Nossa, eu demorei a engatar nessa história, mas o mais bizarro é que eu acabei gostando. Acho que o primeiro impacto que você recebe desse livro é que ele é uma novela. Fazia tempo que não lia novela e está longe de ser meu gênero mais lido ou preferido, diga-se de passagem. Mas na mesma época, tinha pego da estante Ligações Perigosas para ler, aí resolvi pegar novamente Morte Súbita e, cara, acho que como já havia me re-acostumado com o ritmo da novela, a minha forma de enxergar o livro foi outra.
Os personagens, é difícil gostar de algum realmente em um primeiro momento, mas tem alguns ali realmente interessantes e querendo ou não você acaba se envolvendo. Os assuntos que a JK trás são necessários de serem discutidos, mas também extremamente desconfortáveis. Há algumas partes que são realmente indigestas (não por serem mal escritas ou ruins, mas por causa da história mesmo), mas também tem umas que tem um humor estranhamente interessante. Não há como não se envolver com a história da Cristal; e a filha dos Sukhvinder passa por uma situação desesperadora. Tudo é meio dúbio e há várias formas de pensar a mesma situação, não dá para apontar dedos de forma simples ali dentro.
Acho que o maior problema desse livro é que ele foi vendido como algo meio investigativo, sei lá. E passa longe disso. É um livro sobre discussão da natureza humana (algo que ela também não deixou de lado em HP, inclusive), e trás reflexões interessantes. Sinto que preciso ler esse livro novamente.
Ah, outra coisa que acho que acabou se perdendo um pouco com a tradução, foi a ideia que o título trás. Casual Vacancy não se trata apenas de cargo vago, mas a medida que você vai entrando na história percebe que são os espaços vazios que vão ficando na vida de cada um daqueles personagens.
Aliás, você viram essa entrevista que ela deu no lançamento do livro? Está bem legal. Caso alguém se interesse, aí o vídeo: