <br>
Quando o trem chegou, Deena estava pronta em suas novas vestes; ela havia se reunido aos demais professores na parte da frente do Salão Principal. Ao lado de Minerva McGonagall, a garota tremia de expectativa. Então os alunos entraram. Ela sorriu ao perceber as reações alegres de seus amigos, ao vê-la ali na frente. Hermione viu-a logo, e apontou para que Rony também a visse. Entretanto, onde estava Harry? Ele não havia entrado com o grupo... <br>
Houve a escolha das casas dos novos alunos, o banquete, e finalmente Harry entrou no Salão Principal, sujo de sangue e vestido de trouxa! Então Dumbledore apresentou os novos professores, ela mesma e Horace Slughorn, que ensinaria poções. <br>
*****
O início do ano letivo foi realmente atribulado! Deena nunca havia imaginado que a rotina por trás dos bastidores de uma escola fosse tão desgastante. Entre alunos com problemas diversos, dificuldades de ensalamento, horários e a manutenção das estufas da profa. Sprout, a jovem ficou sem tempo para sequer pensar em Legilimência. <br>
Em outubro as coisas se acalmaram bastante. A escola já havia entrado no eixo, Deena se acostumara com sua nova rotina e o outono gelado indicava que o inverno não seria fácil. Um dia, Snape procurou-a em sua sala: <br>
- Deena, posso falar com você um momento? <br>
- Claro, professor, o que é? Se for por causa daqueles diabretes da Cornualha, eu já... <br>
- Não, não é nada disso. – Interrompeu Snape, que não tinha muita paciência. – É sobre as nossas aulas. Se você ainda estiver interessada, creio que as noites de sexta feira seriam adequadas. <br>
- Claro, claro. Se eu estiver interessada... Hmmm, acho que eu estou, sim. É, creio que posso abrir um horário na minha agenda para o Sr. <br>
Abanando a cabeça de leve, Snape saiu da sala. <br>
*****
A sexta-feira então chegou. Deena engoliu a janta quase sem mastigar, correu para escovar os dentes no banheiro dos alunos mesmo e chegou à masmorra onde agora Snape lecionava Defesa contra as Artes das Trevas. <br>
- Oi, professor, estou atrasada? <br>
- Não; eu ainda nem jantei. <br>
- Oh, então eu estou adiantada. <br>
- Não, Deena, está tudo bem. Eu estou sem apetite, mesmo. Agora chega de frivolidades. Este ano, nós estudaremos Legilimência e Projeção, um outro tipo de feitiço antigo que também envolve pensamentos. Para aprender projeção, a pessoa já deve dominar oclumência e legilimência, pois há um pouco de cada um desses feitiços envolvidos. <br>
Snape agitou sua varinha para apanhar um livro na estante mais próxima. Ele então conduziu o livro levitando até a aluna, fazendo com que este pousasse delicadamente sobre seu colo. Deena observou que o livro era muito antigo; sua capa de couro vermelho não trazia indicação alguma do nome da obra, mas apenas uma impressão prateada. <br>
- Eu gostaria que você lesse este livro em suas horas de folga. Ele traz diversas técnicas para aperfeiçoar esses feitiços que estamos treinando. Ele também traz um capítulo inteiro sobre o Feitiço Catenas, acho que você não conhece este... <br>
- O Sr. deve estar brincando? Hoje em dia ninguém mais usa o Feitiço Catenas pois ele cria uma ligação muito intensa, mas acho que todas as meninas que eu conheço já sonharam em se casar dessa maneira. É quase como brincar de princesa... – Comentou Deena, perdida em devaneios desnecessários. <br>
Snape olhou espantado para a garota. Como ela podia falar esse tipo de coisa tão espon
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E eis a última parte!
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Cap 21: O Natal em Hogwarts

As aulas de legilimência e projeção estavam mais interessantes e divertidas que as do ano passado. Snape estava decididamente mais à vontade com ela agora e Deena ficava muito satisfeita por perceber que sua presença agradava o professor. Apesar de tal impressão, Snape ainda mantinha-se distante e impessoal durante todo o resto da semana, fazendo a garota ter a impressão que o “verdadeiro Snape” só aparecia nas noites de sexta, enquanto o restante do tempo era ocupado pelo “Snape sinistro”. Ela logo aprendeu a lidar com aquela situação, evitando assim levar broncas do professor na frente dos outros alunos. <br>
Deena havia lido o livro inteiro em apenas duas noites. Ela teria que praticar muito para aprender todas as dicas oferecidas ali, mas era realmente um livro sensacional. O que deixava a garota realmente intrigada era a menção que Snape fizera ao Feitiço Catenas. <br>
O Feitiço Catenas era um tipo de casamento muito antigo, atualmente em desuso. Implicava uma noiva virgem que, ao se entregar, teria pleno conhecimento de tudo o que o noivo já soubesse, e vice-versa. Entretanto, a idéia principal do Feitiço era a total cumplicidade do casal, o que costumava atiçar as fantasias de mocinhas bruxas por todo o planeta. A prática realizada para o casamento envolvia diversos ritos complicados durante o dia de Beltane, troca de sangue e juras, conhecimentos de legilimência e oclumência, e a separação era impossível. Ou seja, era um feitiço tão complicado que ninguém mais fazia. <br>
Mas Snape havia mencionado... Por quê? Será que foi apenas um comentário casual? Mas ele não era o tipo de pessoa que fica fazendo comentários casuais... Então para que falar daquilo? Quanto mais Deena pensava, menos ela entendia. <br>
*****
O semestre passou entre alunos que não entendiam alguma matéria, tardes na biblioteca e as aulas com Snape, seu passatempo favorito. Logo, o inverno chegou e trouxe consigo o Natal, a época mais festiva da escola. <br>
Todos os anos Deena mandava algum presente para Snape. Ele nunca havia comentado nada, exceto sobre o doce de caju, durante a primeira experiência de Deena com projeção. Ela já havia mandado veneno, doces, uma linda pena verde e branca, uma cabeça encolhida (aquilo foi horrível...), e por duas vezes, ingredientes raros para poções. Entretanto, este ano ela estivera muito ocupada para pensar em algo realmente especial. Será que ele gostaria de um par de meias? Que péssimo. Não, ela teria que pensar em alguma coisa melhor. E logo, pois a data estava próxima. <br>
Além disso, havia a festa do prof. Slughorn. Deena havia sido convidada, como todos os demais professores. Ela estava decidida a ir e, por falta de iniciativa, acabou ela mesma perguntando a Snape se este a levaria. Foi durante a última aula de projeção do ano. Ela já era capaz de realizar o feitiço de forma não-verbal, assim como a legilimência, mas ainda precisava tocar a têmpora com a varinha. <br>
Ela pensou então: <i>“Projectus! Você quer ir comigo à festa do Slughorn?”</i><br>
- Deena, creio não ter entendido o que você disse... – Comentou Snape, com olhar intrigado, ao receber a mensagem. <br>
- Oh, acho que você entendeu sim, professor. Eu não quero ir sozinha, e não sei se seria muito ético ir com algum aluno. – Respondeu Deena, na maior cara-de-pau. – Mas se o Sr. responder “Não”, eu vou sobreviver. <br>
Snape parou para pensar durante alguns segundos. Ele mesmo não estava inclinado a comparecer à tal festa, mas agora... Uma idéia estava se formando em sua mente. <br>
<i>“Claro, Deena. Podemos ir juntos. Posso passar em seus aposentos às sete?”</i> Snape projetou o pensamento na cabeça da pupila. <br>
Ela sentiu seu coração falhar uma batida. Então, pensou que talvez ELA houvesse entendido errado. <br>
<i>“C-claro...”</i> Ela respondeu, insegura, ainda em pensamento. <br>
- Muito bem, então. Se você percebeu que não precisou usar a varinha para sua última resposta, podemos concluir esta breve aula por aqui mesmo. – Ele disse, com o olhar divertido. <br>
*****
Duas noites depois, Snape bateu à porta de Deena pontualmente às 7 da noite. Ela abriu depressa, pois já esperava que o professor não fosse se atrasar. Snape olhou-a de cima a baixo, surpreso como o tempo operara mudanças tão positivas na garota. Ainda ontem ela era uma menina... E hoje usava um lindo vestido de veludo verde-oliva, sem mangas, e uma estola de pele falsa prateada sobre os ombros. Suas orelhas estavam ornadas com um par de brincos de strass, que faziam um belo conjunto com o colar. O cabelo longo, preso em um coque alto desfiado, completava o visual, expondo seu pescoço. <br>
- Gostou? – Perguntou ela, na falta de algo melhor para dizer. – Achei que você apreciaria uma composição em verde e prata... Eu até passei uma dose a mais do ungüento para meu braço não ficar azul, e... <br>
Tentando não trair sua própria admiração, Snape respondeu, com a voz controlada: <br>
- Está muito bonita. Agora vamos, ou chegaremos atrasados. <br>
Entrando na festa, Deena e Snape logo foram recebidos por Slughorn, que a elogiou afetada e exageradamente. Snape, mudo, apenas acenou em concordância e logo foi até uma mesa, de onde voltou com duas bebidas. <br>
Deena não estava acostumada com o álcool e, naquela noite, exagerou. A festa estava muito divertida para ela, que havia ido com Snape. Ele, embora tenha sumido por alguns minutos para dar uma bronca em Draco Malfoy, não saiu do seu lado a maior parte do tempo. Curiosamente, parecia empenhado em não permitir que o copo da companheira ficasse vazio; como o ponche estava delicioso, Deena não conseguia dizer não. <br>
- Por favor, me leva embora? Você não devia ter me deixado beber tanto... <br>
Era mais ou menos meia-noite. Deena estava zonza e sentia-se incapaz de manter uma conversa inteligente com quem quer que fosse. Melhor ir embora antes de começar a ficar inconveniente. <br>
- Claro, Srta. Knocks. – Ele sempre a chamava assim na frente de terceiros. – Venha, vamos embora. <br>
Deena seguiu-o pelo corredor. Ela tinha a impressão que estavam indo para o lugar errado, mas como o teor etílico de seu cérebro não permitia certezas, deixou-se levar para onde Snape quisesse. <br>
Eles entraram na sala de Defesa contra as Artes das Trevas. Deena estranhou e tentou protestar: <br>
- O-o que estamos fazendo aqui, professor? <br>
- Vamos treinar oclumência. Sente-se. – Disse ele, conjurando uma cadeira para a garota e tomando outra para si. <br>
Deena obedeceu, mas argumentou: <br>
- T-treinar agora? Mas eu não estou em um dos meus molhores mementos. Eu nem consegui falar direito com aguela chhhente... Não quero treinar agora, Sev. <br>
- Concentre-se, Deena. E não me chame assim. Legilimens! <br>
Deena percebeu Snape entrando em sua mente. Mas não era como nos treinamentos, onde ele buscava por qualquer coisa. Ele agora parecia decidido atrás de algo específico. Ela começou a ficar assustada, mas mesmo assim não conseguiu erguer mais que uma pálida barreira, insuficiente para evitar a entrada do professor. <br>
Snape penetrava cada vez mais fundo. Ele estava vendo seus pensamentos sobre Sirius. Ele examinou o momento em que Sirius e Deena se conheceram, como ela havia achado-o lindo. Então se deteve novamente no beijo que ambos trocaram e, no dia seguinte, na declaração de Sirius dizendo que ela poderia contar com sua ajuda para esquecer Snape. Mas o professor já sabia de tudo isso. <br>
- Pare, professor, por favor. E-eu não consigo pensar direito, agora... <br>
Mas ele não parou. Novamente, entrou na mente da garota e começou a vasculhar em busca de alguma outra coisa. Fred! Mas não era a cena do baile. Agora, o casal estava deitado na encosta de um morro, em um canto isolado dos jardins de Hogwarts, vendo as nuvens passarem e brincando de adivinhar suas formas. Deena não se lembrava disso há muito tempo; era uma linda tarde de primavera e o céu estava azul exibindo nuvens fofinhas. <br>
Imediatamente, Deena foi tomada por pânico e desespero. Ela queria expulsar Snape de qualquer jeito daquela lembrança, mas quanto mais ela se debatia, menos conseguia qualquer resultado. Snape viu o longo beijo que os jovens trocaram. Logo, a cena começou a ficar mais íntima, Fred rolou e deitou-se sobre Deena. Ele começou a enfiar as mãos por dentro da blusa da garota. Querendo e não querendo, a namorada resistiu um pouco, mas foi incapaz de afastar o rapaz de seus seios pequenos e rijos. <br>
Ela agora sentia um volume crescente sobre seu ventre. Fred estava com o “motor ligado” e seus beijos eram mais ardentes a cada minuto. Ele acariciava suavemente seu mamilo por dentro da blusa e sua língua parecia querer percorrer todos os recônditos da boca de Deena. <br>
Depois de algum tempo naquele desfrute, a garota reuniu forças suficientes para pedir a Fred que saísse dali. O céu havia tomado uma tonalidade rósea, a tarde estava acabando, e logo eles deveriam entrar para jantar. Ligeiramente contrariado, Fred deitou-se novamente ao lado de Deena, que não pôde deixar de admirar o volume em suas calças. Ela nunca havia experimentado sensações como aquelas que estava experimentando sob a sombra de um olmo e, sonolenta, fechou os olhos e inspirou o delicioso cheiro da grama sob sua cabeça. <br>
Quando Deena abriu os olhos, estava frente a frente com Snape. Ela estava chorando, entretanto ele parecia ligeiramente satisfeito. Então, semiconsciente, ela se levantou da cadeira e reclamou: <br>
- Por que você está fazendo isso comigo? Quem te convidou a ver essas cenas tão pessoais? <br>
- Eu precisava saber se você se preservou. <br>
Prestes a tombar para frente e sem compreender a resposta, a garota foi amparada por Snape, que se levantou rapidamente e a sustentou. Ele ficou ali, parado, olhando Deena nos olhos enquanto ela protestava com voz embaralhada. <br>
- C-como você ousa, S-Severus? O que você ganha com isso? E não me venha dizer que é um treinamento, porque já estava bem óbvio que eu não tenho condições de repelir ninguém, muito menos você. <br>
- Deena, será possível que você só entenda coisas que estão escritas em algum livro? <br>
-Ahn? <br>
Então ele a beijou. Na verdade, ele arrancou um beijo de sua boca, na marra. Seu beijo era sôfrego e urgente, ele segurava a cabeça de Deena com força e apertava sua cintura, mantendo seus corpos colados como um só. Deena não conseguiu responder ao beijo. Seus braços pendiam ao lado de seu corpo, ela pensou que estava sonhando. Talvez estivesse mesmo, por isso estava tudo tão bom. <br>
- Eu preciso dormir. – Disse ela. E apagou. <br>

