Dance With My Father - Songfic R/Hr

Publiquem suas fics aqui para os outros opinarem.
Não se esqueçam de também postarem no Floreioseborroes.net.

Moderators: O Ministério, Equipe - Godric's Hollow

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Dance With My Father - Songfic R/Hr

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Sinopse:

DWMF é uma fic que retrata um outro lado dos personagens, explorando ao máximo seus sentimentos, cada momento de dor, alegria, amor, saudades, etc.
Diferente de muitas outras fics por aí, DWMF não fará você chorar por frases lindas, declarações de amor. Mas te emocionará... E como.
Única, posso dizer.

“ (...) Ela então parou, olhando para ele e pode notar os olhos inchados, vermelhos. Notou o modo em que ele havia se largado no chão, ignorando completamente seus modos e educação e, por mais que fosse horrível assumir para si mesma, não pôde deixar de sentir pena.

- Mione... Por favor...

- Ron... – disse ela olhando para ele, mas abrindo a porta. – Eu já tive que escolher entre eu e você uma vez. – continuou ela saindo de casa – E eu escolhi você. É a minha vez agora. – ela foi fechando a porta, devagarzinho, olhando para ele. – Desculpe.

Ron encarou a porta, perplexo. Agora era apenas ele e um mar de lembranças. (...)”


Considerações:

Eu precisei editar isso aqui, então... Vamos lá! Novas considerações.
Uma vez, há muito tempo atrás, eu disse que não gostava e que não iria fazer fics longas, então eu quebrei a cara com essa.
A idéia inicial não era algo tão grande, mas ela atingiu um status exorbitante – e não, não estou sendo metida, ok? rs Ela só alcançou mais do que eu imaginava e eu resolvi editar tudo e atualizá-la, deixando-a mais fácil de ser acessada.

O estilo continua o mesmo. Eu gosto de emoção, diferença. Já ouvi gente falando que minha fic é perfeita até certa parte, mas como concluir algo antes do final, não é mesmo? Sei que ela pode ter desapontado muita gente, mas, volto a dizer, eu gosto de ser diferente, fazer diferente e, com a minha fic, não seria de outra maneira.

A fic é constituída de flashbacks para tornar possível a compreensão do leitor quanto a certos fatos. Faço uma fic normal no começo, só com os flashbacks e, depois, entro com a song. A música é o próprio título da fic.

Posso afirmar que ela não está muito longe do final, mas também sei que este pode não vir a chegar tão rápido, peço desculpas aos novos e, principalmente, aos leitores que me acompanham desde o começo de DWMF.

Sei também que alguns capítulos são bem pequenos e que a omissão de certos personagens chega a ser desconfortável, mas, quanto a isso, tudo que eu peço é paciência. As coisas se esclarecerão.

Bom, era isso que eu tinha a dizer.
Até!


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1- Pensamentos

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1- Pensamentos
Se pelo menos aqueles pensamentos fossem como os que tinha em sua adolescência. Os do tipo que não saíam de sua cabeça, mas nem mesmo o garoto queria que saíssem. Os quais ele se imaginava em muitas situações diferentes, sempre com Hermione. Eram aqueles tipos de pensamentos que a garota dominava, completamente. Aqueles pensamentos que muitas vezes se tornavam mais que pensamentos, se tornavam vontades, se tornavam desejos. E que Hermione sempre ajudava-o a realizá-los, mesmo que, na realidade, ela nem ao menos tivesse consciência que esses existiam, talvez apenas uma pequena dúvida. Eram aqueles bons pensamentos.

Deitado em sua cama, Rony Weasley não conseguia adormecer. Além dos pensamentos que não saíam de sua cabeça, aqueles sobre aquele acontecimento, ele tinha medo de que tudo também pudesse acontecer com ele, com eles.

Rony olhava sua esposa dormindo, tranqüilamente, enquanto ele estava alí, inquieto, perturbado, pensando.

Já havia acontecido há mais de dois anos, mas ele continuava o mesmo, como se essa fosse a noite seguinte ao ocorrido.




FLASHBACK




Ainda estavam em guerra, os tempos eram negros. Dias sem vida e noites gélidas, esse era o clima em que todo o mundo bruxo e até mesmo trouxa se encontrava. Era a Guerra. E tudo, nos dois mundos, caminhava rumo ao terror, ao caos, às trevas.

Os Comensais da Morte já haviam destruído inúmeras famílias. Bruxas ou não. De influência ou não. Ricas ou não. Por vingança, em nome do Lord das Trevas e até mesmo por diversão.

E uma dessas famílias foi a de Rony, a família Weasley.

A calma anormal instalada no Ministério antes do ocorrido provocava arrepios em seus visitantes e trabalhadores, mas, mesmo assim, esses continuavam seus afazeres.

“Mamãe, se paralisarmos o Ministério, depois que a guerra acabar será um caos! Sem dizer que demoraríamos anos para firmarmos as leis novamente. E ainda tem o fato de que...”

Percy continuava no Ministério e a simples menção de se afastar de seu cargo em tempos como esse o irritava.

Mas Molly não se importava com leis, cargos e até mesmo com o Ministério. Não quando sua família também se encontrava em perigo.

E então, um ataque surpresa ao Ministério resultou em mais de 600 mortes. Mesmo que estivessem equipados e preparados para feitiços e maldições, não esperariam por um ataque, ao fim do dia de Chimaeras* e Erumpents**. Suas defesas não eram suficientes, não adiantava ficar e lutar: morreriam.

Não sabia-se como os aliados de Voldemort haviam conseguido esses animais, mas isso não importava agora, não quando existiam, pelo menos, 3 de cada um. O ataque ao Ministério era um ataque muito esperado e sabiam que viria a acontecer. Mas não esse tipo de ataque, com esses animais.





N/A:

*Chimaera (Quimera) – Monstro grego raro com cabeça de leão, corpo de bode e rabo de dragão. Feroz e sangüinária, ela é extremamente perigosa. (...)

** Erumpent (Erumpente) – Animal africano, cinzento, de grande porte e força. À distância, esse bicho, que pesa até uma tonelada, pode ser confundido com um rinoceronte. Tem um couro grosso que repela a maioria dos feitiços e maldições, um chifre afiado sobre o nariz e um grande rabo que lembra uma corda. (...) Se estiver contra alguém os resultados são em geral catastróficos. Seu chifre pode perfurar qualquer coisa desde pele até metal e contém uma secreção fluida que faz a coisa ou pessoa injetada explodir. (...)

Fonte: Animais Fantásticos & Onde Habitam
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2- Preocupações
Dias e dias se passavam e Rony Weasley continuava o mesmo. Todos comentavam que aquele menino cheio de vida em tempos de escola ainda devia estar em algum lugar de seu corpo, perdido, querendo renascer, escondido sob muitas dificuldades, lágrimas e sofrimentos. Esses que doíam a qualquer hora, qualquer lugar. Muitas das pessoas que conhecia se distanciaram, algumas com medo de serem um novo alvo, outras por simplesmente não o reconhecerem mais. Ele ria com isso. Na hora em que mais precisava de mãos e ombros amigos, lhe ajudando, as pessoas se distanciavam. As únicas pessoas com quem podia contar eram de sua família: sua esposa, seus irmãos. Mesmo que esses vivessem repetindo e repetindo novamente que ele estava levando isso longe demais. Como pode ser longe demais? Depois daquilo... Não há como voltar a ser o que eu era...

Parecia que ele vivia como um coadjuvante em sua própria vida, não vibrava com vitórias, não ria de piadas, nem ao menos as fazia. Ele passara a ser uma pessoa sem emoções e isso magoava a todos. Mas não adiantava mais falar sobre isso, na verdade, a única pessoa que conseguia conversar sobre isso com ele era ela. Ela que sempre o amparou, ajudou, ouviu e discutiu. Ela que sempre chorava depois de uma briga, onde ele fazia com que ela se sentisse péssima, mas que o surpreendia, dizendo que o entendia e que o amava. Ela que agüentou Rony todos esses anos, sem se afastar, sem nunca deixar de demonstrar o amor que sentia por ele.

Sua esposa, a Sra. Weasley. E ele se orgulhava disso. Era um dos poucos motivos que tinha para realmente se sentir bem depois de tudo. Mesmo que sentisse medo ao mesmo tempo. Medo de que isso também viesse a acabar, como já vira e ainda presenciava.





FLASHBACK





Molly estava preocupadíssima. Sempre estressada, carregando o relógio dos Weasley para onde quer que fosse. E, perceberam, parecia estar sempre contando quantos estavam na sala, quantos se sentavam a mesa de jantar, cabeças ruivas, Harry e Mione. Se certificando de que todos ainda estavam vivos e seguros perto dela.

- Está faltando alguém! Está faltando alguém! – disse, descontrolada, correndo da cozinha para a sala e novamente para a cozinha e, espantaram-se ao ver que já se encontrava na sala de novo. - ESTÁ FALTANDO ALGUÉM!!

A bacia com a massa de bolo que esta preparava entrara num estado de regurgitação. Com a colher de pau enfeitiçada para bater o bolo e a Sra. Weasley correndo para lá e para cá, não era difícil de se imaginar que praticamente metade da massa já havia deixado a bacia e escolhido como destino diferentes pontos da casa. Havia, o que um dia seria um bolo, nos enfeites minúsculos da mesinha da sala, nos quadros da parede, em cima do tapete e, em sua maioria, na própria Sra. Weasley.

Os meninos se encontravam na sala. Fred e Jorge jogando um novo tipo de jogo que haviam inventado e Rony, Harry e Mione conversando no sofá. Eles a olharam. Aquilo de longe era engraçado. Até mesmo os gêmeos, que olhavam fixamente para as peças do jogo, pareciam estar desconfortáveis com a situação.

- Mamãe... - começou Rony.

Mas ela nem ao menos escutava. Continuou, como se ninguém tivesse falado.

- Seu pai acabou de falar comigo pela lareira, disse estar com Percy, Gui me mandou uma coruja com nosso código para eu saber que é realmente ele, Carlinhos falou comigo há pouco – ia dizendo ela muito rápido. -, Gina na cozinha me ajudando, Fred e Jorge: sala. Harry, Mione e Rony: sala. Apenas dez! Quem está faltando?? Quem está faltando??

- Mamãe... - quis continuar Jorge.

- São onze meu filho! Onze! Quem está faltando? Quem??

- Hum... Er... Já contou com a senhora? - disse Fred, calmamente, mas sua voz saíra mais estranha do que o normal.

- Ah... - de repente ela baixou os ombros, relaxada e corou. - É verdade. Não contei comigo...

Ela se retirou. Nem ao menos percebeu a bagunça que fizera na sala com a massa do bolo.

- Não é a primeira vez... - Rony disse de cabeça baixa.

Harry e Hermione o olharam. Ele estava vermelho e parecia sem graça, tanto quanto Fred e Jorge que, depois disso, descobriram que até fingir que estavam interessados em seu jogo perdera o nexo.

- Ela perdeu a vivacidade, sabe? - disse Fred se dirigindo aos outros. - Acho que está ficando maluca.

- Não fale assim de sua mãe, Fred!

- Você mesma viu, Mione! - disse Jorge.

- Eu sei o que vi! Vi uma mãe e amiga preocupada! E não maluca! - ela olhava para os dois como se os desafiassem.

Por mais que Rony concordasse com seus irmãos sobre o estado em que sua mãe se encontrava, não havia como não entender o que Hermione defendia.

- E se para vocês querer seus amigos e familiares vivos é loucura – continuou ela como se isso encerrasse a discussão -, então também estou louca!

E realmente encerrou

Rony a olhou, sorrindo, orgulhoso, apaixonado.

