**Obliviate** - E se Voldemort vencesse a Grande Guerra?

Espaço para os Betas das Fanfics Pós-Hogwarts

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Mia Galvez
Descobrindo a Profecia
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Capítulo 10
Hermes


Jorge Weasley suava, o cabelo vermelho e comprido caindo pela testa enquanto mexia o caldeirão sob um fogareiro conjurado no meio do quarto. De quando em quando consultava um livro grosso, de capa verde, que deixara sob a mesinha de cabeceira.

- Anda logo, Jorge! Acho que ela está começando a se recuperar – Fred Weasley estava sentado na cama onde Mia permanecia ainda desmaiada. Segurava uma varinha apontada para ela e murmurava Enervate!.

- Ah, não começa, Fred! Você sabe muito bem que Poções nunca foi meu forte – bufou Jorge, passando as costas da mão pela testa para afastar algumas mechas insistentes. - Nos tempos de Hogwarts, eu sempre preferia dar um jeitinho de matar as aulas do Ranhoso com um caramelo incha-língua ou alguma vomitilha, lembra?

- Ô se eu lembro. Mas eu era ainda mais deprimente em Poções, por isso, mexa logo esse caldeirão. Acho que o feitiço está surtindo efeito na nossa sobrinha – sorrindo, Fred voltou novamente a atenção para Mia e murmurou o encantamento para tentar reanimá-la pela décima vez, se contara corretamente.

- Ei, Fred! E se déssemos uma vomitilha para ela? Talvez o susto a reanime... – Jorge questionou, com um olhar esperançoso.

- Você não pode estar falando sério... Mexa isso aí, Jorge! Olhe, ela está acordando.

Movendo-se com dificuldade na cama, Mia abriu os olhos, que continuavam pesados. Uma fadiga tomou conta do corpo da menina e ela suspirou.

”Droga! Não era um sonho, é tudo verdade! Meus pais continuam desaparecidos e eu ainda estou na casa do tio Fred e do tio Jorge. Mas... mas...”

- O que é isso? – Mia sobressaltou-se ao ver a ripa de madeira na mão de Fred. Este buscou escondê-la atrás das costas mas, com um gesto de Jorge, achou melhor voltá-la, pois a ruiva já tinha visto o “brinquedinho”.

- Isso, Mia – começou Jorge, deixando a Poção para Animar de lado e aproximando-se da cama. – É uma varinha mágica. E aquilo aquecendo no caldeirão é uma Poção. Você a tomará para que diminua um pouco a dor de cabeça e a tontura, pois sabemos que não é nada agradável rodopiar por esse armário sumidouro.

- E é menos agradável ainda ouvir o doido do Oráculo – Fred completou com um olhar acolhedor e um meio sorriso de compreensão.

Então os gêmeos sabiam da existência do Óraculo. Claro! Como não pensara nisso antes? Se aquele armário e os tantos outros objetos que Mia encontrara na sala enigmática eram de seus tios, como ela não descobrira logo que eles conheciam Wyrda? Era tudo tão novo e tão diferente para a ruiva que muitas coisas escapavam de sua compreensão. Levou a mão à testa, apertando a têmpora e franzindo o cenho, enquanto Jorge enchia uma xícara com o líquido borbulhante retirado diretamente do caldeirão.

Ao ver que a dona abrira os olhos, Bichento pulou na cama e começou a ronronar. Fred coçou a cabeça do gato enquanto repousava a varinha na mesa de cabeceira. Depois, ajudou Mia a arrumar os travesseiros para que ela pudesse se sentar e beber a poção, que aceitou de bom grado, buscando nela algum alívio para o mal estar que sentia depois da viagem pelo armário. Sorvendo o líquido devagar e assoprando de quando em quando, Mia encarou ambos os tios, sentados a frente dela, com o olhar mais indagador que pôde produzir:

- Quem é que vai me explicar o que aconteceu comigo? Porque arrancar algo daquele Oráculo maluco é praticamente impossível. Acho que ele prevê somente o futuro e se esquece que, para que ele aconteça, é necessário que se entenda o passado.

- Muito bem pensado, Mia – Fred encarava a sobrinha e continuava acariciando Bichento, que já deitara de barriga para cima, rendido. - Portanto, vamos explicar o que pudermos para você. São coisas muito complexas e algumas fazem parte de planos maiores que você ainda não pode conhecer. Ainda – apressou-se em dizer quando viu o olhar furioso produzido pela ruiva. Logo em seguida, baixou o tom de voz até ficar quase inteligível. – Bom, o fato é: Ronald e Hermione são bruxos. Eu e seu tio Jorge também. Aliás, toda a família Weasley é.

Diante do olhar incrédulo de Mia, os gêmeos Weasley explicaram sobre o mundo bruxo, Voldemort, Harry Potter, a Ordem da Fênix e a Última Batalha.

- ... E quando nós percebemos que Harry tinha desaparecido, grande parte da Ordem já estava dizimada. Os comandantes do exército de aurores deu ordens para que fugíssemos do campo de batalha e aguardássemos o desfecho final. Muitos achavam que Harry Potter, a única esperança do mundo bruxo, havia sucumbido. Poucos sabiam que ele fora levado para Azkaban. Eu e Jorge não sabemos o que aconteceu por lá, mas Hermione e Rony tentaram resgatá-lo e conseguiram retirá-lo de lá.

- O problema – continuou Jorge – foi que os dois estavam muito fracos e eram inexperientes. No momento em que tentaram fazer uma aparatação acompanhada com Harry, ele se perdeu no caminho e nunca mais foi encontrado.

- Desde então, os Renegados vivem como trouxas, proibidos de usar magia e vigiados de perto pela Polícia Negra, com aquele besteirol de Vida Longa ao Lorde e blablablá – finalizou Fred.

Mia deu por si mesma mexendo levemente a caneca com a Poção para Animar, completamente mergulhada nas palavras dos tios. Sua família era toda composta por bruxos. Mas ela... ela não era uma bruxa. Nunca havia feito magias. Mas também, nunca havia tentado, não tinha uma varinha, nunca fora instruída para tal. Havia Hogwarts, uma escola onde os bruxos jovens aprendiam a controlar e utilizar corretamente os dons que a eles pertenciam. Mas Mia fora privada de tudo isso por um tal de Lorde das Trevas que instalara uma ditadura no mundo bruxo e a impedira de conhecer suas próprias origens. E o pior: ele raptara seus pais! Naquele momento, Mia jurou a si mesma que, mesmo que não fosse mágica, daria um jeito de mudar aquela situação. Deu um último gole na poção já fria, sentindo-se bem melhor que quando saíra do armário sumidouro. Só faltava questionar uma coisa mais urgente:

- Como é que vocês dois mantém todo tipo de objetos mágicos nessa casa sem que sejam detectados pela Polícia Negra?

Fred e Jorge olharam um para o outro e sorriram, de um jeito debochado. Os gêmeos perfeitamente idênticos se levantaram da cama, abraçaram um ao outro e exclamaram juntos:

- Mais um trabalho das Gemialidades Weasley!

E Jorge completou:

- Sem mais por hoje, mocinha! Agora, descanse. A Poção para Animar e os feitiços logo deixarão você cem por cento. E poderá ir para suas aulas, afinal, já que está duas semanas atrasada.


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Dois dias se passaram e a melhora de Mia era evidente. Vovó Molly recebeu alta do hospital e ambas voltaram a ocupar o apartamento próximo a estação de Kings Cross. A avó da ruiva continuava com falta de memória, mas já se lembrava de quem eram as pessoas de seu convívio e sabia que um de seus filhos havia sido seqüestrado. Os Gêmeos orientaram Mia a não explicar nada do que eles haviam contado para a avó, para que o choque não a prejudicasse ainda mais. Quando chegasse o momento certo, eles seriam capazes de descobrir uma forma de fazê-la recuperar a memória.

Logo que voltou ao apartamento, Mia se lembrou de Daniel. Há muito tempo que não falava com ele. A imagem no espelho da casa dos tios ainda intrigava a menina. Fred havia explicado à sobrinha que aquele era o Espelho de Ojesed. Ao mirar-se nele, as pessoas eram capazes de ver a si mesmas acompanhada daquilo que desejavam do fundo do coração. O homem mais feliz do mundo veria apenas sua própria imagem refletida. Mas Mia viu perfeitamente as duas coisas que mais ansiava na vida: seus pais de volta e...e... Daniel. Mas o rosto refletido pelo espelho estava triste. A ruiva podia jurar que vira até mesmo uma gota de lágrima escorrer pelo semblante. Por que, ao realizar seu maior desejo, Mia não estaria feliz?

Foi sem vontade nenhuma que Mia amanheceu naquele dia, já no meio do mês de agosto, para a volta às aulas. Vestiu uma jeans usada e uma blusa verde de malha para conter o vento fresco da manhã. Arrumou o caderno de capa dura na mochila e jogou duas canetas lá dentro. Saiu sem tomar café da manhã, sob os protestos de vovó Molly, porque definitivamente não sentia a menor vontade de comer. Já na rua, vestiu o capuz da malha e cruzou os braços para espantar o frio. Caminhava a passos largos e firmes, observando sem ver o movimento de carros e pessoas que passavam apressadas rumo a seus afazeres. Seu pensamento ia longe, fixo nos pais, na saudade que sentia deles, no medo de que não estivessem bem, sem saber onde estavam. As idéias passavam pelos últimos acontecimentos como quem percorre um caminho sinuoso e sem saber quando vai chegar ao final. A revolta por ter sido privada de coisas que gostaria de conhecer crescia no peito da menina e ela nem se deu conta de que já estava em frente ao Colégio Joana D´Arc.

Verificou as listas dispostas no pátio e subiu as escadas rumo a sala que indicava a décima série. O local estava cheio de estudantes afoitos, conversando animadamente, afinal, a maior parte deles já estudava junto nos anos anteriores. Mia avistou uma carteira vazia nos fundos da sala, logo à frente de um rapaz de cabeça baixa que parecia dormir. Usava um moletom preto e um par de calças de tecido esportivo. O capuz da blusa cobria inteiramente a cabeça do menino, que deixara a mochila entreaberta esparramada no chão. Mia tomou cuidado ao passar, mas sem querer enroscou o pé em uma das alças e tropeçou. Um estojo de lata pulou da mochila e se abriu, fazendo um enorme barulho e espalhando material pelo corredor.

As sardas de Mia brilharam no rosto tão vermelho quanto os cabelos. Ela se abaixou rapidamente, procurando se esquivar dos olhares, que logo dispersaram e se voltaram novamente para os papos fúteis de começo de ano letivo. Mas um olhar não saiu da direção da menina: o rapaz do moletom levantou a cabeça e encarava Mia, que recolhia os objetos do chão.

- Aqui está – disse a menina, entregando o estojo e levantando os olhos para observar seu colega de turma.

A sensação de reconhecimento foi imediata. Não sabia quando, onde ou sequer se já havia visto aquele garoto, mas sentiu uma empatia imediata com ele. O menino tirou o capuz, mostrando um cabelo espetado com gel, loiro escuro, e fixou os olhos acinzentados no rosto de Mia.

- Não esquenta a cabeça. São só canetas. Elas vão e vêm do meu estojo durante o ano inteiro.

Mia abrira a boca para continuar a conversa, pois sentira que o rapaz fora receptivo. Afinal, talvez não fosse tão difícil assim fazer novos amigos, só para variar um pouco. Mas a menina não foi capaz de dizer nenhuma palavra quando dois olhos muito verdes cruzaram a porta de entrada da classe.

- Ei! Você está acordada? Meu nome é Hermes, e o seu?
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Post by duxx Andrade »

Tudo bem Mia, eu te perdoô! Mas só porque os capítulos estão muito bons \o/
Sabe, sendo chato de novo, eu acho que os dementadores, o frio, essas coisas, a Mia não sente na Penseira. Se eu não me engano, quando os dementadores trazem o Karkaroff pro julgamento no quarto livro, o Harry não sente a presença deles, já que isso aconteceu há muitos anos.
Mesmo assim, isso é só um detalhezinho, e a história é tão boa que a gente esquece isso!
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Mia Galvez
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Post by Mia Galvez »

Capítulo 11
Nasce um novo trio


- Ei! O gato comeu sua língua? Eu perguntei seu nome, menina!

Mia ouvia a voz do loiro à sua frente como se ele estivesse a centenas de quilômetros de distância. A única coisa que conseguia prender a atenção da menina naquele momento era o movimento suave do andar de Daniel. O moreno usava uma jeans folgada e uma camiseta branca com o desenho prateado de um dragão. Os olhos verdes brilhavam com a luz da manhã e o cabelo negro estava despenteado como todas as outras vezes em que Mia o vira. Ao avistar o loiro e a ruiva juntos no fundo da sala, Daniel passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais, e seguiu diretamente para eles com um amplo sorriso. Hermes girou nos calcanhares para enxergar o que chamara a atenção da menina. Então, exclamou de um jeito divertido, estendendo a mão para um cumprimento:

- Ei, cara! É você! E aí, tudo bem, Dan?

Daniel olhava para os dois, alternando entre o estojo nas mãos de Hermes e o rosto rosado de Mia. À vergonha pelo material espalhado pela sala de aula se juntou aquela provocada pela entrada do moreno.

- Olá, Hermes. Eu estou bem, e você? – respondeu Daniel sem tirar os olhos de Mia. – E você, Mia, tudo certo? Sua avó já está bem?

- Você conhece a estabanada aqui? – perguntou Hermes, sem entender direito, e dirigiu-se para Mia. – Achei que você fosse nova na escola, e que por isso ficou assim morrendo de vergonha quando espalhou todo o conteúdo do meu estojo pelo chão da sala.

- Ela é – Daniel respondeu, depois de um pequeno silêncio constrangedor, Mia se parecendo cada vez mais com um tomate maduro e Hermes sorrindo sem parar. – Mia mudou para o prédio onde moro há pouco mais de um mês.

- Ah, só podia mesmo ser sua amiga, Dan – Hermes ignorava por completo as feições cada vez mais desconfortáveis de Mia. – Ela tem cara de ser nerd, igualzinho a você!

O professor responsável pela aula de Química entrou na sala, interrompendo a conversa dos três ao pedir de modo severo que todos tomassem os seus lugares e prestassem atenção na aula. Foi o gongo salvador para Mia, pois a ruiva se sentia tão envergonhada e irritada que era incapaz de articular qualquer palavra. Colégios novos eram sempre um martírio. Ao se sentarem, Hermes virou, segurando o encosto da cadeira e conservando o sorriso orgulhoso.