Cap 22: O dia seguinte

Deena despertou em seu próprio quarto. Sua cabeça parecia conter um martelo enlouquecido, que atacava sem parar as frágeis paredes de seu crânio. Ela olhou pela janela e, pela posição do sol, calculou que já era tarde para o almoço. <br>
Sua estola estava jogada em um canto. Seus cabelos, antes cuidadosamente arrumados, estavam agora soltos sobre os ombros, e seus sapatos jaziam debaixo da cama. <br>
Com passos incertos, Deena foi até o banheiro e preparou um banho morno. Ela precisava de algo que fizesse a dor de cabeça parar, quem sabe Snape teria alguma poção pra isso... <br>
Snape? <br>
O que aconteceu na noite de ontem? <br>
Com algum esforço, Deena lembrou-se de um estúpido treino de oclumência. As memórias foram voltando lentamente, como se inaladas junto com o vapor da banheira. Por que ele buscou informações sobre Fred? Que idéia estúpida! Ele procurou por outros homens em sua cabeça. Será que ela sonhara tudo aquilo? Não, a sensação de ter sua mente <i>vasculhada </i>estava nítida até agora. Ele não estivera apenas treinando, coisa nenhuma. <br>
Deena deixou-se ficar na água morna até que seu braço gelado roubou todo o seu calor. Isso levou mais ou menos uns 8 minutos... Então ela levantou, maldizendo todo o frio que existe na Terra, enrolou o cabelo molhado em uma toalha, passou seu ungüento calorífico e se vestiu, ainda sem saber o que fazer a seguir. <br>
Já era tarde demais para o almoço. Não que ela conseguisse comer nada; parecia que algo grande e gordo havia morrido em seu estômago, sem deixar espaço para coisa alguma. Devia ser quase 3 da tarde... “Hmm, acho que vou aproveitar o feriado para visitar meus pais na América”, pensou a garota. “Onde será que eles estão?” <br>
Após secar os cabelos com um feitiço, Deena saiu de seus aposentos e foi até a Direção, falar com Dumbledore. O diretor a recebeu prontamente: <br>
- Como foi a festa ontem, Deena? <br>
- Ai, professor, por favor, não fale tão alto... <br>
O mago mais velho riu enquanto indicava uma cadeira à ex-aluna. <br>
- Professor, eu estou pensando em ir até a América passar uns dias com meus pais... O que o Sr. acha disso? Será que eu serei necessária de alguma forma por aqui? <br>
- Penso que não, Srta. Knocks. A maioria dos professores também se ausentou, estamos apenas nós, as profas. McGonagall e Sprout, sendo que esta última irá viajar amanhã de manhã, Snape e, claro, Hagrid. Se você não tem outras ocupações, pode ir tranqüila. <br>
- Eu só tenho alguns pergaminhos de recuperações para corrigir, mas pensei em levá-los comigo... <br>
- Faça isso, então. Penso que seus pais estão em Brasília, no momento. <br>
- Certo. Er... Tudo bem, então. – Disse Deena, levantando-se hesitante. <br>
- Tem mais alguma coisa perturbando-a? <br>
- Não, professor. Eu não quero aborrecer alguém ocupado como o Sr. com meus problemas pessoais... <br>
- O que o Snape fez? – Perguntou Dumbledore, com os olhos sorrindo por trás dos óculos. Deena sentou novamente. <br>
- Nada, professor. Quer dizer, ele me aborreceu ontem vasculhando minha mente depois do baile. Eu estava fora de mim por causa do álcool, o Sr. entende, e não sei por que ele fez isso... Ele foi realmente desagradável, sabe? Eu não entendi suas intenções. <br>
Dumbledore alisou a longa barba branca e falou, medindo cuidadosamente as palavras: <br>
- Veja bem, Deena, eu não posso falar exatamente o que se passa no coração de outra pessoa. Mas Snape não tem nem nunca teve muito... jeito com as mulheres, entende? Ele sempre foi uma pessoa esquiva, solitária. Eu acredito que ele não saiba direito como lidar com... sentimentos conflitantes. E que, por isso, possa meter os pés pelas mãos de vez em quando. <br>
- O senhor me dá a idéia de que ele pode estar interessado em mim... <br>
- Por que não? O que eu sei é que ele tem, atualmente, uma tarefa muito difícil para cumprir, e ter uma aliada de confiança como você ao lado seria um bem para ele. Seus sentimentos por ele continuam os mesmos? <br>
- Creio que sim, professor. Eu fiquei um pouco confusa com o que aconteceu ontem, mas... <br>
- Então releve. Não fique cheia de melindres por causa disso. Eu acho invasão mental uma coisa muito grave, ainda mais nessas circunstâncias. Snape errou. Mas não o condene demais. Procure ter paciência com ele, é o único conselho que eu posso oferecer. <br>
Deena agradeceu e deixou a sala rumo a seus aposentos. Ao entrar, ela reparou pela primeira vez em uma pequena pilha de presentes de Natal deixados ao lado da lareira. Satisfeita, apanhou os pacotes e foi abri-los sobre a mesa. <br>
O primeiro presente era uma adaga de prata nova, que havia sido comprada por seus pais. Havia também um pacote da Gemialidades Weasley que continha um pequeno frasco de perfume. Dentro, junto, um bilhete de Fred que dizia apenas: <br>
“Use para o Snape. Se isso não resolver, esqueça!” <br>
Deena abriu o frasco e sentiu o cheiro. Era definitivamente o melhor odor que ela já havia sentido na vida! Afastando o vidrinho de seu nariz, a garota deduziu que havia alguma coisa de Amortentia na fórmula do perfume. A poção do amor era forte o suficiente para ter um leve efeito mesmo quando inalada, e não bebida. Esse Fred... <br>
Meio sem pensar, ela pingou duas gotas de perfume na nuca e colocou-o de lado, para ver o que mais havia ganhado. <br>
Deena abriu os presentes de Hermione, Marissa e Latifah. Por fim, o único que ainda estava fechado era uma pequena caixinha negra, de veludo, presa com um laço verde e sem nenhuma identificação. Alarmada pelo caso de Catia Bell ocorrido há um mês e meio, Deena pegou a varinha e tocou de leve no embrulho, dizendo “Revellius”. Como nada de estranho se manifestou, ela abriu o laço e destampou a caixa, tirando lá de dentro uma delicada corrente prateada com um pingente oval. Dentro do pingente, duas pequenas serpentes se moviam, desenhando o que parecia ser a letra S. Ou melhor, duas letras S. <br>
“SS. Quem poderia ser...?” Pensou ela, com um sorriso brilhando no rosto. <br>
Então Deena pegou a correntinha e guardou-a dentro da bolsa, junto com algumas roupas. Estava decidida a ir até Brasília passar 2 ou 3 dias com os pais. Saindo da sala, entretanto, sua determinação vacilou e ela acabou rumando para os aposentos de Snape. Era dia de Natal, ele não deveria estar trabalhando agora... <br>
Ela bateu em sua porta, que se abriu após alguns instantes. Snape pareceu surpreso ao vê-la ali, parada, de pé. <br>
- Não vai me convidar para entrar? – Ela perguntou, fingindo estar emburrada. <br>
- Claro, entre, por favor. – Disse ele, afastando-se da porta para abrir caminho. <br>
Deena entrou no aposento, que era muito semelhante ao seu próprio. Snape apontou para a cadeira, convidando-a a se sentar. <br>
- A que devo a honra dessa visita? – Ele perguntou, com um tantinho de ironia. <br>
- Gostaria de agradecer o presente. Foi um belo gesto. <br>
- Não foi nada. Já estava na hora de eu retribuir todos os presentes que recebo há sete anos consecutivos. – Ele parecia estar desconfortável com a presença de Deena em seus aposentos. <br>
- Snape, sobre ontem... <br>
- Por favor, não diga nada. Vamos deixar tudo como está, sim? <br>
Deena pareceu desapontada. Ela realmente queria saber o que havia acontecido, queria conversar sobre aquilo. Mas então, tirando a correntinha da bolsa, disse mansamente: <br>
- Será que você pode me ajudar a colocar? Eu tentei sozinha, mas enroscou no meu cabelo. <br>
Snape levantou-se e contornou as cadeiras, colocando-se de pé atrás de Deena. Ela levantou seus cabelos de modo que ele pudesse passar a corrente ao redor de seu pescoço, e assim foi impossível não sentir o cheiro do perfume que estava ali. <br>
Lentamente, Snape fechou a correntinha e deslizou a mão sobre a nuca da jovem à sua frente. Ele então se debruçou e inspirou profundamente o aroma que emanava de seu pescoço. Deena sentiu os cabelinhos de sua nuca arrepiados com o toque das mãos de Snape. <br>
Sem se afastar mais do que o necessário, ele contornou novamente a cadeira e ficou de frente para Deena. Então, com um movimento surpreendentemente rápido, ele a puxou para perto de si e novamente beijou-a, com a mesma intensidade da noite anterior. Mas dessa vez Deena estava consciente e pôde corresponder. Seus lábios se encontraram com desejo há muito reprimido. Foram alguns minutos de beijos ardentes, carentes. Snape agarrava seu corpo com força, não deixava Deena respirar. Ele a tomava para si, como fazia com tudo o que queria. Não era um pedido. Não era uma troca. Ela era dele e pronto, não havia mais nada a fazer. <br>
Aparentemente satisfeito, ele parou e tornou a sentar-se, puxando a cadeira da jovem para mais perto da sua. Agora ele parecia mais propenso a conversar, pois mandou que Deena também sentasse e conjurou dois copos de cerveja amanteigada; o dela foi polidamente recusado e transformando em suco de abóbora. <br>
- Eu acho que você me deve uma explicação... <br>
- Deena, eu precisava saber, entende? <br>
- Não, não entendo nada! O que você precisava saber, Snape? – Ela disse, tentando não perder a paciência nem levantar a voz. <br>
- Se você ... Bem – Ele parecia realmente constrangido, agora. – Se você havia se guardado. Se o garoto Weasley não havia... estragado tudo. <br>
- Você está falando de sexo? – Perguntou Deena, incrédula. <br>
- Sua falta de sutileza é exemplar. Mas sim, é disso que eu estou falando. <br>
- E por que você não me perguntou, simplesmente? – Ela ainda não acreditava no rumo que a conversa havia tomado. <br>
- Porque não. Porque você poderia não ser cem por cento sincera ao responder, e é imperativo que eu saiba exatamente o que aconteceu. <br>
- Pra que, Snape? <br>
- Ora, pelas barbas de Merlin! Será que você ainda não entendeu que eu pretendo realizar o Feitiço Catenas com você? <br>
Deena quase caiu para trás ao ouvir essa frase. Snape parecia muito aborrecido por ter que falar tão abertamente sobre um assunto obviamente difícil, mas manteve o olhar que a garota lhe dirigiu. <br>
- Mas por quê? De onde saiu isso??!! <br>
- Não tenho como explicar agora. Existem coisas acontecendo, coisas para a Ordem... Eu preciso de uma aliada, alguém que seja totalmente fiel a mim. – Snape falava sério, olhando para o fogo que crepitava na lareira apesar de ainda não ser noite. – Já aviso que não será uma tarefa fácil, pois eu estou envolvido em coisas perigosas. Você sabe que sou um agente duplo, que estou infiltrado entre os Comensais. Você pode virar viúva de uma hora para outra, eu não posso garantir nada. Mas eu realmente preciso de ajuda agora. O que tenho a oferecer é tudo aquilo que eu sei, e que não é pouco. <br>
- Então, acho que você tem que começar por um pedido... <br>
- Ora, Deena, você sabe o que... <br>
- Não, eu não sei nada – Deena interrompeu docemente. – Só sei que ontem alguém invadiu minha mente em busca das minhas intimidades, o que me deixou magoada, constrangida e um tantinho furiosa. <br>
Snape voltou a olhar para ela como se desejasse estar em qualquer outro lugar que não ali. <br>
- Você aceita? <br>
- O quê? – Ela perguntou, com fingida inocência. <br>
- Realizar o Feitiço Catenas comigo? <br>
Sorrindo tanto quanto possível, Deena aceitou entre beijos e abraços. <br>

