Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

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Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

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O aposento da Professora de Poções fica nas masmorras. Para chegar até ela, basta que o aluno continue caminhando após a sala de aula, vire à esquerda no fim do corredor de pedras negras e siga o caminho das tochas com fogo azulado e quente. No fim do corredor é possível encontrar uma grande porta de carvalho com a seguinte placa:
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Ao adentrar o aposento, certamente haverá muito aconchego. Sempre quentinho e com um cheiro familiar, a pesada porta de carvalho é um paradoxo com a decoração feita pela professora. Magicamente ampliado, o aposento de Zaphyra foi adaptado para melhor satisfazer suas necessidades particulares. É bem iluminado e as janelas refletem o clima real do lado externo do castelo.
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Possui dois andares distintos. À entrada o visitante pode notar uma mesa comum de trabalho com uma cadeira de cada lado, onde a professora se dispõe a receber os alunos. Ao lado, próximo à lareira, poltronas bem dispostas e um sofá pérola são um atrativo para chá ou café no fim da tarde. Talvez, algo mais forte. Ao lado, o que deveria ser um descanso para os pés é o local onde seu gato costuma se deitar, quando não observa o movimento da parte de cima ou está em seu quarto.

Ao lado da entrada, uma simples porta de vidro, porém repleta de encantamentos, guarda a reserva especial de poções da professora, assim como seus trabalhos pessoais. Certamente, uma série de poções enfileiradas e em processo pode ser vista do lado de fora.

No segundo andar, é possível observar uma enorme estante com todos os livros e pergaminhos raros que Zaphyra coleta ao longo dos anos. Uma rara coleção que fica protegida contra gananciosos por poderosos feitiços e poções de envenenamento nas páginas. Sem o adequado manuseio, certamente pode levar à morte.

Do lado esquerdo, duas portas levam ao quarto pessoal da Professora de Poções. Pouco mobiliário ocupa o lugar: uma enorme cama com lençóis de seda tecidos por encomenda, uma estilosa penteadeira com um belo espelho de molduras de ouro e um divã de descanso para si e para o seu gato. Esta parte dos aposentos é apenas para seu acesso.
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Sheu
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Re: Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

Post by Sheu »

Zaphyra anulou os feitiços que trancavam a porta de sua sala, entrou e sentou-se próxima à lareira. Conjurou uma taça repleta de hidromel, permitiu-se alguns minutos saboreando o néctar envelhecido e deixou o corpo descansar por alguns instantes na poltrona. Algo zunia em sua mente, incomodando suas mais profundas reflexões. Um miado impaciente a despertou de um pseudo cochilo e ela encarou aqueles olhos amarelados com certa intensidade.

- Osíris.

Levantou-se e pôs-se a caminhar e divagar pelo quarto. O gato a observava com interesse. A mente de Zaphyra estava esmiuçando os últimos acontecimentos, ao passo que acessava sua memória excepcional em busca das fichas dos professores já investigadas. Havia algo escapado? Haveria seu fiel investigador sido ludibriado? Seu trabalho ali era simples. Seria uma ação rápida e eficaz, sem deixar vestígios ou atrair atenção. Mas seu instinto a alertava de que o movimento soturno de alguma peça daquele tabuleiro poderia ser demasiado perigoso.

Sacou sua varinha e reforçou inúmeros feitiços de proteção em seus livros, pergaminhos valiosos e poções. Especialmente no trabalho que estava desenvolvendo há anos. Não poderia se dar ao luxo de ter sua pesquisa avariada ou roubada. Uma teia complexa se formou ao seu redor, de magia e sangue, e sentiu-se satisfeita com o resultado.

Deslizou para o andar superior e examinou com cuidado sua biblioteca particular até encontrar o livro que vira de relance mais cedo. Mitos e Verdades da Magia Egípcia, de Mohamed Iashya Sadatt. Folheou o exemplar de forma displicente, pois já sabia de cor tudo que estava ali escrito. Sua mente havia se voltado para o Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Há algo nele que aciona meus instintos de defesa e isso não é algo fácil. Mas a forma despreocupada com a qual lidava com esta leitura, em plena Sala dos Professores... Ou ele é, de fato, um blefe ou subestima o conhecimento que seus colegas têm das entrelinhas deste livro. Eu preciso tomar cuidado até ter certeza em que terreno estou pisando.

Mais uma vez um miado impaciente chamou sua atenção. Osíris era um bom gato, muito especial. Sua ligação com Zaphyra era algo muito peculiar e era de se admirar como ele sempre sabia quando se manifestar.

- Não se preocupe, Osíris. Estou apenas tomando precauções.

Fechou o livro e o recolocou na estante. Dirigiu-se ao seu quarto onde tomou um demorado banho de sais e trocou de vestes. Deveria ir até o Salão Principal, mas certamente daria tempo de passar em outro lugar. Quando deixou sua sala em direção à biblioteca, trajava um longo vestido azul marinho, acompanhado de pérolas em seu pescoço e brincos. Lançou novos feitiços de proteção ao passar pela porta.