- Bem vinda! Espero que goste do Joana D´Arc como eu e Daniel gostamos, não é mesmo, Dan?

- É claro – disse o moreno, que se sentara na última carteira da fileira ao lado, ficando exatamente à esquerda de Mia e Hermes.

Sem saber direito o porquê, Mia carregava consigo o celular de Daniel desde o dia em que ele havia ajudado a transportar vovó Molly para o hospital. Não via o menino desde então e nunca conversara com ele sobre o estranho acontecimento no jardim. Ele não voltara a ligar para o celular, e na verdade parecia não se incomodar muito com o fato do aparelho ter permanecido com ela. Na esperança inconsciente de receber um telefonema, Mia utilizou o carregador de baterias do celular de seu pai, que ficara no apartamento. Remexendo o material dentro da mochila, retirou o telefone e, sem tirar os olhos do professor, entregou-o para Daniel. O menino sorriu de uma forma que deu a ela a certeza de que, se estivesse de pé, seus joelhos não agüentariam o peso do próprio corpo.

No intervalo, Mia saiu da sala de aula para o pátio acompanhada por Daniel. A primeira coisa que conversaram foi sobre a estranha empatia e antipatia que Mia sentira por Hermes. Gostara dele quando o vira na sala de aula, mas depois que Daniel chegou, achou que o loiro se comportara como se estivesse se exibindo para o amigo. Daniel tentou convencê-la de que aquele era o jeito de Hermes, que ele poderia parecer um pouco orgulhoso a primeira vista, mas que era um excelente amigo. Depois, conversaram sobre a situação de vovó Molly. Enquanto Mia justificava as faltas às primeiras aulas por estar meio adoentada, Hermes chegou ao lado dos dois.

- O novo casalzinho do Joana D´Arc! Será que eu vou perder meu amigo para você, Mia? – o loiro abraçou a menina, claramente contrariada.

Mia tentou mudar de assunto, omitindo as descobertas na casa dos tios gêmeos e o encontro com o Oráculo. Ambos fizeram companhia para ela durante todo o dia e apresentaram-na para outros colegas do colégio. A timidez prevalecia, mas Mia gostara de ser bem acolhida numa nova escola, ao menos uma vez, para variar. Pelo visto, Daniel e Hermes eram muito populares, apesar do moreno estudar há pouco tempo no Joana D´Arc. Tinha se mudado para lá no nono ano, apenas um ano antes de Mia. Mas, de acordo com os dois, quando se encontraram foi amizade à primeira vista, por mais gay que isso soasse, como costumavam brincar.

Com a convivência, Mia passou a se soltar mais com os garotos e a aceitar melhor o jeito de Hermes. O trio se tornou inseparável. Tinham outros colegas, conversavam com outras pessoas, mas na hora de fazer trabalhos ou de aprontar alguma, eram sempre Mia, Daniel e Hermes que permaneciam unidos. A companhia dos dois rapazes ajudara a ruiva a perder um pouco da timidez, enquanto a racionalidade da menina tentava, por vezes, puxá-los de volta ao chão quando estavam viajando demais. Daniel era inteligente, sempre bem sucedido nas notas e muito querido pelos professores. Era o cabeça do trio, vivia tirando Hermes das enrascadas em que o amigo se metia. O loiro era o mais destemido e astuto do grupo. Bagunceiro de marca maior, era inteligente mas totalmente despreocupado, principalmente no que dizia respeito a sua língua mais que afiada. Deixava sempre para a última hora as lições e trabalhos e preferia diversão a estudo, além de não levar desaforo para casa. Muitas vezes, era ele quem convencia o trio a cabular uma aula ou outra num pequeno parque próximo ao colégio. Mia era o coração do grupo e, obviamente, a primeira a se negar terminantemente a perder matérias nas primeiras vezes. Depois, acabou se rendendo quando, numa bela manhã de sexta-feira, os dois amigos pegaram-na no colo, cada um por um braço, e arrastaram a menina para longe dos portões do Joana D´Arc. Passaram o tempo das aulas à sombra de uma árvore enorme, sentados nas raízes que escapavam da terra. Foi nesse dia que Mia se deixara chorar nos ombros dos amigos pela primeira vez, angustiada pelo sumiço dos pais e pela memória debilitada da avó. A ruiva achava que, ao se abrir, talvez Daniel dissesse alguma coisa sobre o estranho homem que ela encontrara no jardim do prédio, em meio à tempestade. Ela pensara mesmo ver uma sombra de dúvida pairar no olhar do garoto, mas ele apenas ouviu-a, assim como Hermes o fez.

- Ah, Mia – Daniel estava sentado ao lado dela na mesma raiz, e enxugou uma das lágrimas que escorrera pela bochecha sardenta. – Pode parar de chorar porque eu estou aqui para te fazer sorrir, ok? Quando foi que eu deixei você ficar triste por muito tempo, hein, hein?

- Um verdadeiro mala, como sempre – Hermes se equilibrava na ponta dos pés em uma das raízes. Estufou o peito e bateu continência, brincando com Daniel. – Sou o seu herói e vim te salvar do perigo, senhorita Mia!

Mia ensaiara um meio sorriso, mas logo as lágrimas afloraram novamente pelo canto dos olhos. Daniel lançou um olhar de censura para o loiro, que veio se sentar ao lado deles, sem tentar conter um enorme bocejo.

- Vocês são tão chatos que me dão até sono. Qual é – reclamou Hermes ao levar um tapa na cabeça de Daniel, desarrumando os cabelos espetados meticulosamente com gel. – Mia, eu sei como isso que você está passando é difícil, mas você concorda que não adianta ficar sentada aí chorando? Isso é mesmo coisa de meninas.

- Você não entende nada, Hermes – Mia dissera, a voz embargada pela emoção. – Quando se trata de sentimentos, sua profundidade é equivalente a uma colher de chá.

Sem o menor sinal de constrangimento, Hermes tomou a amiga nos braços, levantando-a no colo e rodopiando com ela.

- Escute aqui, pequena! Nós não podemos ficar lamentando as coisas da vida. Temos que agir!

- E o que você quer que ela faça? – Daniel também levantara, visivelmente contrariado, e esperara Hermes colocar Mia de novo no chão. A ruiva não chorava mais, mas continuava apoiada no ombro do loiro. - A polícia já foi avisada, mas não há nenhuma pista do paradeiro dos Weasley. E a avó de Mia não facilita as coisas com a amnésia incurável.

- É... essa é uma boa pergunta. Mas quando se tratam de planos mirabolantes, não há ninguém que me supere. Vou encontrar uma solução – completou Hermes, de maneira decidida.

Daniel olhou para os amigos. Mia já interrompera a profusão de lágrimas. Então o moreno encarou os céus e completou, levantando os ombros:

- Depois o mala sou eu!


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Os meses foram passando e outubro chegou. O outono estava mais frio do que de costume e Mia sentia dificuldades para acordar. Estava desmotivada e o rendimento escolar caíra, o que era algo inusitado para a sempre estudiosa Mia Weasley. O sumiço dos pais há três meses e o estado de saúde sem aparente recuperação de vovó Molly não eram incentivos para ninguém. Mas o que mais irritava a ruiva era o fato de não receber mais nenhuma notícia do Oráculo. Tentou entrar em contato com os tios para utilizar o armário sumidouro da casa e ir atrás de Wyrda mesmo sem ser convocada. Mas Fred e Jorge viajaram sem avisar ninguém, e Mia achava que esta saída repentina poderia ter algo a ver com os Renegados. Portanto, lá estava ela, abandonada.

As exceções, claro, eram Daniel e Hermes. Os amigos ficavam a maior parte do tempo por perto, tanto nas aulas quanto em tardes de estudos no apartamento de Mia, as quais eram entremeadas por longas conversas no jardim ou filmes na televisão. Em muitas delas, Daniel recebera ligações urgentes e tivera que voltar para casa, alegando que a mãe precisava de ajuda para cuidar do pai. Hermes dissera a Mia, na primeira vez que Daniel precisou sair mais cedo do apartamento, que o moreno nunca chamava ninguém para visitá-lo. Hermes só sabia que o pai de Daniel era doente, mas o que ele tinha era um mistério.

Mia não se sentia encorajada para contar aos amigos sobre suas origens. Achava que os dois a chamariam de louca caso ela dissesse que seus pais eram bruxos e que conhecia uma espécie de vidente que se auto-intitulava como O Oráculo e O imperfeito que é perfeito. E pensando racionalmente, tudo aquilo não fazia mesmo o menor sentido. Era como se ela tivesse caído de pára-quedas numa história que não era sua. Ou que ao menos fora escondida dela por quinze anos.

A menina também se sentia culpada por não fazer nenhum esforço para encontrar os Potter. Mas que culpa tinha ela se sequer sabia por onde começar a procurar? Siga seu coração, dissera Wyrda. Mas no primeiro e único encontro que tiveram, O Oráculo só falara por enigmas, o que não facilitava em nada a busca. Durante a noite, era comum Mia encostar a cabeça no travesseiro e permanecer perdida em pensamentos, sem conseguir conciliar o sono. Recordava o encontro com Wyrda e a cena que vira na Penseira, buscando detalhes que pudessem ter escapado a seus sentidos embargados pela emoção naquele momento. Talvez tivesse perdido alguma informação que a ajudasse a encontrar os Potter no meio do turbilhão de novidades que experimentara. Mas quanto mais refletia, mais frustrada ficava em não encontrar nenhuma solução. E as noites mal dormidas só serviam para deixá-la ainda mais desanimada.

Não que fosse fácil encontrar uma solução para o enigma do sumiço dos Weasley. Hermes mesmo prometera pensar em algo, mas não ocorreu ao menino nenhuma idéia genial além de esperar as informações da Scotland Yard. No entanto, a polícia investigava o caso sem sucesso aparente, e este estava perto de ser agendado e entrar para a lista dos sem solução, os chamados cold cases. Era como se o senhor e a senhora Weasley estivessem em algum lugar fora do mapa. E Mia sabia que eles estavam mesmo.

Aquele dia amanhecera particularmente frio e Mia vestira um moletom verde-água grosso para tentar espantar o vento. As matérias do dia também não animavam: dois tempos de Matemática, dois tempos de Física, dois tempos de Geografia e a salvadora História, mas só no fim do período. Mia já estava atrasada para a primeira aula quando, antes mesmo de alcançar a rua do Joana D´Arc, parou diante de uma vitrine onde um televisor de última geração exibia a imagem de uma águia com características muito particulares. Ela sobrevoava uma planície que possuía uma única árvore solitária, onde pousou, sacudindo as penas arrepiadas. Para os passantes, a imagem não chamava a atenção, era apenas parte de um documentário qualquer sobre o mundo animal. Mia, no entanto, permanecia vidrada no olhar da águia. Começou a ouvir dentro de si mesma uma voz, parecida com um trinado, algo que nunca acontecera antes.

"Entre na loja e peça o controle remoto. Não precisas temer, eles entenderão. Apresse-se, as areias do tempo despencam com a velocidade esmagadora do destino."

Sem pensar duas vezes e completamente esquecida da aula, Mia entrou na loja de eletrodomésticos. Era pequena, porém continha todo o tipo de apetrecho tecnológico que se pode comprar para uma casa. A águia continuava seu vôo pela televisão, Mia ouvia os gritos do animal, mas agora ele parecia mais normal aos olhos da menina.

- Olá. Você... hã... poderia... me passar o controle remoto? – Mia questionou, sentindo-se completamente idiota por fazer aquela pergunta.

O homem no balcão pareceu olhar a ruiva com um ar de quem não havia compreendido a informação. Mas, no segundo seguinte, os olhos dele viraram nas órbitas e o braço estendeu o controle do televisor. Ao tocar nele, Mia ainda pode olhar por um segundo para os olhos do vendedor antes de sentir seus pés deixarem o chão e seu corpo ser envolvido por mais um rodopio nauseante.

”Se eu pudesse escolher um jeito de viajar magicamente, com certeza não seria esse. E nem por armários sumidouros!”
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- Olá, Mia Wyrdfell. A viagem proporcionada pelo Oráculo foi boa para ti?

Os olhos de águia fitavam a menina. Wyrda usava as mesmas vestes verdes com detalhes marrons do primeiro encontro. A única diferença na aparência era o aspecto cansado nas feições e uma ligeira dificuldade no caminhar, que evidenciavam a idade avançada do Oráculo, algo que Mia não notara por conta do êxtase do primeiro encontro.

- Fora os rodopios enjoativos, tudo bem – Mia sorria de maneira nervosa, sentindo-se ao mesmo tempo aliviada por estar novamente na companhia de Wyrda e angustiada pelo estado debilitado do Oráculo. – Não há outros meios de viajar para o seu mundo? Menos... digamos... rodopiantes?

- Meios seguros não há – explicou Wyrda, mancando ligeiramente na direção de Mia. – Utilizastes os únicos dois meios não detectáveis conhecidos pelo Oráculo.

Wyrda respirou fundo e apoiou os braços cobertos pelas longas mangas das vestes na Penseira, que descansava no centro da sala. Os dedos finos e longos, desprovidos de unhas, tinham os nós brancos por conta da força que ele fazia para se apoiar na bacia de pedra mágica.

- O que aconteceu com você? Machucou-se? – Mia foi incapaz de conter a curiosidade diante do estado debilitado do Oráculo.

- Eu não sou importante agora. Tu és. Procuraste pelos Potter?

- Eu...eu...- Mia não conseguia responder. Sentia-se mal por não ter pesquisado nada, por não ter feito a única coisa que o Oráculo havia pedido. – Eu não sabia nem por onde começar. Perdi noites de sono buscando alguma pista, mas foi tudo em vão. Não encontrei nada que pudesse me aproximar dos Potter, nada que me fizesse saber quem eles são, nada! – o desespero na voz da menina era evidente.

- Eu sei de tudo isto, Wyrdfell – O Oráculo encarava os olhos castanhos de Mia, que pareciam prestes a derramar as lágrimas contidas com muito esforço. – Os Potter estão muito perto de ti. Nem sempre aquilo que é parece ser. Tu precisas pensar com o coração para encontrar. Agora, aproxime-se, tenho mais uma lembrança importante para te mostrar.

- Antes, queria te perguntar uma coisa – Mia o interrompeu, provocando em Wyrda um ligeiro olhar de contrariedade que foi rapidamente disfarçado. - O que são estas palavras escritas nas paredes?

Mia fazia referência às várias palavras e expressões escritas em preto nas alvas paredes da moradia de Wyrda. Em certos lugares, as palavras estavam tão amontoadas que não era possível distinguir seus significados.