Os gêmeos que haviam desistido da discussão foram se retirando da sala, não sem antes notar o olhar de Rony sobre a garota. Assim, diminuindo o passo ao passarem por Rony, disseram de modo que só ele escutasse:

- Boa sorte, irmão!

- Ela é igualzinha a mamãe.

- Só que nem tão gorda...

- E mais inteligente...

- E muito mais mandona...

Então se retiraram, rindo. Aproveitando o momento.

Rony nem se esforçou em negar, já não queria negar. Ele sabia o que sentia pela garota – demorou mas ele admitira -, e quaisquer que fossem suas qualidades e defeitos, ainda assim era Hermione. E ele a amava.

Percebendo que Rony a olhava, retribuiu seu olhar. Os dois se encararam, tímidos, sorrindo.
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3- A Verdade
- Ainda pensando nisso, Ron?

Então ele saiu de seu devaneio. Olhou para a sua esposa, Hermione não mudara muito depois desses cinco anos, parecia aquela mesma menina que estava feliz por se formar, mas que sabia das responsabilidades que estavam por vir. Ela tinha apenas uma aparência mais cansada, coisa que, na guerra, todos apresentavam.

Se achando um dos homens mais sortudos do mundo, sorriu. E ela lhe sorriu de volta, puxando-o para si, abraçando-o e fazendo com que ele recostasse a cabeça em seu peito.

- Sei que já falei muitas e muitas vezes, mas não gosto de te ver assim. Pensando nisso novamente... - ela falava baixinho, como num sussurro, enquanto brincava com os cabelos de fogo dele entre os dedos. - Não peço para você esquecer... Sei que não há como. Só queria que você voltasse a ser o Rony que era, sabe? Ou pelo menos tentasse... Supere isso...

Ela não admitia, mas se sentia muito magoada ao vê-lo assim. Não queria que ele achasse que, como os outros, ela estava pensando em deixá-lo pela sua mudança. Ela não queria isso. Queria exatamente o contrário: queria que ele mesmo se deixasse, abrindo espaço para o Rony que ela conhecia, o Rony por quem se apaixonara.

- Você dificilmente sorri, não faz mais aquelas piadinhas inconvenientes a todo momento, não sai mais... Ron, é a sua vida em jogo. Você não pode desistir dela dessa maneira.

Ele não respondeu. Ouviu tudo que ela tinha a dizer, tudo que sempre dizia quando percebia que seu olhar recaia sobre um ponto fixo e sua mente deixava este plano. Mais uma vez ela estava certa, não havia o que discutir. E então ele a beijou, calma e carinhosamente, pedindo desculpas por pensar naquilo de novo.

- Você sempre faz isso... – ela disse, suspirando, vendo que ele fechara seu olhos e tentaria dormir.

Sim, ele sempre fazia isso. Sabia que ela estava certa, mas não havia como deixar de pensar, começar a viver. E, nem dois minutos depois, lá estava ele pensando de novo.





FLASHBACK





Aquele era mais um fim de tarde, assim como todos os outros. Pelo menos era isso que eles achavam.

CRACK.

Estavam na cozinha, lanchando, quando um Percy afoito, vermelho, óculos tortos e sujo de poeira aparatou. Todos olhavam para ele, esperando uma explicação. Ele tremia, dos pés a cabeça, gaguejava, nervoso.

- Ma... Mãe... Minis-té... tério.

Ela se levantou, depressa. Os garotos até pensaram que tinha aparatado na frente de Percy tanto foi sua rapidez.

- Diga! Fale logo! Por Merlin, Percy, me diga o que houve!

Ela sacudia seu filho pelos ombros, desesperada por informações. Mas isso só piorava a situação. Eles viram que Percy se descontrolava mais ainda vendo a ansiedade de sua mãe e, de repente, começou a chorar.

Ninguém falava nada, o silêncio parecia até mesmo poder ser tocado, tamanha intensidade. Apenas a Sra. Weasley continuava a balbuciar algumas coisas sem nexo algum enquanto continuava a sacudir Percy, cada vez mais lentamente e, como ele, caiu no choro também.

Harry e Hermione se entreolharam, era mais um momento família e eles se sentiam desconfortáveis com isso. Por mais que, desde o primeiro ano, eles tivessem a certeza de que os Weasley também os considerassem da família, sabiam que esse era um momento muito delicado.

Harry indicou a porta e assim, ele e Hermione, se levantaram. Rony, Gina, os gêmeos nem ao menos repararam. Olhavam fixamente para a mãe e o irmão, que agora se abraçavam, chorando.

Ele não precisava dizer, sabiam exatamente o que havia acontecido.

Já estavam a meio caminho da porta quando ouviram a Sra. Weasley:

- Onde é que vocês pensam que vão? Nem pensem que é coisa de família e que por isso devem se retirar – a voz dela falhava -, pois os dois são como filhos para mim e vocês sabem muito bem disso.

Sem escolha, mas ainda assim se sentindo um tantinho incomodados, sentaram-se novamente à mesa.

Fred e Jorge olhavam uma panela velha e a maçaneta da dispensa respectivamente, com os olhos marejados. Gina abaixara a cabeça em seus braços, sobre a mesa. E Rony olhava de um amigo para o outro, como quem queria abraçá-los, sem dizer nada, apenas retirando toda a força que o abraço transmitiria e que, sabiam, ele tanto precisava agora.

Então o fez.

Ele abraçou Hermione, como quem queria se proteger do mundo. E ela, com um sorriso frouxo nos lábios, o acolheu.

Harry olhou para aquela cena e pensou consigo mesmo que talvez, finalmente, seus amigos se entendessem. Vinha querendo que isso acontecesse há um certo tempo mas, com certeza, não queria que fosse assim. Não queria que só algo desse tipo fizesse com que os dois se aproximassem.

Desviando o olhar de seus amigos, este recaiu sobre Gina. A garota ainda estava de cabeça baixa, soluçando. Como no primeiro dia que a beijara, não pensou muito no que estava fazendo e, quando percebeu, já estava ao lado da garota, abraçando-a pelas costas, acariciando seus cabelos.

- Não chora, fica calma, Ginny... - dizia perto de seu ouvido.

A Sra. Weasley, ao ver seus filhos com Harry e Hermione, sorriu. Bem, talvez não pudesse considerar os dois como seus filhos agora...
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4- Penseira
- Bom dia, meu amor.

Como ela gostava de acordá-lo, beijando-o delicadamente. Ele sorria, fraquinho, enquanto ela mexia em seus cabelos, seu nariz e orelhas. Fazendo com que ele se virasse na cama, tentando se desvencilhar das mãos e beijos dela.

- Bom dia para você também, maluca.

Ela sorriu e o abraçou. Ficaram uns instantes encarando o sol pela janela, nascendo preguiçosamente.

Hermione estava satisfeita. Havia dias em que Rony acordava simplesmente insuportável, mas, por sorte, esse não era um desses dias. Talvez não por enquanto...

- Ron... Você sabe que dia é hoje?

- Nosso aniversário de casamento não é. Desde que você me fez engolir as rosas que a Gina me deu para dar a você eu não esqueço. Sei que é dia 23 de janeiro.

- Que bom que você não esquece mais, porque, francamente, “por que dar essas flores a ela, Gina?” foi a gota d’água.

- Era nosso primeiro ano – ele disse rindo -, não estava acostumado aos aniversários de casamento. Tanto que desde então nunca mais te dei rosas. Uma pena... Até que as pétalas são gostosas, mas os espinhos... – ele disse, fazendo uma careta, se lembrando de Hermione fazendo um feitiço para que todas as rosas fossem para cima dele, parecendo estar vivas e querendo sufocá-lo.

- Se você quiser, eu mato a sua saudade.

- Não, obrigado, acho que já fiz a dieta das flores.

Ela riu, batendo de leve no ombro dele.

- Mas, afinal, que dia é hoje? – ele perguntou curioso.

- É o aniversário da sua mãe.

Parecia que ele se encontrava num carrinho de montanha-russa, descontrolado, que dava loopings e guinadas repentinas. Ele empalideceu. Parecia que o bom humor daquela manhã havia, há muito, passado.

- Eu não vou. – respondeu ele, secamente.

- Ah vai! Eu já disse a todos que você ia.

- Isso é problema seu, não meu. Você não pode me obrigar a ir onde eu não quero.

- Ronald Weasley! É a SUA família e o senhor vai!

- Não vou, não. – e, com isso, se virou na cama, se cobrindo.

- Vai e vai! – ela puxava os cobertores dele, em vão. Ele resolvera se enrolar neles e, sendo muito mais forte que ela, não chegava a fazer o menor esforço para impedí-la.

Então ela pareceu desistir. Se levantou e ele pôde ouvir o som do chuveiro sendo ligado. Mais uma vez ela iria sem ele, mais uma vez ele vencia.

- Você realmente não pensou que esse ano seria tão fácil, não? – ela disse, sorrindo para o marido que agora se encontrava flutuando a uns bons 2 metros da cama. – E nem adianta procurar por sua varinha no bolso do pijama – ela disse balançando-a na mão esquerda -, aliás... Pijama?

E, com outro movimento de sua varinha, o pijama dele rapidamente deixou o seu corpo.

- Mione, se você queria me ver de cueca era só pedir, não precisava isso tudo.

- Não, não quero te ver de cueca. – o que parecia ser verdade, ela evitava olhá-lo mas ele nem ao menos percebeu – Quero você com o menor número de peças possível para...

- Para...? – ele ria.

- Isso. – e ela apontou a varinha em direção ao banheiro. Rony, aos trancos e barrancos, finalmente se encontrava debaixo do chuveiro agora.

- Vai ter volta, Granger! – ele dizia embaixo d’água. Pois ela parecia ter enfeitiçado tudo: sabonete, shampoo, etc. Tudo para que ele não resolvesse se trancar no banheiro sem fazer nada.

Ela suspirou na cama, estava cada vez mais difícil lidar com ele.

Já ele nem percebia. Mesmo com o que algumas pessoas falavam. Essas diziam que ele estava estragando um casamento perfeito, que ele estava deixando Hermione muito magoada. Mas ele parecia não pensar em outra coisa. Se ela me ama como sempre disse, vai entender. E ela é, acima de tudo, minha amiga. Repetia sempre que falavam coisas desse tipo para ele, sem dar ouvidos aos outros.

Mas parecia que ele esquecia que, acima de tudo também, ele era o marido e melhor amigo dela. Esquecia também que eles tinham uma vida, dividiam uma vida.

E, pior, esquecia que ele tinha que ser Rony Weasley e parar de pensar sobre coisas que há tanto o atormentavam para, finalmente, seguir sua vida com Mione. A vida que ela ansiava ter com ele.





FLASHBACK





Subitamente tomada de energia, Molly saiu da cozinha sem dirigir uma palavra a ninguém. Isso não foi surpresa para nenhuma das pessoas ali presentes, já que se encontravam perdidos em seus próprios pensamentos e nem ao menos perceberam a sua saída.

Ela voltou alguns minutos depois, carregando uma bacia muito velha e gasta, com um conteúdo nem líquido nem gasoso que conheciam muito bem: ela vinha trazendo uma penseira. Assim como quase tudo naquela casa, a penseira parecia já ter pertencido a algum membro da família. As suas bordas estavam lascadas e havia muitos arranhões.

A Sra. Weasley depositou-a em cima da mesa e então se virou para Percy.

- Já.

Mas os Weasley começaram a protestar. Sabiam que ela queria ver a lembrança de Percy e sabiam que isso a abalaria mais que tudo, mais do que a todos na cozinha.

Até Harry e Hermione entraram na discussão. Não queriam vê-la nem estado pior do qual ela já se encontrava.

Mas ela sequer parecia escutá-los. Olhava para Percy com os olhos apertados, indicando a penseira com a mão. Então ele foi andando, ainda sob protestos, até que...

