Aposentos da Profª de Feitiços
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Professor Vigente: Katerina Blazek
Desde a última troca de cargo, a sala do professor de Feitiços havia mudado o suficiente para ser o mais novo assunto corrente entre os alunos menos corajosos da escola.Os aposentos da Dra. Katerina Blazek eram a tradução visual de "horripilante". Uma ante-sala nada agradável exibia para seus visitantes prateleiras repletas de objetos misteriosos, equipamentos médicos seculares, ervas em vasos e frascos de vidro contendo as mais grotescas partes da anatomia humana e animal. Acima de uma escrivaninha apinhada de papéis, na parede, repousava um quadro de uma matrona ruiva de aspecto severo, intitulado bizarramente de "O Sorriso da Sra. Patterson-Blazek". A visão mais tranqüila do recinto era uma estante suportando livros em línguas ilegíveis, metodicamente separados em ordem alfabética por autor - fato previsível, vindo de alguém tão regrado quanto a professora de feitiços.
Atravessando um cortinado de veludo azul-escuro, podia-se obter entrada a áreas mais íntimas. O quarto particular era escuro e especialmente frio por conta de encantamentos, a fim de dar sentido à decoração local. Havia peles de animais árticos por toda parte - no tapete de urso, sobre a cama, nas paredes...uma lareira rústica dava ao ambiente um timbre de cabana siberiana. Objetos pessoais se espalhavam pela cômoda, muitos deles visivelmente de origem eslava. Ao lado da confortável e espaçosa cama, pendia do teto uma gaiola vistosa, aonde Sokol - o desconfiado aluco da doutora - vinha se refugiar quando se enfastiava do corujal. Um outro quadro notoriamente se sobressaia acima dos apetrechos no aparador da lareira, por abrigar um cientista de feições muitíssimo parecidas com as da professora vigente. O "Dr. Blazek em escritório" não era muito mais amigável que a mulher na ante-sala - o que, talvez, fosse o motivo de ambos terem sido afastados.
O acesso aos aposentos da professora, assim como a muitas de suas propriedades pessoais, era restrito. Uma estátua de Baba Yaga - a terrível bruxa folclórica do leste europeu - fazia o papel de porteira na entrada. Como na lenda, aqueles com intenções puras seriam bem-guiados pela velha, coisa que já não se podia garantir aos mal-intencionados...