Sheu tinha abandonado a cabine assim que foi possível. Não suportava mais respirar aquele ar... intoxicado pela presença desagradável daquela menina insolente. Sheu não tinha culpa se a mente da outra tinha se projetado... mas teria sido isso mesmo? A garota não tinha certeza e não sabia a quem recorrer para lhe tirar essa dúvida. Atrasada, vestiu-se rapidamente num banheiro qualquer para chegar logo no Salão Principal da escola. Não que ela estivesse ansiosa para o começo do ano letivo, tampouco a negativa era verdadeira. Sheu queria resolver seu próprio quebra-cabeça e era isso que a motivava.
Assim que chegaram juntos na carruagem, Sheu e o irmão se depararam com a visão da Floresta Proibida o que reavivou muito as imagens que a garota havia presenciado no ano anterior. Sheu, que tanto havia lutado para esquecer durante a viagem, para aparentar ser uma pessoa normal, agora recebia toda a enxurrada de lembranças cruéis. Ela não reclamava, pois, em seu íntimo, sabia que tudo aquilo a levava para a verdade; a verdade nua e crua que os irmãos Castells tanto procuraram.
Após uns breves minutos de reflexão com os olhos voltados para aquela floresta misteriosa, Sheu seguiu adiante. O Salão não estava enfeitado para receber os alunos como no ano anterior, com o baile de boas vindas. Sheu
imaginou que fosse um luto por conta da morte recente do primeiro anista, mas ela também não estava com clima para festinha nesse momento. Ainda faltavam alguns professores na mesa quando o diretor começou a falar e a garota foi se esgueirando para a mesa da Grifinória no canto direito. No caminho, seu olhar cruzou com o da Prof Sophie que se sentava na sua cadeira.
*Jóia! Só pra me lembrar de que tenho detenção com ela*
“Boa noite a todos. Decerto esta noite não é das mais típicas para uma abertura de ano letivo...”
Sheu tentou não chamar muita atenção pelo atraso, mas podia sentir as pessoas olhando para ela desgostosos com sua falta de tato durante o discurso do diretor. Para o azar da garota, não havia mais lugares na ponta e ela teve que caminhar até o meio da mesa. Sheu achou um espaço vago para se sentar e olhou para trás em busca do irmão, mas Jão não estava ali.
*Será que ele ficou lá fora esperando o diretor terminar de falar? É...isso seria o mais sensato. Mas porque o Jao foi sensato e eu não?* coçou a cabeça, refletindo
*Não...o Jão deve ter se atrasado por algum motivo idiota... talvez tivesse amarrando os sapatos ou algo do gênero*
Sheu sentou-se ao lado de um garoto que ela não conhecia do ano anterior e supôs que era mais uma das transferências de Hogwarts. Sheu deu um breve sorriso e tratou de procurar seu amigo Carlos na mesa. Ele não estava lá, mas viu o pequeno grifinório Dan na outra ponta meio no pânico por estar rodeado de pessoas desconhecidas e Sheu teve uma estranha vontade de ir até lá e afofar ele ^^ Seu sorriso sumiu quando encontrou, na mesa da Corvinal, aquela garota. Fez um muxoxo e virou a cara.
“Reforço aos mais velhos e aviso pela primeira vez aos mais novos: a Floresta Proibida é de fato proibida para todo aluno dessa escola. Uma morte horrenda aguarda quem for descuidado ou não-inteligente o bastante para se atrever a caminhar por entre as árvores da Floresta, principalmente depois dos fatos ocorridos hoje.”
Imediatamente os olhos da garota encontraram os de Nana, na mesa da Sonserina. Embora rivais de Casa, as primas eram cúmplices e muito amigas. Sheu tinha um olhar maroto diante da afirmação do diretor, uma vez que
visitas à floresta não lhe assustavam nem um pouco pois já tinha sido batizada com o pavor da morte na floresta. Nana lhe lançou seu típico olhar assassino número 13 e Sheu sabia que a prima lhe entregaria sem dó nem piedade se ela tentasse mais alguma aventura suicida à floresta. Sheu fez caras e bocas de medo pra prima, até que notou que o garoto ao lado a olhava divertido e tratou de encarar profundamente seu prato.
