Harry Potter e o Segredo de Corvinal (Atualizado - 23/03/11)

Publiquem suas fics aqui para os outros opinarem.
Não se esqueçam de também postarem no Floreioseborroes.net.

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Carlinhos Wesley
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Post by Carlinhos Wesley »

Espero que o mais rapido possivel você escreva de novo vou estar esperando.
Passo a noite lendo e relendo porque gostei muito :shock: :shock: :shock:
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grayback
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Post by grayback »

oieeeeeeee!!! Beeeeeeeeeeeeeel kd vc??? vc naum pretende postar mais nada naum e??? estou aqui louco de curiosidade para saber o que vem por ai e té gora nada!!! sinto a nescessidade de ler !!! postá logo por favoooooooooooooooor!!!

Fuuuuuuuuuuuuuuii!!! 8)


:palmas :palmas :palmas :palmas :palmas Parabens pela fic...
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eu adoro essa coruja!!!
Belzinha
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16 – Atravessando as Brumas.

O condado de Somerset fica a aproximadamente cento e cinqüenta quilômetros de Londres. A primeira vista, não se vê grande coisa na região, exceto pelos enormes espaços formados pelos campos agrícolas.
Então, descobrimos as diversas construções centenárias e locais pitorescos que parecem terem saído de romances, indo de velhos contos medievais ao mundo novecentista dos livros de Jane Austen. Mas, se pensarmos bem, Somerset também não se difere do resto da Inglaterra quanto a isto, uma vez que o país está repleto de ruínas e praticamente transpira História por seus quatro pontos cardinais.
Ainda assim, está entre os locais mais visitados. Pode-se dizer que um turista não foi realmente à Grã-Bretanha se não conheceu o Big Ben, Stonehenge e Somerset.
Tudo isso porque lá está a Abadia de Glastonbury. Ou melhor, o que restou dela. Hoje, é um conjunto de paredes, escadas e pedras dispostas sob um tapete de grama verdinha – e atualmente muito bem aparada, por sinal.
Místicos do mundo todo ou aficionados por grandes mitos épicos acham Glastonbury o máximo. A primeira igreja cristã da Inglaterra. O local onde José de Arimatéia teria passado os últimos anos de sua vida e ali morrido. O “túmulo” do rei Arthur. E, é claro, o boato que Glastonbury e Avalon, a ilha sagrada dos seguidores de uma antiga religião celta, seriam, na verdade, o mesmo lugar.
As sacerdotisas que ali moravam e mantinham as vivas tradições eram chamadas de “bruxas” pelos cristãos (de uma forma depreciativa, é claro). As lendas dizem que as sacerdotisas tinham o poder de cura, manipulavam os elementos da natureza, como fogo e chuva, e eram poderosas profetizas.
- Os trouxas dão voltas em torno dos monumentos sem, contudo, achar nada. – Lupin comentou para os três companheiros.
- Pelo jeito, NÓS é que não vamos achar nada. – Tonks ponderou. – Não estou conseguindo ver coisa alguma neste mapa, Remo.
- Também pudera. – O marido lhe respondeu jovialmente. – Este é o mapa da região há oito séculos.
- E só agora você me avisa? – A auror fechou o mapa com um jeito irritado e um tanto desajeitado.
O combinado na noite anterior era que o casal Lupin iria sozinho até Glatonbury. Mas Harry não pensava ficar de fora. Apenas não disse nada para não abalar ainda mais Ana e Hermione. Por alguma razão, cada vez que ele fazia questão de se envolver pessoalmente, as pessoas mais próximas tomavam aquilo como um indicativo que as coisas estavam ficando sérias. Certa vez, Ana dissera que quando o “personagem principal” estava interagindo, as pistas ficavam subitamente mais quentes e perigosas.
- Por que um mapa do século XIII? – Harry perguntou.
- Orientação. – Foi Gina quem respondeu. – A região foi modificada nestes séculos todos.
Harry não conseguira esconder dela os eventos da noite anterior. Para variar, a ruiva parecia poder ler sua alma: “O que está deixando de me contar, senhor Potter?”.
- Estou vendo que Hogwarts vai ganhar uma excelente professora de Defesa Contra As Artes das Trevas, Gina. – Lupin assentiu.
As referências às modificações que a região sofrera lhe avivou as aulas de História da Magia. Ou melhor, o quê Hermione recontava para eles, porque era a única que conseguia ficar acordada nas aulas de Binns. E, é claro, a garota não admitia que os amigos fossem para as provas sem uma revisão completa.
Durante os séculos que se seguiram à separação física de Avalon e Glastonbuy, o “lado trouxa” teve seu lago pantanoso (o famoso “Lago”) drenado. Os terrenos foram aplainados. Novas estradas construídas e rios tiveram seus cursos modificados. Os especialistas bruxos ainda discutiam se essa alteração foi a causa da perda de grande parte do poder geográfico de Avalon. Afinal, Glastonbury era a sua outra metade, quase como o reflexo de um espelho.
- Mas acho melhor nos apressarmos. – Ele comentou com uma ruga de preocupação na testa. – É verão, e Somerset está apinhada de turistas. Algum trouxa pode nos ver aparatando. - Apesar dos primeiros raios da manhã mal terem saído, o risco que corriam era muito grande.
- É verdade. – Tonks concordou. – E ultimamente os trouxas estão mais atentos à magia. Ana me disse que, hoje em dia, um inglês liga imediatamente coisas estranhas à Harry Potter.
- Er... – Harry exibiu um sorriso hesitante. – Isso é reconfortante, Tonks.
Gina soltou uma sonora gargalhada, sendo acompanhada pelo riso baixo de Lupin. Harry tentava não rir da vermelhidão da auror, e disfarçava tossindo.
- Ah, vocês me entenderam. – Tonks revirou os olhos, terminado por rir também.
- Bem. – Lupin assentiu. – Vamos até o Tor. Lá teremos mais informações.