Cap 23: O Voto Perpétuo

Deena vivia os dias mais felizes de sua vida. Snape não era exatamente um namorado expansivo... Ela nem tinha certeza se era amada realmente (ele nunca dizia nada assim...) ou se ele apenas precisava de sua ajuda. Mas isso não importava, agora. Eles estavam juntos e isso era tudo o que a garota queria. <br>
Logo Deena compreendeu que sua relação com o professor deveria ser mantida no mais absoluto sigilo. Primeiro, porque ele mesmo não gostaria que fosse de outra forma. Como sempre fora muito discreto e solitário, constantemente sério, Snape não estava interessado em chamar a atenção dos outros para seus sentimentos. Depois, porque sua situação durante aquele ano estava deveras complicada. Ele sabia que estava em perigo mortal, que tinha uma importante tarefa para realizar e não podia estragar tudo expondo Deena e a si mesmo antes da hora. <br>
Apesar das restrições, eles se encontravam freqüentemente. No início, quase todas as noites, antes de dormir, Deena ia até os aposentos dele para namorar. O apetite de ambos era tamanho que os beijos pareciam não ser suficientes para acalmar suas emoções. Snape sempre agia com ela como na primeira noite: agarrava-a com sofreguidão, beijava-a como se sua vida dependesse disso e, quando ela estava a ponto de arrancar a roupa, ele se afastava e mandava Deena sentar em algum lugar para conversar, ou para treinar legilimência e projeção. <br>
- O que foi, Severus, por que você parou? – Ela estava em seu colo, sobre a cama. <br>
- Sente-se, Deena. <br>
- Eu já estou sentada... <br>
Snape agitou a varinha e fez uma cadeira se aproximar. <br>
- É sério. Se continuarmos assim, terei que pedir que você não venha mais me ver à noite... <br>
- Por quê? – Deena perguntou, saindo de cima do namorado e indo sentar na cadeira. <br>
- Deena, é muito difícil para mim ter que me controlar ao seu lado. Quero dizer, nessa situação que você me coloca... <br>
- Eu não estou fazendo nada que você também não queira. Ou estou? <br>
- Você sabe que não é isso. Mas você tem que se manter pura até o Beltane, para o Feitiço Catenas funcionar. E eu estou ficando frustrado. Portanto, ou você começa a ter juízo, ou nós não ficaremos mais a sós até maio chegar. <br>
Ela viu em seus olhos que ele estava falando sério. Como Deena gostava muito da companhia do ex-professor, achou melhor se controlar um pouco mais. Afinal, melhor ficar tranqüila do que ficar sem nada... <br>
*****
Sua legilimência estava cada vez melhor. Ela conseguira até surpreender Snape uma vez e “roubar” um pensamento dele, que na hora estava tentando decidir qual a melhor forma de misturar pus de bobotúberas com tripas de vermes-cegos. Deena também estava perita em projeção. Ela havia, inclusive, treinado com Gina e Hermione, para projetar pensamentos para uma sem que a outra percebesse. O treino foi muito divertido e surpreendeu Snape quando, ao tentar ensinar a técnica para a garota, descobriu que ela já a dominava. <br>
*****
Um dia, no início de abril, Deena estava na sala de Slughorn, juntamente com Crabbe e Goyle, que cumpriam uma merecida detenção. Os quatro estavam envolvidos em uma faxina na despensa de ingredientes, pois alguns eram perecíveis ou perdiam seus efeitos ao longo do tempo. Crabbe baixava os frascos das prateleiras, Slughorn e ela faziam os testes necessários para determinar se o produto ainda era viável, e Goyle reescrevia as etiquetas. <br>
Subitamente, Snape entrou na sala e disse para o outro professor: <br>
- Professor Slughorn, a Srta. Knocks está sendo chamada pelo Prof. Dumbledore para uma reunião. O Sr. se importa? <br>
- Certamente que não. Vá, Deena, muito obrigado pela ajuda. Eu cuido desses dois. Crabbe, - disse ele, dirigindo-se ao aluno, - venha aqui e troque de tarefa com Goyle. <br>
Deena e Snape saíram da sala e foram até a Direção, sem trocar uma palavra ou um olhar. Ele andava ao seu lado como se isso fosse a coisa mais aborrecida do mundo e, ao chegar à gárgula da entrada, disse a senha e subiu pela escada sem sequer esperar por ela. <br>
Na sala de Dumbledore, Snape estava segurando o encosto de uma cadeira, esperando Deena sentar. Ela ficava sempre surpresa com a maneira como ele podia mudar do comportamento de um trasgo para o de um cavalheiro, se quisesse. <br>
Dumbledore olhou para o casal recém chegado por cima dos óculos e disse: <br>
- Severus, eu fui procurar a resposta para sua pergunta. Até onde pude apurar, se você fez um voto perpétuo, e se casar com Deena por Catenas, ela também estará presa ao voto. Por isso convoquei vocês dois aqui, para que você possa explicar a ela o que está acontecendo antes de fazerem algo que não poderá ser desfeito depois. <br>
Snape pareceu surpreso e constrangido. Ele respirou fundo antes de olhar novamente para Deena e dela para Dumbledore. Então ele voltou a olhar para os quadros dos antigos diretores de Hogwarts e disse: <br>
- Deena, eu fiz um voto perpétuo e, pelo que estou entendendo, se nos casarmos por Catenas você terá que me ajudar a cumprir. Eu realmente não queria que fosse assim, e vou entender se você mudar de idéia. Mas eu disse que precisava da sua ajuda e que a tarefa não seria fácil. <br>
- Claro. Claro, Severus. Pode contar comigo. Qual foi o seu voto? <br>
- Eu prometi à mãe de um aluno que cuidaria dele, e que o ajudaria a desempenhar a difícil tarefa que lhe foi incumbida se ele não conseguir fazer sozinho. <br>
- Bom, isso não me parece muito problemático. Qual é a tarefa? <br>
Snape ficou dolorosamente silencioso, olhando de um retrato para outro. Dumbledore respondeu: <br>
- Me matar. <br>
Deena levantou-se surpresa. <br>
- Como é? Eu entendi direito? Severus, você fez um Voto Perpétuo prometendo ajudar alguém a matar Dumbledore? <br>
- Se acalme, por favor, Deena. – Respondeu Snape, aborrecido. – É, foi isso. Era necessário fazer o voto, naquele momento. Não havia outra escolha. <br>
- Mas e agora? Como você vai cumprir esse juramento? <br>
- Acho que só tem um jeito, não é mesmo? <br>
Dumbledore olhava a discussão em silêncio. <br>
- Mas Severus... Você pretende mesmo matar Dumbledore? Eu não acredito no que estou ouvindo aqui... <br>
- E você acha que eu precisaria de ajuda para quê? – Snape olhava furioso para a garota. – Para corrigir provas? Deena, eu avisei que estava com problemas. Se você não quer me ajudar, então podemos parar agora com nossos preparativos para o Feitiço Catenas. <br>
- Calma, Severus. – Dumbledore interviu. – Dê um tempo a Deena para digerir a informação. Deena, a situação não é tão grave. Fique calma. Ainda assim, existe a chance do aluno em questão resolver se abrir comigo e mudar para nosso lado. A situação dele ao lado de Voldemort é muito perigosa também, e ele pode resolver não cumprir sua ordem. <br>
- Quem é o aluno? <br>
- Você saberá no Beltane, quando fizermos o Feitiço. – Disse Snape, novamente olhando para os quadros. – Isso é, se você ainda quiser. <br>
Deena fez uma pausa momentânea na conversa, e quando falou, disse calmamente: <br>
- Eu estou ao seu lado, Snape. Eu confio em você e quero ajudá-lo. Por mais que a tarefa seja dolorosa e difícil, pode contar com meu auxílio. <br>