Off: post coisante só pra coisar mesmo. corredores lol
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Sheu
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Re: Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

Post by Sheu »

Destino? Coincidência? Dèja vú? Bobagens sem tamanho. Quem arquitetou a mirabolante desculpa de que Ele escreve certo por linhas tortas nunca tentou ajustar o caderno na hora da escrita. Recebeu o convite para vir a Hogwarts como uma oportunidade sedutora demais para que se mantivesse distante ou a recusasse. Ao chegar na deteorada escola, que fervilhava pela incompetência do corpo docente, teve certeza de que seria uma abordagem rápida, sem falhas e com o mínimo de sangue derramado possível. Queria agir de forma discreta, mas agora sua passagem não seria mais tão discreta assim.

No instante em que Zaphyra saiu para a rua de Hogsmeade, junto à Ministra da Magia, houve outro pequeno contratempo. Algo relacionado com crianças em um lugar entitulado Casa dos Gritos e envolvendo lobisomens. Sinceramente, a Professora de Poções começou a observar um padrão de desastres envolvendo os estudantes. Talvez, fruto da energia incompetente do lugar. Embora os outros adultos se propusessem a salvá-las o quanto antes, Zaphyra deparou-se com uma situação, no mínimo, incoveniente. Uma coruja totalmente branca, deixou cair em suas mãos, no meio de Hogsmeade, uma carta lacrada. Encontrava-se sozinha naquele momento e, ainda com certa reserva, balbuciou algumas palavras mágicas. Em instantes, surgiu um símbolo no lacre: a união de um círculo de fogo, um calice invertido e um trevo de pontas afiadas. Não precisava abrir, pois sabia que nada havia sido escrito no pergaminho. Guardou-o no bolso e, aproveitando-se da situação em que foi deixada para trás, aparatou para onde fora chamada.

Não demorou muito e voltou a aparatar em Hogsmeade, em uma ruela particularmente deserta. Ainda enxotou alguns alunos de volta à escola, com ameaça de suspensão ou expulsão se ainda continuassem ali. Passou à margem dos jardins, onde a Ministra da Magia parecia lidar com alguma situação complexa junto a alguns alunos. Não foi vista.

Caminhou disfarçadamente para dentro do Castelo. Não queria que a vissem, pois precisava alcançar o seu dormitório. A todo momento fazia breves pausas, pois tinha a sensação de que alguém fazia o mesmo caminho, ainda que à distância. O salto de seu sapato fazia ecoar um som cadenciado pelos corredores das masmorras, até que sacou sua varinha e o silenciou. Escutou por alguns instantes. Nada. Seus sentidos lhe alertavam de que havia algo errado naquele nada.

Seguiu para o seu dormitório, atravessou sua proteção mágica e adentrou a sala. Tudo estava na mais perfeita ordem, exceto os pensamentos de Zaphyra. Caminhou até sua escrivaninha e depositou sua mão sobre os papéis e livros à mesa. Encarou o nada por alguns instantes até que, repentinamente, jogou todo o seu material no chão, como um tsunami devastador. Proferiu uma série de impropérios que desagradaram o seu gato. Ignorou-o.

Toda a sua vida havia se comportado de forma exemplar. Toda a sua vida esteve trabalhando para alcançar o que já devia ser seu por direito. Agora, estava recebendo ordens de fontes alteradas. Estava sendo pressionada por resultados, como se estivesse retardando de propósito. E se estivesse? Qual seria o problema? Há muito começara a questionar a validade deles e até mesmo a sua vil existência. Evidente, havia outras peças em jogo. Peças que já se moviam no tabuleiro, revelando seus propósitos, suas missões. Cabia a ela, agora, eliminar os obstáculos e encontrar a solução, antes que fosse tarde demais para si mesma.

Tomou um banho rápido e desceu para a sala, onde sentou-se à lareira para repassar o acontecido. Zaphyra vestia um longo vestido negro de cetim, com leve aplicações e um enorme decote nas costas. Usava seu conjunto de pérolas brancas tradicionais. Enquanto lançava chamas através de um floreio de varinha, virava uma taça de whisky de fogo puro. Observou o fogo queimar a madeira, estalando-a, reduzindo-a ao patamar de inferioridade diante de seu poder destrutivo. Seus olhos logo assumiram a cor de fogo, refletindo as chamas em sua íris nada comum. Tempo. Isso ela já não possuía mais.

Off
Ressucitei dos mortos lol. Ação combinadinha, esperando visita ^_^
Perdoem a introdução e o post. Ainda estou enferrujada.
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Gui M.
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Re: Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

Post by Gui M. »

  • As inquirições sobre os nossos movimentos geridos pelos sentimentos acabam, em suma maioria dos casos, em um aspecto menos abstrato e maior correspondente a verossimilhança intrínseca da realidade, a nos levar por certos caminhos que a nossa vã capacidade de racionalização jamais se perpetua com grande primazia. Ah, como seria, se eu pudesse, em todos os graus possíveis, me controlar! Essa idéia já não passava mais pela cabeça do então acadêmico de Hogwarts. O tempo é uma escala assustadora. Em proporções diárias, nos parece tão mundana e pouco significativa, mas, com o bater das badaladas se aproximando com intenso furor, a sua verdadeira face se desenrola, cruel e vilanesca.