***

O sapato fazia barulho à medida que a morena avançava pela calçada. Caminhava rápida e decididamente, seu semblante fechado em contrariedade e irritação, ignorando friamente os olhares masculinos que atraía.
Entrou no Edifício Innominato, um monstruoso arranha-céu em vidro e concreto, e atravessou a recepção sem sequer dar importância aos funcionários que lá estavam. A mulher não se vestia como as executivas que trabalhavam ali, mas como uma modelo. Os recepcionistas se entreolharam e decidiram que ela parecia poderosa demais para que se arriscassem a interpelá-la, e deixaram que tomasse o elevador. A aquela hora o prédio estava quase vazio, e não tiveram dificuldade em observar que o elevador subia sem se deter em andar algum.
Arregalaram os olhos quando perceberam que a mulher misteriosa se dirigia à cobertura. Rapidamente, um deles discou o ramal correspondente e avisou à secretária sobre a visitante. Ela ainda estava ouvindo a descrição da tal mulher quando a visualizou caminhando até a sua sala. Com poucas palavras encerrou a conversa e pôs o telefone no gancho.
- Vorrei parlare col dottor Leone. (Desejo falar com o doutor Leone). Informou-lhe a mulher sem nenhuma cortesia, apesar das palavras aparentemente suavizadas.
Disse seu nome e imediatamente foi conduzida até uma luxuosa sala que, como sabia, metade do mundo empresarial daria a vida para conhecer.
Mas não era mulher de se impressionar. Ignorou a opulência e o poder que o lugar exalava e fixou o olhar furioso no homem sentado atrás da mesa Luís XVI:
- Che cosa volete da me? (O que querem de mim?)
A pergunta no plural não estava incorreta. Referia-se a um grupo em especial ao qual Renzo era o único que lhe havia sido concedido conhecer. Embora nunca demonstrasse, temia o poder e influência que aquelas pessoas tinham. Muito poucos podiam perceber a sua existência. Eram quase imperceptíveis, apenas observando e documentando cada evento, enquanto seu momento não chegava. Mas ela não era como a maioria das pessoas. Marcella era como eles.
- Marcella! Cara... – Ele disse com um sorriso irônico. – La vista de una bela faccia mi ha sempre fatto bene al cuore! (A visão de um belo rosto sempre me faz bem ao coração)
Ela manteve a expressão carrancuda, nem sequer piscando diante do comentário jocoso. Renzo Leone era um exímio manipulador de vontades desde a juventude. No entanto, não devia estar com vontade de exercitar sua habilidade com ela, porque continuou a falar tranquilamente, não dando importância ao seu mau humor.
- Bene.... Vamos falar em inglês de agora em diante, cara. Temos um convidado.
Só neste momento Marcella se deu conta de que havia mais alguém na sala. O estranho se virou e então pôde ver seu rosto. Mal conteve a expressão de desagrado quando reconheceu o inglês.
- Bom dia, Marcella. – O estrangeiro a cumprimentou com falsa cortesia, demonstrando que a antipatia era recíproca.
- Nosso amigo londrino traz notícias surpreendentes de sua terra natal, cara!
- Deve ser realmente terrível para todo este estardalhaço. – Ela exagerou no comentário, pois sabia que tudo devia estar correndo em segredo absoluto, como sempre. – O que houve? – Perguntou ao inglês. – Estão tendo dificuldades com o “Menino-Que-Sobreviveu”? Ou eu deveria dizer o “Segredo-Que-Escapou”?
O estrangeiro se mexeu desconfortavelmente em sua cadeira, e Marcella sorriu. Atingira-o no que mais doía em seus colegas britânicos. Aliás, era a razão da desavença entre o inglês e ela.
- Harry Potter não é problema agora, nunca foi e nunca será. – Declarou Renzo, dando fim às hostilidades. – É assunto encerrado, como você sabe.
- Nesse caso, poderiam ir direto ao ponto? Sou uma mulher bem ocupada.
- O medalhão de Ravenclaw foi despertado. – O estrangeiro anunciou, sem maiores preâmbulos. – No Reino Unido.
Observar a reação de Marcella a esta notícia foi como ver gelo derreter. Da indiferença e agastamento, a morena passou a mais acurada atenção. E não era para menos. Ela dedicara a vida ao estudo do medalhão de Ravenclaw.
- Quem... Quem em seu pessoal? Ele sobreviveu?
- Não, e não sei. Ou seja: não, não foi ninguém do meu pessoal; e não sei se sobreviveu porque não tenho conhecimento de quem foi que o fez.
Marcella fechou os olhos e tencionou os maxilares. Quando voltou a abri-los e falou, sua voz soou calma, porém cheia de veneno:
- O que prova que eu estava certa há dez anos. Você é um incompetente...
- Como ousa... - O inglês se levantou, indignado.
- Chega! – Renzo os interrompeu antes que o desentendimento passasse à discussão. – Estão parecendo dois simplórios, brigando por algo que nem sequer sabem porque aconteceu!
Os dois oponentes se calaram imediatamente, um tanto chocados com as palavras do outro. Não estavam acostumados, de forma alguma, a serem chamados de “simplórios”.
- Já que se pôs a criticar tão veementemente, Marcella... – Renzo continuou. – Suponho que tenha alguma idéia de como começar a procurar pelo medalhão.
Endireitando os ombros e reassumindo a postura segura e fria de antes, ela fixou o olhar em um dos homens mais poderosos da Europa:
- É claro que sim. Todos os casos na Grã-Bretanha, envolvendo grandes poderes mágicos, começam e terminam em uma única pessoa: – Ela apoiou a mão esquerda na mesa e inclinou-se para o outro italiano, o suficiente para encará-lo nos olhos. – Harry Potter.