Snape voltou seus olhos negros para a garota e respondeu, emocionado: <br>
- Obrigado, Deena, eu não esperava outra coisa de você. <br>
- Então, se vocês vão continuar mesmo assim com os preparativos, - falou Dumbledore – devo avisar que eu já localizei o círculo ritualístico na Floresta Proibida, onde poderão realizar a cerimônia sem serem perturbados. Snape, vocês devem ir até lá nas últimas horas do dia 30, para que o feitiço se realize na madrugada do dia 1º. Creio que vocês já estão preparando suas oferendas... <br>
- Sim. – respondeu Snape, segurando a mão de Deena. – Ela já tem suas oferendas prontas há tempos, e eu estou terminando a minha. Também já preparei o cálice, a adaga e as palavras e símbolos mágicos a serem escritos no círculo. <br>
- Então não há mais nada a ser dito. Só gostaria de lembrar que todo esse procedimento é altamente secreto, está bem, Deena? <br>
- Claro, claro. – Respondeu a garota, parecendo perdida em seus pensamentos. – Secreto, claro. <br>
Deena não conseguiu fazer mais nada o resto do dia. Ela estava assustada e preocupada. Estava óbvio que Snape não era um traidor; ele e Dumbledore haviam discutido ponto por ponto sobre o que fazer, e como fazer, no caso de alguma morte ser necessária. Mas Deena não estava segura e o Beltane se aproximava rapidamente. <br>
Ela não respondeu ao chamado de Snape aquela noite. Precisava ficar sozinha para pensar. Ele também não insistiu. <br>

Cap 24: As oferendas

No dia seguinte, ela tirou da mala um rolo de pergaminhos amarrados com uma fita vermelha. Aquelas eram todas as oferendas, em forma de músicas, que ela havia escrito para Snape durante os últimos 4 anos. Nada menos que 78 canções... Deena sabia que deveria escolher uma para declamar antes de entrar no círculo, como um voto. <br>
Abrindo todos os pergaminhos, ela leu aquelas letras. Eram palavras sinceras, saídas diretamente de um coração apaixonado que via seu amado como uma meta inatingível. Mas não serviam, agora. Ela teria que escrever outra coisa para aquele dia, alguma música nova, mais bonita, que refletisse a realidade. <br>
Ou pelo menos parte da realidade. Não precisava constar na música o medo e a insegurança que ela sentia no momento. Nem a tristeza que a acometia cada vez que ela pensava em Dumbledore. Em como ele estava tranqüilo ao dizer que Snape deveria matá-lo e ela deveria ajudar, se necessário. Que bruxo incrível! Ele devia estar muito convicto da importância de Snape entre os comensais, ou talvez da importância do aluno misterioso no desenrolar dos acontecimentos, para oferecer sua própria vida em troca desse segredo. <br>
Ela pediu ao elfo que trouxesse um almoço para ela no quarto; não estava com vontade de descer e, já que era sábado, poderia ficar à toa em seus aposentos, fingindo corrigir alguma coisa. <br>
Mas ela não conseguiu contornar Snape. Ciente do conflito interno de Deena, o professor foi a seu quarto logo depois do almoço para conversar, e não saiu de sua porta até que a garota concordou em abrir. <br>
- Entre, Severus. <br>
- Deena, eu quero falar com você. <br>
- É, eu imaginei... O que você quer? – Deena perguntou, indicando a cadeira para Snape. <br>
- Quero saber o que você está pensando... sobre mim. Quero saber se você ainda está decidida a realizar o feitiço. – Ele parecia um pouco inseguro fazendo tais perguntas à garota. <br>
Deena se aproximou de seu rosto e disse docemente, olhando-o nos olhos: <br>
- Severus, tenho esperado por você há tantos anos... Você não achou que eu desistiria logo agora, não é? <br>
Snape deixou escapar um pequeno suspiro de alívio. <br>
- É muito bom ouvir isso, Deena. Você não acha que eu gostei da minha tarefa, não é verdade? <br>
- Claro, Severus, eu sei. Pode confiar em mim. Nós estamos juntos, agora, e ninguém vai nos separar. Além disso, existe a possibilidade do aluno mudar de idéia, não é? Eu estou me apegando a isso... <br>
- É, essa possibilidade existe. Mas não nutra muitas esperanças nesse sentido, Deena. Ou você pode estar despreparada se o pior realmente acontecer. <br>
- E ninguém mais sabe desse plano, Severus? <br>
O bruxo mais velho enterrou a cabeça entre as mãos, acenando negativamente. Deena, surpresa por ver seu amado ruir à sua frente, abraçou-o com força e sentou sobre seu joelho. Ele encostou a cabeça em seu colo, aspirando profundamente o cheiro da namorada. Parecia que ele queria tirar algo dela que pudesse levar sempre consigo, para onde o futuro o mandasse. <br>
*****
Na véspera do Beltane, Deena não cabia em si de excitação. Logo ela seria dele. E ele seria dela! Sem a possibilidade de separação... Às vezes a perspectiva deixava-a assustada. Aterrorizada! Mas então ela se lembrava da tarefa tão difícil que esperava por seu amado, e tinha certeza que se sentiria um lixo se não fosse capaz de ajudá-lo. <br>
A noite do dia 30 de abril estava esplendorosa. Era uma quinta-feira primaveril, uma brisa morna soprava anunciando a lua quase cheia, que iluminava os jardins do castelo quase como se fosse dia. Snape já estava na floresta desde o fim da tarde, preparando os sinais e outras partes do ritual. Deena se preparou em seus aposentos e, às dez da noite, vestiu sua capa, apanhou uma bolsa com mais algumas roupas e saiu do castelo. <br>
Ela percorreu sozinha e rapidamente as centenas de metros que separavam o castelo da Floresta. Já havia feito o caminho no dia anterior, para não se perder na floresta durante a noite. Ela viu de longe as chamas das velas que faziam parte do ritual. O círculo ritualístico estava todo preparado e, do lado de fora, Snape aguardava sobre uma pedra, com um cálice de vinho em cada mão. <br>
Quando ouviu os passos de Deena, ele ergueu os olhos com uma expressão misteriosa. Ela vacilou por um momento, e então se aproximou devagar. Estava tímida e sem saber o que dizer. <br>
Snape levantou da pedra e estendeu um dos cálices para a garota. Ela apanhou o copo, aproximando-se do bruxo à sua frente. Ele enlaçou seu braço no dela, propondo um brinde. <br>
- A nós. <br>
- E a um futuro longo e próspero. – Deena concluiu. Ambos tomaram de suas taças ao mesmo tempo. <br>
Eles conversaram mais um tempinho antes da meia noite. O casal parecia bastante ansioso, e nervoso. Deena, porque teria sua primeira vez. E Snape, porque tinha consciência da gravidade daquilo que estava prestes a acontecer. <br>
Pela posição da lua, eles perceberam quando chegou o Beltane. O antigo festival celta da fertilidade, eternamente simbolizado por uma adaga e um cálice, a união do Masculino e do Feminino. A única data possível para um Casamento de Catenas. Então, ao mesmo tempo, Deena e Snape se levantaram e, de frente um para o outro começaram a fazer a declaração de suas oferendas. <br>
Deena começou, conjurando um violão: <br>
<center>When the night has come
Quanto a noite chegar
And the land is dark
E a terra estiver escura
And the moon is the only light we´ll see
E a lua for a única luz que vemos
No, I won´t be afraid
Não, eu não terei medo
I won´t be afraid
Eu não terei medo
Just as logn as you stand
Desde que você fique
Stand by me
Fique comigo
Oh darling, darling, stand by me
Oh, querido, querido, fique comigo
Stand by me, stand by me.
Fique comigo, fique comigo.<br>