- São profecias – ele explicou. – As que já aconteceram tem como companheiras palavras-chave do passado. As que ainda não aconteceram apenas aguardam que o destino se faça. É assim desde o princípio do fim, desde que o Lorde destruiu o Ministério e levou consigo todos os globos das profecias. Eu ouvi tudo em meio ao caos e o peso da responsabilidade de conservar o conhecimento caiu sobre meus ombros como um fardo, por vezes pesado demais para carregar. Agora venha, não há mais tempo a perder!

Wyrda pegou de dentro das vestes um pequeno frasco transparente. Retirou a rolha e despejou o conteúdo na massa cinza azulada e rodopiante da Penseira. Pegou a mão de Mia e ela pôde sentir como ele estava suando frio. A menina ficou a um passo de entrar em pânico. Se ele estava nervoso, que dirá ela, que não sabia nem metade do que estava acontecendo. Imitou-o e aproximou o nariz do conteúdo da bacia. As cabeças de ambos estavam coladas e eles avistavam uma nova cena, como se fosse de uma janela no topo do mundo. Em poucos segundos, Mia caíra de joelhos em meio a um descampado, com Wyrda chegando logo atrás e aterrissando com perfeição ao lado dela.

O Oráculo não falava, apenas fazia gestos para que a ruiva o seguisse. Mia sabia, pela experiência anterior, que não poderiam ser vistos nem ouvidos, mas permaneceu em silêncio acompanhando os passos de seu orientador. Chegaram a um pequeno bosque circundado por um lago e pararam próximos a uma frondosa árvore, com folhas muito verdes e algumas flores de início de primavera. Uma moça jovem estava de costas para eles, brincando com a água do lago. Ao seu lado havia uma pequena cesta com flores compondo a paisagem, que lembrava a Mia um quadro bucólico do período do Arcadismo, uma escola artística e literária que começara na Europa, no século XVIII. Os longos cabelos negros da moça caiam pelas costas em cachos torneados, a pele muito branca em contraste. Cantava uma canção com uma voz doce e inocente, enquanto observava o sol se pôr detrás da montanha.

A moça do lago não poderia perceber, mas do local privilegiado onde estava Mia visualizou uma outra forma, escondida atrás de alguns arvoredos próximos. Apesar do sol de primavera, a figura utilizava uma capa negra que a cobria dos pés a cabeça, não permitindo identificar se era de fato homem ou mulher. Só era possível afirmar que se tratava de um humano, ou algo próximo disso, e Mia teve mais certeza ainda de sua constatação quando o estranho sacou a varinha mágica e segurou-a de maneira firme na mão esquerda. Era um bruxo, afinal.

A canção da morena foi interrompida por um estalido seco. Diante do seu olhar assustado surgiu um homem semi-nu, a barba cobrindo o rosto marcado, os cabelos negros sujos e sem corte, as calças rotas esburacadas em vários pontos. O primeiro ímpeto da moça foi gritar, mas uma compaixão desenfreada fez com que ela se contivesse assim que vira que o homem não conseguira sustentar o próprio corpo e caíra de costas no chão. Aproximando-se do estranho, a moça do lago observou o rosto jovem, porém muito machucado. Sangue seco escorria pela boca e por diversos ferimentos em todo a extensão do corpo. Algumas feridas pareciam abertas recentemente, outras davam a impressão de que não cicatrizavam há tempos, constantemente renovadas.

- Meu Deus! O que faço? – a jovem encarava o corpo inerte do rapaz enquanto se perguntava em voz alta.

Foi quando Mia, antes atenta à cena entre a moça do lago e o homem, ouviu um movimento próximo de onde ela e O Oráculo estavam. O estranho de capa apontava a varinha para os dois jovens, prestes a enfeitiçá-los.

- NÃO!!!

Mia foi contida pelo Oráculo apenas com uma das mãos, como se ele pudesse concentrar nela toda a força do universo. Sem conseguir interromper os acontecimentos, Mia ouviu uma voz feminina murmurar:

- Ab imo corde, ab initio, absconditum mentis.

Um feixe de luz vermelho acertou em cheio no coração da moça do lago. Esta, sem dizer palavra e sem dar o menor sinal de que havia sentido algo diferente, rasgou da barra do vestido um pedaço de pano, molhou na água do lago e enxugou a testa machucada do homem. Ele estava muito magro e a jovem, apesar de pequena, conseguiu erguê-lo, apoiando-o em seus ombros para levá-lo até uma pequena casa de campo próxima do local. Só então Mia pode perceber que aquele homem machucado era o mesmo que seus pais tentaram ajudar na lembrança anterior que presenciara na Penseira. Aquele era Harry Potter!

Ao ver a menina se afastar com Potter nos ombros, Mia ainda pôde escutar a voz feminina que utilizava a capa dizer em voz baixa:

- Feliz é o destino da inocente vestal, esquecida pelo mundo que ela mesma esqueceu. Brilho eterno de uma mente sem lembranças! Abençoados são aqueles que esquecem, porque aproveitam até mesmo seus equívocos...

Após terminar a frase, a estranha mulher abaixou a cabeça de forma resignada e evaporou no ar, provocando o mesmo estalido de quando Potter surgira ao lado da moça do lago. Wyrda olhou para Mia, e ela imaginou que seu rosto deveria traduzir a mais pura expressão de dúvida.

- Por hoje é só. Vamos voltar – avisou O Oráculo, e sua voz soou para Mia como se viesse de muito longe.

Wyrda tomou-a pelo braço e ambos começaram a girar. Quando Mia abriu os olhos, estava novamente na sala, parada ao lado da Penseira, com as mãos apoiadas na bacia. A ruiva estava sem fôlego, a emoção fora intensa demais para um dia no qual ela não esperava viver nada de diferente. Quando acordou pela manhã, apenas aulas chatas a aguardavam. Agora, encontrava-se parada diante do Oráculo após assistir uma cena do passado do próprio Harry Potter.

- O Eleito que falhara - Wyrda fitava os olhos cansados de Mia. - É assim que os Renegados costumam chamar Harry Potter depois que o Lorde das Trevas venceu a Última Batalha. Havia uma profecia que determinava que apenas um poderia viver enquanto o outro sobrevivesse. No entanto, afirmo que ambos ainda vivem e a profecia não se cumpriu. Ela está aqui, vê só? Há apenas uma palavra-chave em volta dela que já foi escrita pelas letras do destino.

Mia acompanhou os passos vacilantes do Oráculo. Na parede do lado esquerdo, para onde ele apontava, havia a seguinte inscrição:

”Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima... nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês... e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece... e um dos dois deverá morrer na mão do outro pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar...”

Logo abaixo dos nomes de Harry Potter e Lorde Voldemort, havia outro rabiscado numa letra um pouco diferente, mais corrida, como se tivesse sido preenchido às pressas. A leitura assustou a ruiva: Mia Granger Weasley.

- Eu? – Mia questionou, incrédula.

- ...Mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece... aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar.

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Duxx querido!!! Você é meu beta extra oficial! Uhuuuuuu! Continue corrigindo, porque isso é importante para quem escreve!

E a galera que lê e não se sente a vontade pra comentar ainda, agradeço da mesma forma! Mas claro que um comentariozinho não faz mal a ninguém, porque preciso saber o que vocês acham da história que escrevo e ver se estou seguindo a linha certa!

Bjos a todos!
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duxx Andrade
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Post by duxx Andrade »

Lá vou eu dar mais uma betada extra-oficial, hehe!
Quando os gêmeos tão tentando animar a Mia, eles usam Enervate, mas esse feitiço foi mudado pela Rowling (ela enviou para as editoras ao redor do mundo atualizarem as novas edições) para que fizesse mais sentido com a palavra em latim.
http://www.hp-lexicon.org/magic/spells/ ... rennervate
Agora ele se chama Rennervate. Tá, essa era difícil de saber, né? :wink:
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Mia Galvez
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Post by Mia Galvez »

Está mudado, meu querido duxx. Lá na Floreios todas as suas modificiações foram feitas, tá? Aliás, vc tbm já está adicionadissímo no MSN para me mandar a capa que fez! Eeeeeeeeee!!!

E vamos que vamos que esse capítulo está especial! E eu sei que vocês andam lendo mesmo sem comentar! rs...

Capítulo 13
Costeletas e Confissões


Wyrda mandara Mia de volta para a loja de eletrodomésticos utilizando a mesma chave-de-portal. Embora a ruiva tenha insistido em questioná-lo sobre possíveis significados da Profecia, ele se negou a dizer qualquer coisa.

- Para um Oráculo, Wyrda já falou demais sobre o passado. Mia Wyrdfell tem ferramentas suficientes para fazer o que deve ser feito.

- Quer dizer que não vou mais vê-lo? – perguntou a menina, olhando para o controle remoto seguro nas mãos do Oráculo.

- Quando as areias do tempo baixarem e quando se fizer necessário, sim, vais me ver, Wyrdfell. Agora, peço que retornes antes que tua prolongada ausência possa causar transtorno aos teus.

Mia tomou para si o controle remoto oferecido por Wyrda e, no segundo seguinte, girava de volta para o centro de Londres. O vendedor da loja estava parado na mesma posição em que a ruiva o deixara, mas uma rápida olhada no relógio de parede logo acima fez com que ela notasse que já passava das onze da manhã. Por alguma mágica inexplicável de Wyrda, ninguém adentrara na loja enquanto Mia esteve fora. No exato momento em que tocara o controle nas mãos de Mia, o atendente acordara do transe.

- Hã... o que você queria mesmo?

- Nada, não. Obrigada – Mia virou as costas e seguiu em direção a saída, não sem antes notar um breve ar de confusão no vendedor. Mas este logo encolhera os ombros e voltara a trabalhar como se nada tivesse acontecido, achando estranho o fato de que a hora tivesse passado tão rápido.

Perdera as aulas do dia, algo que a teria preocupado em tempos passados. Mas agora Mia sentia que havia coisas mais importantes e mais urgentes clamando por serem conhecidas e desvendadas. Rumou para o apartamento e encontrou vovó Molly ligeiramente adormecida no sofá, diante da televisão ligada num programa vespertino de entrevistas sensacionalistas. Tentou entrar sem fazer barulho, mas a avó abriu os olhos assim que Mia cruzara o meio da sala de ponta de pé. Bichento, que também descansava no sofá, abriu os olhos e miou, pulando para o lado da ruiva e roçando o corpo em suas pernas.

- Ah! Menina... como é mesmo o seu nome? – vovó Molly parecia fazer um esforço descomunal para se lembrar e Mia respondeu logo para tirá-la daquela angústia. – É mesmo! Mia...eu... tem comida no forno para você. E alguém ligou, na verdade foram dois rapazes, mas... eu não consigo me lembrar dos nomes – a avó deixava transparecer o descontentamento por não conseguir guardar as lembranças.

- Ok, vovó – Mia respondeu, de maneira mecânica, e seguiu para o quarto que ocupava com Bichento em seu encalço.

Não precisava ser nenhum Oráculo para adivinhar quem eram os dois rapazes. Resolveu ligar primeiro para Daniel. Ele estava mais próximo caso precisasse de alguma coisa. Mas Mia tinha quase certeza do que ambos queriam saber.

Descobriu que havia algo mais além da preocupação normal com a ausência da menina à aula, justificada por Mia como um pequeno acesso de dores de cabeça. Ao convencer o moreno de que já estava melhor, ele explicou a proposta. O trio tinha um trabalho complexo e difícil sobre História Medieval e Feudos na Europa para entregar na próxima semana. Com as preocupações em relação a seus pais, Mia se esquecera completamente do prazo. Mas Hermes, que tinha um computador avançado com banda larga em casa, achava que poderiam dar conta do dever naquela tarde mesmo, e ainda aproveitar para assistir o DVD de Minority Report: A nova Lei. Era um filme antigo de ficção científica que Hermes adorava, apesar de ser bem delirante, como ele mesmo costumava descrevê-lo. A ruiva combinou de se encontrar com Daniel em meia hora na entrada do prédio, para que ambos pudessem tomar um ônibus até a casa de Hermes, conforme as coordenadas do loiro. Era a primeira vez que ele chamava os amigos para ir até lá. Geralmente as reuniões aconteciam na casa de Mia. Hermes dissera certa vez que o pai trabalhava em casa e não gostava de ser incomodado. Porém naquela tarde havia liberado as visitas. O loiro avisou Daniel e Mia para não almoçarem, pois seus pais estavam esperando para a refeição.

Mia tentou dar um jeito nos cabelos fofos diante do espelho do banheiro. O vento e os constantes rodopios do encontro com O Oráculo prejudicaram ainda mais o amontoado de fios vermelhos e compridos. Vendo que não tinha jeito, resolveu deixar para lá. Trocou o moletom verde-água por uma jaqueta cor-de-rosa e colocou uma outra jeans, pois a que vestira de manhã estava suja de terra nos joelhos. Mirou-se no espelho de corpo inteiro que havia na porta interna do armário do quarto e examinou a própria aparência. Nada mal para quem enfrentava um novo turbilhão de novidades a cada dia nos últimos quatro meses, desde a mudança para Kings Cross. Olhou para as sardas das bochechas, que combinavam tão bem com o cabelo ruivo e pensou se Daniel a acharia bonita. Balançou a cabeça em seguida, como que para afastar o pensamento, respirou fundo e, tomando a mochila para si, saiu correndo em direção a porta. Com um grito avisou vovó Molly que estava saindo e não recebeu nenhuma objeção.

Chamou o elevador e desceu para o térreo, pensativa. Daniel nunca os chamara para visitar o apartamento dele. O mais próximo que ela chegara das paredes que abrigavam o amigo fora a porta de entrada, quando ela viera pedir ajuda para salvar vovó Molly. E aquele estranho do jardim? Mia ainda não engolira direito a história, mas o acordo de não comentar sobre o assunto continuava. Nem mesmo Hermes sabia do ocorrido, e os três dividiam absolutamente tudo desde que se conheceram. Menos, é claro, o segredo familiar de Daniel.

Lá estava ele, de moletom preto e capuz cobrindo a cabeça, as mãos no bolso da jeans, conversando animado com o porteiro que cobria o horário de almoço de um companheiro. Ao avistar Mia, sorriu daquela maneira que só ele sabia fazer e que a deixava com os joelhos bambos mesmo depois de tanto tempo de amizade. Os dois seguiram o caminho indicado por Hermes. Conversavam sobre trivialidades, bobeiras de amigos, coisas de escola, filmes, outros colegas. Quando estava com Daniel, o tempo passava sem que Mia percebesse. Tudo era agradável, ele era um ótimo companheiro para o que desse e viesse. Mas uma dúvida sempre pairava na cabeça da menina, como uma pequena chama de vela que é constantemente apagada por alguém com um fôlego fraco: ela sempre volta a reacender. E a idéia estava sempre ali, pequena, tímida, porém real.