***

O Tor de Glastobury é, na realidade, uma torre da antiga Capela de São Miguel. Acredita-se que ela tenha sido construída sob as ruínas de um local de rituais pagãos. Localizada em um elevado não muito longe da Abadia, a torre pode ser vista à quilômetros de distância.
O único jeito que os homens modernos encontraram de entrar na antiga capela foi literalmente escavar no morro sob o qual a construção cristã tentou esconder os vestígios das que a precederam.
Esconder, mas não eliminar. A razão disso era outro dos mistérios de Glastonbury.
Geralmente, não havia problemas em se misturar com os turistas trouxas e entrar na capela para, discretamente, achar as indicações que levariam a Avalon. Mas Harry não queria se arriscar a encontrar as verdadeiras “levas” de bruxos que procuravam a mística ilha para passar alguns dias de descanso nas férias de verão. Ser o Eleito trazia mais problemas do que soluções. Para piorar, algum trouxa poderia olhar para ele e dizer: “nossa, você se parece muito com Harry Potter”.
Passar pelos vigias não foi um problema para os bruxos. Um movimento de varinha e, de repente, os guardas sofriam de um sono incontrolável.
- Tenho que deixar o turno da noite, Tom. - Disse um deles com um bocejo.
- Eu também. Vi em um documentário que essa troca do dia pela noite não faz bem... – O segundo homem já ressonava antes de terminar a frase.
Os quatro avançaram pelas escadas de pedra. Gina já estava quase na metade quando Harry a deteve:
- Espere! Câmeras de vigilância. – Ele apontou para vários globos de vidro em cima de hastes de metal escuro.
- Tem certeza? – Gina duvidou. – Se parecem tanto com postes comuns.
- Esse é o objetivo. – Tonks assegurou. – Mas acredite, são câmeras. E funcionam com tão pouca bateria que a presença de magia quase não as afeta. Aprendemos a evitá-las no curso de aurores.
Harry meneou a varinha na direção de algumas das câmeras e Tonks fez o mesmo com a outra metade.
- Pronto. – Harry disse. – Agora não nos verão.
- O quê fizeram? – Lupin perguntou.
- Os trouxas vão ver as mesmas imagens repetidas. Vai voltar funcionar quando voltarmos.
Uma vez dentro da capela, Lupin se deteve diante de um afresco medieval representando um anjo cravando a espada em um dragão verde, que encarava seu algoz.
- São Miguel. – Lupin comentou, apontando a ponta luminosa de sua varinha para o desenho. – Um conhecido combatente de dragões.
Harry se posicionou ao lado dos demais admirando a imagem. Pensou que ali, naquele lugar, aquelas aulas de História pareciam mais interessantes. Quase podia ouvir a voz de Hermione explicando para ele e para Rony:

“- É uma simbologia muito usada na bíblia e nos mitos medievais. – A garota gesticulava, empolgada. – O dragão representava “O Mal” ou então o paganismo. Logo, é uma linguagem aceita pela Igreja, e usada diversas vezes para se referir aos seguidores da Deusa, que tinham como símbolo o dragão”.
“- E o quê isso nos interessa? – Rony havia feito pouco caso com um trejeito aborrecido, enquanto lançava o olhar comprido para a janela da Sala Comunal da Grifinória, por onde se via o campo de Quadribol”.
“- O que interessa? O quê interessa? – Hermione repetia a pergunta daquele modo de quem está zangado. Harry suspirou, desanimado, sabendo que mais uma briga iria começar. – Você vive em um lugar que tem tudo com isso, Ronald!”.