    E era contra o tempo que corria. Já não bastava toda a sua máscara extravagante e pomposa, a qual se habituara a fazer, agindo instintivamente diante das situações que lhe desdobravam; uma nova mudança nos planos urgia necessária, cada vez mais. Relegando todos os seus poderes clarividentes à parte – não que eles fossem por demasiados desenvolvidos, também – aquele auto-sentido de proteção e advertência estavam mais exaltantes neste ínterim do que em toda a sua vivência passada. Algo se agitava pelas sombras e, Ariel, em toda a sua incumbência perante as artes malignas, sentia todo esse turbilhão que estava prestes a se descortinar.

    Um olhar mais íntimo: creio que todos se lembram da sua mal sucedida incursão pela floresta proibida, onde pretendia realizar alguns processos ilícitos, afastados dos olhos dos demais abutres moralistas que ali residiam, com olhares volumosos partidos de suas altas janelas, em vista ao flagelo do condenado professor, o qual já presidia uma lista de acusações que, devido a veemência e veracidade a que eram lhe destinadas, não mais se preocupava em contra-argumentar, o mínimo que fosse.

    Pois bem; e desde aquele dia fatídico, não mais conseguira manter-se na linha de seus projetos. Estava crescendo, cada vez mais, e seus poderes saiam de controle a cada momento, restando apenas a sua forte vontade interior, que ainda punha-se no controle de todas as extensões do seu próprio ser. Não por muito tempo, aliás. Em breve, não saberia responder por seus atos mais banais e simplórios.

    Como efeito colateral, já se poderia perceber uma estranha mudança na fisiologia do docente: os seus olhos, mais estritamente, a área que corresponde ao entorno das pupilas, avermelhava-se quando contrastadas à luz bruxuleante dos candelabros que iluminavam o castelo. Os cabelos, a cada momento mais desordenados e esvoaçantes, os quais insistiam em atrapalhar a visão por não receberem um corte digno há meses; as roupas, tão finas e trabalhadas com o melhor gosto da alfaiataria, já não mais o satisfaziam. O que poderia ser deduzido de toda essa situação era que, de uma forma primeiramente coerente, existia outro assunto que perturbava as suas noites de sono mais do que intrigas infantis entre os seus colegas de profissão. Algo maior; além da compreensão lógica de muitos bruxos.

    Então, com todo esse panorama se entendendo sobre o Sr. Ruthven, o próprio, a passos rápidos, já não se continha em transmissão de bonança e parcimônia. Os alunos que ainda perambulavam pelos corredores estranharam a maneira apressada e determinada a qual o seu professor cortava os corredores, sem sequer lançar um olhar de escárnio para qualquer um que vinha a se interpor em seu caminho. Situação bastante diferente do habitual, quando um de seus maiores prazeres era a demonstração abusiva de poder em relação a todos os estudantes, dos quais se intimidavam ao ponto de não quererem nem ao menos fazer contato visual com o algoz que lhes humilhava de forma educadamente elegante, se assim podemos colocar.

    O caminho estava quase se extenuando. O destino? Simples. Não mais do que os aposentos invioláveis da professora de Poções, a caríssima senhorita Qwysking. Nesta altura dos acontecimentos, já conseguia antever as deliberações de ambos, dessa vez, com doses de preocupações intensas equilibradamente entre os dois. Seja por uma magia involuntária, poderes legimentes ativos, ou então, compactuação de artífices mágicos em comum, poderia colocar em fortes evidências que, seja lá qual a maneira, sentia os pensamentos e as inconstâncias da outra. Um verdadeiro risco deixar as manifestações da psique tão livres e gritantes, em um ambiente onde a atmosfera local poderia ceder diversas estradas para a penetração de leitores perspicazmente atentos.

    Ariel, assim, fez-se conhecedor das perturbações da mente da professora megalomaníaca, antes mesmo de entrar em contato direto com a mesma. Mas logo estaria em presença corporal com a própria e, aquilo que estava marcado para acontecer como uma simples reunião pacata, acompanhada por chá e biscoitos, não tinha noções em o que poderia desembocar. Neste caso, qualquer conjectura a respeito é valida e possível.

    Respirou; parecia que era a primeira vez que fazia este ato desde que saíra em disparada para os aposentos da bruxa. Sacou a varinha, certificando-se sobre as proteções que ali poderiam estar impedindo a sua passagem. Fosse por descuido ou subestimação – alternativa que não acreditava – os feitiços eram escassos, para não dizer, nulos. O fato era que estava pouco ligando para esses entraves momentâneos. Se fosse preciso destruir todo aquele portal, não pensaria duas vezes ao deixar toda a escola com os ouvidos atentos ao que poderia parecer um arrastão de bruxos-mendigos que acabara de arrombar o portão principal da instituição.

    Abriu lentamente a porta do cômodo, sendo anunciado pelas batidas secas de sua bengala ao encontrar com o carpete fino que cobria todo o chão. A ansiedade aparente que transmitia em sua trajetória pelos corredores foi parcialmente controlada, mas, de qualquer forma, não seria mais preciso vestir os capuzes camaleônicos da hipocrisia para disfarçar-se. Afinal, estava tudo ali, à plena vista nua, estampado em seu rosto e trajes ligeiramente desfeitos. Não havia tempo para maiores superfluidades.


    “Espero que ainda esteja disposta para um singelo companheiro para o chá.”