If the sky that we look upon
Se o céu que vemos lá em cima
Should tumble and fall
Tropeçar e cair
Or the mountain shoud crumble
Ou a montanha se esmigalhar
To the sea
De encontro ao mar
I won´t cry, I won´t cry
Eu não chorarei, eu não chorarei
Ohh, I won´t shed a tear
Ohh, eu não derramarei uma lágrima
Just as long as you stand
Desde que você fique
Stand by me
Fique comigo
Oh darling, darling, stand by me
Stand by me, stand by me.<br>

Whenever you´re in trouble
Quando você estiver com problemas
Won´t you stand by me
Oh na na
Stand by me, stand by me.<br></center>

Snape olhou para ela emocionado. E então se deu conta que era sua vez. Deena passou-lhe o violão com cara zombeteira. Ela não conseguia imaginar Snape tocando nada! <br>
O bruxo apanhou o violão e transformou-o em um pequeno piano. Dedilhando algumas notas de introdução, Snape pôs-se a cantar baixinho: <br>

<center>Just a perfect day
Apenas um dia perfeito
Drink sangria in the park
Tomando sangria no parque
And then latter, when it gets dark
E então depois, quando escurecer
We go home
Vamos para casa
Just a perfect day
Apenas um dia perfeito
Feed animals in the zoo
Alimentando animais no zoológico
Then latter, a movie too
Depois, também um cinema
And then home
E então para casa.<br>

Oh it´s such a perfect day
Oh é um dia tão perfeito
I´m glad I´m spending with you
Que bom que eu passei com vc
Such a perfect day
Um dia tão perfeito
You just keep me hanging on
Você me faz seguir adiante
You just keep me hanging on
Você me faz seguir adiante<br>

Just a perfect day
Apenas um dia perfeito
Problems all left alone
Todos os problemas deixados para trás
Weekenders on our own
Fim de semana por nossa conta
It´s such fun
É tão divertido
Just a perfect day
Apenas um dia perfeito
You make me forget myself
Você me faz esquecer de mim mesmo
I thought I was someone else
Eu pensei que fosse outra pessoa
Someone good
Alguém bom<br>

Oh it´s such a perfect day
Oh é um dia tão perfeito
I´m glad I´m spending with you
Que bom que eu passei com você
Such a perfect day
Um dia tão perfeito
You just keep me hanging on
Você me faz seguir adiante
You just keep me hanging on
Você me faz seguir adiante<br></center>
Quando as últimas notas soaram, Deena sorria feliz. Nunca, nem em seus sonhos mais loucos, ela imaginara Snape compondo uma música tão linda, e tocando para ela. O arranjo ao teclado, embora simples, estava perfeito. <br>
Então ele tomou sua mão e conduziu-a para dentro do círculo, murmurando encantamentos. Ela entrou e soltou a capa. Suas vestes caíram a seus pés. Snape contemplou aquele jovem corpo perfeito, que tanto havia acendido seu desejo nas últimas semanas. Ele também se despiu rapidamente, entrou no círculo e tomou-a em seus braços. <br>

Cap 25: O ritual

Dentro do círculo, Snape havia estendido um lençol imaculadamente branco sobre o qual o casal se ajoelhou, um de frente para o outro. Deena estava confiante; o bruxo à sua frente sabia o que deveria ser feito. Ele tinha plena consciência dos sentimentos da garota, isso transparecia em seu olhar. <br>
Pela primeira vez, ele a beijou com delicadeza enquanto deitava-a lentamente de costas. Deena sentiu a aspereza do gramado sob o fino lençol; acima da copa das árvores, pairando brilhante, a lua cheia testemunhava o desenrolar dos acontecimentos. <br>
Deena enlaçou com seus braços o pescoço do amado, e puxou-o para perto de si. Ele tocou levemente seus seios, satisfeito em perceber como eles eram mornos e macios ao toque. Então ele acomodou suas pernas entre as da garota e, com o membro rijo e sem nenhuma sutileza, ele a penetrou com força, arremetendo-se para dentro dela e fazendo-a gritar. <br>
Novamente, ele teria que aceitar a oferenda de sangue de sua parceira antes de fazer a sua própria oferenda. Então, saindo de dentro de Deena, Snape tocou com a ponta da varinha a mancha de sangue que se espalhava, rubra, pelo lençol. Em seguida, tocou sua própria fronte, seu peito e seu ventre, desenhando em si mesmo símbolos mágicos simples e antigos, mas não por isso menos poderosos. <br>
Ele então tocou novamente a mancha, dessa vez desenhando os símbolos sobre o corpo de Deena. E assim a primeira parte do ritual estava selada. Ela havia se oferecido a ele e ele a aceitara. A segunda parte era mais fácil, e bem mais prazerosa. <br>
Snape passou os dedos sobre a face de Deena, afastando alguns fios de cabelo que teimavam em parar sobre seus olhos, úmidos pelas lágrimas de dor que ela havia deixado escapar. Aquelas lágrimas queimaram o coração de Snape, e ele se prometeu fazer algo para compensá-la antes que a noite acabasse. <br>
Então o bruxo beijou o pescoço de sua garota, e desceu devagar os lábios até alcançar seus seios macios. Deitada, lânguida, Deena mal conseguia esperar para tê-lo dentro de si novamente. Ela recebeu de bom grado os beijos com que ele enfeitou seus seios; aparentemente atraídos pelo delicado monte que se elevava sob seu umbigo, os lábios de Snape desceram pelo corpo de Deena, causando-lhe arrepios de satisfação. <br>
Ela passou os dedos pelos cabelos de seu amado, enquanto ele alcançava o cume de seu púbis e começava a descer pelo vale entre suas pernas, para encontrar um riacho doce que fluía de dentro das suas entranhas. <br>
Os lábios finos de Snape demonstraram toda sua habilidade em levar Deena ao delírio. Ele se deliciou com o néctar que saía de dentro da garota excitada, provando todos os tons de seus gemidos sob a lua branca da floresta. <br>
Satisfeita como nunca antes, Deena ergueu seu tronco e enlaçou novamente os braços ao redor do pescoço de Snape. Este, sentado sobre os próprios calcanhares, puxou o quadril da garota por sobre suas coxas esguias, porém rijas, e envolveu sua própria cintura com o cinturão formado pelas pernas macias de sua companheira. <br>
Expondo seu sexo, Deena encaixou-se com perfeição em um abraço selvagem, beijando aquele homem que ela tanto quisera para si, com o ardor acumulado em anos de espera. Snape colocou seu próprio membro ereto dentro dos recônditos quentes oferecidos pela garota, que tremia de expectativa. Então ela começou a mexer o quadril com ritmo, fazendo círculos alternadamente grandes e pequenos que deixavam o bruxo fora de si. <br>
Sem querer alcançar o clímax, Snape ergueu seu próprio quadril e inclinou-se para a frente, deitando Deena novamente no solo, dessa vez sobre a grama úmida. Eles se moviam sincronizados e, protegidos pelo encanto do Beltane, não faziam nenhum esforço para serem discretos. Deena gemia alto no ouvido do parceiro; este, por sua vez, ficava enlouquecido com o som de tais gemidos e com o calor que vinha da mulher encaixada nele. <br>
A hora de sua oferenda estava chegando. Mas antes, ele queria, para sua própria satisfação, que Deena experimentasse o êxtase. Usando toda a sua concentração, Snape abriu delicadamente a mente da garota e penetrou ali em seus pensamentos, assim como estava penetrando em sua carne. Sabendo exatamente como proceder, ele levou Deena a um paraíso que ela nem imaginava existir, e que certamente não alcançaria sozinha. <br>
Uma vez dentro de Deena, Snape pôde sentir a alegria da garota que conquistava algo há muito esperado. Ali, entregue, ele percebeu todo o amor que Deena sentia por ele; ele viu o medo que ela estava sentindo durante as últimas semanas e, mesmo assim, ainda tinha forças para levar o plano adiante e se entregar. Snape não pôde deixar de admirar a determinação da jovem em seus braços, que havia feito tanto para estar ali, com ele, nesse momento. Ela era tão nova, tão inocente, e acreditava cegamente em suas boas intenções. Como seria fácil estragar tudo! Difícil seria honrá-la e retribuir toda a confiança que ela lhe devotava. <br>
Deena, sem perceber, guiou Snape através de suas sensações. Cada toque em seu corpo seguia as próprias orientações que surgiam espontaneamente entre os pensamentos da garota. Ele continuou assim, obedecendo às ordens que ela nem sabia que estava dando até que, ao ver a parceira tremendo em suas mãos, com os olhos arregalados e a boca aberta em um gemido que parecia não ter fim, Snape deixou seu corpo expelir o precioso presente que tinha para entregar, selando assim o Feitiço de Catenas. <br>
A sensação de explodir dentro do corpo de Deena não fazia par com nenhuma outra sensação que ele já houvesse experimentado em sua vida. Ele então percebeu que não poderia mais viver sem ela, sem aquele gosto, aqueles gemidos, aquelas pernas quentes ao redor de sua cintura. Ele sabia que seu corpo agora pertencia a ela, assim como o corpo dela pertencia a ele, e nenhum dos dois jamais conseguiria ter outro parceiro na vida, pois o feitiço estava feito e selado. <br>