De volta ao presente, Harry sussurrou:
- Draco dormiens nunquam titillandus.
- Sim. – Lupin sorriu, entendendo onde o ex-aluno queria chegar. - Dizem que o lema de Hogwarts nasceu do fato dos druidas, ou os sacerdotes da Religião da Deusa serem treinados na Ilha do Dragão, e levarem no braço uma tatuagem desse animal. – Ele abaixou-se para uma inscrição que brilhava na parede, estimulada pela luminosidade de sua varinha. – Ah, era isso que eu estava procurando.
"Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles." (Ap 12,7-8).
- A entrada para Avalon está sempre mudando. A única forma de saber qual é a atual é entrando aqui e procurar por algum sinal.
Enquanto lia a inscrição, Harry não pôde deixar de concluir que aquelas inscrições eram quase tão antigas quanto a capela, se não tinham a mesma idade. Para colocar tantas pistas dentro daquele lugar, devia haver alguém infiltrado na Igreja e que tivesse influência para tanto.
- Deixe-me ver o mapa, Ninfa. – Lupin pediu, abrindo tão logo a esposa o estendeu, ainda que um tanto contrariada com o apelido que lembrava o seu vexaminoso primeiro nome. – A passagem da inscrição é de Apocalipse, capítulo 12. Os doze signos do Zodíaco dispostos pela região.
Os outros bruxos assentiram, concordando com a interpretação.
Há milênios, um povo desconhecido havia desenhado os doze signos do Zodíaco no solo, em escala gigantesca. Os traçados eram formados por estradas, cursos de rios e pelo desenho natural dos relevos geográficos. Nem mesmo os bruxos sabiam muito sobre quem era esse povo ou o quê pretendiam ao fazer esses símbolos. E, pelos escritos de Avalon que sobreviveram aos desastres e guerras, nem os antigos habitantes dessa ilha conheciam seus misteriosos antepassados.
Tudo o que se sabia é que era através desses pontos que se podia abrir ou fechar os portais para Avalon.
- Capítulo doze... – Lupin continuou. – Versículos de sete a oito... – Ele passou o dedo pelo mapa, no círculo que os signos, marcos com seu traçado realçado no papel. Então, na ordem, começando por Áries, em Walton Hill... O sétimo é Libra. Entre sete e oito, ou seja, entre os signos de Libra e Escorpião. Entre Barton St. David e West Lydford.
- Área bem grande para se procurar... – Comentou Gina.

*** (Fim da “1ª parte”)
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Belzinha
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(Segunda parte do capítulo 16)