    Não era necessária nenhuma outra palavra, outra consideração. Ela já sabia. Ariel, por outro lado, também. O olhar posterior que trocaram ao se depararem, representou, com fidelidade, todas as intempéries as quais haviam passado nos últimos dias. A cena poderia perder toda a sua mística se aqui fosse relatada as suas ocorrências, que, de todas as maneiras, ainda não conheceu as palavras correspondentes para representá-la nesta fraca literatura.

    Um olhar fixo de ameaça. Um olhar fixo de conciliação e compreensão.

    A complexidade de todo o momento; personificada, vívida e sufocante.




Off ~ Nossa, empolguei demais u_u’
Mas, ressuscitei o tio. '-'
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Sheu
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Re: Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

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Conjecturas. Zaphyra encarava o crepitar do fogo em sua lareira. Admirava as chamas lambendo o material em combustão, eliminando cada molécula da madeira, para reduzí-la à sua insignificância; para fazê-la retornar ao pó. A completa submissão diante do fogo. Possibilidades. Eliminação. Submissão. Muitos eram os projetos, inúmeros os argumentos, mas apenas um resultado irreversível: o seu sucesso.

De repente, seus alarmes sensitivos soaram. Não soube ao certo como - magia involuntária, poderes legilimentes ativos, ou então, compactuação de artífices mágicos em comum -, mas sentiu as mesmas vibrações que outrora a permitiram seguir o Prof Ruthven. Desta vez, estavam direcionadas a si mesma. Contudo, algo de diferente se passava. Desta vez, estava mais intensa, mais perturbadora, mais invasora... Sua mente tornou-se algo fácil, embora nem tudo pudesse ser vasculhado. Nunca, em sua larga experiência, nenhum homem havia conseguido ultrapassar sua oclumência tão facilmente. Ruthven, evidente, não era um bruxo comum. Mas disso ela já sabia.

Zaphyra fez um breve floreio de varinha, recolocando seus aposentos em ordem. Direcionou sua magia para a porta, desfazendo os feitiços que lhe protegia de convidados inconvenientes. Nem mesmo Merlim seria capaz de impedir o homem que planejava entrar em seus aposentos e a Professora de Poções detestaria refazer toda a decoração. Convidara-o para um chá, deveria comportar-se como uma lady, afinal. Diante da conjuntura atual, permitiu-se um sorriso irônico: com ele, não precisaria de cerimônias.

Batidas secas de bengala anunciaram para a bruxa que aquele homem elegante - se assim ainda poderia chamá-lo - adentrava em seus aposentos. Virou-se lentamente, sem demonstrar surpresa, temor ou qualquer outro tipo de sentimento mundano. Sua íris estava escura, sem brilho e sem vida.

“Espero que ainda esteja disposta para um singelo companheiro para o chá”.

Encararam-se. Por um longo tempo nada foi dito; nenhum movimento foi feito. Permaneceram encarando um ao outro como dois adversários que se estudam. Também, não havia nada para ser dito que ambos já não soubessem. Talvez - e só talvez -, Zaphyra soubesse um tiquinho a mais. Em um determinado momento, parou de encará-lo e pôs-se a analisá-lo: olhos, cabelos e ações já não correspondiam ao professor que conhecera no início do ano letivo.

- Posso oferecer algo mais adequado a alguém em sua posição - afirmou, por fim, e sinalizou uma poltrona para o outro sentar-se.

Deu-lhe as costas enquanto delicadamente prendia suas madeixas louras em um coque, utilizando sua varinha, oferecendo uma ampla visão de suas costas nuas e brancas. Embora parecesse desprotegida sem sua arma à mão, não deveria ser subestimada sua habilidade em alcançá-la e direcioná-la a uma garganta desprotegida. Abriu um compartimento atrás de um quadro, retirando uma garrafa de whisky de fogo, cuja expressão envelhecida parecia não lhe fazer justiça. Segurou delicadamente dois copos e ofereceu um ao professor, devidamente sentado. Abriu o lacre com facilidade e derramou o líquido dentro de cada um dos recipientes.

- Você é intrigante - disse, após apreciar um gole da bebida. - O que é extremamente interessante.

Serviu outra rodada para ambos e depositou a garrafa na mesa de centro. Encarava ainda de pé, apoiando-se na cabeceira da poltrona, o Sr Ruthven sentado diante de si.

- Quando cheguei a esta escola, não esperava encontrar obstáculos inconvenientes. Não estava em meus planos ter de lidar com esta situação em que nos encontramos, caro Sr Ruthven - informou, enquanto direcionava seu olhar, mais uma vez, ao fogo. - Imaginei que o Sr Skuli pudesse ser um pouco mais perspicaz e atrapalhar meus planos, fato que se revelou insignificante diante de sua pífia administração - disse, ao dar a volta na poltrona e sentar-se, de frente para o outro. - Não imaginava, obviamente, encontrar alguém como o senhor. Foi descuidado, Sr Ruthven. Muito descuidado ao subestimar os conhecimentos de seus colegas docentes.

Dito isso, retirou a varinha dos cabelos, com uma habilidade de serpente, e trouxe até si um livro aparentemente inofensivo: Mitos e Verdades da Magia Egípcia, de Mohamed Iashya Sadatt.

- Sr Ruthven, o senhor não fazia ideia, na época, onde estava se metendo, não é?

