- Ainda que um pouco relutante, Gui foi em direção aos dois garotos de volta ao túnel que dava acesso a passagem secreta debaixo do Salgueiro Lutador. Era claro a sua intenção de convencer David e Daniel de voltarem para a escola no caminho mais seguro. Tudo bem que se eles optassem por irem pelo vilarejo de Hogsmeade algum professor poderiam pegá - los e até os expulsarem da escola. Mas isso não era problema para o sonserino, que de detenções já estava acostumado. Ainda na Casa dos Gritos, fez menção de ficar parado onde estava, tentando demonstrar o seu receio em continuar por aquele caminho. O mesmo sentimento que o atingiu quando Ary morreu voltou ao seu corpo... não era um bom presságio. Fechou os olhos por alguns instantes e esquecendo - se de tudo o que havia acontecido, foi atrás dos gêmeos.
Acendeu a varinha novamente e entrou no túnel mais uma vez. Sua visão parecia cada vez mais prejudicada pela penumbra, uma vez que não conseguia enxergar nada a um palmo de distância do seu rosto. Foi andando com um pouco de cautela, sentindo a sua cabeça começar a latejar lentamente. Mais essa. Como se já não bastasse o perigo que corriam em estar voltando pelo caminho do Salgueiro e em até mesmo carregar aquela misteriosa pedra, Gui sempre tinha que sentir alguma coisa nos momentos em que ele precisava estar mais atento ao seu redor. Um pouco a frente de onde estava ele ouviu um baque surdo, como se alguém tivesse caído no chão. Correu ainda sem ver muita coisa, percebendo que um dos dois estava de joelhos no meio do túnel, enquanto o outro tentava ajudar o irmão. Aproximou - se um pouco mais, percebendo que quem havia caído era David. Tentou pronunciar alguma coisa ali, naquele momento, mas calou - se diante da situação. Os gêmeos agora se abraçavam de uma maneira um tanto quanto estranha. Pela cabeça de Gui passou pequenos trechos de quando os dois garotos haviam se encontrado pela primeira vez, não entendo como que eles haviam resolvido todos aqueles problemas.
Pigarreou em um tom alto, como se estivesse tentando trazer os dois de volta para os seu real objetivo. Na verdade, aquela cena balançou um pouco com os sentimentos do garoto, que mais do que nunca sentia falta de alguém em que pudesse se amparar. Iluminou o caminho, percebendo que faltava poucos metros para a saída do local em direção aos jardins. Antes de continuar a sua caminhada, virou - se para David que vinha sendo ajudado pelo seu irmão.
- Está tudo bem David? O que aconteceu? Se não estiver se sentindo muito bem, acho melhor ficar aqui enquanto buscamos ajuda.
Como se em resposta a sua pergunta, David vira - se e continua caminhando. Aos poucos os garotos iam chegando até a saída do túnel, revelando o céu chuvoso e o gramado molhado dos jardins. Parecia que muitas pessoas agora se aventuravam em fazer não sei o que no local. Esperou a saída dos dois meninos à sua frente, não percebendo o que acabava de acontecer. Assustado, ouviu um grito distante os alertando de algo. Demorou um tempo até Gui conseguir entender, mas era sobre o Salgueiro Lutador. Olhou para cima temeroso, observando que a árvore já não estava parada como antes, e mexia – se velozmente. Os seus galhos balançavam de um lado para o outro, tentando interceptar alguém que se atrevesse a cruzar o seu caminho. Deu alguns passos atrás na procura de David. Quem sabe a espada poderia funcionar novamente, mas onde ele estava... foi então que o viu, caído no chão, aparentemente ferido.
Tentou correr em seu auxílio, mas algo extremamente grande o atingiu no peito. Um grosso galho de árvore veio em sua direção velozmente, não dando tempo para qualquer reação. Gui caiu fortemente sobre o chão, levando suas mãos rapidamente para o local ferido. Não tinha mais forças para se levantar... O ar pareceria ter extinguido em seus pulmões. Levantou a cabeça com certa dificuldade, quando percebeu que David estava vindo em direção do salgueiro com a sua espada em mãos; em posição de ataque. Tentou avisá – lo sobre o perigo que corria, mas a sua voz não saiu dessa vez. Outro galho da árvore veio em sua direção, mas desta vez o garoto conseguiu escapar de ser esmagado pelo salgueiro, rolando para o lado contrário do ataque. Levantou – se rapidamente, ao momento de ver David sendo atingido no rosto pelo salgueiro. Virou – se para Daniel, que ainda não sofrera nenhum dano, e gesticulou para o mesmo como sinal para que ficasse parado no local onde estava. Seria difícil dele fazê – lo, o qual obviamente queria ajudar o seu irmão ferido. Começou a correr rapidamente em direção ao corpo de David, que parecia ter algumas dificuldades em manter – se acordado. Ajoelhou – se a seu lado, percebendo que o amigo não estava nada bem.
– David! Não vá desmaiar agora... Você tem que sair daqui! – tentava reanimá – lo segurando a sua cabeça com cuidado.
Não demorou muito para que outro galho do salgueiro viesse na direção dos dois. Levantou – se de um salto, tentando chamar a atenção da árvore e levando – a para longe do corpo de David. Começou a fugir, mas não por muito tempo. Outro galho veio na direção contrária e o jogou para longe, atingindo as suas costas. O seu corpo doía. Não sabia o que fazer. Tentou levantar – se mas caiu novamente, não suportando a dor.