Hector Lupin era um garoto persistente com uma imaginação que nada ficava devendo à perigosa mente dos gêmeos Weasley. Ele não gostava nem um pouquinho de ser deixado de lado na noite anterior, quando os pais o mandaram para a casa dos Shacklebolts.
Mas conseguira reverter a situação. Como as poucas palavras sussurradas que ele conseguira ouvir na conversa dos pais frequentemente apareciam “medalhão” e “Avalon”, rapidamente concluíra que se tratava daquele mesmo objeto que pedira para Andy ajudá-lo a pesquisar.
Após algumas horas de conversa sussurrada à noite, quando os meninos deveriam supostamente estar dormindo, o plano estava pronto. No dia seguinte, enviaram uma coruja para Andy, perguntando se ele poderia vir até a casa de Josh, trazendo tudo o que ele pudesse achar sobre esses assuntos.
Antes do meio-dia, Andrew apareceu na lareira dos Shacklebolts, acompanhado de um elfo doméstico. Explicou que os pais estavam viajando, mas o elfo se recusou a deixá-lo sair desacompanhado – o que o grifinório admitiu um tanto encabulado.
Os três garotos se trancaram no quarto do mais novo dos Shacklebolts, em um claro tom de segredo.
- Por que a urgência, Hector? – Andrew perguntou. – Aliás... Você não tinha prometido a seu pai não se meter mais nos assuntos dos adultos?
- O que eu prometi foi que ficaríamos somente nas pesquisas. – Hector corou um pouco, mas falou com sua costumeira confiança. – E é o que estamos fazendo, não é.
Andrew encarou o amigo durante alguns segundos, certamente imaginando por quanto tempo o outro grifinório iria se contentar em ficar só com os livros. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde iria discutir com Hector sobre alguma idéia perigosa e maluca dele...
- Gente... – Joshua os chamou, com certa urgência na voz. – Melhor andarmos logo com isso. Não vai demorar muito para que minha mãe apareça por aqui com algum “lanchinho”. – Ele fez uma careta, sabendo das preferências saudáveis da Sra. Shacklebolt.
Andy deu de ombros, e começou a falar sobre o que tinha descoberto:
- Andei pesquisando lá na biblioteca de casa. Mas não encontrei nada além do que está nos livros de História da Magia.
- História? – Hector levantou as sobrancelhas. – Nós procuramos nos livros de DCAT.
- É, Lupin. – Andrew respondeu, jocoso. – História. Aquela matéria que conta sobre o que aconteceu com pessoas, povos e lugares...
Hector comprimiu os lábios, irritado. Na cabeça dele, tudo que era perigoso devia necessariamente ser mencionado em Defesa Contra As Artes das Trevas. E, puxa vida, do jeito que seu pai falara sobre aquele medalhão parecia o caso. Aliás, tinha certeza que havia magia das trevas envolvida!
- Tá, tá... – Hector bufou. – Não me dou muito bem com pesquisas, todo mundo sabe disso. Não tenho paciência. – Admitiu, tenho que engolir a expressão divertida de Josh quando ele praticamente rosnou a resposta. – Então, o quê descobriu sobre Avalon?
- Existiu um tempo em que o local era conhecido como a “Terra mais sagrada da Inglaterra”. – Andrew jamais abandonava completamente o “ar adulto”, mas a seriedade que adotou ao responder alertou os seus amigos, capturando-lhes a atenção. - Então, houve luta pelo poder na Ilha. Os padres, lutando por aquilo que acreditavam ser Glastonbury; e os seguidores da Antiga Religião, por Avalon.
- Uma disputa religiosa? – Josh perguntou.
- Não. – Andy negou categoricamente, sua voz soando mais grave do que nunca: - Uma guerra política. Entre bruxos e trouxas.
- Uau... Uma guerra. – Hector estava ansioso. – Quem venceu?
- Ninguém. Não se sabe exatamente o quê aconteceu, mas, em algum ponto na Batalha de Camlann... Avalon desapareceu.
- A Ilha inteira? – Josh arregalou os olhos.
- É. Antes ela estava atrás de Glastonbury, embora invisível para os trouxas... E, de repente, foi engolida pelas brumas e ninguém conseguia encontrá-la, nem mesmo as sacerdotisas. Ninguém sabe o que aconteceu com aquelas que estavam na Ilha.
Os três garotos permaneceram em um estupefato silêncio por alguns segundos, até que Andrew retomou a narrativa.
- A entrada para Avalon só foi redescoberta duzentos anos depois, e por acaso. Um grupo de bruxos estava sobrevoando a região de Somerset, quando percebeu as formas de um dos signos do Zodíaco no chão.