Lançou-lhe um olhar provocador. Ele era jovem, impulsivo, gostava de atrair a atenção das mulheres e apreciava o poder. Uma combinação comum, porém instável. Suas escolhas o levaram até ali, envolvido demais. Era jovem, muito jovem.

Há muito nele que me intriga. Sofremos processos parecidos, porém diferentes. Temo que sua escolha não foi a mais prudente, diante da juventude. Agora, colhe os frutos. Até que momento deixará de manter o controle e passará a representar um risco? pensou.

- Sr Ruthven, diante desta... - e apontou para o conjunto da obra que representava a aparência do professor - ... clara dificuldade em lidar com Artes das Trevas, o que me surpreende quanto à ironia de ter se tornado um Professor desta matéria, o que você espera que eu faça? - sorriu, desdenhosa - Diga-me, meu caro, o seu propósito é um problema para mim? - perguntou, enquanto sua íris assumia um tom vinho e sua mão, pousada sobre suas pernas cruzadas, segurava firmemente sua varinha.

OffGui, precisamos conversar... muahahahaha!!
Seu post foi muito coisado ^_^
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Gui M.
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Re: Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

Post by Gui M. »

  • Não fez sinais de recusa ao ser agraciado com a sinalização para que pudesse se dirigir ao assento mais próximo, ao lado da grande lareira que despejava certa fúria através de suas chamas incessantes, com altos lingotes de fogo chamuscando e saindo do limite do local a que era destino. De fato, apenas pela breve e despretensiosa observação de tais detalhes, aparentemente ínfimos, poderia visualizar todo um panorama que se escondia por debaixo da verdadeira dona do local; indefinida e inconstante, assim como as chamas que iluminavam os seus aposentos – exageradamente vultosos.

    Era a primeira vez que estava adentrando os domínios de um colega docente de Hogwarts. Ao menos, era o que se lembrava. Já havia recebido algumas visitas não muito elegantes, essencialmente, que lhe trouxeram o dissabor de profanar um local tão imaculado como o seu cômodo pessoal. Por um momento, se estivesse em condições em que as suas atuais preocupações não fossem maiores que as suas vontades mais sensíveis, poderia ser-lhe de bom feitio revidar todos os estragos que a jovem – ou nem tanto – professora de Poções causara outrora em sua sala pessoal. Bobagem. Pura puerilidade.

    Agradeceu com um gesto rápido, sem maiores palavras, ainda permanecendo em profundo silêncio, apenas acompanhando com o olhar a garrafa de whisky de fogo a qual a bruxa retirava por detrás de um quadro – detalhe este que lhe soou indiferente, apesar da notória bizarrice – enquanto ainda fazia o pequeno caminho até a cadeira que havia sido oferecida. Certamente a idéia da desistência do chá foi de bom grado, pois toda essa esquemática inglesa da cordialidade de encontros formais não o agradava nem um pouco. Uma outra bebida seria realmente muito mais apreciada, e no fim, seus desejos foram respondidos indiretamente.

    Mas por que estaria tão interessado sobre qual seria o cardápio da noite? Estava sofrendo com problemáticas nunca antes imagináveis, e, incrivelmente, ainda desviava-se do mundo físico com divagações sem qualquer tipo de necessidade maior. Voltou os seus olhos para a lareira, encarando-a com estranho furor passional, limitando-se a esticar o seu braço lentamente ao receber a taça com o conteúdo da bebida. Antes mesmo que se desse um tempo para que a substância repousasse em sua nova morada, virou todo o recipiente em sua boca, sem apresentar mais aqueles traços de elegância exacerbada. Com um gesto automático, recolocou a taça sobre a mesa de centro, fazendo um simples floreio com a mão, indicando de uma maneira jocosa para que a anfitriã voltasse a lhe servir.

    Não esperava que ela vestisse o papel de garçonete, mas essa não era a sua verdadeira intenção. Enquanto ouvia as palavras que eram dirigidas a ele, deixou escapar um sorriso ébrio, de fato bastante aleatório; estavam reconhecendo um ao outro, por fim. Algo este que, além de servir de despertador para interesses mais íntimos, representava, antes de tudo, extremado perigo. Apenas concordou com um menear sobre as colocações da outra, voltando a estender-se sobre a bebida, enquanto soltava vagamente, em um tom calmo e reverberante:


    “Belas colocações, realmente, bastante admiráveis. Concordo com o que diz sobre todos os demais dessa escola...” – aproximou-se mais um pouco do corpo da companheira, como se fosse revelar um segredo nunca antes imaginado“São todos indignos da nossa preocupação. Sendo assim, pouco me policiei quanto aos demais detalhes que poderiam me denunciar sobre as minhas práticas mais profundas. Nunca imaginei que alguém pudesse sequer ter conhecimento daquilo que tramava, mas, vejo que me enganei. Até o dia em que a presença da senhorita tornou-se um delicioso estorvo para mim.”

    Seu jogo de palavras soava lúdico, naquilo que se desenhou como uma contra-provocação às palavras antes recebidas. Sentia que o seu profundo gosto pela alta arte e cultura, principalmente aquela em que se distinguiam os traços germânicos, fosse um viés que lhe poderia dar a vitória em qualquer debate retórico, podendo ser qualquer adversário que se atrevesse a enfrentá-lo. Talvez muitos dali pouco soubessem sobre os desdobramentos da oratória sofista e, desde que se apresentara como acadêmico, as suas elucidações sempre vieram carregadas de ironia e provocação. Não seria esta a última vez que agiria dessa forma.