"Será que é apenas como um amigo que eu o enxergo? E o espelho? O que significa aquele espelho, Daniel ao meu lado, meus pais e o olhar triste?”

- Vem, Mia, vamos descer no próximo ponto – Daniel agarrara a mão da amiga e a segurava de maneira firme, porém delicada, abrindo caminho entre os outros passageiros do ônibus para alcançar a porta de saída.

O coração de Mia parava quando Daniel a tocava. Uma estranha emoção tomava conta de todos os sentidos, e era como se ela pudesse ouvir, olhar, sentir, saborear o moreno com audição, visão, tato e paladar. Mia sentia um fluxo de energia anormal quando mantinha qualquer contato mais íntimo com Daniel, mesmo que fosse um simples roçar de pele.

A casa de Hermes era um tanto afastada do centro de Londres. Era uma construção modesta, mas ampla, e Mia ficou deliciada visualizar o jardim da frente. Na ponta dos pés, agarrou a grade do portão e ficou observando as folhas alaranjadas que caíam das árvores, evidenciando a estação do ano. As plantas estavam mais secas, mas a ruiva sabia que depois de quase morrerem durante o inverno, elas renasceriam das cinzas quando chegasse a primavera. Era um ciclo sem fim que as tornava, com o passar do tempo, cada vez mais belas. Os olhos de Mia se encheram de lágrimas com a recordação da mãe usando um avental marrom sujo de terra e várias ferramentas para afofar o solo do jardim que ela cultivara com tanto carinho. Nesse meio tempo, Daniel tocara a campainha da casa e permanecera em silêncio, prostrado ao lado da amiga, talvez à espera de que ela dissesse algo sobre o sentimento que a invadira com a visão da casa de Hermes. A ruiva virou o rosto para o amigo e uma pequena lágrima fujona escapou ligeira pela bochecha, vindo se alojar no dedo indicador de Daniel, que ele passava pelo rosto da menina.

- Acho que você anda chorando demais, Mia – Hermes vinha caminhando no meio do pequeno jardim, um sorriso zombeteiro no rosto, girando as chaves pelos dedos da mão esquerda. – E também acho que aprendeu bem as lições do seu melhor e mais esperto amigo aqui e resolveu cabular umas aulas de vez em quando.

Era impossível não voltar a sorrir com as colocações pouco humildes de Hermes. Ele sabia ser orgulhoso de si mesmo quando queria. E isso significava quase sempre. Para muitos, Hermes era um menino mesquinho e arrogante à primeira vista. Para Daniel e Mia, Hermes era como um toque de leviandade na crescente razão exigida pela difícil missão de se tornar um adulto.

O loiro abriu o portão com uma fisionomia séria, fazendo reverências como se os dois amigos fossem convidados ilustres de uma importante reunião de gente rica. Pediu perdão a Mia por não se arrastar no chão para que ela pisasse, mas alegou que vestia sua melhor roupa e não poderia sujá-la. Mentira evidente, já que Hermes trajava um abrigo de ginástica verde-oliva que Mia já vira inúmeras vezes.

- Você tem um jardim maravilhoso – a ruiva não podia deixar de comentar antes que entrassem na casa. – Faz com que eu me lembre da minha antiga casa e da minha mãe, que gostava muito de cultivar as flores que tínhamos por lá.

- Agora entendi o porquê da lágrima fugitiva – constatou Daniel, encarando a amiga por um tempo.

Hermes interrompeu a troca de olhares e avisou que os pais já estavam à mesa, só esperando por eles para que pudessem servir o almoço. O loiro já tinha feito um planejamento meticuloso da tarde, que incluía uma hora para o término do trabalho e pelo menos quatro para a sessão de cinema e posterior discussão filosófica, de acordo com as palavras do próprio. Sorrindo deliciados com a total falta de preocupação de Hermes com os trabalhos escolares, Mia e Daniel entraram na cozinha logo atrás do loiro, que já se dirigia para a mãe.

- Mãe, estes são Daniel e Mia, meus amigos do Joana D´Arc dos quais eu tanto falo. A Mia é a estabanada que uma vez...

O barulho de louça espatifada interrompera a cordial apresentação. A mãe de Hermes deixara cair a tigela de vidro onde havia parte das costeletas de porco fritas que seriam servidas no almoço. Alguns pedaços da carne voaram pela cozinha, um deles caindo nos tênis de Daniel e engordurando a lona branca. O barulho provocado pelo vidro quebrado chamou a atenção do pai de Hermes, que apareceu pela porta da cozinha, para a qual o grupo de amigos estava de costas. Encarava a esposa com uma expressão intrigada, enquanto ela levara involuntariamente a mão à boca em total estado de incredulidade.

- Hermes, moleque, o que está acontecendo aqui, posso saber? – o pai caminhara decidido em direção ao filho, o tom de voz um tanto alterado. Encarou a esposa de frente. – O que foi que aconteceu para você deixar cair a tigela de comida? Viu algum fantasma e não...

O pai de Hermes interrompera o falatório e detivera os olhos nos amigos do filho, passando por Mia e parando em Daniel. Constrangidos, ambos se olharam e levantaram brevemente os ombros como quem quer dizer ”perdemos alguma coisa?".

- Ei! Que falta de educação é essa, pai?! E mãe também! – Hermes parecia indignado com o comportamento dos pais diante de duas pessoas que ele considerava como irmãos.

Com um aspecto vidrado, a mãe do loiro se aproximou de Daniel. Colocou a mão na testa do moreno, afastando os poucos cabelos negros que a cobriam. O primeiro ímpeto de Daniel foi dar um passo para trás e fugir daquela estranha atitude adotada pela mãe do amigo. O pai de Hermes olhava para ele, parecendo absolutamente contrariado, e questionou-o:

- Não pode ser... qual é o seu nome, rapaz?

- Eu já disse que o nome dele é Daniel! – Hermes entrara no meio, impedindo que a mãe continuasse a tocar os cabelos do amigo como se procurasse em sua testa algo que deveria estar lá, mas não estava. Encarou os olhos do pai, que ainda era pouco mais alto que o filho.

- Daniel do quê? – perguntara a mulher, encolhendo o braço e segurando a vontade de continuar sua busca.

- Daniel Barish – dessa vez o moreno respondeu, a irritação já destoando na voz.

- Você... não é filho...dele? – o pai de Hermes quem falara dessa vez, de maneira ríspida e sem se importar com o olhar avassalador do filho.

- Filho de quem, oras? Sou filho de Joel e Helena Barish! Algum problema para vocês? – Daniel perdera a paciência ao revelar o nome de seus pais e ao tocar num assunto tão delicado quanto sua família, que ele vivia tentando evitar.

Com uma expressão de quem não levara a informação a sério e não podia ser convencida tão fácil, a mãe de Hermes resolveu então se voltar para Mia:

- Esses cabelos de fogo me lembram tanto de algumas pessoas. Eu as procurei por anos a fio sem encontrar. Julgava tê-las perdido para sempre. Qual o seu nome, minha querida?

Hermes desistira de protestar. Todos os olhares da cozinha convergiam para Mia. Sentiu as sardas acenderem e a vergonha tomar conta do rosto. Quando conseguiu reunir forças para articular as palavras, pronunciou-as pausadamente como se pudessem causar um terremoto se fossem ditas de outra forma.

- Sou Mia Granger Weasley. Filha de Ronald Billius Weasley e Hermione Granger Weasley.

O terremoto começara: a mãe de Hermes desabara na cadeira, enquanto o pai soltara um assobio. O loiro levou a mão à cabeça e gritou, completamente esquecido das boas maneiras de um bom anfitrião:

-Será que dá para alguém aqui me explicar o que diabos está acontecendo?
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Post by Slugh Malfoy »

paro d posta os capitulo??
pq?? T_T
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Post by Mia Galvez »

Loko wrote:paro d posta os capitulo??
pq?? T_T
Mas eu não parei! Postei o último hoje! rs... Depois atualizo mais!
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*Obliviate* - E se Voldemort vencesse a Guerra? (Cap 13!)

Post by Mia Galvez »

N/A: Estão gostando? Divulguem, comentem, me xinguem, mas manifestem-se! rs...

Capítulo 14
Destino e livre arbítrio


A mãe de Hermes chorava apoiada ao tampo da mesa enquanto o pai permanecia de pé, segurando os ombros da esposa e encarando o filho e os dois amigos. Hermes bufava, a reação dos pais decepcionando-o mais a cada minuto. Batia o pé no chão, esperando que um dos dois respondesse, numa atitude altiva que lhe era peculiar. Enquanto isso, Mia se sentia absolutamente constrangida. Olhava ora para Daniel, ora para o casal à sua frente, tentando entender porque a sua presença e a do moreno ali era tão avassaladora.

- Hein? – Hermes voltara a falar, os braços cruzados em frente ao corpo. – O que está acontecendo aqui, mãe e pai? Qual o problema com meus amigos? Eu nunca os trago e agora que resolvi convidá-los vocês me fazem passar vergonha? Olha, francamente, mãe! – e se dirigiu decidido à mulher chorosa, retirando as mãos pequenas e femininas de seu rosto.

Em meio à maquiagem borrada pelas lágrimas, Mia conseguiu identificar pequenas sardas iguais às suas, antes encobertas por uma extensa camada de pó facial. Começou a analisar melhor a mãe de Hermes. Ela era pequena, com formas bastante delicadas e um rosto um tanto quanto sofrido. Não tinha mais que 40 anos, talvez tivesse a idade da senhora Weasley. Mia se deteve nos cabelos muito lisos e ruivos, que caíam sobre os ombros da mãe do amigo. A cor era exatamente igual à dos cachos desajeitados que enfeitavam os cabelos da menina. E a voz... havia algo de familiar naquele tom de voz.

Uma interconexão de fatos começou a fazer sentido na mente de Mia. Uma lembrança, uma frase em latim, uma capa, um nome perdido nas recordações de família.

- Mia... filha de Hermione e Rony – a mulher falava agora, mais calma e dirigindo as palavras ao marido. – Não acredito que passei tanto tempo procurando por eles e os encontrei justo numa amiguinha do nosso filho!

O pai de Hermes parecia contrariado e nem a metade da emoção que transbordava da esposa o contagiava. Suas feições estavam endurecidas e ele mantinha um controle artificial sobre todos os gestos. A mulher se levantou, tomou a mão de Mia e, contendo as lágrimas, esboçou um sorriso para tentar amenizar o impacto do que diria a seguir:

- Mia, eu sou Ginevra Molly Weasley – com uma careta do marido, corrigiu, enquanto Mia não deixava de encará-la por um só instante. – Ou era quando solteira, pois agora sou Ginevra Malfoy. Sou irmã de seu pai, Ronald. Sou sua tia Gina!

Agora era a vez de Mia buscar pela cadeira mais próxima e deixar-se cair sobre ela. Tia Gina, a irmã desaparecida de seu pai? Este era um dos muitos assuntos não tratados na casa dos Weasley. Mas Mia sabia que seu pai tinha mais irmãos além dos gêmeos. Um deles morava no Egito, tio Gui, e era casado com uma francesa. O outro, Carlinhos, era solteiro e trabalhava na Romênia como veterinário, ou algo que lidava com animais, Mia não sabia ao certo. Percy sempre fora brigado com a família e morrera jovem, sem que Mia o conhecesse. Mas a única filha de Molly e Arthur raramente era citada, e Mia julgava que também estivesse morta até ouvir os pais conversando sobre ela e Harry Potter na mesma noite em que falaram sobre os Renegados.

Daniel e Hermes ficaram ao lado da ruiva, que não conseguia deixar de encarar tia Gina banhada em lágrimas, enquanto o senhor Malfoy parecia cada vez mais contrariado com a situação. Cruzou os braços diante do corpo e estufou o peito antes de dizer, com todo o desdém que sua voz poderia encerrar:

- Anda, Ginevra. Não é motivo para tanto. Em todo esse tempo você não falou de sua família e convivemos bem – o pai de Hermes prosseguia, a voz ganhando mais confiança ao encarar o olhar incrédulo da esposa. – Já conversamos sobre isso, não quero você e nosso filho envolvidos com...com... esses sangues-ruins dos Granger.

Os três amigos não conseguiram compreender o que o senhor Malfoy dissera, mas imaginaram que se tratasse de um insulto quando viram o rosto emocionado de tia Gina ganhar um aspecto furioso como o de um leão em uma caçada.

- DRACO MALFOY! Você acha que ainda há divisões desse tipo entre o nosso povo? Hogwarts acabou, Draco, não há mais separação entre puros-sangues e nascidos trouxas. Nosso filho é trouxa, não é mesmo? Foi criado entre os costumes trouxas! A única separação que existe no nosso mundo agora é formada por aqueles que apóiam as artes das trevas e aqueles que foram banidos por causa delas. Você também é um Renegado, não se esqueça disso!!!

- Muito bem, Ginevra! Agora aproveite a deixa e explique ao seu filho tudo o que acabou de falar, tudo que escondemos por anos – o senhor Malfoy batia palmas e fingia entusiasmo, o tom de voz completamente alterado. – Quem sabe a gente não descobre que ele é um aborto nojento e esquece de uma vez por todas essa bobagem de bruxaria, não é mesmo?

O próximo a puxar a cadeira e sentar ao lado de Mia foi Hermes. O loiro perdera completamente a cor das faces. Observava a briga dos pais com interesse, tentando captar o sentido daquilo tudo. Sempre soubera que era um Malfoy, com muito orgulho. Mas agora ouvia coisas sobre a origem de sua família que não conseguia compreender de imediato. Mia acompanhava a discussão quase tão incrédula quanto ele, mas capaz de entender a maior parte daquilo que era proferido. Não encontrara os Potter, afinal, mas sim outras pessoas que também foram banidas pelas forças do Lorde das Trevas e que poderiam ajudá-la a encontrar Harry e cumprir a profecia.

- Tia Gina – o tratamento soou forçado por conta da falta de costume em utilizá-lo. – Você sabe alguma coisa sobre Harry Potter?