- CALADOS! TODOS VOCÊS!

Mais uma vez o silêncio se instalara no aposento.

Percy se aproximou e levou a varinha a sua têmpora, afastando a varinha lentamente, puderam ver um fio prateado. Ele olhou para sua mãe e esta acenou para ele, como confirmando que era exatamente aquilo que queria, mesmo que tremesse muito.

Ele depositou a lembrança na penseira e se afastou para que sua mãe se aproximasse. Mas antes que ela pudesse fazer qualquer movimento, Fred e Jorge se levantaram.

- Queremos ver.

- Também temos o direito.

Estava pronta para negar quando Rony, que se encontrava abraçado a Hermione até então, se levantou.

- Eu também quero ver mãe.

Ele não chorava, mas tinha os olhos vermelhos e sua voz estava falhando.

Gina o seguiu, levantando-se. Não disse nada, mas talvez nem conseguisse. Grandes e pesadas lágrimas desciam pelo rosto da garota e caíam, silenciosamente, em sua blusa.

A Sra. Weasley então pareceu relevar o pedido dos filhos, olhou para cada um deles e ainda para Harry e Hermione.

- Também podem vir, se quiserem, é claro. - os dois se levantaram prontamente.

Postaram-se ao redor da mesa e já iam tocar seu conteúdo quando Molly pediu para que esperassem. Ela olhou para Percy. Depois que este fizera o que sua mãe havia pedido, voltara-se a um canto da cozinha, encarando o nada.

- Você não vem? – ela perguntou.

Ele se limitou a balançar a cabeça, negativamente, sem ao menos olhá-la.

- Ok... – continuou – Então vamos. – ela falava calmamente, mas seu tom de voz denunciava todo o nervosismo que sentia naquele momento.

Então finalmente eles tocaram no conteúdo da penseira, se dirigindo à lembrança de Percy.
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5- Lembranças
- Ah, Rony! Que bom te ver! Não é que a Hermione consegue mesmo tudo o que quer? – uma Fleur alegre os recebia n’A Toca. Nem a careta que Rony fez ao ouvir o que sua cunhada dissera pareceu afetá-la. Seu inglês melhorara muito desde então.

Essa era mais uma daquelas festas de família em que ele se sentia extremamente desconfortável.

“Não interessa, Ron. É a sua família.”

Hermione não cansava de lembrar. Sim, era sua família. Eram pessoas que ele conhecia desde sempre talvez. Amigos de infância, que jogavam quadribol escondendo-se dos trouxas, amigos de Hogwarts. Havia ainda seus irmãos – que, por mais que brincassem e ralhassem com ele, sempre seriam seus irmãos –, cunhadas e sobrinhos. A família Weasley sempre seria uma grande família.

- Mas não é que ele finalmente resolveu aparecer? – Fred disse virando-se para ele, sorrindo, com Josh, seu filhinho de apenas sete meses, no colo.

- Se você não parar de virar bruscamente de um lado para o outro e gritar como se a minha presença fosse a coisa mais extraordinária do mundo, merecendo assim uma Ordem de Merlin, Primeira Classe, nunca vai conseguir fazer com que ele durma. – disse se referindo a Josh, cujo os olhinhos se fechavam lentamente, mas rapidamente se abriam de modo assustado cada vez que o pai se empolgava com algo, pulando e gritando.

Fred o olhou, sorrindo. Ele podia estar passando pelo que fosse, as dificuldades que fossem, mas este sempre seria o seu irmão mais novo, sempre seria o sarcástico Ron, mesmo que só por alguns breves momentos.

- Hermione, minha amada cunhada – ele disse, num tom falsamente galanteador, fazendo com que Rony a abraçasse mais forte pela cintura –, alguém aqui está querendo a vaga de pai do ano. Não acha que já está na hora de fazer jus ao sobrenome que carrega?

Ela sorriu, sem graça. Mas Rony, pelo contrário, apenas apoiou seu queixo no ombro de Hermione, suspirando baixo. Mas Fred nem ao menos percebeu. Jorge o chamava do alto da escada, parecia realmente desesperado.

- É, parece que a Anny dá mais trabalho do que o Josh aqui. É melhor o profissional ir ajudá-lo. Cuida aqui do futuro batedor do Chudley Cannons, Roniquito.

Dizendo isso Fred entregou o bebê a Rony. Josh pareceu não se importar, na verdade achou que finalmente conseguiria dormir e sorriu fracamente para o tio.

Fred não sabia, mas Rony, por mais que amasse, cuidasse, olhasse todos os seus sobrinhos, não desejava uma aproximação maior.

Hermione já estava farta de ouvi-lo falar: “Mione, eu não quero me aproximar de algo tão puro e inocente. Essas crianças não conhecem o mundo e eu não quero ser o responsável por passar toda tristeza de uma vida frustrada à elas.

Conversar sobre possíveis filhos então...
Ele a fazia chorar. Dizia que nunca teria um filho com ela, que ele já tinha gente demais com quem se preocupar e que não precisava de mais ninguém, obrigado. Ela nem tocava mais no assunto. Era o tipo de conversa que sempre terminava em briga. Mas algumas vezes, mesmo que ela não tivesse nenhuma intenção, ele chegava a acusar Hermione de tentar enganá-lo. Fosse por um pedido de um passeio terminando num jantar romântico, um beijo mais apaixonado seguido de um “eu te amo, até mesmo de carinhos e carícias no meio da noite. A desculpa era sempre a mesma: “Não quero trazer uma criança para esse mundo injusto.

E como ela sofria com isso.

Seu casamento definitivamente mudara da água para o vinho. Eles não eram mais um casal, não eram mais amantes. Eram amigos. Dividindo o mesmo teto, a mesma cama.

E ela o desejava tanto. Desejava ter o homem com que se casara de volta. Desejava aquela barriga que cresceria mais a cada mês, desejava os enjôos, desejava Rony falando baixinho perto de seu umbigo, desejava vê-lo todo atrapalhado e preocupado quando fosse a hora do bebê nascer, desejava presenciar o momento em que, com lágrimas nos olhos, ele soubesse o sexo da criança, desejava, tarde da noite, ver Rony andando para lá e para cá com seu filho no colo, fazendo com que este dormisse.

Mesmo que seus olhos brilhassem de esperança toda vez que ela o via com alguma criança. Era algo natural, ela via nele um ótimo pai. Mas suas palavras, apelos e desejos tinham um preço. Ele se fechava, se excluía, ignorava a presença dela. Ele podia ter crescido, se tornado um homem, mas continuava teimoso e cabeça dura como sempre fora em tempos de escola.

Então que os filhos e os desejos de tê-los ficassem para depois. Afinal, desejava mais do que tudo salvar seu casamento e, por isso, enquanto ele precisasse, seria apenas o que fora por muito tempo, seria só a amiga que Rony precisava.

Rony, por outro lado, via seu relacionamento de uma perspectiva totalmente diferente. Achava que se casara com a melhor pessoa do mundo: sua amiga, sua confidente, sua companhia de todos os momentos, fossem esses bons ou ruins. Que, como todas as pessoas, tinha seus momentos de “egoísmo”. Ele achava que a vontade dela de ter filhos vinha só pela pressão do nome Weasley, que quando ela parava, chorando quieta, num canto, só estava pensando nela e não ajudava-o a superar o maior dos seus problemas.

Mal sabia que ela chorava por ele.

- Então quer dizer que nem mesmo a aniversariante merece vê-lo?

A Sra. Weasley parecia muito mais velha do que realmente era. Sua aparência mudara muito: ela emagrecera até demais, seus olhos viviam marcados por enormes olheiras, seu tom de voz não era mais o alegre e mandão de sempre.

- Mamãe... – Rony levantou-se e a abraçou. Talvez só ela o entendesse.





FLASHBACK


Imediatamente se viram sendo projetados para frente. E aquela sensação de ser sugado por um redemoinho negro era sentida por cada um deles.

Muitos estavam receosos sobre o que veriam ao aterrissarem no Ministério, qual não foi a surpresa ao encontrarem o local naquela estranha calma, onde cada um queria transmitir paz e segurança ao outro, mas não podiam mentir a si mesmos: era um clima de tensão. Olharam em volta e viram Percy, conversando com alguém numa mesa à esquerda. Era o segurança.

A primeira a reparar que algo estranho estava para acontecer foi Gina. Ela indicou as lareiras da Rede de Flu do Ministério. Acumuladas ali, várias pessoas se perguntavam o que estaria acontecendo, já que essas pegavam o pó, diziam o destino ao que pretendiam chegar, mas continuavam onde estavam.

Os que aparatavam logo se foram, mas muitas pessoas dependiam das lareiras: jovens sem 17 anos, idosos cansados demais para aparatar, crianças acompanhadas pelos pais.

Então eles ficaram olhando a longa fila que se formou para saírem dali pela cabine de telefone na rua trouxa. Era algo demorado. Por cautela os funcionários mandavam pessoas num espaço de tempo que não podia ser chamado de curto. Alegavam que não queriam que os trouxas tivessem consciência daquela cabine, ou de como ela havia se tornado popular de um tempo para cá.

Levaram um susto ao ouvirem um grito que vinha do meio do Átrio. Parecia que estavam fechando o cerco.

O grito viera de um homem, que, ao aparatar – ou tentar -, fora dividido. Uma de suas pernas ficara no lugar enquanto o resto do corpo encontrava-se recostado à parede, olhando para a sua perna.

Umas pessoas correram para ele, perguntando o que acontecera.

- Eu não sei, não... Não sei. Aparatar... Sem perna... Tortinhas de caramelo... Sei?

Alguns dos funcionários ficaram num canto, conversando sobre as saídas do Ministério. Ou até mesmo sobre a sanidade do homem que acabara de tentar aparatar. Alguém mais deveria tentar? Afinal, se acontecera com a Rede de Flu, também poderia ter acontecido algo com o lugar. Não era Hogwarts que era protegida da mesma maneira?

A pergunta era: quem faria isso? Será que acontecia o mesmo em todos os outros andares do Ministério? Por que?

Os Weasley, Harry e Hermione se entreolhavam agora.

De repente a fila que se encontrava cada vez maior para sair do Ministério recuou, rápida demais, derrubando várias pessoas que não esperavam por isso. Gritos histéricos e pessoas chorando. Crianças chamando pelos pais. Homens e mulheres, olhando, pasmos, para o que se encontrava no Ministério.

Começara.

Algumas pessoas nem mesmo sabiam o que eram aquelas coisas, mas não podia ser coisa boa. Seria coincidência elas aparecerem logo depois de todas as saídas serem bloqueadas?

O que veio depois aconteceu muito rápido. Três Chimaeras avançavam contra as pessoas. E, ao terminarem, o que se via ao chão era apenas um corpo sem vida e cheio de sangue. A visão de tudo aquilo se tornou insuportável. A Sra. Weasley já havia começado a chorar, Gina se abraçava a Harry, com seu rosto colado no peito do garoto. Fred e Jorge olhavam tudo, mas apenas porque pareciam incapazes de se mover pelo medo. E Rony e Hermione estavam de mãos dadas, olhando tudo.

O Ministério já se encontrava em caos. Pessoas correndo, tentando se salvar. Ou até mesmo pessoas que pareciam ter desistido da vida, pois se postavam ao lado de parentes (maridos, filhos, etc.) mortos no chão sem ao menos se importar se eles seriam os próximos.

De repente o elevador parou no Átrio. Várias pessoas que saíram dele pareceram aliviadas. Isso antes de olharem ao redor.

O Sr. Weasley estava no meio dessas pessoas. Ele olhava, de um lado para o outro, vendo sangue, ouvindo gritos, sentindo a dor de muitos. Sabia que seu filho estava ali, tinha que encontrá-lo, tinha que... ter certeza.