    Recostou-se sobre o apoio da cadeira, ainda levando um semblante de cordial altivez consigo. Mas a Srta. Qwysking mostrou a sua verdadeira intenção, finalmente. Armou-se, dessa vez, não com argumentações de ironias chulas, mas sim com um objeto que servira de muitos tormentos para Ariel. Mitos e Verdades da Magia Egípcia, ao seu dispor. Fechou a expressão, instintivamente, estudando, agora, minuciosamente os movimentos da rival. Não seriam necessárias maiores investigações para saber que ambos estavam envolvidos em assuntos que lhes traziam certa aproximação. Revelavam-se, a toda instante, cada vez mais.

    A atmosfera tornou-se neblina. Ouviu a pronunciação da maga, com grande ódio no olhar. Em contraste, o seu rosto ainda mantinha as mesmas linhas harmoniosas de sempre. Continuou-se em mistério, enigma; indecifrável. Nenhum sorriso ou escárnio. Pressentiu, assim, como ela, que estavam transpassando os limites dos simples desafios pessoais. Extrapolavam forças maiores do que eles próprios. Forças nunca antes desvendadas.


    “Não estaria tão confiante assim, se fosse você, minha cara. Tenho experiência muito além de cosméticos e crimes conjugais, se estiver conseguindo associar o nome à pessoa. Mas, antes de tudo, consigo ter pena de suas tentativas risíveis de pôr-se maior do que os demais. Não, pior, ainda: maior do que a mim. Posso lhe afirmar que os meus propósitos não são dignos das suas mais terríveis preocupações. Sim, eu sei, a verdade nos parece punitiva, às vezes.”

    Fitou a mão de Zaphyra, a qual segurava a varinha com força intensamente feroz. Se isso fosse um sinal de descontrole e disparate interior, não saberia identificar, ao certo. Mas o tempo levantava-se cruel e impiedoso. Era chegado o momento em que tudo se dissolveria, ao vazio mais profundo e silencioso.

    Era chegado o momento da terrível Providência.

    Da pior tempestade.
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Re: Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

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A retórica do Sr Ruthven era cansativa e sem propósito. Tantas voltas e tão pouco objetivo. Era, contudo, uma atuação brilhante, que, certamente, teria efeitos em homens e mulheres com uma bagagem cultural inferior. Zaphyra, contudo, via o colega docente como ele realmente era. A máscara já não lhe servia de nada.

Não considerava uma surpresa que, de imediato, o Sr Ruthven virasse o conteúdo da bebida, sem cerimônias. A bebida era, na realidade, uma ação previamente arquitetada para observar a postura de seu convidado. Poderia tê-lo enfeitiçado, envenenado; poderia tê-lo matado ali mesmo, se fosse o caso. Era muito imprudente aceitar uma bebida sem averiguar sua procedência. Ariel se encontrava sob grande estresse e estava descuidado, muito descuidado. Zaphyra saberia se aproveitar disso.

“Belas colocações, realmente, bastante admiráveis. Concordo com o que diz sobre todos os demais dessa escola... São todos indignos da nossa preocupação. Sendo assim, pouco me policiei quanto aos demais detalhes que poderiam me denunciar sobre as minhas práticas mais profundas. Nunca imaginei que alguém pudesse sequer ter conhecimento daquilo que tramava, mas, vejo que me enganei. Até o dia em que a presença da senhorita tornou-se um delicioso estorvo para mim.”

Ah, sim. Tenho certeza de que me transformei em um grande problema para você, assim como você se tornou uma peça complexa diante do meu objetivo, pensou.

O livro fazia parte da segunda fase de observação das intenções daquele homem e teve o efeito que esperava criar. Leu na breve expressão, impossível de ser ludibriada por alguns segundos de surpresa, que aquilo o incomodava. Seus sentidos estavam mais alerta e ele parecia ter uma melhor percepção de com quem estava falando. Poderia sentir uma raiva, um ódio emanar, preenchendo todos os espaços de seu aposento. Ele a odiava por ela saber, assim como ela odiava o fato de ele saber. Assim era melhor. Zaphyra detestaria ter de atacar alguém despreparado.

“Não estaria tão confiante assim, se fosse você, minha cara. Tenho experiência muito além de cosméticos e crimes conjugais, se estiver conseguindo associar o nome à pessoa. Mas, antes de tudo, consigo ter pena de suas tentativas risíveis de pôr-se maior do que os demais. Não, pior, ainda: maior do que a mim. Posso lhe afirmar que os meus propósitos não são dignos das suas mais terríveis preocupações. Sim, eu sei, a verdade nos parece punitiva, às vezes.”

Sorriu com ironia.

Seu equívoco é ser tão jovem e julgar possuir melhores contatos do que os meus, pensou.