O rosto do senhor Malfoy ficara da cor dos cabelos de Mia e um ódio antigo reascendeu por detrás de seu olhar. Ele estava prestes a explodir como uma panela de pressão que passou tempo demais sob o fogo. Mas não foi ele quem falou, e sim Hermes, que parecia já ter recuperado a hiperatividade de sempre. Levantou-se de um pulo da cadeira que ocupava para observar melhor as duas mulheres paradas à sua frente.

- Espera só um minuto. Tia Gina? Mãe, eu e Mia somos... primos? – os olhos acinzentados brilhavam de excitação diante da descoberta.

- Sim, filho, são – tia Gina assentiu com a cabeça em sinal de concordância.

- Ah, não, Mia! – Hermes exclamara, zombeteiro. – Agora vou ter mesmo que deixar o caminho livre para o Dan.

Foi quando os presentes se lembraram do moreno e deram por falta dele na cozinha. Hermes saiu para procurá-lo, mas voltou logo, vencido, pois o amigo já tinha deixado a casa. Mas naquele momento o loiro estava mais preocupado em entender o que significava tudo aquilo do que correr atrás de Daniel.

"Mais tarde– pensava ele. – Agora o importante é descobrir quem sou.”

Uma longa conversa, entrecortada pelos resmungos mal-humorados do senhor Malfoy, explicou a Hermes suas origens. Tia Gina contou aquilo que sabia a respeito da Última Batalha, a queda de Harry Potter, o destino dos Renegados e a distância da família Weasley. Omitiu qualquer informação sobre Draco Malfoy, como se ele simplesmente não estivesse presente em nenhum dos fatos narrados.

Mia contou sobre o seqüestro dos pais, a amnésia de vovó Molly e a estadia na casa de Fred e Jorge. Nessa parte, tia Gina sorrira saudosa, recordando com carinho dos irmãos queridos e das peripécias que aprontaram em Hogwarts. Naquela época eles estavam constantemente ameaçados pelas trevas, mas ainda havia luz e esperança. Depois da derrota e do desaparecimento de Harry Potter, os últimos 20 anos estiveram manchados por uma sombra negra.

O Oráculo e as lembranças vistas na Penseira ficaram de fora da narrativa. Mia sentia que poderia confiar estas informações para tia Gina, mas não na presença do senhor Malfoy. Ele não a fizera se sentir confortável em nenhum momento. Hermes não tirava os olhos das duas ruivas e não se pronunciara, até que não pôde mais suportar:

- Quer dizer que meu pai e minha mãe são bruxos? Que a família Malfoy é bruxa, então? Uau! E onde o senhor estava todo esse tempo, pai? Lutando ao lado de Harry Potter, eu suponho, com sua varinha e lançando feitiços para todo o lado, derrotando...

- Já chega dessa conversa! – o senhor Malfoy franzira a testa, em sinal do total desconforto e irritação que enfrentara durante toda a conversa. – Não quero, não vou e não preciso falar sobre isso debaixo do meu próprio teto! Acabou – e saiu da cozinha decidido, tropeçando na cadeira onde Mia estava sentada e resmungando mais ainda.

- Cara! O que deu nele, hein? – Hermes se questionava enquanto Mia encolhia os ombros e tia Gina parecia perdida em pensamentos, suspirando e olhando fixamente para a porta por onde outrora o marido saíra. – Acho que seria uma boa se a gente almoçasse agora, meu estômago já está rugindo como um leão!

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Ao terminar o almoço, Mia e Hermes decidiram ligar para Daniel para saber o que havia acontecido. O telefone da casa estava em constante sinal de ocupado e ele se recusou a atender o celular. Fizeram o dever de casa e deixaram o filme para uma ocasião mais propícia, pois já haviam tido muitas discussões filosóficas para um só dia. A idéia de ter pais bruxos divertia Hermes. Foi quando, deitado em sua cama enquanto Mia fazia a formatação final do trabalho no computador, surgiu a pergunta:

- E nós, priminha? Sendo filhos de pais bruxos, nós temos poderes mágicos também? – era evidente o êxtase que tal perspectiva causava no loiro. – Será que podemos sair por aí fazendo mágicas? ABRACADABRA!

- Não sei... – Mia parara de escrever para encarar o amigo de frente, séria. – Isso é algo que venho pensando muito ultimamente. Se meus pais estão num local mágico, eu preciso saber fazer magia para conseguir salvá-los.

- Como a gente sabe que é bruxo, Mia?

- Meu tio Fred disse que eles manifestavam poderes mágicos desde a infância – a ruiva franzia a testa no esforço de recordar. - Mas é fácil quando você vive num lar onde os feitiços são incentivados. Também havia bruxos que nasciam entre as famílias de trouxas, ou seja, as não-mágicas, e eram criados como trouxas. As crianças tinham emissões mágicas involuntárias até atingir os onze anos de idade, quando estavam aptas para freqüentar uma das escolas de magia e bruxaria espalhadas pelo mundo, onde aprenderiam a direcionar o poder mágico e emiti-lo conforme a sua vontade.

Hermes achava tudo isso muito interessante e se divertia a cada novidade que descobria sobre o mundo bruxo. Sentados lado a lado no computador e, esquecidos da finalização do trabalho, começaram a pesquisar tudo o que encontravam na rede sobre bruxaria e magia. Leram sobre as Brumas de Avalon, a Era dos Dragões, a Terra Média, elfos, hobbits e orcs, e chegaram até a Wicca. Parecia a forma mais possível de magia, onde as forças da natureza estavam relacionadas com o poder que o bruxo possuía e as habilidades em manipular os quatro elementos.

Ao entrar numa página onde se lia O encanto da Lua, Mia encontrou aquilo que precisavam. Foi como se uma luz acendesse em sua mente e ela então tivesse a certeza do que faria.

- Anda logo, Hermes! Pegue uma blusa e vamos para a casa do Daniel! Essa noite é lua crescente e teremos todas as respostas que precisamos!
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duxx Andrade
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Aahh eu fiquei triste com o quesito D/G
Pelo menos o Draco continua fiel aos livros: preconceituoso, prepotente, e pelo jeito tava do lado de Voldemort na batalha final... Hmm isso ainda terá que ser resolvido...
E acho que EU vou procurar "O encanto da Lua" no Google pra entender qual é a história da Lua Crescente uhauhuhauhauauh

(meu deus quem é a mulher do Harry? A tal da Helena? O.o)
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duxx Andrade wrote:Aahh eu fiquei triste com o quesito D/G
Pelo menos o Draco continua fiel aos livros: preconceituoso, prepotente, e pelo jeito tava do lado de Voldemort na batalha final... Hmm isso ainda terá que ser resolvido...
E acho que EU vou procurar "O encanto da Lua" no Google pra entender qual é a história da Lua Crescente uhauhuhauhauauh

(meu deus quem é a mulher do Harry? A tal da Helena? O.o)
Ahahahaahah! Oi Duxx, meu beta extra oficial!
É, eu sabia que agradaria uns e desagradaria outros. É a primeira fic que faço com o shipper D/G. Eu sou H/G, porque o livro o é, mas acho que a fic abre um universo de possibilidades muito extenso. E há um fator importante para que a Gina e o Draco tenham terminado juntos, e eu vou explicar mais pra frente (mas é beeeemmm mais pra frente).

"O encanto da Lua" vai ser explicado no próximo capítulo... acho que hoje a tarde ele já estará ok para postar.

E quanto a Helena, aguarde e confie! rs...

Bjooooooo!
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Capítulo 15
O ritual


Orientada por Hermes, Mia e o loiro pegaram o ônibus que os conduziria de volta para Kings Cross. O coração da ruiva estava acelerado e ela se sentia entusiasmada. Como não pensara nisso antes? Será que daria certo? Será que enfim poderia descobrir se tinha herdado os poderes mágicos dos pais?

Mas primeiro precisava de Daniel. Tinha certeza de que não era por acaso que o moreno, Hermes e ela estavam juntos agora. Sabia que o destino os havia unido para que ela descobrisse os Malfoy e encontrasse sua tia Gina. Ainda não sabia qual era o papel de Daniel em tudo isso, mas sentia que ele deveria estar junto quando tudo acontecesse. O que era esse tudo, Mia ainda não fazia a menor idéia, mas sentia uma sensação inexplicável de que tudo estava certo naquele momento. Num pequeno vislumbre, ouviu em sua mente uma voz que não pertencia a ela: Passado é passado. O mundo é agora e construímos nossa história dia após dia. Mia sorriu. Sabia que, por menos que pudesse entender seus próprios propósitos por hora, estava fazendo aquilo que deveria ser feito.

Ao chegar no apartamento, vovó Molly já estava dormindo. Mia não havia se dado conta de que já estava anoitecendo, e desde que perdera a memória, a avó passava grande parte do tempo adormecida. No começo, a ruiva tinha medo de ficar em casa sozinha com ela e pedira aos Gêmeos para que ambas pudessem ficar na casa deles. Embora preocupados com a saúde da mãe e a integridade da sobrinha, alegaram que precisariam se ausentar por uns tempos por causa de algumas coisas que explicariam mais tarde. Sem ter argumentos, Mia teve que cuidar da avó sozinha. A senhora não dava trabalho, a empregada vinha, fazia os serviços domésticos e vovó Molly conseguia cuidar de si mesma. Mas tinha lapsos de memória e, em algumas ocasiões, esquecia-se completamente da neta.

Mia entrou no quarto antes ocupado por seus pais, onde agora dormia sozinha, com Hermes em seu encalço. O menino jogou a mochila na cama, tirou os tênis e se ajeitou, apoiando as costas largas no travesseiro encostado à parede. Olhava para Mia esperando que ela dissesse algo, mas como não era lá muito paciente, precipitou-se:

- Vai me explicar o que vamos fazer ou eu espero apenas que você me ataque? Lembre-se, somos primos! Sei que sou irresistível, eu confesso, mas tente se controlar.

- Ah, Hermes Malfoy. Certas coisas nunca vão mudar em você, não importa se bruxo ou trouxa, não é mesmo? – o loiro sorria, deliciado com o comentário da amiga.

Mia pegara o telefone e discava um número.

- É a última vez que tento falar com Daniel. Se ele não atender, você vai até o sétimo andar e derrube a porta se for preciso. Enquanto isso, eu preparo tudo por aqui. Temos tempo até a virada da Lua, que de acordo com meus cálculos, será exatamente às dez e quarenta e dois, mas não quero deixar nada para a última hora.

- Mulheres... – Hermes saíra logo em seguida, resmungando, pois o telefone não atendera novamente e ele estava resignado em sua missão.

Enquanto isso, Mia se concentrava em encontrar alguns materiais que julgara importantes para o procedimento que iriam realizar. De fato, não sabia se utilizariam todos, mas era bom tê-los a mão. Em seu armário, encontrou incenso e velas coloridas. Já que não tinha um caldeirão bruxo, pegou um que a avó utilizava para ferver água.

”Isso deve servir...”- pensou, correndo excitada pela casa e juntando os elementos em uma mochila.

Voltou para o quarto e começou a ler em voz alta o pedaço de papel que imprimira na casa de Hermes.

- O ritual da Lua é feito sempre à noite. Mesmo quando o exato momento da mudança de fase ocorre durante o reinado do sol, espera-se a noite chegar e a Lua aparecer, fato que por si só sugere à maioria das pessoas uma aura de mistério. A escolha do sítio onde se dará o ritual tem que ser próximo a uma grande quantidade de água, de preferência o mar. Porém, jamais na areia, considerada estéril, e sim num campo de gramíneas naturais. Hummm....mar será impossível, estamos a quilômetros de distância dele - Mia organizava as idéias enquanto lia. - O jardim do prédio vai ter que servir, é o único lugar onde podemos fazer isso sem sermos importunados. Basta avisar o porteiro para trancar a porta que dá acesso ao local. E lá temos o pequeno lago. Pode não ser uma grande quantidade de água, mas deve servir.

Sorrindo com sua própria constatação, não percebia que caminhava pelo quarto enquanto continuava lendo em voz alta:

- Alguns símbolos ritualísticos são fixos, isto é, utilizados em todas as fases da Lua, como, por exemplo, a serpente em forma de anel, que é usada sempre no dedo anelar. Hummm... eu não tenho um anel de serpente. Será que faz falta? O dedo médio tem a função de ligar o mundo superior com o mundo inferior. O ritual da Lua crescente se faz no sentido de costurar o que está separado, de tecer a trama do destino. Tecer não significa somente predestinar e reunir realidades diferentes, mas também criar, fazer sair da sua própria substância, como faz a aranha, que urde ela própria sua teia. Urghhhh! Detesto aranhas...

- E eu também – Hermes vinha entrando no quarto, seguido por Daniel. Os cabelos do moreno estavam mais despenteados do que nunca, e Mia não esperava encontrar uma expressão melhor na face do amigo. – Tenho medo de aranhas, escorpiões e... Ah! Do Daniel também.

O moreno estava com os olhos vermelhos e um aspecto cansado, como se tivesse travado uma batalha consigo mesmo para ceder e estar ali naquele momento. Hermes parecia igualmente cansado e se sentou ao lado de Daniel, analisando o material que Mia havia separado. Ela continuou, como se não tivesse acontecido nada que pudesse ter aborrecido o moreno:

- Separei algumas coisas para usarmos. Olhem que interessante o que eu achei aqui: A Lua crescente é a fase da esperança, da adolescência revivida em qualquer idade, do novo amor ou do retorno do amor sob novos augúrios. O círculo ritual e os pedidos devem ser direcionados no sentido de pedir coragem para tecer seu próprio destino. O que acham disso?

- Acho besteira – Daniel olhava para Mia, os olhos muito verdes e desafiadores como ela nunca havia visto antes. – Sei muito bem qual é o meu destino: estudar, trabalhar e ganhar dinheiro para ajudar minha mãe a cuidar do meu pai. Não sou nada do que vocês pensam. Meus pais são... normais, entenderam? Não há nada de mágico neles!

O tom de voz de Daniel subira e mostrava todo o rancor guardado no coração do moreno. Hermes e Mia entreolharam-se, pensando em como poderiam convencer Daniel a participar do ritual. O menino bufava, indignado. A ruiva tinha certeza de que, sem ele, aquilo não valeria a pena, e pior, nada funcionaria.

- Dan... – ela começou, abrindo espaço para se sentar entre os dois amigos e abraçando o moreno, munida de toda a coragem que pôde colocar neste ato. – Nós somos um trio. Um não faz nada sem os outros, você sabe disso. Precisamos de você para completar esse ritual.

- É, cara! – Hermes se levantara e parou em frente ao amigo, que continuava com a cabeça abaixada, sem encará-lo. – Se não fizermos isso juntos, nunca vamos saber se temos ou não poderes mágicos que poderemos usar depois para conquistar a mulherada e...