Cap 26: Sectumsempra

Ela despertou sozinha no círculo. O sol começava a tingir o céu de vermelho, e o som de gravetos quebrando fez-se ouvir ali perto. Deena sentou, esfregando os olhos, e notou que estava nua. E agora, ela poderia simplesmente sair do círculo? Ou isso estragaria alguma coisa? Quem estava fazendo aquele barulho?
Para responder a todas as suas perguntas, Snape surgiu dentre as árvores. Ele segurava um frasquinho com o qual colhera orvalho. Ela sabia que o orvalho da manhã de Beltane era um item especial para a poção Felix Felicis e para outras poções mais fracas de boa sorte.
Snape se aproximou do círculo e murmurou encantamentos. Uma parte do círculo desenhado no chão sumiu com uma leve brisa, e seu amado estendeu a mão para ela. Deena ergueu-se e caminhou para fora do círculo, onde Snape aguardava com sua capa na mão. Ele a abraçou gentilmente, cobrindo seu corpo com a maciez do veludo negro que forrava a peça, e beijou seu pescoço com carinho.
- Como você se sente?
- Muito bem. Muito bem, mesmo. Mas eu não tenho as suas memórias... – Disse ela, sem conseguir esconder uma ponta de decepção na voz.
- Calma, Deena. – Snape sorria. – Isso demora um pouco. Eu já sei algumas coisas a mais sobre você, mas todas as memórias aparecerão no seu devido tempo.
- Draco... – Ela murmurou, com ar preocupado. – É ele que você está protegendo, não é?
- Viu? As memórias já estão chegando. Não force e não se preocupe, logo você vai entender tudo. – Respondeu Snape, tentando parecer casual.
A garota terminou de se vestir e seguiu seu amado até o castelo. Eles andavam a cerca de um metro e meio de distância um do outro, mas em seu íntimo, ela sentia que estavam juntos como nunca antes. Não importava agora que ele ficasse chamando-a de “Srta. Knocks” na frente dos outros, nem que ele evitasse olhar em sua direção se houvesse alguém mais por perto. Ele podia até destratá-la, porque agora ela sabia a verdade. Ele a amava. Ele tivera ciúmes dela com Sirius no ano anterior, e só então percebera que a amava de verdade. Ele sentira profundamente a afronta de Sirius que tentara tirar de Deena o amor que ela dedicava a ele, Snape.
Deena agora sabia que Snape fizera vários arranjos para ela poder trabalhar em Hogwarts apesar de recém formada. Ela sabia que ele gastara noites inteiras preocupado em como abordá-la para falar sobre o Feitiço Catenas. Mas que ele tinha sentido medo de levar um fora, de ser ridicularizado. Novamente. Sim, porque agora ela sabia de todas as vezes que Snape fora desprezado por garotas, quando jovem, e por outras mulheres depois de adulto. Mesmo depois de adulto...
Deena agora sabia da ligação dele com Bellatrix Lestrange, a primeira mulher que ele possuiu no fim da adolescência, quando ela ainda se chamava Bellatrix Black. E de como eles se magoaram mutuamente no final da relação. Todas essas informações chegaram durante o caminho que ligava a floresta ao castelo. Elas chegavam devagar, era como se Deena estivesse lembrando de coisas que sonhou durante a noite. Ela imaginou se Snape estava passando pelo mesmo processo...
*****
No dia seguinte ao Beltane, Dumbledore veio até seus aposentos parabenizá-la pelo êxito do feitiço.
- O simples fato de ter funcionado é um bom indicador de sua capacidade, Deena. – Disse ele, saboreando a xícara de chá que a garota havia conjurado. – Bruxas medíocres não conseguem realizar esse feitiço com sucesso.
Deena mal conseguia esconder sua satisfação, mas respondeu:
- Todo o mérito é do Severus, professor. Ele conduziu o ritual com perfeição.
- Eu só gostaria de lembrá-la que é essencial manter essa união em sigilo. Agora que você conhece os planos dele, já deve ter percebido que qualquer ligação perceptível entre vocês dois pode gerar um ponto fraco no disfarce dele entre os Comensais.
- É, eu percebi. Não nego que estou muito mais preocupada hoje do que estava antes de ter pleno conhecimento da situação...
– Eu compreendo. Pode ter certeza que eu também preferiria que fosse de outra forma. Mas agora que você já sabe de tudo, imagino que esteja ajudando Snape a vigiar o jovem Malfoy? – Perguntou Dumbledore, conjurando biscoitinhos de nata. – Aceita?
- Sim, senhor, obrigada. – Disse Deena, estendendo a mão azulada para os biscoitos. – Fico tanto quanto possível perto do Draco, mas mesmo assim ele consegue eventualmente sumir em algum lugar. Eu creio que Harry também suspeita dele, o senhor não acha?
- Sim, ele suspeita mesmo. Mas não é uma boa idéia perguntar, pois isso aumentaria suas desconfianças e faria Draco acelerar seus planos. Harry não confia em Snape, apesar de ele fazer parte da Ordem, e também não verá com bons olhos seu súbito interesse em Malfoy.
Deena pensou um pouco nas memórias ainda fragmentadas que estava recebendo de Snape por causa do Feitiço Catenas bem sucedido. Ela já sabia que o pai de Harry tinha sido um perfeito idiota com Snape durante toda a adolescência dos dois. Os dois haviam se odiado desde o primeiro minuto. Sem jamais conseguir cultivar o perdão, Snape se vingava em Harry dos maus-tratos sofridos nas mãos de Tiago Potter, sempre que possível. Nem mesmo seu amor platônico por Lilian Evans, a mãe do rapaz, conseguia acalmar sua ira.
As semanas seguintes foram curiosamente interessantes para Deena. Ela se via o tempo todo fazendo coisas que não havia aprendido, como poções e encantamentos extremamente avançados. Às vezes, ela se sentia estranha, com um mau humor que não condizia com seu temperamento habitual. Ela sabia ser uma conseqüência de todas as informações recebidas sobre Snape em tão pouco tempo.
*****
Conforme assegurara a Dumbledore, Deena mantinha seus olhos tanto quanto possível sobre Draco Malfoy. Infelizmente, naquela tarde de maio ela não pôde acompanhá-lo de perto, pois ele entrou no banheiro masculino para fugir de sua vigilância.
Deena ficou por dez minutos andando de um lado a outro no corredor, em frente ao banheiro. Então ela resolveu se esconder em uma sala de aula vazia e aguardar Draco sair. Ela não tinha mais nada para fazer, mesmo...
Entretanto, enquanto ela procurava um lugar discreto para ficar, Harry Potter ouviu um barulho de choro vindo do banheiro e entrou para ver. Ele deu de cara com Malfoy ali, lamentando-se com Murta-que-Geme, sobre algo que ele deveria fazer e não estava conseguindo.
Ao ver Harry parado na porta, Malfoy atacou-o com a varinha. Os dois rapazes duelaram rapidamente, e Deena só entendeu o que estava acontecendo quando ouviu os gritos lá dentro:
- Cruc...
-SECTUMSEMPRA!
Ao escutar o feitiço já conhecido, ela correu até o banheiro e chutou a porta com toda sua força, abrindo-a com estrondo bem na hora que Draco caía ensangüentado no piso frio. Harry, parado boquiaberto em frente à cena, murmurava que não, que não queria ter feito isso. Deena não pôde deixar de sentir pena do garoto, mas tinha que cuidar de Draco agora.
Ela entrou correndo no banheiro enquanto a menina fantasma gritava a plenos pulmões que havia ocorrido um crime.
- Murta! – Ordenou Deena em um tom que não admitia insubordinação. – Vá buscar o professor Snape, agora!
A fantasma saiu pelo encanamento e voltou dois minutos depois, trazendo com ela o professor de Defesa contra as Artes das Trevas. Deena estava sentada no chão com Draco no colo, murmurando os encantamentos que fariam seus cortes mágicos pararem de sangrar. Ela se balançava levemente para frente e para trás, como se estivesse ninando o jovem aluno e, ao seu lado, Harry Potter estava parado com um olhar aparvalhado e assustado no rosto. O professor debruçou sobre o corpo imóvel de Draco, conferiu o excelente serviço feito pela bruxa, e então novamente ergueu-se.
- Deena, - disse Snape, com ódio gelado na voz – leve Draco até a enfermaria. Deixe que eu cuido do Potter.
- Severus, você não prefere...
- Não. – Ele interrompeu, já sabendo o que se passava na mente da garota. – Faça como eu disse.
Deena abaixou a cabeça, sentindo em si mesma as garras do ódio que apertavam o coração de Snape, e disse:
- Sim, está certo. Por favor, me ajude a erguê-lo.
Os dois professores colocaram Draco de pé, ainda murmurando encantamentos. A bruxa então saiu com o rapaz ferido diretamente para a enfermaria, onde Madame Pomfrey acudiu escandalizada pela gravidade dos cortes.
- Que bom que você estava passando lá perto, Deena. Eu sempre achei que você deveria ser medi-bruxa ao invés de ficar cuidando de alunos burros. – Tagarelava nervosa a enfermeira, enquanto ministrava os primeiros atendimentos ao aluno ferido.
Deena ajudou o quanto pôde; as feridas eram realmente grandes e, se ela não estivesse por perto (e se não soubesse o contrafeitiço), poderiam ter sido fatais. Depois, sem paciência para ouvir a mulher mais velha, ela saiu correndo de volta para o banheiro, em tempo de ver Harry sozinho, parado em frente ao espelho. Quando ela entrou, o rapaz olhou-a espantado e disse:
- Como você sabia?
- O que, Harry? - ela perguntou, enquanto limpava o sangue do chão com um amplo aceno de sua varinha.
- O feitiço que eu usei...
- Sectumsempra? Não sei. Será que foi porque vocês dois estavam GRITANDO feitiços um para o outro? Eu também ouvi muito bem quando Draco quase lançou sobre você uma Maldição Imperdoável. Posso contar isso ao Snape, ou à diretora da sua casa, se for necessário. Mas acho que isso não vai livrar você das detenções que ele passou... Mas e você, onde aprendeu tal feitiço?
- Er... – Harry olhou para ela, envergonhado.
Deena pensou um pouco e chutou uma alternativa:
- Por acaso você está usando um livro velho de Poções? Com esse feitiço anotado em uma das bordas?
- Você conhece o Príncipe Mestiço? – Harry perguntou, espantado.
Deena sorriu. <i>“Príncipe Mestiço, pois sim...”</i>
-É, acho que conheço. Olha, você não queira usar esse livro novamente, viu? Se o Snape descobre, vai tirá-lo de você.