- O que o faz pensar, caro Sr Ruthven, que a sua larga experiência, notadamente vasta, a julgar pela sua idade obviamente madura, o transforma em alguém superior? - perguntou, repleta de ironia nos lábios - O que o faz crer, Sr Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, de que é um expert no assunto? Sem dúvida, nenhum destes docentes seria capaz de fazer-lhe frente. Nem mesmo o Sr Skuli, cujo currículo deveria impor algum respeito, mas revelou-se um fraco.

Levantou-se. Caminhou lentamente pelos seus aposentos, consciente de que o Sr Ruthven avaliava e pesava suas palavras.

- O senhor deveria se portar com mais reserva. Não lhe faz jus subestimar os outros, principalmente, se não conhece a história de quem está tentando incomodar com seu falso galanteio e pretenso poder. Sim, eu sei, a verdade nos parece punitiva, às vezes - parafraseou-o e fez uma pausa intencional para saborear as palavras. - Cosméticos? Crimes conjugais? - permitiu-se rir com escárnio e aproximou-se perigosamente do professor. - Me admira supor sua superioridade a partir de argumentos tão vagos. Quão limitado é o seu intelecto? - perguntou, meneando sua varinha e aproximando-se ainda mais do outro, a ponto se sentir o hálito do whisky - Quão limitado é o senhor, Ariel Ruthven?

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Gui M.
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Re: Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

Post by Gui M. »

  • Estranho. Incomodamente estranho. Parecia-lhe, claramente, que a caríssima professora de Poções não queria se desfazer de seu pedestal imaginário, no qual ela se colocava além-humana e maior do que todos. Pensou que as suas palavras pudessem atacá-la com o poder mais fustigado que a verdade possuía, em toda a sua corporificação moralmente redentora. Mas descobriu de que nada adiantavam; muito pelo contrário. As provocações foram rebatidas, com uma intensidade invejável aos descontroles emocionais. Tipicamente púbere.

    Neste meio-tempo, em que ouvia calmamente as palavras da bruxa com certa atenção, ia trocando algumas carícias com o copo de whisky que rolava por suas mãos. Mais uma vez, sentiu-se pesaroso em concordar com o fraseado eloqüente da docente. A difamação de seus outros companheiros de trabalho era vista como um verdadeiro lazer em que não abria exceções de pô-lo em prática. Deixou escapar um sorriso espontâneo quando ouviu sobre sua maioridade de poder em relação a todos os outros professores: estavam voltando a falar a mesma língua, ao que parecia. Porém, ainda existiam adversidades que não estavam satisfatoriamente esclarecidas.

    Mais uma rodada. A sua disposição para o álcool não era nenhum segredo, uma vez que se metera em situações deveras inusitadas devido ao maldito. Todo o panorama que se abaixava sobre a sua mente, igualmente afetava o corpo e, com isso, perdia-se toda uma sobriedade requerida para momentos de certa tensão, como aquele que estava se desdobrando. Fodam-se o sóbrios!, assim pensou. Não tinha muito a perder, de fato, e não seriam alguns goles que lhe trariam problemas mais assombrosos do que aqueles com que já soubera conviver, mesmo que à custa de longas noites de sono em claro.

    Não se dignou, dessa vez, a dar o seu olhar para as andanças que a professora Qwysking promovia em seu próprio aposento. Deixou a cabeça cair, pesada, enquanto soltava um sorriso interior, pelas sombras, à medida que a lareira dispunha-lhe de um grande trabalho de arte ao lançar todo um contraste de luzes pelo local, criando uma atmosfera de intenso peso barroco, com ecos na estética noir.

    Deixou-se ser levado por suas contemplações artísticas, voltando a reerguer-se logo depois, de uma forma tanto abrupta, como se houvesse acabado de sair de um terrível pesadelo. Ainda devidamente sentado na cadeira, de costas para a interlocutora – que promovia um interessante bailar frenético pela área, sem maior necessidade para tal ato – retrucou com voz pastosa, pondo-se ainda mais sereno e parcimonioso do que antes. Um indício facilmente confundido como quietude, mas em se tratando da personalidade às avessas de Ariel, era o sinal mais trágico e derradeiro de um ódio intensamente emanado, em toda a sua reles noção.


    “Se o seu mundo é limitado e pequeno, não me deve julgar por ele. Aliás, não deve nem ao menos fazer essa vil comparação entre a minha idade relacionando-a com a minha experiência. A minha vivência não pode ser das mais extensas – e creio que assim queria a senhora para si, não é mesmo?” – voltou a sorrir, triunfante.

    Voltou seu corpo para a bebida, mais uma vez. Comemorou a sua aparente vitória. Enquanto estava recolocando o líquido sobre a taça, deixou uma quantidade significativa cair sobre a mesa. Ora, havia se espantado com o uso de suas próprias palavras que, agora, eram usados, contra ele mesmo. Tudo possui limite, por favor! Plágio era crime inafiançável no mundo bruxo, ou assim deveria ser. Pois bem, pouco lhe importava. Mas as farpas não pararam por aí.

    Sentiu a aproximação de Zaphyra atrás de si estreitando-se ainda mais. Outras palavras foram proferidas, dessa vez questionando o seu intelecto. Bastante irônico, realmente. Não se deu ao trabalho de terminar as audições das considerações a que lhe eram dirigidas, levantando-se preguiçosamente, como se pretendesse voltar para a residência logo depois de uma longa e saudável discussão com as amigas simpáticas que lhe faziam companhia nas noites do bingo.