- Ah, essa história meu pai me contou. – Joshua endireitou os ombros, animado. – Através dos símbolos, os bruxos descobriram uma forma de encontrar novamente Avalon.
- Hum-hum... – Andrew balançou a cabeça, concordando. – Levou mais alguns anos, mas conseguiram achar a entrada. Antes de desaparecer, o caminho era sempre o mesmo. Mas, sem um bruxo para guardar os portões em Avalon, a entrada se abria aleatoriamente.
- E conseguiram achar uma entrada depois de séculos... – A mente de Hector trabalhava a todo o vapor. – Ouvi meu pai dizer que é preciso entrar na Capela de São Miguel, no Tor de Glastonbury, para achar a entrada.
- Sim, mas naquela época não havia como saber onde o portal ser ia aberto. Então, com a descoberta do Zodíaco, dava para pelo menos ter uma idéia de onde ele estaria... Ainda assim, não era fácil. O zodíaco cobre quilômetros e quilômetros! Foi por pura sorte que, anos depois, um bruxo estava no local certo e na hora certa.
- E, uma vez em Avalor, é possível controlar as entradas. – Josh pôs a mão no queixo, adotando uma expressão reflexiva. – Mas onde o nosso medalhão e os símbolos entram nisso?
- Não é “nosso” medalhão, Josh. – Andrew contrapôs. – Gente, realmente acham...
- Desembucha, Bennet. – Hector estava começando a ficar impaciente. Ele e Andrew se encararam, desafiantes.
- Olha, vamos fazer o seguinte: vamos contar tudo o que sabemos, e depois decidimos o que fazer... – Andrew estreitou os olhos para ele. – Ou se vamos fazer alguma coisa... – Desta vez foi Hector quem o encarou, incrédulo. – Olha, gente, não vamos nos desentender agora porque, se a minha mãe perceber que vocês brigaram, vai querer obrigá-los a fazerem as pazes... E vocês sabem como ela faz comigo e com os meus irmãos? - Os rapazes ficaram em silêncio, indicando que não. – Ela nos obriga a nos abraçar. – Joshua estremeceu. – Dá para acreditar?
Os outros dois meninos arregalaram os olhos de horror. Não, definitivamente, não iriam jamais discutir na frente da Sra. Shacklebolt.
- Certo... Hum... – Andy aclarou a garganta. – Os símbolos. Bem, eles estão em toda Avalon. Não dá para saber exatamente o quê significam, porque se perdeu muito dos significados da escrita dos celtas. Acho que essa parte você vai ter que descobrir com o seu pai, Hector.
“Tá, como se eu pudesse perguntar para ele”, pensou Hector.
- Deixa que eu me viro. Quer dizer... – Ele olhou para Joshua. – Eu e o Josh. Afinal, o tio Quim deve saber alguma coisa também. Aconteceu algo ontem, e aposto que tem haver com o medalhão. Se ao menos a gente tivesse acesso à casa da tia Ana...
- Quem sabe quando a Mel voltar. – Andy sugeriu. – Ela vai estar de volta bem antes do início das aulas. Parece que o irmão dela vai mesmo para Hogwarts e querem que ele tenha algum tempo para se acostumar ao mundo mágico.
- Você está se correspondendo com a Mel? – Hector estranhou. Por que ele estava escrevendo para ela? Aliás, por que ele mesmo não tinha pensado nisso? Ah, que besteira, porque iria querer escrever para ela?
- Não... – Andrew corou. – Eu escrevi algumas vezes para a Danna. Poucas vezes. – Apressou-se a acrescentar. – E ela me contou.
- Ah, está escrevendo para a Danna... – De repente, Hector estava sorrindo de forma estranha, mas descontraída.
- Isso mesmo! A Mel! – Joshua exclamou, assustando os outros meninos. – Ela é brasileira, e o Hector ouviu o Neville dizendo para o Professor Lupin que aquela flor em um dos lados do medalhão era da Amazônia!
- Não sei não, Josh. – Andrew ponderou. – A sra. Weasley também é. Digo, a Ana Weasley. Ela já teria achado algo se fosse tão fácil assim. É adulta, auror e conhece os meios tanto trouxas quanto bruxos.
- É, tem razão... – Josh “murchou”.
- Não, acho que não custa tentar. Eu mesmo vou escrever para a Mel. – Hector declarou.
Os meninos continuaram a discutir o que tinham descoberto, anotando os detalhes, e distribuindo tarefas. Vinte minutos depois, a sra. Shacklebolt apareceu com uma bandeja voadora atrás dela, cheia de petiscos deliciosos. Josh fez uma careta desanimada para a quantidade de frutas que via, mas os amigos pareceram não se importar: devoraram cheios de entusiasmo.