Cap 27: O chamado do galeão

Do pouco tempo que tinham para ficar juntos, Deena e Snape agora dividiam as manhãs de sábado com Potter. Ele ficava aborrecidamente copiando antigas detenções de um arquivo do Filch; esta foi a detenção que ele recebeu por ter usado um feitiço em Draco.
No primeiro sábado de detenção, foi o último jogo do campeonato das Casas. Deena não gostava muito de Quadribol, mas teve que ir até lá para ajudar na arbitragem. Ultimamente, muitos jogos estavam terminando em incidentes desagradáveis ou mesmo em briga entre torcedores.
No sábado seguinte, Deena foi até a sala de Snape sem lembrar que Potter estaria lá cumprindo detenção. Ela entrou e, vendo o garoto, pareceu momentaneamente desconcertada.
- Entre, Srta. Knocks. Tenho aqui umas coisas pra você fazer, também. – Disse Snape, muito sério, vendo a confusão da garota.
Ela entrou e pensou, projetando o pensamento na cabeça de seu amado: <i> “Puxa, eu esqueci que era aos sábados essa detenção...”</i>
<i>“É, eu percebi. Fique aqui copiando essas coisas. Não, não essas velharias empoeiradas. Deixe isso para o Potter. Eu tenho aqui uns feitiços que são realmente importantes, você pode me ajudar com isso.”</i>
<i>”Mas eu juro que prefiro ir passear lá fora...”</i>
<i>”Deena, você pensa que vai me deixar aqui sozinho, com esse pequeno paspalho, e ir passear ao sol da manhã? Sinto muito, mas se você queria passear, não devia ter entrado.” </i>– Snape olhou para ela com um discreto sorriso que teimava em surgir no canto de seus lábios. Fingindo afetadamente estar aborrecida, Deena apanhou uma pilha de pergaminhos e perguntou:
- Devo copiar estes aqui, <b>professor</b>?
- Sim. E ai de você se faltar respeito comigo novamente, Srta. Knocks. Teremos uma conversa séria com o prof. Dumbledore. – Ele disse, e pensou para que ela escutasse: <i>“Você vai é passar a manhã inteirinha aqui ao meu lado, me tentando com esses seus lábios carnudos.”</i>
Deena teve que abaixar a cabeça até quase tocar o pergaminho para que Harry não visse sua risada abafada. Por baixo da mesa, ela esticou a perna até tocar a perna de Snape, que deu um pulo como se houvesse levado um choque.
<i>“Então você está ficando tentado, professor?”</i> Pensou Deena, com ironia.
<i>“A senhorita mantenha o respeito que eu mereço, ouviu bem?”</i>
<i>“Não, não ouvi nada... O que vai acontecer se eu não mantiver tal respeito?”</i> Ela pensou, enquanto rabiscava qualquer coisa no pergaminho à sua frente.
<i>“Eu vou ser obrigado a amarrá-la à cama e fazer cócegas no seu pé até a senhorita morrer de apnéia.”</i>
<i>“Uau, professor, mal posso esperar por isso. Devo trazer as cordas?”</i>
Ao sair da sala, perto da hora do almoço, Harry comentou casualmente com a garota:
- Mas a pior parte foi ficarmos a manhã inteirinha em silêncio, sob os olhares daquele urubu velho...
*****
Quase todas as outras manhãs de sábado foram gastas da mesma forma. Deena aparecia na sala de Snape e passava as três horas seguntes trocando pensamentos silenciosos com seu amado, longe da percepção do rapaz. Harry, concentrado em seu trabalho cansativo e maçante, não via a hora de acabar. De vez em quando, ele pensava ver Deena sorrir por nada. Chegou até a se indagar se a amiga estava ficando mentalmente instável. Rir sozinha, em uma situação péssima como aquela, não devia ser um bom sinal.
*****
Entretanto, tempos bons têm hora certa para acabar. Uma noite, Deena estava se preparando para dormir quando ouviu algo vibrando dentro de uma de suas gavetas. Ela abriu para olhar, e um galeão pulou em suas mãos. A garota logo o reconheceu como sendo aquele que Hermione usava para marcar os encontros da AD. Mas que estranho, o galeão marcava a data daquele dia! “Hoje? Por que a AD vai se reunir hoje?” Deena se perguntou. Mas tornou a vestir suas roupas e saiu do quarto, à procura de Hermione.
Ela encontrou a garota ali perto, na frente do escritório de Snape. Confusa, Deena se aproximou e logo percebeu que a outra garota parecia muito nervosa.
- Oi, Mione, você convocou a AD hoje? – Ela perguntou, em voz baixa.
- Oi, Dee, que bom que você veio. Tem muitas coisas acontecendo por aqui hoje, Harry saiu com o prof. Dumbledore e nos pediu para vigiar Snape. Tem outros membros da AD vasculhando os corredores.
Deena pensou que era muita perda de tempo ficar ali, porém animou-se com a perspectiva de ver seu amado novamente antes de dormir.
- Snape está aí dentro?
- Sim. Ele não saiu. Harry acha que ele e Draco estão aprontando alguma coisa, por isso nos pediu para vigiar.
As duas garotas ficaram ali por cerca de vinte minutos, até que o prof. Flitwick chegou correndo e gritando que havia Comensais no castelo. Ele entrou na sala de Snape sem sequer notar a presença das garotas. Lá de dentro, saíram vozes dos dois homens conversando e um baque surdo. De repente, Snape saiu correndo da sala.
Ao ver Deena e Hermione, ele pensou:
<i>”O que vocês estão fazendo aqui?”</i>
<i>”Vigiando você.”</i> Deena respondeu. Então, em voz alta, Snape disse:
- Entrem. O professor desmaiou. Ajudem-no. – E completou mentalmente, para Deena: <i>“Acho que chegou a hora. Não deixe Hermione subir, ela pode se machucar. Quanto menos crianças andando pela escola, melhor. Fique aqui e cuide dela. Cuide-se, também.” </i>
Snape deu as costas e começou a subir. De repente, ele parou como se tivesse levado uma chibatada. Por um segundo, ele tornou a olhar para Deena. Com a expressão transtornada, Snape voltou, segurou a cabeça de sua amada, deu-lhe um intenso, porém breve, beijo na boca e disse em voz sussurrada, mas perfeitamente audível, para o espanto das duas jovens bruxas:
- Eu te amo, Deena. Não esqueça. Eu amo vocês. – E voltando-se novamente para as escadas, ele sumiu nas sombras.
Hermione olhou espantada para Deena e pergunou:
- O que foi isso? Ele disse que NOS ama?
Deena, entretanto, havia entendido muito bem o porquê daquele plural. Ele também sabia! Mas claro, um casamento de Catenas no Beltane, não podia dar outro resultado. Ela já sabia há duas semanas, mas não queria deixá-lo preocupado em tempos tão conturbados quanto os que eles viviam atualmente em Hogwarts. Mesmo assim, pelo jeito, ele também já havia percebido.
Com lágrimas escorrendo pelo rosto, Deena arrastou Hermione para dentro da sala de Snape, onde o prof. Flitwick jazia inerte no chão. Enquanto a menina mais nova tentava reanimá-lo, Deena sentia seu coração tão apertado que mal conseguia pensar direito. Ela sentia suas pernas moles como se fossem feitas de pudim de abóbora, e a cabeça girando como se uma locomotiva estivesse saindo de dentro dela.
Com toda sua força de vontade, ela se dirigiu até a janela do outro lado do corredor em tempo de ver, recortados contra a silhueta da cabana de Hagrid em chamas, Harry e Snape duelando com as varinhas. Snape jogou a varinha do garoto para longe, falou alguma coisa e saiu correndo, atacado pelo enorme hipogrifo que surgiu detrás da cabana. Então, ele correu até fora dos limites de Hogwarts e desaparatou, levando consigo um pedaço do coração de Deena.