    Preparou outra taça de whisky, além daquela que já estava em sua mão; ia até o encontro da professora de Poções, face a face. Carregava o mesmo sorriso de deboche que lhe era característico. Seja lá de qual forma, o diálogo lhe trouxera, involuntariamente, o antigo vigor.


    “Poderei mostrar-lhe toda a minha limitação, já que vejo que está tão preocupada com este fato. Estou pensando em, vejamos... Um duelo! Sim, por que não? Seria encantador resolvermos as nossas contradições à moda antiga, assim como os altos bruxos de séculos passados costumavam empregar em seus leves relacionamentos. Então, o que me diz, professora Qwysking?”

    Ofereceu o outro copo a ela, sem cerimônias. Levou o que trazia consigo, ao alto, em sinal da mais pura cordialidade. Oferecia um brinde. Um brinde aos deuses de antigamente – astutos e admiráveis –; um brinde as magias seculares; um brinde aos grandes mistérios que povoam todo o imaginário humano e que nos traz a luz da dúvida, e, por conseguinte, da razão.

    Um brinde a força, aos altivos e poderosos.


    “Um brinde! A nós...”
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Re: Aposentos da Profª de Poções - Zaphyra Elliot Qwysking

Post by Sheu »

A esta altura, Zaphyra acreditava já ter assumido, no intelecto do outro, um patamar de respeito. Era, de fato, incômodo a forma como o diálogo entre eles estava sendo conduzido. Ariel Ruthven insistia na concepção de que era um bruxo superior a todos, sem exceção. Diante de toda a sua experiência, teve de achar aquilo patético. Contudo, haveria de convir que o jovem professor ainda não se deparara com alguém como ela. Não poderia dizer que o inverso fosse verdadeiro.

Há muitos anos Zaphyra encontrara uma pessoa muito poderosa, envolta em sombras de maldade, em núvens de ambição, máscaras de disfarce e rastros de morte. O embate havia saído do controle e não saberia dizer a quem restaria o beijo da morte, se não fosse a intervenção. Já havia subjulgado outros, mas aquela pessoa era diferente. E agora, em Hogwarts, uma nova peça que poderia atrapalhar seus planos, se mostrava diante de si. Teria de eliminá-lo e quem mais se colocasse como um obstáculo.

“Se o seu mundo é limitado e pequeno, não me deve julgar por ele. Aliás, não deve nem ao menos fazer essa vil comparação entre a minha idade relacionando-a com a minha experiência. A minha vivência não pode ser das mais extensas – e creio que assim queria a senhora para si, não é mesmo?”

Observou o outro sorrir, considerando-se triunfante diante dela. Zaphyra não exprimiu nenhuma reação, o que poderia ser interpretado como um indício de desgosto, em face aos insultos do outro. Analisou-o, porém. Ariel, simplesmente, não sabia. Estivesse aquele homem de posse da vivência de Zaphyra, se acaso soubesse com que tipo de mulher estava lidando, teria um comportamento diferente. Talvez, por isso, ainda não estivessem de varinhas erguidas, em meio a uma luta cuja vitória só poderia ser delegada a um.

Ainda assim, estava decepcionada que seu adversário, em meio à perda total de sim mesmo, tentasse usar de um ardil tão fútil como a idade de uma mulher para insultá-la. Evidente, estava muito acima daquilo para se deixar enraivecer por tão tolas palavras. Por isso, provocou-o. Questionou seu intelecto, suas limitações... Provocou seu ego, insultou o seu poder.

Notou que o professor se dirigia a ela, com seu sorriso de deboche característico. Exibiu um pequeno sorriso provocador. Ainda era ele, apesar do álcool e de seus atuais - já não tão secretos - probleminhas.

“Poderei mostrar-lhe toda a minha limitação, já que vejo que está tão preocupada com este fato. Estou pensando em, vejamos... Um duelo!”

- Um duelo, Sr Ruthven? Está certo disso?

“Sim, por que não? Seria encantador resolvermos as nossas contradições à moda antiga, assim como os altos bruxos de séculos passados costumavam empregar em seus leves relacionamentos. Então, o que me diz, professora Qwysking?”

Aceitou o copo de whisky que o outro lhe oferecia. Analisou suas feições em fração de segundo, ainda que elas não demonstrassem todas as suas intenções. Contudo, podia notar, na atmosfera do lugar, que o vigor do outro estava melhor do que quando pusera os pés em seus aposentos, minutos antes.

- Aceito o duelo, Professor Ruthven - disse, sem cerimônias e com firmeza. - Façamos isso à meia noite, na parte mais profunda da Floresta Proibida. Assim não seremos interrompidos, caso alguém resolva interceder.

Pelo senhor, completou em pensamento.

“Um brinde! A nós...”

Ergueu seu copo, como fazia o colega. Brindava também à magia, aos rituais seculares e aos mistérios do véu negro da Morte que se aproximava.

- A nós, que caminhamos pelo vale das sombras sem procurar pela luz.

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PUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUHA, profundo!!
muahahahahahahahaha :twisted:
Duelo. Que sobreviva o mais forte... ou não. #Caetanofeelings
Zaphyra e Ariel lá na Floresta. Acompanhe *-*
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