- Hermes! – Mia protestara.

- Ah, desculpa, vai, prima – Hermes continuava, o sorriso matreiro estampado no rosto ao ver que o amigo já sorria, mais maleável. – Então, Dan, vamos fazer isso, vai? Por nós todos, pela nossa amizade. Se for mesmo uma besteira como você disse, pelo menos poderemos dar várias risadas e ver a Mia sem roupa!

- O quê? – agora era a ruiva quem estava indignada.

- Ué, Mia... eu li aí nesse seu papel que há alguns rituais em que a mulher deve estar nua, ou seminua, e cobrir o corpo com óleo – Daniel não agüentava e ria das provocações de Hermes.

- Para seu governo, senhor Hermes, este ritual é da Lua crescente e não há necessidade de nudez para completá-lo – respondeu Mia, tomando para si a mochila que estava na cama, fechando o zíper e colocando a alça sobre as costas. – Agora só falta o Bichento para completarmos os materiais, ao menos o que temos disponíveis para a realização do ritual. Não sei para que ele vai servir, mas é sempre bom ter a energia vital de um gato quando se realiza um ritual desse tipo. Ao menos foi o que eu li, e isso vale para o ritual da Lua crescente, senhor Hermes! Anda, meninos, vamos! Por favor, Daniel.

Rendido, o moreno seguiu os dois amigos e ainda ouviu Hermes murmurar próximo de seu ouvido algo que o fez sorrir:

- Droga, perdemos a chance! Por que não podia ser Lua cheia, hein?


--------------------------------------------------------------------------------


Depois de avisar o porteiro e vê-lo trancar a porta que dava acesso ao jardim, Mia, Hermes e Daniel se dirigiram para debaixo da Lonely Laidy. Mia tocou na árvore em sinal de respeito, pedindo licença mentalmente para realizar o ritual protegida por seus galhos. Sentiu um leve arrepio e uma sensação de consentimento quando uma brisa gelada intensificou ainda mais a noite já fria. A ruiva sabia que outubro não era a época ideal para se submeter a rituais da Lua, mas precisava ser agora, não tinha mais nenhum minuto para esperar. O tempo que passava podia significar menos tempo de vida para seus pais, e ao pensar nisso um nó em sua garganta se fez sentir.

O jardim estava um tanto escuro, mas isso não seria problema depois que acendessem as velas em forma de círculo. Mia se recordava dos livros da Trilogia da Magia, de Nora Roberts, que lera há pouco tempo. Neles, as três bruxas eram capazes de acender as velas dos rituais que praticavam apenas com a força de seus poderes. Quis experimentar, mas se sentiu frustrada ao perceber que perderia tempo e energia se continuasse mentalizando uma vela acesa sem de fato conseguir acendê-la. Os dois meninos já estavam sentados no chão e acendiam os pavios para iluminar o local. Mia explicara que, como precisavam de força, coragem e manifestação de poderes, escolhera velas vermelhas.

- Achei que vermelho fosse paixão. Uhu!!!

- Ah, não enche, Hermes! Agora não é hora para esse tipo de brincadeira – a ruiva permanecia de pé, os cabelos longos e cacheados balançando com o vento.

Mia colocou o pequeno caldeirão no centro da roda e jogou dentro dele algumas ervas e incensos, para perfumar o ar. Bichento foi solto pelo jardim e ficou sentado no banco de pedra, observando o grupo e miando esporadicamente. Os três amigos traçaram um círculo com o dedo indicador em volta de si mesmos e, sentados na terra, começaram a entoar um mantra em latim que Mia havia ensinado. Ele significava algo como primeiro encantamento, único encantamento, e servia para as reuniões de iniciação da bruxaria natural.

- Priori Encantatem, unique encantatem.

Repetiam o mantra em voz baixa, os três sentados em volta das ervas que queimavam. A aura mística começou a deixá-los num estado de torpor onde não tinham mais consciência de seus próprios corpos e se sentiam parte da natureza daquele pequeno jardim. O mantra continuava, repetitivo, ritmado. Mia sentia o vento ficar cada vez mais forte, mas ao abrir os olhos, viu que as velas continuavam acesas, brilhando cada vez mais intensamente. O vento uivava e a chama não se extinguia. Foi quando a ruiva sentiu uma enorme vontade de se libertar, de voar o mais alto que pudesse, de deixar a terra para sempre e ir de encontro a sua verdadeira natureza. A Lua a chamava, a Deusa-Mãe de todas as coisas. Levantou-se para abraçar a própria mãe, vendo na Lua um pedaço daquela que há tanto tempo estava desaparecida. Lágrimas brotavam de seus olhos enquanto a imagem de sua mãe ia se distanciando, ficando alta e longínqua como a Lua no céu. Uma lágrima rolou pela bochecha sardenta enquanto ela permanecia de pé, o rosto voltado para cima e os longos cabelos ondulando com a ventania.

Foi quando uma aura prateada surgiu diante dos olhos de Mia. Ela já não estava mais no jardim. Hermes e Daniel estavam ao lado dela e os três podiam sentir a força da magia da Lua dominando suas vidas. O mantra fora interrompido, mas não era mais necessário. O silêncio dominava tudo e nada, pois os sons da natureza eram ouvidos além e além, como se toda a Terra estivesse ali, ao lado deles, fornecendo energia e luz para o que precisassem. Mia brilhava intensamente, e Hermes, sem poder resistir, aproximou-se dela e beijou-a na testa, em sinal de extremo respeito. Virou as costas para a amiga e levantou a mão para o alto em sinal de comando. O vento tornou-se ainda mais feroz, rodopiando como se fosse um furacão, balançando as roupas e os cabelos do trio, envolvendo-os num redemoinho de ar furiosamente em movimento.

Daniel aproximou-se de Mia, tomou a mão da menina e ela estremeceu. O choque foi instantâneo, o reconhecimento também. Eram predestinados. Eram eternos. Assim era e assim seria para sempre.

- Ainda não é a hora...- Daniel dissera, num sussurro, sentindo o cheiro de Mia tão próximo e tão longe, tão soberano.

- Não importa – Mia respondera, tocando de leve o lóbulo da orelha do moreno. – Ela chegará.

Nisso, Daniel virou as costas para a ruiva e levantou as mãos para o ar da mesma forma que Hermes fizera, no exato instante em que o loiro interrompera a ventania. Com um trovão, Daniel produzira uma tromba d´água que envolvia os três amigos como se estivessem dentro de uma cachoeira cristalina.

Mia suspirou, fortalecida pelo poder do amor em suas mais poderosas formas: o amor de um homem e o amor da família. Aquilo era sua base, seu maior poder e seu eterno diferencial contra as Forças das Trevas. Levantou os braços e clamou, numa voz rouca que era mais do que apenas a de uma quase mulher, mas que encerrava em si mesma todo o poder de séculos e séculos de culto ao feminino e à Lua. Até o fim. Até o infinito.

- AD INFINITUM!!!

O círculo explodira em chamas, envolvendo Hermes, Daniel e Mia num ciclo de magia eterna, pura e natural. A magia eterna com a qual eles teriam a chance de vencer o Lorde das Trevas.
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O.o
Poxa, quem precisa de Hogwarts? Eles já são mais fodas que todos os alunos que tiveram sete anos de aulas O.o
Meeeeeeu deus uhauhauhauhuhauha
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AELLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
Mia Rulez...
fic rox^^ :D
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Capítulo 17
Tentativa e erro


A bruma cobria o campo onde o trio aterrissou com a Chave de Portal. Era uma neblina gelada e triste que tomava conta de qualquer coisa que estivesse por perto. Mia, que já havia viajado com uma Chave de Portal antes, teve apenas um leve desequilíbrio, mantendo-se de pé depois que soltaram o caldeirão. Já Daniel e Hermes caíram estatelados no chão, de cara para a terra batida onde não crescia nenhum ser vivo. Hermes içou o corpo e já estava prestes a xingar quando Mia levou a mão aos lábios num pedido mudo de silêncio. O loiro engoliu a fala e o pomo de adão na garganta saltou. Daniel já batia o pó da jeans e olhava ao redor, examinando com a ponta dos dedos as paredes negras e sólidas de uma grande fortaleza.

- Como é que vamos passar por isso? – Daniel perguntou em voz baixa, enquanto examinava atentamente as paredes e as tocava em busca de alguma rachadura, o que parecia impossível.

- Água mole em pedra dura tanto bate até que fura – Mia repetiu o ditado popular, agora mais literal que nunca.

- Você quer dizer que eu vou fazer chover nessa parede até que se abra um buraco de um tamanho possível para que nós possamos passar? Vou esgotar toda a energia que eu tenho, Mia! Depois, como vou provocar a tempestade quando estivermos lá dentro?

Pronto. Mia não havia pensado nisso. Na verdade, estava tentando resolver uma parte do plano com a qual não contava. Tanto planejamento e ela simplesmente se esqueceu de que, na vez em que esteve lá sozinha, só conseguiu ultrapassar as sólidas paredes do muro externo de Azkaban porque se tratava de uma lembrança. A única coisa que conseguiu fazer foi bater os pés no chão, amaldiçoando-se em silêncio por ser tão estúpida a ponto de esquecer algo tão básico.

Enquanto se irritava consigo mesma, ouviu um psiu murmurado de longe. Era Hermes, que caminhou para uma curva no paredão, e agora chamava os dois amigos para o local onde estava. O loiro apontava para alguma coisa que Daniel e Mia não conseguiam enxergar. Ambos olharam na direção para a qual Hermes apontava e ao redor, mas não viam nada além de neblina e paredes negras. Aquilo era bastante estranho. Hermes percebeu a atitude dos amigos e fez cara de contrariado. Aproximou-se deles para que pudessem ouvi-lo:

- Vocês não estão vendo? Temos dragões alados aqui. Pelo menos eu acho que são dragões, apesar de serem tão pequenos e esquisitos. E também não cuspiram fogo pelas ventas ao me verem e...

- Do que é que você está falando, Hermes? Bateu a cabeça na terra quando caímos, foi isso? – Daniel questionava, olhando para Mia sem compreender a atitude do rapaz.

Hermes parecia transtornado. Tocava o focinho do animal ao seu lado, que tinha as asas abertas e prontas para alçar vôo. Era um exemplar escuro, dotado de articulações poderosas, que agüentaria facilmente o peso dos três. O bicho era bastante grande e possuía um couro negro e duro, além de feições répteis que fizeram o loiro supor que o animal só podia ser um dragão, como aqueles que já vira em desenhos na televisão.

- Qual é? Ficaram cegos? O bicho está aqui do meu lado, oras! – e para provar o que falava, Hermes içou o corpo para cima do animal, montando em suas costas e acariciando o pescoço dele. – Vocês vêem agora?

Daniel e Mia quase caíram para trás ao ver Hermes flutuando no ar como se estivesse montado no dorso de um quadrúpede. O moreno levou o nó do dedo indicador dobrado aos olhos, coçando e piscando as pálpebras para parar de ter alucinações. A ruiva permanecia boquiaberta. O loiro, então, percebeu que os amigos não enxergavam o animal. Mas... ele estava ali! Afinal, Hermes não sabia voar e estava sentado nas costas do bicho.

- Bem, a gente não vê nada, Hermes, mas eu acho que sei o que é isso – Mia, com um estalo, se lembrou da penseira, onde viu os pais voando em alguma coisa que não conseguia enxergar. – Se esse negócio que você diz ser um dragão realmente voa, então é com ele que vamos atravessar essa muralha. Você acha que o bicho agüenta nós três?

- Eu acho que sim – Hermes olhava para o animal alado, buscando se certificar do que dizia.

- Então anda, desce daí e venha nos ajudar, afinal, não podemos enxergar onde vamos subir sem a sua ajuda.

Daniel parecia estupefato e nada feliz com a idéia de voar no dorso de alguma coisa que ele sequer enxergava. Hermes desmontou do bicho e tomou Mia pela mão, ajudando-a a subir. Depois, virou para o moreno e falou:

- Vai, Daniel! Eu não vou ficar segurando a sua mãozinha para você montar no meu dragão!

- Seu dragão, Hermes? – Daniel vinha tateando o ar, até que encontrou o pescoço do animal e içou o corpo logo atrás de Mia. – Já se apoderou do bicho que só você vê?

- Claro! Se só eu vejo, é meu – Hermes completara, com um olhar de desdém, como se a coisa fosse tão clara quanto água.

- Anda, parem os dois! – Mia interrompera a exibicionisse dos rapazes. – Hermes, suba e vamos logo, quanto mais rápido fizermos o que precisa ser feito, mais rápido poderemos sair daqui. Este lugar me dá arrepios.

Hermes concordou com um aceno de cabeça e montou à frente de Mia. Pediu para os dois amigos recuarem um pouco e ajustou os joelhos dobrados quase em volta do pescoço do animal. Quando o loiro se sentiu pronto e ao abrir a boca para ordenar que o bicho voasse, este abriu as asas e levantou para o céu velozmente, como se tivesse lido seu pensamento. Com o tranco, Daniel se agarrou à cintura de Mia para evitar que escorregasse o corpo pelo dorso liso do animal. Ao tocá-la, ambos sentiram um leve choque lhes percorrer a pele, e permaneceram assim enquanto Hermes estava extasiado, com os braços abertos, o vento batendo no cabelo loiro e despenteando o potente gel. O bicho atravessou as altas paredes da fortaleza com a facilidade de um pequeno pássaro, e pousou ao lado de uma árvore morta e retorcida que havia próximo ao muro. Daniel foi o primeiro a desmontar de maneira apressada, seguido de perto por Mia. Hermes ainda permaneceu um tempo nas costas do animal e murmurou algumas palavras próximo ao que deveria ser a sua cabeça. Para a ruiva e o moreno, a cena era chocante e desconexa. Sabiam que havia alguma coisa ali, que inclusive os levara pelos céus até o interior da fortaleza, mas o fato de não conseguir enxergá-la tornava aquilo um tanto quanto sobrenatural. E qual era a explicação para que Hermes pudesse vê-lo?

Não havia tempo para buscar respostas. O loiro desmontou e se juntou ao grupo, que caminhou devagar rumo ao que parecia ser a porta de entrada da prisão. Mia notou que não havia nenhum daqueles estranhos guardas patrulhando o local. Lembrou-se deles com um arrepio: encapuzados, flutuando de um lado para o outro, com enormes feridas nas mãos descarnadas e produzindo uma fumaça modorrenta ao respirar. Não vê-los, ao invés de trazer alívio, deu certeza a menina de que havia algo errado por ali.