Ele engoliu em seco e saiu correndo, junto com muitas outras pessoas.

O elevador não parava de descer, trazendo mais e mais gente para o Átrio. Fred disse, voltando para perto de todos depois que se deslocara para o elevador, que todos os andares estavam pegando fogo. E que cada vez que um bruxo tentava apagar as chamas, elas irrompiam com mais e mais força.

E então ele o viu. Abaixado, atrás de uma mesa virada, estava seu filho, chorando. Nem de longe parecia o Percy que se gabava por seu alto escalão no Ministério, que se gabava por dizer que seria o primeiro a enfrentar, qualquer coisa que viesse a acontecer.

O Sr. Weasley não pode segurar uma pontada de desgosto que surgia em seu peito. E logo pensou em Rony que, ao lado de Harry, já enfrentara muitas coisas também.

Rony olhava seu pai. Estava com lágrimas nos olhos agora. Ele não sabia, mas seu pai estava orgulhoso dele.

- Não podemos aparatar aqui. Um homem tentou e foi dividido. – Percy dizia rapidamente para o pai. Parecia muito apavorado.

- Então está como nos outros andares...

Os que visitavam a lembrança de Percy se assustaram com mais uma onda de gritos. Bem perto de onde se encontravam Percy e Arthur.

Eles recuaram, assustados. Mesmo que não soubessem o que eram aquelas coisas, estavam ali pelo mesmo motivo das Chimaeras.

Sem aviso algum ele seguiu em frente, na direção de Percy e do Sr. Weasley. Enterrou seu chifre na mesa em que os dois e mais algumas pessoas se protegiam e saiu. Os dois não entenderam porque o animal se retirara. De repente a mesa explodiu, lançando-os longe.

Separados pela força da explosão tentavam desesperadamente se encontrarem. Não era uma tarefa fácil. Outras pessoas estavam como eles, muitas outras.

A situação ficou ainda pior. O que descobriram que eram Erumpents – depois que Hermione dissera suas características e modo de agir – estavam perfurando pessoas também. Fazendo com que elas também explodissem e ferissem aos que se encontravam próximos da vítima.

O Sr. Weasley estava ferido na cabeça. Fora lançado mais uma vez para longe depois que um Erumpent atacou uma velhinha bem na sua frente. Meio tonto ergueu a cabeça e conseguiu ver percy, que corria ao seu encontro, abaixado.

- Pai! Pai, você está bem? – ele perguntava. Parecia completamente fora de si. Numa imagem deplorável. Chorando, os óculos tortos, roupa suja.

- Estou... Nós... Nós temos que sair daqui.

- Como? Não há como sair!

- A cabine. Temos que conseguir entrar na cabine. – disse o Sr. Weasley, fraco. Que se apoiava em Percy para andar agora.

Hermione deu um muxoxo alto e apontou para uns bruxos que se escondiam entre a fonte. Eles estavam com as varinhas empunhadas e soltavam os mais variados feitiços.

- Isso só vai piorar a situação... – ela disse. E os outros a olharam como quem se pergunta se haveria como aquela situação piorar.

Mas os olhares realmente deixaram suas faces. Era verdade.

Os feitiços lançados nas Chimaeras pareciam não produzir efeito e ricocheteavam no couro dos Erumpents, acertando pessoas e fazendo com que elas tombassem, tornando-as vítimas dos animais.

O pânico se instalara. Tudo parecia estar revirado, tudo estava manchado de sangue.

Tomando mais cuidado que nunca os dois iam, lentamente em direção à cabine. Não era bem sorte não haver fila. Muitas pessoas estavam se escondendo, preocupadas com suas vidas e a dos outros. E o Sr. Weasley via em seu próprio filho a falta de racionalidade. O medo fazia que as pessoas não pensassem muito bem.

Os Weasley, Harry e Hermione agora caminhavam atrás deles. Levavam sustos continuadamente quando pessoas os atravessavam, devido às explosões, quando os animais corriam rapidamente em sua direção, etc.

Eles chegaram à cabine. Tentaram a todo custo entrar, mas só havia lugar para mais um. Resolvendo não insistir mais e deixar que os outros fossem logo, o Sr. Weasley empurrou Percy para dentro e fechou a cabine.

A voz da mulher da cabine desejou a eles que voltassem sempre, o que fez umas pessoas sorrirem sarcasticamente. Enquanto um homem discava os números para a cabine começar a se movimentar o Sr. Weasley dizia:

- Diga a Molly que quero um jantar bem gostoso para hoje, acho que merecemos depois disso. Diga a Gina que eu me orgulho dela, que ela sempre foi minha princesa – nesse momento a Sra. Weasley e Gina se abraçavam, chorando –, diga para Gui honrar o nome da família Weasley e me dar vários netos...

- Não vou d-dizer nad-a pai... Diga você-ê! – Percy soluçava ao ver o pai do outro lado da cabine, com lágrimas nos olhos, como se ele estivesse se despedindo.

- Escute! Eu sei que vou sair daqui, mas... Caso algo venha a acontecer, quero que diga isso a eles. Me escute Percy! – ele disse aumentando o tom quando Percy abrira a boca para retrucar. – À Carlinhos que não deixe sua mãe desgostosa por aparecer cada vez com uma namorada nova, aos meus gêmeos – Fred e Jorge sorriram, fraquinho. – que eu os amo, que se pudesse riria com eles de cada piada, mas vocês sabem como é a mãe de vocês... – ele sorria agora, parecendo lembrar das coisas. – E ao meu menino caçula, peça para ele arrumar o tabuleiro de xadrez, é hoje que eu o derroto e diga que... - o que fez com que Rony abaixasse a cabeça, tentando conter as lágrimas.

Mas nem ao menos terminou de falar.

Ele não vira, mas Percy viu pelas costas do pai um Erumpent correndo, em sua direção, com o chifre preparado para golpear o Sr. Weasley.

Percy, tomado por uma coragem sem tamanho, abriu novamente a cabine sob os protestos das pessoas lá dentro. Apontou a varinha para o animal e...

- Petrificus Totalus!

O Sr. Weasley tinha razão. As pessoas realmente não pensam quando são tomadas pelo medo.

O que aconteceu a seguir foi muito rápido. Arthur, que levara um susto com o filho saindo repentinamente da cabine, pulou para o lado. Saindo assim do campo de visão do Erumpent, porém o feitiço de Percy batera em seu couro e acertou em cheio seu pai, fazendo-o cair, duro no chão. Logo o Erumpent cravou-lhe o chifre, levantando-o e se foi.

As pessoas de dentro da cabine rapidamente puxaram Percy para dentro, que se encontrava sem reação. Fora culpa sua...

Lentamente a cabine foi subindo e a última coisa que vira fora seu pai explodindo, dentro do Ministério.

Chegaram à rua trouxa e algumas pessoas disseram para ele aparatar logo, havia acabado. Diziam que era melhor que ele fosse para casa logo.

Achando melhor voltarem para A Toca devido ao estado da Sra. Weasley, saíram da lembrança de Percy.

O garoto continuava parado, onde estivera, chorando.

E Rony foi o primeiro a se postar em sua frente.
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loving your fanfic! :) :palmas
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6- Xeque
- Eu estava com saudades da senhora. – ele disse ainda abraçado a ela, segurando Josh que dormia tranquilamente apoiado em seu braço esquerdo.

- Será que estava mesmo? – ela disse olhando para ele, saindo do abraço. – Já fiz vários almoços em família e você nunca aparecia. Em cada um Hermione vinha com uma desculpa diferente. Sabe meu filho – ela agora sorria, era um sorriso triste. -, eu tinha mais motivos para ficar sem uma vida do que você. Mas vi que tenho filhos maravilhosos – com isso ela acariciou a bochecha de Rony, que a olhava calado. -, netos espertos e inteligentes, muitos deles ruivinhos. – e olhou para Josh sorrindo.

- Mãe...

- Ouça, Rony. Será que você não percebe que você tem muito mais para viver do que eu? Será que você não percebe que toda a sua família te ama? Será que você não percebe que se casou com uma pessoa maravilhosa? – Hermione a baixou a cabeça, triste. – Será que você não percebe que também deve ter a sua família?

Pronto. Pensava Rony. Filhos novamente...

Rapidamente ele entregou o sobrinho a sua mãe, virando-se para Hermione.

- Até para a minha mãe você anda chorando?

- O quê? Rony, não... – ela dizia sem acreditar. Como alguém podia ser tão frio?

- Eu não acredito! Você devia parar de pensar só em você, Hermione! Dá para você ter um pouco de sensibilidade e me entender?? – ele praticamente gritava.

A Sra. Weasley olhava tudo com um olhar repreensivo.

- Hermione, minha querida, não sei como você agüenta o meu filho. Eu sou mãe, mas você não é obrigada a nada.

Rony olhou para sua mãe, boquiaberto. Era um complô? Será que ficariam falando a festa toda que eles deveriam ter filhos? E ainda falando para Hermione, sua mulher, que era não era obrigada a viver com aquilo?? Ela era sua esposa! Era a vida que escolhera!

- Não se preocupe, Sra. Weasley. Ele só está chateado...

- Você não deveria ser tão doce assim com ele – ela continuou arrancando um “Mãe!” de Rony. -, se você não tomar uma atitude ele vai continuar a te desrespeitar.

- Eu não a desrespeito! Ela sabe que eu a amo!

- Só amor não basta, meu filho. Só amor não basta... – e ela se retirou, levando Josh que acordara por causa do tio.

De repente a sala parecia infinitamente grande. Mesmo com Hermione ao seu lado no sofá, ele sentia que nunca mais a encontraria, estavam perdidos um do outro. Mas, pensava ele, talvez ela nem quisesse encontrá-lo.

Não que estivesse errado, ele não estava errado. Mas e se sua mãe tivesse um pouco de razão? “Só amor não basta.” Ele olhou para ela, pelo canto dos olhos. Ela, de cabeça baixa, tentava esconder as lágrimas que insistiam em cair. Será que o amor que ele sentia por ela não bastava mesmo? Mesmo sendo a coisa mais forte que ele sentira em toda sua vida? Mesmo sendo um amor que crescera com ele?

Olhou para frente novamente, pensando no que falar quando a encontrasse. Não queria pedir desculpas, na verdade não devia. Talvez ele tivesse mesmo sido um pouco grosso, mas ela estava sendo egoísta, infantil, mimada. Não, realmente não pediria desculpas. Assim como tinha certeza de que ela não pediria, não depois das coisas que sua mãe dissera a ela.

E então sentiu os braços dela em volta de seu pescoço e ouviu sua voz perto do seu ouvido. Aquela voz. Meiga, calma, decidida.

- Eu também te amo, Ron.

Ele sorriu, acariciando o rosto dela. Ela o amava, como ele a amava. E ele sabia, não importava o que acontecesse, eles sempre se amariam. Não precisavam de mais nada. Não precisavam de pedidos de desculpa. Sua mãe estava enganada: só amor bastava sim.

Já Hermione não tirava uma coisa de sua cabeça: só amor não bastava mesmo. E ela realmente não era obrigada a agüentar.





FLASHBACK



Rony, com os olhos vermelhos encarava o irmão tão colado ao seu rosto que um sentia a respiração do outro. Enquanto um continuava a tremer de medo o outro tremia de raiva, de fúria.

- Foi você! Você o matou! – Rony gritava, exaltado. Gina e a Sra. Weasley se abraçavam, chorando. Fred e Jorge olhavam para Rony. – Será que você não pensou? Você... Você o matou!

- Rony, você não entende...

- Eu não entendo? É você quem não entende! Você nunca entendeu o significado da palavra “família”, da palavra “união”, não é mesmo?? O que sempre importou foi a sua carreira! A sua vida! Você! Virou as costas para o papai e mamãe, virou as costas para seus irmãos. Por causa do trabalho! Do maldito trabalho! – ele gritava, inquieto, andando de um lado para o outro da cozinha. – Você não viu como eles sofreram por sua causa! Sua ingratidão! E agora... isso. E você nem ao menos sente!