Cap 28: Amiga Tonks

No dia seguinte, Deena permaneceu na escola. Ainda não estava claro para ela como poderia ajudar Snape, mas todos pareciam estar convencidos de sua culpa. Exatamente como ele havia previsto e orientado sua esposa. Ninguém, nem um único membro da Ordem, confiava nele. Ninguém acreditaria que ele havia matado Dumbledore com plena aquiescência do bruxo mais velho. Ninguém acreditaria que aquilo era parte do plano! A garota sentia-se sozinha e desorientada como nunca havia se sentido antes.
Houve então o funeral, na beira do lago. Os restos de Dumbledore ficariam em Hogwarts, como seria sua vontade. Deena estava transtornada, enlutada. Além do mestre, ela também havia perdido seu marido, pelo qual tanto havia lutado. Talvez ele nunca mais voltasse. Talvez ela nunca mais o visse com vida.
Além disso, havia a criança que levava no ventre. Ninguém mais sabia, apenas eles dois. Ela não poderia dividir sua gestação com mais ninguém, pois seu casamento era sigiloso. E, agora, o pai desse bebê era considerado um vil traidor, injustamente.
Inconsolável, Deena foi para a América enquanto ninguém conseguia decidir se Hogwarts voltaria a abrir as portas no ano seguinte. Ela manifestou sua lealdade à escola para a profa. McGonagall, dizendo que poderia contar com ela se quisesse, e foi-se juntamente com seus pais, que haviam vindo para o funeral.
Aproximadamente um mês depois, ela r
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Cap 28: Amiga Tonks
No dia seguinte, Deena permaneceu na escola. Ainda não estava claro para ela como poderia ajudar Snape, mas todos pareciam estar convencidos de sua culpa. Exatamente como ele havia previsto e orientado sua esposa. Ninguém, nem um único membro da Ordem, confiava nele. Ninguém acreditaria que ele havia matado Dumbledore com plena aquiescência do bruxo mais velho. Ninguém acreditaria que aquilo era parte do plano! A garota sentia-se sozinha e desorientada como nunca havia se sentido antes.
Houve então o funeral, na beira do lago. Os restos de Dumbledore ficariam em Hogwarts, como seria sua vontade. Deena estava transtornada, enlutada. Além do mestre, ela também havia perdido seu marido, pelo qual tanto havia lutado. Talvez ele nunca mais voltasse. Talvez ela nunca mais o visse com vida.
Além disso, havia a criança que levava no ventre. Ninguém mais sabia, apenas eles dois. Ela não poderia dividir sua gestação com mais ninguém, pois seu casamento era sigiloso. E, agora, o pai desse bebê era considerado um vil traidor, injustamente.
Inconsolável, Deena foi para a América enquanto ninguém conseguia decidir se Hogwarts voltaria a abrir as portas no ano seguinte. Ela manifestou sua lealdade à escola para a profa. McGonagall, dizendo que poderia contar com ela se quisesse, e foi-se juntamente com seus pais, que haviam vindo para o funeral.
Aproximadamente um mês depois, ela recebeu uma coruja com um convite para o casamento de Gui e Fleur, n’A Toca. O convite vinha em nome de Sua Excelência Embaixador Knocks e família, mas dentro havia um pequeno bilhete de Fred pedindo a ela que fosse. Seus pais não poderiam ir, mas Deena não faltaria de maneira nenhuma.
Chegando n’A Toca, ela foi acomodada no quarto das garotas, onde já estavam Gina, Fleur e Hermione. Ela ficaria ali por dois dias antes de voltar à América.
O casamento aconteceu durante o fim da tarde, uma linda tarde de verão. O sol baixo no horizonte refletia nos cabelos prateados da noiva, que estava esplendorosa com um lindo vestido bordado e um delicado véu a lhe cobrir a fronte. O druida que executou a cerimônia parecia nunca ter visto uma descendente de veelas na vida; ele olhava abobado para a noiva e, por duas vezes, precisou ser cutucado para dar continuidade à cerimônia.
Gui, por sua vez, tinha o rosto todo marcado por mordidas de lobisomem. Até agora, o único efeito notável foi o aumento de seu apetite por carnes, mas como os ferimentos eram recentes, ninguém sabia precisar como ficaria a situação do rapaz.
Após a cerimônia, haveria um baile nos jardins da casa, que haviam sido desgnomizados e decorados com flores por todos os cantos.
Durante o baile, Deena começou a sentir-se deprimida. Ficar ali, rodeada por seus amigos, ouvindo de todos as piores opiniões possíveis sobre seu amado e sem sequer poder defendê-lo, deixou a garota cansada e, subitamente, ela resolveu ir até o quarto para esticar as pernas sobre a cama.
Lá, Deena deitou-se no leito reservado a ela e ficou em silêncio, observando as chamas de uma vela e sentindo saudades de Snape. Lágrimas corriam silenciosas sobre seu rosto, manchando a maquiagem cuidadosa. Então, alguém entrou no quarto.
- Com licença, desculpe, eu não sabia que havia alguém aqui...
- Oh, entre, Tonks, fique à vontade... – Murmurou Deena, secando as lágrimas.
- Dee, você está chorando! O que aconteceu?
Deena olhou para a bruxa transmorfa, tão simpática, sua colega na Ordem da Fênix, e sentiu que talvez fosse hora de se abrir. Ela precisava dividir o peso de seu segredo, pois ele estava se tornando insuportável.
- Sinto falta do Snape... – Dizendo isso, Deena soluçou e começou a chorar de verdade, desengasgando todas as lágrimas que estavam presas dentro de si.
Com pena da jovem garota à sua frente, Tonks abraçou-a com carinho e disse:
- Calma, calma. Nós estamos aqui. Ele não merece que...
- Não, você não entende! – Deena interrompeu. – Ele merece, sim. Você tem paciência para ouvir uma história um pouco longa? E um segredo?
- Claro, Deena. Eu não poderia nunca sair daqui e deixar você com toda essa dor...
- Antes, posso pedir um favor?
E no minuto seguinte, Deena viu-se novamente frente a frente com Snape. Não era ele, pois seus modos eram suaves e educados, e o cheiro também não era o mesmo. Mas foi o suficiente para consolá-la em um ansioso abraço.
A garota chorou mais um pouco embalada pelo falso Snape enquanto Tonks, sem entender nada, abraçava a garota e alisava seus cabelos. Cansada, Deena enxugou novamente as lágrimas e disse:
- Está bem, Tonks, obrigada. Pode voltar ao normal.
- Tem certeza que você não quer ver como o Snape ficaria com cabelos cor de rosa?
- Não, não... – Deena riu, imaginando a cena. – Eu realmente preciso contar algo a você. Veja bem, é um segredo. É algo que ninguém mais sabe, apenas eu, Snape e... bom, Dumbledore sabia...
Então Deena contou à bruxa sobre sua relação com Snape. Contou sobre o pacto de sangue e o casamento de Catenas, sobre o pouco tempo que tiveram para ficar juntos e cultivar sua relação, e finalmente sobre os acontecimentos que culminaram na morte de Dumbledore. Tonks ouviu tudo em silêncio, apenas concordando com a cabeça em alguns trechos da narrativa.
- Entende, Tonks? Por mais incrível que pareça, ele está sendo injustiçado. E enquanto ele estiver com Voldemort, não há nada que eu possa fazer sem estragar seu disfarce. Mas o pior... O pior é que eu estou esperando um filho dele.
- Pior, Deena? – Ela perguntou, rompendo o silêncio.
- Não, não é o pior... – Deena agora olhava o teto, com ar sonhador e um brilho diferente nos olhos. – É o melhor. O melhor de tudo. – E olhando novamente para a amiga, completou – Obrigada por me escutar, Tonks. Você não imagina o bem que me fez!
- Não foi nada. Mas você percebe como é estranha essa sua história?
- Percebo. E o pior é que não há provas de que eu estou falando a verdade, não é mesmo?
- É, Deena. Não há prova alguma.
- Mas o meu depoimento deve valer alguma coisa, não é verdade, Tonks? Digo, caso haja uma corte marcial em algum momento, não sei...
- Ssssim – respondeu a amiga, hesitante. – Deve valer... Mas pra isso, precisamos garantir que Snape chegue vivo até a hora de ser julgado por seus atos. Então a situação é bem diferente do que imaginávamos... Então nós realmente temos aliados dentro da fortaleza de Voldemort. Precisarei combinar com Remo algum jeito de proteger Snape e Draco, confiando no que você me contou... – disse Tonks, mais para si mesma do que para a outra bruxa. – Amiga, ainda é cedo para pensarmos nisso. Você vai voltar para a América e se preparar para receber esta criança que vocês fizeram. Eu, já ciente de tudo, manterei contato com você pra avisar qualquer coisa.
-Muito obrigada, Tonks. Que bom que eu posso confiar em você.
- Agora vamos lá para baixo. Na hora que eu subi, a Latifah estava procurando por você; ela estava louca para tocar novamente algumas músicas do “The Wanders”.
*****
Tudo aconteceu muito rápido. Hogwarts não reabriu e, em fevereiro do ano seguinte, Harry, Hermione e Rony enfrentaram Lord Voldemort pela última vez. Conforme Deena imaginara, Draco teve um papel fundamental na derrota do Lorde das Trevas; ele era o ponto fraco na corrente dos Comensais da Morte, pois o peso em sua consciência pela morte de Dumbledore nunca havia o abandonado. Juntamente com Snape, Draco permitiu que os bruxos que lutavam em nome da Ordem pudessem penetrar nas defesas de Voldemort e atacá-lo.
Enquanto eles lutavam, Snape esgueirou-se furtivamente e matou Nagini, acabando assim com o último horcrux. Voldemort nem teve como defender sua serva mais fiel, pois estava muito ocupado com os bruxos da Ordem.
O Lorde das Trevas caiu, mas todos pagaram um preço muito alto por sua queda. Harry Potter morreu junto com ele, assim como Rony, Draco e toda a família Malfoy, descobertos durante sua traição. Hermione também perdeu toda a sua família, morta como vingança pelos Comensais remanescentes; ela foi então “adotada” pelos Weasley, e passou a morar no quarto de Gina. Snape só não morreu porque conseguiu, mais uma vez, ocultar-se dos demais Comensais durante a luta e foi preso pelo Ministério logo em seguida. Ele sabia que tinha que continuar vivo, que tinha alguém esperando por ele do outro lado do mundo em um encontro que ele não poderia faltar.
Cap 29: Despedida
Querida Marissa:
Como estão você e Jorge aí na Rússia? Ele já superou a barreira da língua?
Há quanto tempo não nos falamos! Acho que desde o casamento n’A Toca, antes da queda do Lorde das Trevas.
Foi um período negro para mim, aquele. Severus estava enroscado até o pescoço em problemas, primeiro infiltrado entre os Comensais e, depois, tendo que provar sua inocência para aqueles que deveriam ser seus “aliados”. Creio que há membros da Ordem que até hoje não acreditam no que contamos.
Eu fiz minha parte. Fui fiel a ele até o fim, testemunhei em juízo sobre todas as conversas que tivemos com Dumbledore sobre o assunto. Claro que muita gente também não acreditou em mim; tiveram que fazer uma seção especial do julgamento na sala da Direção de Hogwarts para que aquele quadro do diretor também pudesse depor. Mas meu depoimento foi essencial, pois de outra forma Snape teria sido entregue aos dementadores sem sequer a chance de ser ouvido.
Ao invés de ganhar uma Ordem de Merlin por seu bravo desempenho na luta, ele cumpriu seis meses em Azkaban e foi expatriado. Hoje nós três moramos aqui na América do Sul, um pouco no Brasil, um pouco nas Antilhas, Caribe, ou onde nos aprouver. Maya está muito linda, saudável, tem os lindos olhos negros da família Prince e é a bruxinha de dois anos mais poderosa que eu já vi. Talvez pela maneira como foi concebida...
Quando eu olho para ela, vejo que tudo valeu à pena. Quando vejo nossa filha correndo feliz, brincando com trouxas e com outras bruxinhas, percebo que todo o nosso sofrimento, toda a angústia de nossa separação, o sacrifício do professor Dumbledore e dos nossos amigos, tudo valeu à pena. Pois não existiria jamais paz em um mundo controlado por Voldemort.
Olhando em retrospectiva, vejo agora como foi boa nossa história. Minha. Sua. Do Snape. Do Fred, da Tonks, do Sirius, do Harry, da Mione, de todos os outros. Todos nós tivemos que lutar por aquilo que acreditamos, alguns até morreram por isso. Mas foi bom. Fomos vitoriosos, e eu acredito que fizemos deste mundo um lugar melhor para vivermos. Tanto para os bruxos quanto para os trouxas e outros tipos de criaturas.
Por isso que eu repito: valeu à pena.
Com amor
Deena Knocks Snape

***FIM***
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Post by Arwen Undómiel Potter »

História brilhantemente terminada e betagem concluída! Realmente a Adriana Snape conseguiu construir uma ficção fantástica e merecedora de aplausos intensos e sonoros de pé :palmas

Eis uma beta orgulhosa brindando o término de uma excelente história!

Parabéns, Autora!
"Um coração puro não se amedronta à toa".

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Mãe orgulhosíssima de Lize Lupin e Dóris Black.
Irmã das maravilhosas Adriana, Amandita, Betynha e Mia.
Tia de uma infinidade de sobrinhos encantadores da Família FicWriter.
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