O diretor ainda apresentou a nova bibliotecária e a irmã dele, curandeira. Sheu não tinha visto a Srta Skuli no fim do ano passado e lembrou-se de um boato de briga feia entre os dois.
*Se ela fez algo de ruim, talvez ligado às trevas... por que ele a recebe aqui? Num momento tão tempestuoso? Foi-se o tempo em que a segurança dos alunos era prioridade*
“Contudo, a maioria de vocês já sabe de tudo isso. Os senhores devem mesmo é estar se perguntando por que cargas d’água o ano letivo começou tão atrasado. Pois bem, estive esse tempo todo tentando contornar os fatos – o fato, melhor dizendo. Saibam que um poderoso objeto guardado neste castelo fora roubado, e por conta desse roubo não seremos capazes de realizar o tradicional ritual de seleção...”
*Não!*
Sheu deixou escapar um grunido de espanto e colocou a mão na boca, prevendo o que viria a seguir.
“Temo lhes dizer, meus caros, que o Chapéu Seletor fora roubado.”
- Que absurdo! - a garota deixou escapar.
Sheu mal teve tempo de explanar toda a sua surpresa e decepção pela falta de segurança no Castelo pois o Prof Bergerson atravessou o salão num rompante e foi direto à mesa dos professores, discursando em tom acusatório.
- É você, não é? Sempre foi! Este homem é o responsável por todas as coisas ruins que têm acontecido! Por que não confessa, "senhor Ruthven", o motivo pelo qual você matou o garoto no trem e roubou o chapéu seletor, além de suas inúmeras outras barbaridades? Não pense que os crimes de sua raça continuarão impunes. Eu não admitirei isso!
Sheu bateu a mão com uma leve força na mesa, trincando os dentes.
- Eu sabia! - balbuciou e em seguida lançou um olhar de "eu te disse" para a prima Nana. Ignorando a defesa apaixonada de uma aluna da sonserina e o fato do professor estar nitidamente bêbado, a garota continuou a sussurrar, pensando um pouco alto demais
- Ele não engana a mim. Ele é o assassino. Suas vestes negras, sua mão machucada e sem poder se curar com ervas comuns...seu conhecimento de magia das trevas...matar um aluninho e roubar um chapéu seria muito fácil...É ele - disse para si mesma enquanto lançava um olhar duro, acusatório e firme para o professor. Não tinha medo dele.
Contudo, uma distração qualquer interrompeu o que Sheu estava fazendo. Foi tudo muito rápido. Alguem tinha derrubado alguma coisa roxa numa menina ali do lado e todo mundo se afastou o mais rápido que pôde para não se molhar. Com o tumulto, Sheu acabou se apoiando no garoto ao lado para se levantar e, sem querer, enfiou a cabeça dele no prato de sopa de berinjela com picles que ele tomava.
- Por Merlim! Me desculpe! Me desculpe mesmo! - disse enquanto tentava limpar o rosto do menino com guardanapo
- Que idéia a minha - e sacou sua varinha
- Aguamenti! - um jato de água controlado saiu de sua varinha e limpou o rosto do menino, embora o deixasse um pouco molhado
- Err...desculpe por isso também. Se quiser eu posso secar - e deu um sorriso amarelo
- Sou Sheu Casltells, 5º ano e...humm...desculpe mesmo.
off: post enoooooorme, huahauha
off2: desculpa a demora...coisinhas...
off3: a nova tendência de assassinato: afogamento no prato de sopa
off4: te vira, dindo bb fakeeeee ~foge
off5: Jao, cade vc?
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narração ~ fala ~ pensamento ~ outros personagens ~ off