- É CLARO QUE EU SINTO!

- POIS NÃO É ISSO QUE PARECE, WEATHERBY!

- NÃO PRECISO TE DAR SATISFAÇÕES! E NÃO ME CHAME DE WEATHERBY!

- NÃO PRECISA ME DAR SATISFAÇÕES?! VOCÊ MATA O PAPAI E NÃO PRECISA DAR SATISFAÇÕES?!?!

- EU NÃO O MATEI!!! NÃO MATEI!!!

- NÓS VIMOS!!

- Mas... Eu não queria...

Então desmontou. Caíra no chão, chorando. E se virou para Rony, encarando-o.

- Você sabe como é ele se despedir na sua frente e nem ao menos mencionar seu nome? Você sabe como é ver uma criatura...

- Era um Erumpe... – começou Hermione, mas Fred e Jorge logo olharam para ela, repreendendo-a.

- ...correndo em direção do seu pai? Sabe o que é desespero? Sabe o que é ter que fechar os olhos para não ver sangue? Se concentrar em qualquer outra coisa para não ouvir gritos de pânico? Sabe o que é ver mais de 200 pessoas morrendo na sua frente? Sabe o que é dar tudo para ter sido você ao invés do papai? Sabe o que é dar a vida por não fazê-lo me colocar na cabina naquela hora? Sabe o que é seu pai cair, na sua frente, e você não poder fazer nada? Sabe o que é nem ter tempo de dizer “tchau”?

Todos estavam quietos, olhando para ele. A Sra. Weasley foi a única que correra para abraçar o filho, chorando. Rony não olhou para ninguém e saiu, pisando forte. Parando na porta ele se virou para Percy e disse:

- Então depois de tudo que você fez contra ele, depois de tudo que ele fez por você, era só “tchau” que você queria dizer?

Ele abriu a boca para responder, mas não teve tempo. Rony já havia subido as escadas e batido forte a porta de seu quarto.

Todos na cozinha ficaram se olhando. Gina chorava abraçada a Harry enquanto este tentava conter as lágrimas. Fred e Jorge deviam ter realmente achado a panela velha e a maçaneta da dispensa muito interessantes, olhavam fixamente. A Sra. Weasley ainda estava com Percy, também no chão, chorando abraçada a ele.

Olhando de um para o outro, Hermione se viu sozinha ali. Na verdade se viu com sua tristeza. Pensou em Rony e em como ele devia estar triste. Pensou nas coisas que ele falara, no modo que agira, em como seus punhos estavam cerrados, em como seu maxilar endurecera, em como seu cabelo balançava enquanto ele andava, nervoso. E pensou também em como estava pensando demais e que era melhor ajudar o seu amigo que estava no quarto, sozinho, assim como ela, apenas com sua tristeza.

Saiu da cozinha a passos lentos, temendo ser reparada, o que não aconteceu. Cada um estava ocupado demais sofrendo. Ela também estava, mas não sabia o porquê, não queria deixar que Rony sofresse. Queria estar com ele, assim como Harry e Gina, Fred e Jorge e Molly e Percy. Bem, um pouco diferente disso, ela admitia, mas ainda assim com ele. Era como se ela quisesse a tristeza dele também, para agüentá-la sozinha só para não vê-lo triste. Mais uma vez se viu pensando demais e se concentrou apenas em subir as escadas, indo na direção do quarto dele.

- Ron...? – ela perguntou cautelosamente de frente para a porta que se encontrava entreaberta. – Ron? Você está aí?

Como não houve resposta alguma ela empurrou a porta, que bateu na maçaneta fazendo um barulho matálico.

- Acho que bati a porta com muita força, não? – Rony se encontrava sentado na cama. Ela sorriu.

- Só um pouquinho de nada, eu diria. – ele a olhou e também sorriu.

- Pode sentar aqui na cama, não precisa ficar aí em pé.

E então ela viu uma coisa que fez seus olhos encherem d’água. Na frente de Rony encontrava-se um tabuleiro de xadrez, arrumado. Um peão branco estava duas casas a frente das outras peças.

- Ron, por que o tabuleiro? – mas não sabia o motivo de ter perguntado isso a ele, ela já sabia a resposta.

- Ele me pediu. – disse com simplicidade. – E sabe... Você nunca me chamou de “Ron”.

- Desculpe... – disse sorrindo, sem jeito.

- Não precisa se desculpar, eu gosto.

E se encararam sorrindo.

- Ele nunca chegou a te ganhar? – ela perguntou tentando iniciar uma conversa, mas logo se arrependendo ao ver a expressão no rosto dele. Ia, novamente pedir desculpas quando ele sorriu.

- Não. Só o meu bisavô ganhava de mim. Depois de um tempo ficou sem graça, sabe? – e ele sorriu novamente. – Ninguém jogava comigo, não queriam perder. O papai era... – e ele percebeu que nunca fora tão difícil empregar um verbo no passado. – era o único que jogava comigo. Ele chegava do trabalho tarde, mas sempre antes de jantar jogava comigo. Sentia muita falta disso em Hogwarts...

- Eu imagino.

- Você e o Harry sempre foram piores que o Carlinhos. E olha que ele me perguntava tudo no xadrez! Não sabia nem os movimentos... – ele disse sorrindo, olhando para Hermione que parecia chateada.

- Não sou tão ruim assim! – disse ela num tom falsamente sentido.

- Claro que não, é só pior que isso.

- Ronald! – mas ela já sorria. Sorria porque ele sorria.

- Sabe, você podia tentar mais uma vez...

- Não quero perder para você... – disse manhosa.

- Ah, Mione. Uma vez a mais... Que diferença faz?

- Ah, ok! Ok! – disse rindo e se sentou de frente para o tabuleiro na cama dele.

O jogo foi silencioso. Enquanto Hermione demorava cinco minutos no mínimo para fazer qualquer jogada, Rony fazia imediatamente depois dela, sorrindo.

- Olha, Ron! Você não tem para onde fugir! Seu cavalo já era! – disse ela feliz. Seria a primeira peça dele que ela faria sair do tabuleiro.

Ele a olhou, divertido. Ela sorria e ele sorriu também. Com um movimento rápido ela tirou o cavalo de Rony do jogo.

- Xeque! A primeira de muitas, me aguarde! – disse sorrindo e piscando para ele.

- Só de for a primeira e última desta partida, não?

- Como assim? – ela olhava para o tabuleiro sem entender.

- Mione, você tinha a chance de ganhar sabia. Confesso até que estava meio receoso sobre o movimento que você faria, mas, felizmente – e ele viu sua rainha andando lentamente até o rei dela –, você não percebeu – e a rainha quebrara o rei de Hermione – as sutilezas do xadrez. – acabara, ela havia perdido mais uma vez. – Xeque-mate!

Ele sorria, satisfeito.

- Ah, pelo menos uma peça sua eu tirei! – disse sorrindo.

- Sim, eu assumo. Até diria que você tinha que ganhar por isso, é um grande feito!

- Sem graça... Aposto que o Harry nunca tirou uma peça sua!

- Mione, não se sinta horrível, mas tem jogos em que ele tira mais peças minhas do que eu tiro as deles. E bem... – disse ele olhando para o lado direito do tabuleiro onde se encontravam várias pecinhas pretas quebradas – não foi bem isso que aconteceu, não é mesmo?

Ela ria. Assumia, era péssima no xadrez.

- Rony, eu sou otimista! Tirar uma peça sua é um bom avanço para quem não tirava nenhuma!

- Nisso eu vou ter que concordar com você. Mas Mione, você sempre faz jogadas esperadas... Por isso eu ria a cada jogada sua. Praticamente já sabia quais seriam seus próximos movimentos...

Ela o olhava, sorrindo. Um sorriso meio bobo no rosto.

Era incrível. Ele começava a falar e ela se perdia. Começava a prestar atenção nos lábios, nos olhos, no cabelo caindo no rosto, no queixo dele. Ria de seus pensamentos e agradecia por ele não ser nenhum professor, seria a única matéria, ela tinha certeza, que não prestaria a mínima atenção. Afinal havia algo melhor em sala...

- Mione... ? Mione? Você pode me responder?

- Ahm? O quê?

- Por que você não andou com a rainha ao invés do bispo? Tirava o meu cavalo do jogo e me impossibilitava de chegar ao seu rei. Mas isso deixava livre o seu...

De novo. Ela já aceitara esse fato. Não conseguia prestar atenção.

- Hein?

- O que, Rony?

- Responde.

- Responder o que?

- Mione – ele disse rindo –, onde você estava com a cabeça? O movimento... Por que não mandou a rainha ao invés do bispo?

- Promete que não vai rir de mim? – ela perguntou abaixando a cabeça vermelha.

- Vou tentar, mas pelo jeito que você está não sei se vou conseguir. – disse ele já sorrindo.

- Eu não lembrava o movimento que a rainha fazia...

- HAHAHAHAHAAHAHAHA!

- Ron! Você disse que ia tentar! – disse ela sorrindo, contrafeita.

- Desculpe... hahaha Desc-culpe... hahahahhaha – parou para respirar um pouco, vermelho de rir - Mione... Você é o máximo!

Ela abaixou a cabeça, sorrindo sem graça. E um sentimento horrível tomou conta dela. Ela estava se sentindo feliz, feliz por vê-lo sorrir, feliz pelo o que tinha escutado, feliz com ele. Estava feliz num dia tão triste. Mas não queria fazer com que ele lembrasse, ele estava tão sorridente.

- Foi o que eu te falei Mione, você não pode deixar o adversário perceber a sua jogada.

- Ok... Mas e se ele perceber e não agir? Se você souber que ele sabe exatamente quais serão seus movimentos e não fizer nada? – não sabia de onde tinha tirado coragem para perguntar, mas se sentia satisfeita agora. E ainda tinha o fator “se”. SE ele entendesse o que ela queria dizer, SE ele entrasse no jogo também e SE ela estava realmente certa.

- O que você quer dizer com isso? – ele perguntou sério.

- Ah, você sabe. Você acha que eu deveria entrar no jogo dele e também fingir que eu não percebi nada? Acha que eu deveria atacar mesmo assim? Ou reformular todo o jogo, esquecendo o que eu ia fazer e partindo para outra tática?

- Nunca parta para outra tática, nunca.

- Por quê? – ela perguntou escondendo um sorriso.

- Ah Mione, a sua tática é a sua tática, não? É o seu toque no jogo, significa você. Não, nunca abandone sua tática. – ele disse olhando para o tabuleiro.

- Entendi. Mas e quanto aos movimentos? Eu finjo que eu não sei que ele sabe e espero ele abrir o jogo para uma visão maior ou não espero ele demonstrar que sabe?

Ele a encarou, sério.

- Depende de quem for o jogador.

- Você é o jogador.

Ele sorriu, vermelho. Ela também sorriu ao ver a ponta das orelhas dele vermelhas. Ele estava de cabeça baixa, recolhendo duas peças do jogo. Uma rainha preta e um rei branco. Colocou os dois sozinhos no tabuleiro e pediu para que a rainha destruísse o rei.

Hermione o olhou, sem entender. Ele a encarou sorrindo.

- Esse jogo você já ganhou há muito tempo.

Foi a vez dela de sorrir e corar. Ele se aproximou, sorrindo fraquinho, também vermelho. Talvez ela até percebesse que ele tremia se ela também não o fizesse. Ela sentiu o toque frio da mão dele em seu rosto contrastando com a respiração quente. Seus lábios se tocaram, suavemente. De olhos fechados sorriram, um dos sorrisos mais sinceros que já haviam dado. E novamente sentiram seus lábios juntos.