***

Barton St. David marca o símbolo de Libra no “Zodíaco de Glastonbury”, enquanto West Lydford, o de Escorpião. Além velhas igrejas, ruazinhas largas com pitorescas casas típicas da classe média, postos de saúde e escolas, a região se constitui de quilômetros e mais quilômetros de campos com um rio aqui ou ali.
Assim que chegaram na Igreja de Barton St. David, com sua singular torre quadrada, Lupin parou, olhou ao redor e começou a se afastar em direção de um dos campos.
- Remo! Não devíamos entrar na Igreja para ver se encontramos outra indicação? – Tonks o chamou, verbalizando também as dúvidas dos outros.
Ele parou, voltou-se e olhou para a esposa com um sorriso amoroso antes de responder, sorrindo:
- Esta igreja é uma construção recente. Um templo anglicano, com uns duzentos anos, mais ou menos.
- Estamos no lugar errado? – Harry perguntou.
- Talvez não. A igreja é recente, mas existem vestígios de uma muralha. – Ele apontou o local mais adiante. – Vê? Dá para ver o que restou dos blocos de pedra meio escondidos pela grama. Além disso... Quando se trata de procurar pela entrada de Avalon, acho uma boa idéia “seguir as brumas”.
Lupin se referia à neblina que se via sobre o chão de terra escura. Neblina baixa e... Que estranhamente só estava naquele local!
Uma vez que os quatro estavam no meio daquele campo, a neblina se adensou até cobrir quase que completamente suas visões. Quando a névoa voltou a se dissipar, eles não estavam mais no campo em frente à igreja, mas às margens de um grande de lago. À frente, a ilha mais maravilhosa que tinham visto.
- Como vamos atrav... – Gina começou a perguntar, sendo interrompida pela súbita aparição de um barqueiro vestido como um bárbaro do século VI.
- Olá, meu nome é Edgar e sou o seu...- Os olhos dele recaíram sobre Harry e se fixaram na cicatriz. – Santos Hipogrifos, é Harry Potter!
- Er... – Harry resolveu falar, após alguns segundos em que o homem ficou em pé, no barco, encarando-o com os olhos do tamanho de um prato e sem dizer nada. –Poderia nos levar até a ilha, por favor?
O barqueiro sacudiu a cabeça, como se tivesse saído de um transe, e disse:
- Senhor, eu me dou como comida de dragão peruano se não o fizer!
Edgar, um senhor de meia-idade robusto e com as faces coradas os levou através das águas do lago pantanoso. Ele era um dos funcionários do grupo financeiro que agora “administrava” o lugar. Milhares de wiccas ao redor do mundo não vão gostar disso, eu sei, mas... Avalon agora é um famoso resort bruxo. E o papel de Edgar naquilo tudo era representar os fiéis barqueiros que, sob o comando da Grã-Sacerdotisa de Avalon, atravessavam as pessoas até a ilha.
À frente dele, Avalon se mostrava majestosa. A ilha se eleva em um monte rochoso, e nele mesmo as construções haviam sido esculpidas. Harry podia ver claramente as entradas de cada uma delas. Lembrou-se de tê-las visto antes, nas fotos que Gui e Fleur trouxeram de sua lua de mel, há quase dez anos.
Foi então que se deu conta de outra coisa: turistas bruxos. Aquelas construções poderiam abrigar uma quantidade perigosa deles. Não queria que sua visita à Avalon fosse motivo para especulações.
- Senhor Edgar... – Harry pigarreou. – Sei que o que vou pedir pode parecer estranho, mas...
- Não querem que sua visita seja de conhecimento público? – O homem sorriu. – Não se preocupe, estamos acostumados a receber celebridades que não querem ser incomodadas.
- Não é isso... Quer dizer, sim. – Harry não gostava de ver as coisas por este prisma, como “celebridade”. Não era assim que queria que fosse visto. – Não que vamos fazer algo que deve ser escondido, só é mais prudente...
- Não se preocupe, rapaz, explicações não são necessárias para mim. Você nos salvou, há dez anos. E, pelo que ando lendo no Profeta Diário, continua fazendo isso.
- Ah, não, eu não...
- Sim. Salvou. Pode até achar que estava tentando salvar a sua própria vida, mas, no caminho, acabou salvando outras. Deixe-me te contar uma coisa, filho. Sou um aborto. Tenho dois filhos, um é um bruxo e o outro é um aborto, como eu. Há dez anos, quando Você-Sabe-Quem invadiu Hogsmeade, meu filho aborto morava lá, trabalhando para Madame Rosimerta. Se não fosse vocês resgatá-lo das mãos dos Comensais... – A voz do homem falhou. – Jamais poderei agradecer o suficiente, senhor Potter. Se não quer que saibam que o senhor e seus amigos estiveram aqui, é por uma boa causa tenho certeza.
Harry corou até a raiz do cabelo, enquanto Gina sorria para ele daquela forma que sabia que ela sabia o que estava se passando dentro de sua mente. Sentiu as mãos dela entre as suas, e permaneceram em silêncio até que chegaram às margens da Ilha. Acima deles, as rochas refletiam um brilho bronzeado sob os raios do sol.
- Senhor Edgar, existe um lugar com todos esses símbolos? – Lupin lhe mostrou o decalque que fizera dos relevos. Edgar fez que não com a cabeça.
- Com um deles pelo menos, então. – Gina sugeriu. Ela pensou por dois segundos e acrescentou: - O pentagrama. Algum lugar onde o pentagrama se destaque.
- Lá. – Edgar apontou para um lugar no alto do monte. – Subam pelas escadas de pedra, elas vão levá-los direto a um monumento circular, não muito grande. Na realidade, ele quase passa despercebido, já que está fora do círculo de pedras.
O barqueiro disse que os esperaria em um pequeno recôncavo um pouco mais adiante, que era escondido da vista da maioria dos hóspedes. Não fez qualquer tentativa de segui-los, intuindo que não queriam testemunhas do que quer que fossem procurar.