Escondendo-se como podiam ao longo da construção, atravessaram a enorme porta de pedra que guardava o interior da fortaleza de Azkaban. Não havia resistência nenhuma que pudesse impedi-los de avançar. Mia tomou a escada que outrora vira na Penseira e começou a descer os degraus, seguida de perto pelos dois rapazes. Os archotes das paredes laterais estavam quase apagados e o fogo que ardia mal iluminava o degrau a seguir. Mia impôs as mãos à frente do corpo, produzindo um pequeno feixe de luz, e continuou descendo vagarosamente a escada de pedra.

Ao chegar nas masmorras que serviam como prisão, Mia entendeu porque os guardas não estavam patrulhando a área externa. O barulho era ensurdecedor e não havia como notar os três corpos que se esgueiraram pela parede da masmorra e se esconderam num canto aonde a luz não chegava. Os horríveis seres, que tinham como obrigação vigiar os prisioneiros de Azkaban, estavam dispostos em um círculo. Observavam dois bruxos mascarados segurarem pelos braços um homem e uma mulher, ambos ajoelhados no chão duro. O casal estava seminu, com feridas abertas e sangrando espalhadas por toda a extensão do corpo. O trio tinha a impressão de que os gritos e lamentos dos outros prisioneiros podiam ser ouvidos a quilômetros de distância dali, mas as paredes grossas isolavam bem a barulheira. Era como se eles protestassem contra algo que aconteceria em breve, algo cruel e mortal que não poderia ser evitado.

O coração de Mia estava na boca e um arrepio gélido percorria toda a extensão de seu corpo, provocando ligeiros espasmos. Podia sentir a mão de Daniel, fria e suada, apertando a sua de um lado, enquanto Hermes segurava seu ombro do outro. Os dois mascarados levantavam as varinhas para o alto e riam, enquanto os guardas continuavam em círculo, apenas observando um pouco afastados.

- Chegou a hora de vocês pagarem por não fornecerem a ajuda que nosso Mestre precisa – uma voz feminina, cruel e fria como gelo, ecoou por debaixo da máscara que cobria o rosto de um dos algozes.

- Sim, minha cara – o outro mascarado tinha voz de homem, e gargalhou logo depois de concordar com a mulher. – Terei o maior prazer em enfeitiçá-los, malditos Weasley traidores do sangue!

O choque fez com que os joelhos de Mia envergassem, e ela caiu logo em seguida, o rosto contorcido pelo horror da revelação. Não fora capaz de reconhecer os próprios pais! O que haviam feito com eles? Daniel e Hermes levantaram o corpo da amiga, um de cada lado. O trio sabia que era a hora de agir, antes que fosse tarde demais. De repente, dois gritos estranhos e dois feixes de luz amarela explodiram diante dos olhos assustados dos jovens, atingindo em cheio o senhor e a senhora Weasley.

- OBLIVIATE!

O casal não se moveu com o feitiço, mas seus olhos adquiriram um aspecto completamente vazio. Os mascarados viraram as costas para se retirar, ordenando que as criaturas encapuzadas cuidassem do casal. Nesse momento, as capas que cobriam os corpos cheios de feridas começaram a voar por conta do enorme vendaval que atingiu a masmorra. Raios e trovões foram ouvidos e uma tromba d´água gigantesca arrastou a maior parte dos guardas que anteriormente estavam dispostos em círculos. Enquanto Daniel e Hermes controlavam seus poderes para tentar causar o máximo de desordem possível, Mia corria em direção aos pais. Agarrando-os pelos braços, tentava forçá-los a se levantar e seguir com ela. No entanto, ambos estavam estáticos, sem forças para se movimentar e sem perceber o que acontecia ao redor. A água que escorria de seus corpos manchava o chão ao redor de sujeira e sangue. Os dois mascarados notaram a movimentação próxima ao casal e avistaram Mia ajoelhada ao lado dos pais. Apontando a varinha na direção da menina, a mulher gritou:

- CRUCIO!

Uma dor sem limites atingiu o corpo da menina, fazendo com que ela emborcasse no chão e se contorcesse inteira. Era como se um milhão de facas ultrapassassem seu corpo inteiro e produzissem uma dor tão grande que Mia imaginou que a morte seria mais agradável. Os mascarados aproximavam-se, protegidos do vento e da tempestade por algum feitiço repelente semelhante ao que a ruiva utilizava.

- Ora, ora! Se não é mais uma Weasley traidora do sangue. Veio salvar mamãe e papai, pequena nojentinha? – a mulher sorria com desdém, o olhar crispado de ódio colado em Mia, que se contorcia no chão. – Você acha que, sendo trouxa como é, poderá ser páreo para MIM? A serva mais fiel e mais leal ao Mestre? Aquela a quem ele deu o poder e a imortalidade?

A dor cessou de repente, mas a mulher mascarada se aproximava com a varinha apontada para a menina, cada vez mais perto. Mia abriu os olhos e notou que a chuva e o vendaval estavam diminuindo. Daniel e Hermes pararam ao lado da amiga com as mãos ainda impostas, molhados da cabeça aos pés e visivelmente cansados pelo esforço de controlar a natureza por tanto tempo. Sem a bagunça generalizada, os guardas de Azkaban voltaram a se organizar para encurralar o trio e o casal Weasley, que não reagira ainda. Mia começou a sentir uma tristeza e um pessimismo tomarem conta de si mesma. Tudo fora em vão. Ela havia falhado. Como poderia ser a salvação dos Renegados e de seu povo se não fora capaz nem de resgatar os próprios pais? Diante de si mesma, tudo o que via era a perdição, o fim se aproximando velozmente na cavalgada de um corcel prateado.

Um corcel prateado? - pensara a ruiva, enquanto o cavalo trotava diante de seus olhos, afastando os guardas e deixando estáticos os dois mascarados. Quando criou coragem e olhou para o lado, viu a figura do Oráculo, trajando as mesmas vestes verdes com detalhes marrons e segurando uma varinha, de onde o fiapo de luz prateada saía para dar origem ao belo animal. Aproximando-se da menina, Wyrda pediu para que ela retirasse da mochila a Chave de Portal, enquanto ele afastava os dementadores.

- Dementadores? – Hermes perguntara, ainda com a mão imposta, mas já sem produzir nada além de uma pequena brisa. – O que são dementadores?

- São os guardas da prisão de Azkaban – Wyrda dissera. – Mas agora não há tempo a perder. Quando eu disser três, toquem no caldeirão e saiam daqui. Mia, tu tens que segurar os braços de teus pais para que dê certo.

Mia fez com que a mãe e o pai dessem as mãos e agarrou o pulso esquerdo do senhor Weasley. Posicionou o dedo na Chave de Portal e estava pronta para voltar quando deu por falta de Daniel. O desespero tomou conta da menina, que olhava para Hermes enquanto o loiro deslocava o corpo de um lado para o outro para tentar localizar o amigo.

- DANIEL!!!

O grito de Mia ecoara pelas masmorras quando avistou o moreno, completamente dominado por uma série de dementadores. Ele não lutava, permanecia estático, enquanto uma das criaturas estava prestes a depositar um beijo em sua boca.

- Rápido, Wyrdfell! A Chave de Portal!

Wyrda recolhera o corcel prateado e tocava no caldeirão. Hermes também colocou um dos dedos da mão no metal frio e esperava que Mia fizesse o mesmo, mas a menina não conseguia tirar os olhos de Daniel. Hermes agarrou a mão dela e, com um grito, começaram a girar, afastando-se de Azkaban e deixando um pedaço de si mesmos para trás.
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Capítulo 18
Até o inferno


O Oráculo conduziu a Chave de Portal para que eles parassem na sala das profecias. Mia não se esforçou para cair de pé, pelo contrário. Estatelou-se no chão e ali ficou, em estado de choque, as lágrimas correndo livres pelas bochechas cobertas de sardas. Seus cabelos estavam desgrenhados e a menina enterrava nas faces as unhas de ambas as mãos.

Hermes caiu sentado ao lado da amiga e observava seu sofrimento. Segurava o choro, mas sentia um nó na garganta e um aperto no peito difíceis de descrever. A dor era tão forte que dava a impressão de que não acabaria nunca. O que haviam feito, afinal? Salvaram os pais de Mia e condenaram Daniel a uma morte horrível junto ao desconhecido.

Wyrda caminhou com dificuldade e parou ao lado dos dois jovens, oferecendo-lhes uma bebida servida em taças de cristal. Hermes foi o primeiro a tomar, de um gole só. Era forte, bastante quente e tinha gosto de gengibre. Depois, vendo que Mia não se movia para tomar a poção, o loiro colocou a mão em sua nuca e ajudou-a a sorver o conteúdo da taça. A ruiva engasgou ligeiramente com a bebida misturada ao choro. Enquanto isso, O Oráculo virou as costas para os dois amigos, e pôs-se a observar as profecias da parede com um interesse fingido. Já o senhor e a senhora Weasley continuavam com os olhares perdidos, caídos num canto da sala, próximos ao divã.

Num gesto forçado, Mia se sentou ao lado de Hermes, mas permanecia ainda sem forças para se levantar por completo. Abraçou-se ao amigo e continuou chorando, até que se deu conta de que Wyrda se aproximara e os encarava. A raiva estava quente no coração e a menina não foi capaz de se controlar.

- VOCÊ SABIA! MALDITO SEJA QUE NÃO ME CONTOU! VOCÊ SABIA QUE PERDERÍAMOS DANIEL! Você sabia que ele não voltaria conosco... – a voz de Mia diminuíra de intensidade e dera lugar ao choro compulsivo novamente.

O Oráculo caminhou até ela, abaixando-se e enxugando as lágrimas do rosto da menina. Hermes não saiu de perto da amiga, pois não sabia até que ponto poderia confiar naquele estranho ser de orelhas pontiagudas e sem unhas nos dedos das mãos. O loiro o encarava de forma desafiadora, pronto a defender a amiga para evitar que ela sentisse mais dor, mesmo que para isso ele tivesse que dar a própria vida por ela.

- Wyrdfell fez o que deveria fazer. O Oráculo não pode intervir nas profecias.

- PARA O INFERNO COM AS PROFECIAS! Eu só quero meu amigo de volta...

Wyrda levantou o corpo com dificuldades e aproximou-se do divã onde estavam o senhor e a senhora Weasley. Examinou-os atentamente, enquanto os dois encaravam o vazio. Impôs ambas as mãos sobre os corpos quase sem roupas e curou as feridas produzidas pela temporada na prisão. Depois, cobriu-os com duas túnicas muito alvas e sentou-os no divã. Então, foi para o centro da sala e se apoiou na borda da Penseira, levando uma das mãos a cabeça. Franziu o cenho como se sentisse toda a dor de Mia dentro de si. Apontou o dedo indicador comprido para a própria cabeça e um fiapo de prata saiu de dentro dela, acompanhando o movimento da mão até que foi colocado dentro do conteúdo rodopiante da bacia de pedra.

- Tu tens o poder que o Lorde das Trevas desconhece. Agora vá, os teus já sabem o que se passou aqui e estão preocupados contigo. Leve teus pais, eles precisarão de tua ajuda agora. Sejas forte e cumpra tua missão, Wyrdfell. Os <i>Renegados</i> dependem de ti, não te esqueças disso.

Tentando controlar os sentimentos adversos que invadiam seu coração, Mia se deixou ser conduzida pelo Oráculo juntamente com Hermes e seus pais. Entraram no armário sumidouro e rodopiaram uma vez mais rumo à casa dos gêmeos Weasley. Ao abrir a porta do velho móvel, Mia deu de cara com Fred e Jorge, e ao lado deles estava vovó Molly e tia Gina, desacompanhada do senhor Malfoy.

- Ah! Graças a Merlin! – a mulher ruiva correra para o filho, acariciando-lhe os cabelos despenteados e tentando limpar o rosto do garoto. – Nunca mais faça isso, Hermes, nunca mais, entendeu?!

Mia saiu logo em seguida, quase tão arrasada quanto o loiro, puxando os apáticos senhor e senhora Weasley. O casal encarava a todos como se fossem desconhecidos, sem saber de fato onde se encontravam e nem ao menos quem eram. Na hora exata em que os viu, vovó Molly reconheceu o feitiço ao qual eles haviam sido submetidos.

- Foi um <i>Obliviate</i> - ela dissera com um ar cansado, conduzindo-os a duas poltronas próximas. Retirando uma varinha de dentro das vestes, conjurou duas canecas com uma bebida fumegante e cedeu-as para o filho e a nora.

- Vovó! A senhora melhorou? – Mia estava surpresa com a lucidez que a avó apresentava naquele momento. Mas ao invés de Molly responder, foi tia Gina quem falou.

- Eu dei um jeito de falar com Fred e Jorge quando vi que Hermes havia fugido de casa nesta manhã, apesar de todos os protestos de Draco – ao falar o nome do marido, Mia pode notar uma expressão de revolta nos rostos dos gêmeos. - Imaginei que vocês estivessem aprontando alguma e resolvi que já estava na hora de me comunicar com minha família. Então, quando consegui estabelecer um contato, vi que Fred e Jorge estavam no hospital. Fui até lá e, ao me ver, mamãe se recuperou do feitiço e nós...

- Que feitiço? O que é esse tal de <i>Obliviate</i>? – Hermes interrompera a narrativa da mãe para questioná-la, olhando depois para os pais de Mia, que observavam tudo ao redor de forma assustada, como se estivessem ainda em Azkaban.

- <i>Obliviate</i> é um feitiço da memória – vovó Molly começou a explicar. – Os seguidores do Lorde das Trevas aplicam o feitiço em todos aqueles que não querem contribuir com os serviços da <i>Polícia Negra</i> e também naqueles que sabem demais. Depois de enfeitiçados pelos <i>Obliviadores</i>, os bruxos são devolvidos ao mundo dos trouxas e nunca mais se lembram de quem são. Mas alguns continuam em Azkaban até apodrecer, sem memória. Tudo depende da gravidade do crime que cometeram aos olhos do Lorde.

- E como foi que você se recuperou, vovó? – Mia questionara.

- Amor, minha querida – vovó Molly se aproximara de tia Gina, abraçando a filha com ternura e acariciando-lhe os cabelos vermelhos. – A emoção de rever minha pequena Gina fez com que eu me recordasse de tudo.

- Um caso muito raro, eu ouso dizer, não é mesmo, Fred? – Jorge dissera, e o irmão assentira em concordância.