- Xeque-mate. – ela disse sorrindo quando se separaram. Ele, vermelho, sorriu e a beijou de novo.
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7- Delícia?
A festa arrastara-se por toda a tarde e todos agora estavam se preparando para o jantar. Gargalhadas, crianças chorando, correria pela cozinha. A casa dos Weasley sempre seria a mesma: cheia e agitada.

Mas longe de tudo isso se encontrava Rony, sentado numa poltrona da sala, olhando atentamente para sua irmã e sua esposa conversando num canto mais afastado. Ele não sabia por que, mas aquele sorriso bobo de Hermione enquanto sentia o bebê de Gina chutar dentro da barriga o irritava.

Era sempre a mesma coisa: bebês. Será q ela não podia ser um pouquinho menos egoísta e pensar nele? Será que ela sempre seria a garotinha mimada e acostumada a ter tudo que queria?

Ele riu. Ela estava muito enganada se pensasse assim. Ela já tinha o máximo que ele podia dar. O amor dele. E nada mais.

Eles já tinham tudo. Eram felizes, amigos desde sempre, companheiros. Pensando bem, nem tudo... De uns tempos para cá ele realmente percebeu que não eram mais um casal. Não saíam para namorar, não se beijavam e muito menos faziam “outras coisas”. Lembrava-se da última vez que ela havia tentado algo, então ele a acusou de tentar enganá-lo para terem um filho. Não que ele achasse que ela era capaz de fazer algo desse tipo, mas ela estava estranha. Dizia sempre que o amava, que não ia deixá-lo que estaria com ele sempre. Isso o deixou preocupado. Ele já sabia de tudo isso, não havia motivo para ela ficar repetindo. A não ser que... Ela quisesse um filho e estivesse fazendo quase que “suaves” chantagens emocionais.

E ele logo cortou. Não queria filhos. Era tão difícil entender?

Mas se arrependera. Não pela decisão dos filhos, mas de afastar a sua mulher. A amiga continuava lá, como ela sempre dissera, mas a sua mulher... Aquela que ele desejava mais que tudo, aquela que ele se orgulhava de acompanhar a qualquer lugar. A sua esposa: linda, competente, cobiçada.

A mulher que ele sabia, muitos desejavam. Mas só ele tinha. Tinha... Mais uma vez o uso do passado o incomodava.

Ele se ajeitou na cadeira, abrindo um botão da camisa que usava, deixando seu peito aparecer. Estava incomodado, sufocado.

Então se lembrou de uma das últimas coisas que Harry dissera a ele. “Cuidado com a Mione.” Ele rira na hora, mesmo que nervoso. E disse ao amigo que ele não precisava se preocupar, ela não oferecia risco nenhum. Mas agora estava começando a entender: quem oferecia o perigo era ele e não ela. Era ele mesmo quem magoava Hermione, era ele quem a feria cada vez mais.

Ou não. Se ela vivia com ele, dormia com ele, acordava com ele, ela não estava magoada. Se ela dizia que queria o bem dele, que o amava, que o ajudaria em tudo, ela não estava chateada.

E então relaxou na poltrona. Ela o amava e ele não precisava de mais nada.

Olhou novamente para as duas que ainda conversavam. Hermione com a mão sobre a barriga de Gina, que sorria, feliz.

Sorriu também. Sorriu pelo futuro sobrinho, pelo orgulho da irmã e sorriu também pensando no orgulho que Harry estaria sentindo agora.

Logo o imaginou abraçando sua irmã por trás, com a cabeça recostada no ombro dela, com as mãos sobre a barriga de sete meses agora. Desde que soubera da gravidez de Gina, Harry não tirava mais as mãos de sua barriga. Ele sempre dizia que era um egoísmo o bebê ficar apenas dentro das mulheres e que por isso ele tinha que tocar o máximo possível no bebê, para ele se acostumar com o pai também.

E agora Gina devia sentir falta disso.

Remexeu-se na poltrona novamente, incomodado. E Hermione o olhou.

Se encararam demoradamente e ela voltou a olhar Gina. Mas estavam bem, ele sabia que estavam bem.

Olhou para Gina sorrindo, satisfeito com o seu casamento perfeito. E a irmã o olhou estranhamente. Ele sentiu vergonha e pena no olhar dela, mas antes de poder pensar sobre isso ela já olhava para Hermione de novo e falava algo.

Levantou. Definitivamente era a poltrona que era pequena.

Foi direto para a cozinha. E então viu sua mãe rodeada de pequenos Weasley. Filhos de Fleur e Gui, de Carlinhos e a mulher dragão – como Fred e Jorge falavam, pedindo delícias gasosas. E num canto, com cara de choro, estava Josh, sentado. Como quem não consegue participar da brincadeira.

Rony sorriu. Foi até Josh e o pegou no colo. Josh sorriu e bateu no nariz do tio. Molly olhou para o filho e sorriu.

- Rony, tome duas. Uma para o Josh e outra para o seu.

Rony ficou parado, sem ação, segurando as duas delícias gasosas na mão olhando para sua mãe. Josh esticava a mãozinha para os doces em vão, o tio não parecia estar neste mundo. E ficou batendo no nariz do tio para fazê-lo voltar ao mundo real. Depois de um tempo Rony sorriu, vermelho. Olhou para Josh e ainda sorrindo lhe entregou o doce. Entregou-o ao pai e foi procurar Hermione.

Ele queria. Queria. Era o filho deles. Claro que ele queria um filho. O seu filho, o de Hermione.

Voltou para sala a passos rápidos, o doce ainda nas mãos. E viu Gina sozinha, sentada na poltrona que ele ocupara grande parte da tarde. A poltrona também parecia pequena para ela, mas era pequena literalmente. A barriga, enorme, não deixava que ela se acomodasse, sempre procurava uma posição melhor a cada cinco segundos.

- Gina, cadê a Mione?

Então ela o encarou. E ele pode pensar, sentir. Na verdade podia sentar e estudar este olhar de tão demorado. O mesmo olhar de pena e vergonha de antes.

Mas ele não desviou o olhar. Não havia nada errado e, para ser sincero, sua irmã sempre considerava tudo que Rony fazia errado, talvez a sua existência para ela também fosse errada. Mas não se arriscou a perguntar. Ainda queria ter um filho.

- Gina, cadê a Mione? – repetiu calmamente. – Vocês estavam conversando há poucou.

- Eu sei, mas ela foi embora. – disse a garota com mais calma ainda, novamente se ajeitando na poltrona.

- Como assim foi embora? Ela nem ao menos jantou!

- Rony, você devia abrir mais seus olhos sabe. Você acha que ela deixou apenas o jantar para trás? Você estava fazendo a vida dela ficar para trás!

Ele a encarou, com raiva. Não era verdade! Eles se amavam! Ela não faria isso com ele. Não agora que ele estava pronto para esquecer tudo de ruim, agora que ele pediria desculpas para sua mulher, para sua amiga, agora que ele queria um filho...

Só amor não basta.”

Então ele jogou o doce longe, enfurecido. E aparatou.
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8- Realidade x Sonho
O cheiro da sua casa o tomava por inteiro. O cheiro doce da sua casa. O cheiro de Hermione.

Tudo se encontrava no seu lugar, a sala parecia estranhamente desabitada há anos e o silêncio tomava conta de cada canto. E aquilo o deixava mais irritado.

Não ter alguém com quem gritar, alguém com quem pudesse explodir, extravasar sua raiva quanto ao egoísmo cego de Hermione. Hermione... Lá estava ela, parada.

Os dois se encararam, no meio da sala, estáticos.

- Você realmente não acredita no que a Gina acabou de me dizer, acredita? – ele perguntou, já não querendo ouvir a resposta. Desejando mais que tudo que ela dissesse que o amava, que ia ficar tudo bem, que a Gina era louca, que...

- Acreditar? Não...

- Que bom, Mione. Porq...

- Sabe Ron... Quando as pessoas dizem que acreditam em certas coisas, essas coisas podem ser irreais. Então eu não acredito no que a Gina disse, eu sinto o que ela disse. Eu sinto o que eu disse a ela que sentia. – seu tom de voz era frio, firme.

- Hermione... Mione... Me escuta... – Rony ria, como se estivesse presenciando a cena mais ridícula do mundo, como se estivesse a frente da criança mais mimada do mundo. – Mione, sua vida não está ficando para trás... Eu te amo, você me ama e a gente segue em frente, não?

- Só amor não basta, Ron... – ela disse abaixando a cabeça.

Rony gritou, com raiva e deu um soco na parede. Hermione pulou para trás, assustada com a reação do marido.

- Desde quando você deixa os outros se meterem no nosso casamento hein??? Desde quando você deixa minha mãe dizer o que quiser sobre nós??? – ele ia dizendo com raiva, se aproximando dela.

- Desde que ela é sua mãe! Se você não a respeita, eu a respeito! E muito!

- Respeito? Hermione, você nunca foi tão infantil... Isso é burrice! Você está carente, não sei por qual motivo e passa a acreditar em qualquer meia frase sentimental que digam! “Só amor não basta”... Essa é boa... Desde quando só amor não basta? Só se for desde agora, não é mesmo Granger? Pois você sempre disse que nos amávamos e sempre superaríamos todos os obstáculos da vida! – e ele gritou - Então deixa de ser burra e enxerga que você é o obstáculo dessa vez!!

- O que? Você não sabe o motivo por eu me sentir tão carente?? – ela o fuzilava com os olhos, que mesmo contra sua vontade, se enchiam d’água rapidamente. – Talvez seja porque eu não tenha mais uma marido!

- Eu sempre estive do seu lado, Mione! Não ouse falar que eu estive ausente, você sabe que não é verdade. Isso... Isso está ridículo. Você não enxerga?

- Ron!! Por Merlin! Você parou de enxergar! Parou de enxergar há anos! É você quem não percebe o que realmente está acontecendo!

- Hermione... Olha pra mim. – ele chegou perto dela, segurou seu rosto entre suas mãos grandes, trêmulas. – É claro que eu percebo o que está acontecendo. Você deve estar passando por uma daquelas fases que toda mulher que ainda não é mãe passa e...

- Não é nada disso! – ela disse sentida. – Não tem nada a ver com maternidade! Tem a ver comigo, com você, com nosso casamento, Ron! Esse desastre de casamento!

Ela a abraçou, com lágrimas nos olhos também. E disse ao seu ouvido:

- Mione, não fale assim... Você sempre foi meu porto seguro, meu santuário. Não perca as esperanças. Nós nos amamos e vamos superar isso. Você sempre acreditou na gente, não é mesmo? Vamos acabar com essa história de uma vez e viveremos felizes, não vamos?

Silêncio.

Silêncio que incomodava Rony. Ele buscava Hermione de novo, dentro dos seus olhos, mas ela parecia estar ausente. Olhava para o pequeno sofá no canto da sala escura que eles costumavam dividir em dias frios. Sorriu.

Mas aquilo não podia continuar.

- Nunca disse que superaríamos tudo como marido e mulher.

O silêncio que irritava, agora estava sufocando Ron. Ele sentiu um nó na garganta, sua barriga deu três loopings, seus olhos focaram os de Hermione. Medo.

- Você não faria isso... – disse ele, estranhamente calmo. Se afastando dela.

- Você não tem idéia do que eu sou capaz de fazer.

- Hermione, você está me ameaçando? – ele riu. Aquilo estava passando dos limites. As mulheres eram realmente, completamente, malucas.

- Não mais do que você ameaçou a minha vida.

- PÁRA COM ISSO! EU NÃO ESTRAGUEI A SUA VIDA! EU NÃO SOU CULPADO POR VOCÊ SER TÃO INFANTIL, MIMADA, IGNORANTE! NÃO É MINHA CULPA SE VOCÊ NÃO ENXERGA QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO NOSSO CASAMENTO ACABAR COM ESSAS CENINHAS DE CARÊNCIA, ATAQUES DE EGOÍSMO! VOCÊ NÃO É A MULHER QUE EU CONHEÇO! A MULHER QUE EU AMO! VOCÊ NÃO É A MINHA HERMIONE GRANGER!!!

Hermione estava com lágrimas nos olhos. Sim, ela sempre soube que Rony era insensível. Ela não acreditava no que acabara de vivenciar, não acreditava que era ele mesmo dizendo essas coisas, não acreditava que seu melhor amigo, seu companheiro desde sempre estava acusando-a de estragar o casamento que ela tanto se esforçara para manter.

Com os gritos de Rony ela foi recuando, em direção à parede. Enquanto ele ia gritando, ela ia escorregando pela parede, chorando.

Extremamente infeliz.

O amigo que ela ainda queria preservar acabara de sair da sua vida, para nunca mais voltar.

Não satisfeito em ver Hermione naquele estado, Rony chegou bem perto dela, se abaixou e sussurrou em seu ouvido:

- E, que eu saiba, você aceitou se casar comigo. “Até que a morte nos separe.” Você não vai deixar de ser minha mulher, não vai sair dessa casa, mesmo que eu não te conheça mais, mesmo que a minha Hermione Granger tenha realmente morrido.

Ele se afastou dela, entrando no quarto e batendo a porta com uma força descomunal. E Hermione continuou onde estava, sentada no chão, imprensada contra a parede, chorando, magoada.

Levantando os olhos ela viu o que era a realidade de um sonho.
A sala. Com os móveis em carvalho, as cortinas pesadas e amarelas, que davam um clima de eterno entardecer ao cômodo. As fotos em cima da lareira e em cima da mesinha de centro mostravam um casal feliz, apaixonado, rodeado de amigos.

Mas tudo não passava de um sonho de realidade.
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9- Mudanças, finalmente
Tremendo de raiva dos pés a cabeça. Raiva do rumo que sua vida levara, raiva de quem Rony se tornara, raiva dela mesmo por deixar a situação chegar onde ela se encontrava agora. Raiva do amor que sentia, amor que a impedia de revidar, amor que a impedia de levantar a voz, de dizer verdades, amor que acabara.

Hermione se levantou do chão, achando ridículo o estado em que se encontrava. Achando sua sala ridícula. Sua casa ridícula. Seu marido ridículo. Sua vida... Mais que ridícula, medíocre.

Limpando as lágrimas do rosto – que para ela, naquele momento, se tornaram evidências de uma pessoa fraca e incapaz -, ela se dirigiu ao quarto.

Cantarolando uma música qualquer ela abriu a porta do quarto, pegou umas roupas e foi para o banheiro. Um banho. Era disso que ela precisava nesse momento, depois ela resolveria o resto. E resolveria mesmo.

Entrou embaixo do chuveiro, apoiando a cabeça na parede, pensando em como sua vida poderia ter sido diferente. Sim, ela o amava, mas colocara esse sentimento a frente de tudo em sua vida, colocara esse amor à frente de suas próprias vontades e, com isso, sumira. Tanto na vida dele quanto na dela própria.

Então a culpa é minha.

Ignorou as batidas na porta entreaberta, recomeçou a cantarolar qualquer coisa. Não queria ser interrompida, ela queria pensar. Sozinha, definitivamente.

As batidas se tornaram mais insistentes e ela pôde ouvir a voz de Ron.

- Mione...

Ignorou-as. Não era a hora, ainda não.

***

E bata a porta.

Ron sentou-se na cama, não acreditando na pessoa que Hermione se tornara. Na pessoa fútil, mesquinha, egoísta e burra, extremamente burra que Hermione se tornara.

Sentou-se na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos e a cabeça sobre as mãos. Perdido. Ele sabia, era o fim. O fim de um sonho que sempre sonhara em realizar, o fim de um sonho que se considerava incapaz de vivenciar. Era o fim de seu casamento, era o fim de uma amizade, era seu próprio fim.

E chorou.

Pois, por mais que encontrasse defeitos que odiava, ainda era Hermione. A mulher que amava, que sempre amaria.

Olhou para o lado, como se fosse achar alguma resposta, alguma ajuda e, ao invés disso, se viu mirando uma das fotos que o casal mais gostava: ele a abraçava por trás e contava alguma coisa ao seu ouvido, ela batia nele, repreendendo-o, mas ele não parava e ela não conseguia esconder o sorriso.

E sorriu.

Pegou o porta-retrato entre as mãos trêmulas e, com seu dedo, alisou o rosto de Hermione. Ela não o repreendia mais, não insistia para que lesse livros e mais livros. Ouvia tudo que ele dizia e concordava, concordava. Recolocou a foto no lugar e se virou, encarando a porta, quando ouviu que esta se abria.

Já sabia o que viria a acontecer, era sempre assim. Ela entraria, sentaria do seu lado, o olharia. Então o abraçaria, pediria desculpas e diria que o amava. E ficariam bem até a próxima briga.

Sim, ele estava certo: ela entrou.

Pegou umas roupas e foi para o banheiro.

Ignorou-o.

Ele não entendeu. Não entendeu absolutamente nada sobre a atitude dela.

Em primeiro lugar ela o ignorou, e isso não acontecia desde os tempos de Hogwarts. Seu rosto não estava vermelho, não havia nenhum sinal de lágrimas, ela parecia estar muito bem, obrigada. E cantarolava.

Com a mesma rapidez que entrou e pegou suas coisas, ela sumiu no banheiro.

E ele continuou estático, encarando agora a porta do banheiro, agora entreaberta.

E então percebeu: as coisas mudaram. E não pode deixar de sorrir.

Era esse o momento. Era esse o momento de esclarecer, de brigar, de gritar, de explodir. Era esse o momento que ele tinha de se encontrar com a verdadeira Hermione. Era esse o momento que ela passaria o maior sermão nele, dizendo que ele era um legume insensível, dizendo que ele tem a amplitude emocional de uma colher de chá e coisas do gênero.

Sorriu mais uma vez. Era essa a Hermione por quem se apaixonara. Era por essa que valia a pena lutar.

Meio inseguro do que poderia vir a acontecer a seguir, ele se levantou, caminhou até a porta do banheiro e parou. Não sabia se batia, se esperava, se entrava... Não sabia o que fazer... Tantas coisas já haviam mudado.

Bateu.

Silêncio.

- Mione...

Silêncio.

Então resolveu entrar.
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10- Não Hoje, Não Agora
A água quente do banho dela deixava que o vapor instalasse no banheiro um clima pesado. Ou seria apenas a impressão dele por saber que momento estava por vir?

Além do mais, ele também não sabia ao certo se ela estava incomodada com a presença dele no aposento, encostado à porta, respirando com dificuldade.

Na verdade, não sabia se ela notara. Não sabia se ela se importava.

Olhando para o vidro embaçado ele pode ver a silhueta perfeita da esposa, enquanto esta brincava com a esponja. Sua menina, sua mulher. Por quanto tempo ficou olhando para ela, não sabia ao certo. Sentia saudades daquele cheiro que agora podia ser praticamente tocado, que o inebriava. Saudades dos lábios dela nos seus, saudades dos seus corpos juntos, saudades das carícias, dos carinhos, dos sorrisos conjuntos, dos beijos. Saudades de quem ela era...

E, mais do que tudo, era isso que dava forças a ele. Forças que vinham das lembranças, da saudade. Forças que, ele sabia, precisaria mais do que jamais precisara. Sem dúvida aquele era um dos momentos mais difíceis de sua vida. Era sempre assim, tudo com Hermione era muito difícil, muito complicado.

Em pensar que o primeiro momento deles havia sido tão fácil...

Eu estava vulnerável por causa da morte do meu pai, estava carente, precisava de atenção... E a Mione, minha amiga, apareceu na hora certa. Mas, bem... Nós dois sabíamos que as coisas não estavam acontecendo como realmente gostaríamos que estivessem. Foi fácil porque precisávamos um do outro.

Então uma vozinha dentro dele perguntou: E não precisaram um do outro nunca mais?

Ele balançou a cabeça, como se isso bastasse para afastar aqueles pensamentos. Não precisava dar satisfações a si mesmo. Na verdade, não precisava dar satisfações a ninguém.

Mas a voz insistia: Isso tudo é porque não consegue encarar a verdade?

Mas não havia verdade! Quer dizer, não a verdade que aquela voz maluca dentro dele insinuava. Não tinha porque não encarar a verdade. Ele sabia perfeitamente que a notícia sobre pai dele abalara a ambos e que, naquele momento, eles deixaram todas as briguinhas e rivalidades fúteis de lado e foram um para o outro o que sempre quiseram. E não, eles não queriam aquilo só naquele momento mas, admita voz irritante, sabiam muito bem que eram Ron e Hermione e que as coisas nunca eram fáceis para eles. Eram felizes porque eram eles mesmos.

Felizes... Até parece.

Aquela voz estava começando a irritá-lo profundamente. Eram felizes sim! Na medida do possível eles eram felizes! Só faltavam duas coisas: seu pai e a verdadeira Mione. Duas coisas que faziam uma falta imensa em sua vida, duas coisas pelas quais ele se importava mais do que o mundo, duas coisas que eram suas bases.

E ele se encontrava perdido, há muito tempo.

Seu pai se fora e, no mesmo dia, ele pôde contar com a pessoa que se tornava, naquele momento – mesmo sem saber –, a pessoa mais importante da sua vida. No dia da morte de seu pai, seu melhor amigo, seu mentor; ele estabelecera a relação de sua vida, com a pessoa que ele mais amava no mundo: sua melhor amiga, sua garota.

Ela não sabia, mas ele estava decidido não deixar que nada a magoasse, que nada a deixasse triste, que motivo algum fizesse com que ela retirasse aquele sorriso maravilhoso de seu rosto. Ele faria tudo por ela.

Mas há muito tempo tudo vem dando errado.

E ele nem ao menos sabia motivo... Hermione estava tão mudada. Tão frágil, conformista e melancólica. E ele se esforçara tanto...

Arriscou mais uma vez olhar para Mione e pôde perceber que ela já havia acabado o banho e que ia saindo do box lentamente. Será mesmo que ela não teria percebido a sua presença ou, mais uma vez, estava ignorando-o por completo?

Andando calmamente, ela passou na frente de Rony, pegou a toalha e se enrolou nela. Soltou o coque meio frouxo que prendiam seus cabelos e postou-se a frente do espelho, que ficava a esquerda da porta onde Ron continuava recostado.

Então... Sim. Ela estava fazendo questão de ignorá-lo.

- Eu... Eu queria conversar... – ele começou meio sem jeito. – Bati na porta e você não abriu...

Ela continuava a se encarar no espelho, penteando os cabelos.

- Te chamei e você também não respondeu...

Ele a encarou, esperando uma resposta, esperançoso.

- Eu não queria. – disse ela simplesmente.

- Não queria o quê?

- Abrir a porta, conversar. Não queria te ver agora, não queria ter essa conversa agora. Não queria muita coisa que sofri e engoli por sua causa. Começo até mesmo a me questionar agora se um dia eu já tive a certeza que queria você na minha vida.

Por que ela falara aquilo? É claro que ela tinha certeza! Sempre teve essa certeza!

Não interessa se você sempre teve certeza, menina. Faça com que ele sofra tudo o que você sofreu por ele. É mais que justo.

E era isso que ela estava determinada a fazer.

- O... O quê? – ele perguntou incrédulo.

- Isso mesmo o que você escutou, Ronald. Agora, se você me der licença... – ela tentava empurrá-lo para deixar a passagem livre para que ele pudesse sair e deixá-la em paz. Já havia dito. Não queria ter essa conversa agora.