Mia deveria estar feliz agora. Sua avó havia melhorado, seus pais estavam novamente em casa, e tia Gina voltara para o convívio da família que antes tivera que abandonar. Mas nada conseguia apagar da memória da menina o rosto apático de Daniel, totalmente entregue aos terríveis guardas das masmorras de Azkaban. Como se lesse os pensamentos da amiga, Hermes se virou para a mãe e perguntou:

- Mãe, o que os tais dementadores fazem com as pessoas quando as capturam?

Tia Gina olhou para o filho e depois procurou o apoio de cada um dos familiares. Parou os olhos em Mia, que esperava a resposta ansiosamente. Talvez houvesse alguma forma de salvar Daniel, de voltar até lá e ajudar o amigo. A mãe de Hermes suspirou resignada antes de começar:

- Os dementadores são criaturas horríveis. Eles se alimentam da felicidade dos seres humanos. Por isso, a única forma de vencê-los é produzir um Patrono. Este feitiço só pode ser realizado se o bruxo se concentrar numa lembrança feliz antes de lançá-lo. Mas, caso o bruxo não seja capaz de conjurar um Patrono, a criatura aplica-lhe o beijo do dementador, ou seja, suga sua alma até que não sobre mais nada. A pessoa vive uma semivida, como um corpo sem essência, pairando num universo não-humano. Assim a morte se aproxima de forma muito mais veloz que num bruxo que ainda conserva a alma dentro de si. Desculpe, meninos... mas nesse momento Daniel já não está mais entre nós...

Mia engoliu em seco e controlou os olhos cheios de lágrimas. Olhou para Hermes e teve a certeza de que o amigo pensava a mesma coisa que ela. Ambos fariam de tudo para vingar a morte de Daniel. Nem que tivessem que enfrentar e matar o próprio Lorde das Trevas. Esse era o destino, o futuro e o livre arbítrio deles. E nada poderia pará-los.

- Próximo passo: patronos – Mia sussurrara no ouvido de Hermes, e este concordara com um aceno de cabeça.

- Vou até o inferno com você se for preciso. Ou eu não seria um Malfoy!

Mia abraçou o amigo, enquanto imaginava que nem sempre o poder significa a glória eterna. O peso da responsabilidade do que tinha nas mãos era maior do que qualquer um de sua idade poderia carregar. E, no entanto, ali estava o futuro, clamando por ela e obrigando-a a agir. Ela não sabia de onde, mas tiraria forças para lutar contra o Mal até o fim. E morreria tentando se fosse preciso.

__________________________________________________________

Prólogo

Enquanto isso, em Azkaban...

-Malditos sejam esses sangues-ruins nojentos! Malditos sejam!

A mulher jogara ao chão a máscara que antes cobria seu rosto, mostrando uma pele descarnada e corroída pelo tempo. Um dia ela fora bela, mas deixara a maldade dominar cada pedaço de seu corpo e de sua alma, agora perto da imortalidade graças ao Mestre.

Belatriz Lestrange estava lívida. E com medo. Cometera um erro e deixara escapar os nojentos traidores do sangue, o casal Weasley que uma vez tentara raptar Harry Potter e que agora se reunia junto aos <i>Renegados</i> para tentar desbancar o único e verdadeiro líder do mundo bruxo.

- Não permitirei que eles façam isso, Rudolph! Não permitirei, está entendendo?

O homem ao seu lado apenas concordava com a cabeça, parecendo cansado de tudo aquilo. O fanatismo de sua esposa havia levado o casal longe demais, e agora seriam incapazes de voltar atrás em sua lealdade ao Lorde. Mesmo porque Belatriz havia sido a escolhida do Mestre. Era a preferida, a mais leal, a mais fiel. Rudolph era só um adendo desnecessário que viera junto com a devoção de sua esposa. E enquanto ele se tornava mais velho e cansado, ela se tornava mais jovem e adquiria mais força graças ao Mestre.

Ao chegar perto das escadas que levariam para longe das masmorras, o casal Lestrange prostrou-se de joelhos imediatamente ao ver a figura ofídica do Lorde, que acabara de aparatar no local.

- Ora, ora... parece que meus <i>Obliviadores</i> não conseguiram conter um grupo de indefesas crianças, não é mesmo, cara Bella?

Belatriz tremia, e beijava a barra das vestes do Lorde em sinal de extrema devoção e submissão.

- Perdoe-nos, Mestre, perdoe-nos! Nós... – Rudolph começara, tentando se levantar para beijar a mão do Lorde das Trevas.

- Cale-se! <i>CRUCIO!</i>

O bruxo se contorcia no chão enquanto Belatriz se agarrava ainda mais às vestes do Lorde, beijando-lhe e demonstrando todo o respeito em relação a seu Senhor.

Foi quando, em meio aos gritos de Rudolph, ouviu-se uma voz que vinha de uma das celas. O Lorde das Trevas interrompeu o feitiço e dirigiu-se para lá a fim de escutar melhor o que parecia ser o último suspiro da prisioneira encerrada ali. Encarou a mulher, os cabelos crespos e esbranquiçados caindo sobre a face, as mãos descarnadas, mas a voz não combinava com ela. A voz era grossa, forte e parecia vir de algum lugar longe demais dali.

- <i>Ela tem o poder que o Lorde das Trevas desconhece. Ela! Aquela que será capaz de vencer o Lorde das Trevas nasceu quando o sétimo mês terminou.</i>

E, com um suspiro, a estranha mulher partira nos braços da morte.
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Post by Mia Galvez »

Algumas explicações: <b>Obliviate – três famílias e um destino a cumprir</b> é a primeira parte da <b>Trilogia dos Feitiços</b>. Aconselho a quem leu, acompanhou e gostou desta história que leia as próximas. Atualizarei esta página assim que for oportuno com os links das outras fanfics, os quais colocarei na página inicial também, para facilitar a leitura.

Esta história foi inspirada em diversos livros e filmes que eu gosto. Portanto, vou explicar brevemente algumas das idéias e de onde elas saíram:

<b>Obliviate:</b> a idéia da fic, uma das falas da misteriosa encapuzada que enfeitiça a moça do lago, e o sobrenome de Daniel saíram do maravilhoso filme <i>Brilho eterno de uma mente sem lembranças</i>, dirigido por Michel Gondry e escrito pelo brilhante roteirista Charles Kaufman (o mesmo de <i>Quero ser John Malkovich</i>, outro filme excelente). No elenco, só nomes de peso: Jim Carrey como Joel Barish, Katy Wenslet como Clementine Kruczynski e Elija Wood (o hobitt frodo da trilogia <i>O senhor dos Anéis</i>) como Patrick, só para citar alguns. É um dos meus filmes preferidos, junto com <i>Moulin Rouge, Em busca da Terra do Nunca e Doce Novembro</i>. No filme, Clementine, uma doida varrida desvairada e bipolar resolve deletar o namorado Joel por meio de um procedimento cerebral. Ela apaga todas as memórias que tem sobre ele. Quando Joel descobre o que Clementine fez, vai atrás do serviço também. Mas nem sempre é possível esquecer alguém se esquecendo apenas do que você já viveu com a pessoa. Sei que parece loucura, e para entender, é preciso assistir ao filme. A atuação de Jim Carrey é a oitava maravilha do mundo! Eu A-D-O-R-O esse cara fazendo drama (vide <i>O show de Trumman</i> também)!

<b>O Oráculo:</b> este personagem é meu xodó. Foi criado especialmente para meu irmão-amigo Obede (por isso um dos nomes dele é Obede). A descrição da roupa, do jeito misterioso, o animago (uma águia) em que ele se transforma e até mesmo o formato do patrono dele são homenagens singelas ao meu querido amigo que acompanha sempre minhas loucuras literárias. O personagem também tem pequenas influências de Matrix e do próprio Oráculo de Delfos, o ancestral de todos os Oráculos, proveniente da Mitologia Grega.

<b>Wyrda e Wyrdfell:</b> Um dos nomes do Oráculo e o nome pelo qual ele chama Mia saíram da Língua Antiga criada por Cristopher Paulini, autor da Trilogia da Herança. Wyrda significa destino e Wyrdfell, Renegados mesmo. Aliás, a expressão <i>Renegados</i>, que usei para os bruxos banidos, também foi retirada da história dos Cavaleiros de Dragões que derrotados e banidos pelo rei Galbatorix.

<b><i>Minority Report – a nova lei:</i></b> Quando estava escrevendo o capítulo em que cito este filme, ele havia passado na televisão aberta no dia anterior. Eu já tinha assistido no cinema e gostei bastante. Um dos poucos filmes de ação que é tão non-sense que chegou a me agradar. A história dos Precogs e da Pré-Crime vale a pena e também tem ligação com prever o futuro, o que se encaixa perfeitamente na fic.

<b><i>Trilogia da Magia</i></b>, de Nora Roberts: uma das melhores trilogias que eu já li. Nora Roberts é uma conhecida escritora de ficção norte-americana. Ela não escreve apenas sobre universos mágicos, mas foi primorosa ao abordar a história de Mia, Rippley e Nell, três mulheres que são adeptas da bruxaria natural e herdeiras da poderosa magia das Três Irmãs, que deram origem ao nome da ilha onde elas vivem (Ilha das Três Irmãs). Cada bruxa representa um elemento (fogo, ar e terra) e, juntas, elas completam o ciclo natural. Não vou contar onde está a água para não estragar a surpresa. O ritual da Lua feito por Mia, Daniel e Hermes foi inspirado nos rituais realizados pelas três bruxas de Nora Roberts. E claro, com toques sutis de <i>As Brumas de Avalon</i>.

<b>Ships:</b> Utilizei dois casais formados por personagens de Rowling, por enquanto. Um deles, Ronald Weasley e Hermione Granger, é claro como água nos livros e adoro o universo criado para eles nas fics. Cabe aqui uma gostosa propaganda sobre uma fic chamada <i>Vou me casar, Hermione</i>, uma das melhores que eu já li sobre o casal. Quanto ao outro ship importante, sei que criei uma certa polêmica: Draco e Gina. Muita gente não gosta do ship. Ele é nã-canon e eu deixo bem claro para vocês: não acredito que a J.K.Rowling vá utilizá-lo nos livros. Mas, no universo das fanfics, a licença poética é permitida, desde que não se altere a personalidade do personagem. O meu Draco está sim com a Gina, e há um motivo bastante forte para isso, que será explicado mais para frente. Mas ele continua sendo um Malfoy. Não dá para o personagem ficar bonzinho do nada! Então, aos que se decepcionaram com o ship, aguardem a explicação para compreender melhor os motivos de D/G.

<b>Hermes:</b> Este é um personagem a parte. Um misto de Malfoy e gêmeos Weasley, é o toque de humor da fanfic. No meio de tantos dramas, mistérios, aventuras e assuntos importantes, Hermes não perde o bom humor nem a língua afiada. Como um perfeito Malfoy, fala o que pensa e sente sem se preocupar com a opinião dos outros. Como um herdeiro dos Gêmeos, adora aprontar e sempre tem uma boa idéia para fugir das aulas. Durante o tempo em que escrevi essa fanfic, me apaixonei pelo Hermes. Portanto, meninas, ele já tem dona! :-D Mas podem ser fãs dele também, assim como eu sou e a Flávia também o é!

Depois destas explicações, gostaria de agradecer a todos que leram a fic e comentaram. Cada um de vocês me deu dicas importantes e fez com que eu estivesse sempre com o ânimo renovado para escrever todos os dias. <i>Obliviate</i> nasceu muito rápido e consegui terminá-la, pois me dediquei inteiramente a ela durante as férias. Isso não significa que não vou dedicar tempo para as outras duas partes, pelo contrário. Agora que sei que posso ser seqüestrada por vocês caso não termine essa trilogia, farei as duas próximas partes rapidinho!

Gostou? Então comenta! rs.. :cry:
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Post by duxx Andrade »

uaaaaaaaaaaaauuuu O.o
Sibilia morreu =/
Voldie sabe da profecia =/
Daniel tá em maus lençóis =/
Rony e Hermione esqueceram tudo =/
mas Molly está bem \o/

uuuu mal posso esperar pela segunda parte =D
ainda tem muuuuita perguntas sem resposta!
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Post by Mia Galvez »

Ah! Só pra avisar: essa fic já se encontra betada pela Isabelle Lestrange. Aliás, ela é minha (ro)be(r)ta querida, como a apelidei, e logo mais ela aparece por aqui.

Claro, como vocês podem ver no tópico, ela também teve um help de beta extra-oficial do Duxx.

É isso.... o link está aí na sign...
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Post by Isabelle Lestrange »

Bom, passei para dar a minha opinião oficial. Como a fic estava terminada antes da exigência do beta reader para o concurso, não há muito que possa fazer agora, senão falar um pouco do que aconteceu.
Quando passei a trabalhar na fic, Obliviate já estava praticamente na metade (se não me engano foi a patir do 8, não?), e o enredo todo estava na cabeça da Mia, então acredito que o maior trabalho dela tenha sido passar para o papel. Cheguei a olhar os capítulos já publicados mas tirando errinhos de português não havia nada substancial.
Eu aprendi que a Mia (escritora) escreve com as emoções, e muitas vezes o coração fala mais alto que a razão. Adoro este tipo de escritor, impulsivo, e se vocês prestarem atenção a fic é dominada por sentimentos. Consigo perceber claramente a alteração de humor, os conflitos pelos quais os personagens passam, e isso para mim é o que dá o toque todo especial de Obliviate. E acho que foi exatamente nesta hora que minha função se fez sentir melhor. Ela estava tão concentrada no momento da fic e dos personagens que podia deixar tranquilamente a revisão prá mim.
É claro que como todo ser humano cometo deslizes, mas o Duxxx sempre esteve dando o suporte para os detalhes que escapavam... :D
Se eu disser que foi um trabalho difícil, estarei mentindo. A coisa fluiu muito rápido, pois tivemos uma afinidade muito grande. Ela nem escrevia e eu parecia já adivinhar o que viria pela frente.
A única dificuldade que me lembro foi a caracterização do Hermes. Desde o início ele sempre foi um personagem muito querido, mas acho que de tanto querer fazê-lo perfeito a Mia (escritora) acabou por não dar o tom que gostaria, e ele acabou ficando diferente do que ela gostaria. Trabalhamos um pouquinho nisso e logo ele voltou aos eixos (lindo, como sempre!)
Bom, o resultado dessa parceria bem sucedida vocês já conferiram, e podem ter certeza que muita coisa boa ainda está por vir.

Mia, meus parabéns pela fic!

Abraços,

(ro)be(r)ta
Belle Lestrange
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