- Se eu te der licença? Você está maluca, Hermione? Nós vamos conversar sobre tudo e agora!

- Você não pode me obrigar a fazer o que eu não quero! – disse elevando o tom e deixando suas bochechas se avermelharem.

- Você não quer salvar esse casamento? É isso? Não quer ter a única conversa que pode fazer efeito?

- Você só pode estar brincando... – e começou a rir, fazendo com que Ron se perdesse na própria raiva. – Primeiro: você chama isso de casamento? Porque, pra mim, já deixou de ser há muito tempo. Segundo: salvar? Quem te disse que eu quero salvar “isso”? – disse indicando a si mesmo e a ele.

- Hermione, eu te amo, você sabe dis...

- Não me interessa quem você ama ou deixa de amar. – disse ela secamente o encarando com indiferença.

Aquele olhar bastou para fazer com que ele se sentisse pior que sempre e, mesmo que inconscientemente, se viu voltando ao dia da morte do seu pai: o dia que se encontrava sem sua base e não havia colo algum. O dia que então, milagrosamente, Hermione se fez presente na sua vida. Realmente presente.

Mas, e agora? Era sua base que estava indo embora. Mais uma vez ele se via perdido e agora, com certeza, não haveria ninguém pronto para ajudá-lo.

- Não faça essa cara de quem sente por isso, Ronald. Você procurou.

- Não! É claro que eu não procurei por isso! – disse ele quase rindo pelo seu próprio desespero.

- Não? Você tem certeza? – disse ela como se estivesse ensinando uma criança a pensar, analisando o seu próprio erro. – Será que você está tão mal assim que nem ao menos se recorda do que disse para mim na sala, agora há pouco?

- Lembro, claro que lembro, mas aquela não era você, Mion...

- Pelo amor de Merlin, Ron! Cale a boca! “Não era você.” Francamente!

Ron se assustou com a atitude dela. Ficou quieto, surpreendendo até mesmo Hermione.

- O que foi? Percebeu o quão ridículo foi o que você falou agora? – disse mal escondendo um sorriso de triunfo.

- Não...

- Então o que foi? Realmente viu que está perdendo seu tempo discutindo comigo?

Ele ignorou. Ela queria irritá-lo. E sim, estava conseguindo, mas ele não iria demonstrar. Percebendo como era realmente interessante o vapor d’água em contato com a pele, deixou Hermione falando.

- Ou então viu que você não tem argumentos...

Isso faz cócegas, mas irrita. Vaporzinho engraçado esse...

- Ou simplesmente percebeu que sempre foi egoísta demais e nunca se importou com os sacrifícios que as pessoas faziam por você?

Ah, não. Ela estava indo longe demais!

- VOCÊ ESTÁ MALUCA!

E, para o seu próprio espanto, ele viu que ela ria. Satisfeita.

- Estou, é? Prove. – e veio se aproximando de Ron, com um tipo de olhar que ele não via há muito tempo dentro daqueles olhos castanhos. Um olhar de desejo.

Ah, e como ele também a desejava. Mas não havia momento menos propício.

Sentia tanta falta daquela pele, do cheiro dela. Dos cachos perto da nuca, das mãos sempre frias. Dela...

Sentiu quando ela começou a provocá-lo mais ainda: a respiração quente dela no seu pescoço, as pequenas mordidas distribuídas pela extensão da orelha.

- Diz, Ron... Por que eu sou maluca?

E aquela voz. Aquela voz propositalmente sexy, não mais que um sussurro, ao pé de sua orelha.

- Porq... Mione, Mi-... Pára com is.... Hum..... – ele mal conseguia formular as palavras e, se conseguia, mal as pronunciava. Era impossível se controlar, querer se controlar. Seu corpo pedia por mais, desejava mais. Há muito tempo.

Sem pensar, ele segurou os pulsos finos dela, virou-a e a encostou na porta. Encarou-a. Nada naquele olhar mudara, ainda sentia todo aquele fogo dentro dela arder e, tinha certeza, seu olhar não deixava de transparecer menos.

Beijou-a. Louca e insanamente. Todos os sentimentos embaralhados na sua mente, tudo às avessas, indecifrável. Pensava em tudo e ao mesmo tempo não conseguia pensar em nada. Toda a raiva que ela estava fazendo com que ele sentisse estava agora camuflada pelo desejo que ela implantara nele...

E eu realmente não sei se isso é muito ruim ou muito bom.

Suas mãos agora percorriam a extensão da toalha que a envolvia, procurando pela pele dela. Os beijos estavam cada vez mais quentes, ousados e provocantes.

E então, assim como tudo começou, tudo acabou.

Ela o empurrou, olhou para ele com repulsa e se afastou. Deixando-o mais confuso que antes.

- O que foi, hein? – perguntou ele incrédulo.

- Você ainda pergunta o que foi? – ela disse ainda mais incrédula. – Eu sabia que podia esperar esse tipo de atitude, vinda de você... Como se tudo estivesse nas mais perfeitas condições e como se fôssemos mais um casal apaixonado loucos de desejo, se agarrando por qualquer canto da casa!

- A gente pode continuar na cozinha... – ele disse sarcasticamente. O que não foi muito bom, como ele percebera. A raiva dela pareceu aumentar mais ainda.

- Eu não estou brincando, Ronald!

- Então por que essa provocação?

- Já disse! Para ter certeza de que você não mudara, de que você não passa de um egocentrista!

- O que você queria?? Que eu continuasse a discutir com você?? Que eu ignorasse seu corpo colado ao meu? Porque Mione, mesmo que você não se interesse, eu ainda te amo e ainda te quero. – e então ele abaixou a cabeça derrotado. Ela não era maluca, era mais que isso. Era completamente perturbada. Mulheres.

Ela ficou em silêncio. A voz que antes dizia com toda a certeza do mundo para fazê-lo sofrer, soava cada vez mais baixa em sua cabeça.

Provocara porque queria senti-lo, provocara porque queria saber se ele ainda a desejava, mas, mais que tudo, provocara porque não agüentava mais a distância que os dois haviam definido entre si. Queria quebrar as barreiras, tê-lo para si. Não que o amasse.

Porque eu não amo.

Mas porque necessitava dele naquele momento, como mulher.

E então ela voltou à realidade. Viu-se diante do desejo e da razão. E ela sempre fora racional...

- Mione, escuta... Eu não sei o motivo para toda essa sua raiva. Eu sei que eu fui um grosso na sala, mas eu não agüentava mais te ver submissa, chorando pelos cantos. Aquilo estava acabando com você, comigo, com a gente. Eu gritei aquilo tudo porque queria que você reagisse, queria que você se defendesse, queria você de volta... A Hermione que eu conheci e me apaixonei. – ele não a olhava, encarava os próprios pés como se assumir aquilo fosse reviver cada coisa que haviam passado.

- Você esqueceu de mim, Ron...

- Como você tem coragem de falar isso? – e encarou-a - Mione, pelo amor de Merlin... Eu... Eu... Olha, nem se eu quisesse eu conseguiria esquecer você.

- Não é verdade! – ela percebeu que seus olhos começavam a ficar irritados, lágrimas queriam correr pela sua face, mas ela não queria demonstrar nenhuma fraqueza. – Você morreu quando seu pai morreu. Não queria nada, não saía para nada, não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém. E eu não fiquei fora disso... Parecia que você só me aturava. Que eu era alguém que apenas dividia a casa e a cama com você. Não conversávamos mais, não ríamos mais... Por Merlin Ron, deixamos de ser um casal há muito tempo! Deixamos tudo acabar!


Ele a encarou, com lágrimas nos olhos.

- Deixamos nosso amor acabar?

- A questão não é essa, Ron... – disse ela. E ele percebeu que ela queria mais que tudo fugir do assunto.

- É mesmo? Então qual a questão? – ele perguntou, começando a se irritar com a situação.

- A pessoa que você se tornou quando perdeu seu pai!

- Ah, ok. Desculpa Hermione, se você ainda tem um pai e pode contar com ele para tudo!

- O quê?? – ela perguntou incrédula. – E você só tinha ao seu pai? E seus irmãos, amigos, e eu, Ron??

- Você mudou.

- Por sua causa! – disse como se fosse óbvio. – Eu ficava tão triste por te ver trancado em casa, apenas lembrando do seu pai. Sua vida continuava, será que era difícil perceber? Você estava acabando com a relação que havia construído com todos... A relação que tinha comigo...

Ela não conseguiu encará-lo. As lágrimas desciam freneticamente pelo seu rosto agora.

O silêncio fazia os dois se sentirem ainda mais nervosos, apreensivos. As respirações descompassadas, os olhares furtivos e pensamentos complexos. Mas nenhuma palavra.

Ron se encaminhou até o espelho, mirou seu próprio reflexo e abaixou a cabeça com as mãos apoiadas na fria pedra de mármore branco da bancada*. Suspirou.

Tudo estava errado. Ela estava certa, ele havia esquecido não só dela e dos outros, mas de si mesmo. E ela o tempo todo preocupada... Agüentando ele dizer que era puro egoísmo, que ela não via como ele sofria... Como pôde ser tão cego e injusto?

Virou. Ele tinha que encará-la, tinha que assumir o erro, se desculpar.

Arriscou olhar para ela. Ela mantinha o rosto sério, encarando-o. E então, inesperadamente, foi em sua direção e abraçou-o.

Ele sorriu. Abraçando-a de volta, feliz com a cumplicidade que tinham.

- Mione, eu...

- Shhh. Não precisa... – ela o olhou com um sorriso fraco.

Ele não pôde deixar de sorrir, as coisas finalmente estavam começando a dar certo.

- Mione... Eu... Bem, antes de vir para casa, er... A mamãe me deu uma delícia gasosa...

- E você voltou a se criança! – disse ela sorrindo, interrompendo-o.

- Não, escuta. – ele disse rindo. – Então, ela me deu o doce... E bem... Disse que era para o nosso filho. E... O que você acha?

O que aconteceu depois disso, ele realmente não esperava: ela se afastou dele, mordendo o lábio inferior, encarando o nada.

- Ei, Mione... – ele a chamou, ainda rindo.

- Ron, por favor... Não misture as coisas. – ela disse. Seria impressão dele ou ela realmente evitava encará-lo?

- Como assim “não misture as coisas”? Eu... Nossa, eu realmente pensei que depois de tudo que passamos hoje, tudo que gritamos, desabafamos, choramos tivesse deixado que nos dois nos entendêssemos, mas... Não foi isso que aconteceu, não é mesmo? Pelo menos não para você... – completou ele decepcionado e se achando realmente um idiota por, pelo menos um minuto, ter achado que tudo iria ficar bem.

- Ron... Olha, eu vou ser bem sincera com você. Um filho nosso foi tudo que eu sempre quis...

- Então! - ele disse novamente esperançoso.

- Não, escuta... Ron. Eu... Eu não me sinto preparada pra criar um filho. Não depois de tudo que passamos, pelo que eu escutei. Não estou falando que a culpa é sua, é porque simplesmente não dá mais.

- Tudo bem, eu espero. Vou esper...

- Não, Ron. Não dá mais. Não dá mais para continuar.
Remember, remember the Fifth of November.




Namaste!
And good luck.
neli_rosa19
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Re: Dance With My Father - Songfic R/Hr

Post by neli_rosa19 »

Oh uau.... li sua fic na feb e quando decido entrar aqui encontro sua fic dnovo...
por mais q jah tivesse lido lah tive q ler dnovo...

Gente, nao lembrava,mas sua fic eh perfeita...

Fala serio...
Pena que só tem até o 10...
mas como nao lembro do final vou dar uma passada lah na floreios...

olha oq o vicio me faz... rsrsrs

Parabens...
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