Parecia que tinham procurado uma eternidade, subindo e descendo pelas escadarias e caminhos estreitos quando finalmente atingiram o cume. Havia uma construção circular, que em muito lembrava Stonehenge, embora em tamanho menor. Levaram algum tempo até encontrar a estrutura que Edgar lhes indicara.
Uma pedra circular, que evidentemente não fazia parte da construção maior. Ela estava fora do círculo e tinha o tamanho de uma mesa de pôquer e bem mais baixa, de forma que os bruxos tiveram que se ajoelhar para examinar os símbolos que estavam gravados na pedra, nas laterais. No alto, no “tampo” da mesa, um enorme pentagrama.
- Dá para ver que o pentagrama foi talhado na pedra bem depois dela ser posta aqui. – Comentou Lupin. – Quem quer que o tenha construído, teve cuidado, paciência e habilidade para fazer os relevos das laterais. O pentagrama foi feito quase com pressa, sem nenhuma preocupação artística, como se apenas quisesse o pentagrama aqui...
Ele, Tonks e Harry estavam absorvidos no estudo dos símbolos, procurando entre os desenhos (alguns já ocultos pelo limo). No entanto, Gina se sentira atraída por uma parte em especial da vista. Harry percebeu a fascinação da esposa e se aproximou. Sabia o que ela estava pensando, porque ele estava sentindo o mesmo.
- O que acha que tem daquele lado? – Ela perguntou ao marido.
- Não tenho certeza... – Harry deu de ombros. – Mas acho que daqui se via Glastonbury.
- Dizem que Avalon não é mais a mesma, mas...
- Dá para sentir a magia fluindo. – Concluiu o pensamento dela.
- Você também? – Gina se admirou, embora demonstrasse estar aliviada por mais alguém ter percebido.
- Sim, desde que chegamos. Ficou mais forte aqui. – Ele acompanhou o olhar que Gina lançou para o casal Lupin e compreendeu. – Não, acho que só nós estamos sentindo.
- Harry... – O nome do marido saiu mais como um gemido.
- Ora, vamos... Isso não significa que é uma coisa ruim, só porquê...
- Eu sei. – Ela suspirou profundamente e sorriu. – Certo. Vamos nos preocupar com o medalhão primeiro...
Gina sentia algo grande a envolvendo, e se sentia apreensiva, mas não exatamente impulsionada a agir. Como um cego diante do mar: sente o cheiro, o som das ondas, e instintivamente sabe que é grande, poderoso, apesar de não poder vê-lo.
- Achei! – Lupin exclamou, chamando-lhe a atenção.
Havia um buraco circular na base do monumento. Parecia ser o sol da cena de uma batalha, mas tinha o tamanho e o formato exato do medalhão. Ele e Harry trocaram um olhar rápido.
- Não vamos saber se não tentarmos... – O ex-professor disse enquanto encaixava o medalhão no vazio circular.
Coube perfeitamente. Tão bem que todos prenderam a respiração, os olhos fixos no medalhão. Mas nada aconteceu.
- Parece que achamos mais uma peça, mas o quebra-cabeças está longe de se completar. – Lupin suspirou, desanimado.
- Espere, quem sabe... – Harry se abaixou ao lado de Lupin. – Quem sabe girando o medalhão... – E suas palavras foram acompanhadas do movimento. - Como uma chave...
Pressionando os dedos no objeto, quando completou a volta de cento e oitenta graus, o quadrado que representava aquela cena de batalha se moveu, revelando um compartimento secreto.
A euforia tomou conta do grupo. Harry já estava pensando em verificar seu interior quando ouviu um estalido. Mesmo sem entender, sem ter tempo de sequer pensar, seus instintos lhe disseram que deveria se afastar. Algo se projetou de dentro da pedra, veloz, atingindo-o no braço, rasgando a pele.
- Harry! – Gina gritou, correndo para o marido.
Ajoelhado e com grande parte do corpo pendendo para frente, Harry mantinha a mão pressionada sobre o braço esquerdo, que sangrava. Estava desconcertado. Sabia que tinha sido atingido por um projétil, e que o mesmo apenas passara de raspão, mas em toda a experiência de ferimentos e de dores nunca tinha se deparado com algo como aquilo. Uma dor aguda o trespassou, tão intensa que pensou que fosse afogá-lo. E tão de repente quanto começara, se foi.
- Estou bem! Tudo bem, Gina. – Ele acalmou a esposa e os amigos. – Foi de raspão. – Voltou-se para Gina, que continuava fitando-o preocupada. - ´Tá tudo bem, Gina, sério.
- Da última vez que você se feriu e disse que iria ficar tudo bem, Potter, um basilisco tinha te ferido e estava prestes a morrer. – A voz era um mescla de censura e brincadeira. – Não temos Falkes aqui por perto, desta vez.
- Sim, senhora! – Ele se esforçou por sorrir. Gina já lhe fechava as feridas com movimentos de varinha, ajudada por Tonks.
Certificando-se de que o ex-aluno estava bem, Lupin levantou-se e se ocupou em procurar pelo que o tinha atingido. Encontrou uma flecha alguns metros adiante.
- Que bruxo, medieval ou não, poria uma armadilha com flechas? – Mostrou o objeto para os demais.
- Seja quem for, deixou bem claro que era hostil à idéia de alguém seguir as pistas do medalhão... – Tonks olhou para a pedra que se fechara novamente.
- De qualquer forma, o compartimento está vazio. – Harry declarou. – Consegui ver o interior de relance. – Olhou para Lupin. – É possível que tenhamos feito algo errado, e por isso a armadilha foi acionada.
- É o que está parecendo. – Ele concordou e em seguida fez um sinal para que todos se afastassem. Com cuidado, voltou a girar o medalhão, encaixado na pedra. Nada aconteceu.
- Foi um tiro de aviso. – Harry disse, desanimado. – Não vai abrir novamente, a menos que descubramos o que se espera que façamos.
- Então todo mundo concorda que, por enquanto, vamos ter que deixar a “Pedra Assassina” para depois? – Gina sugeriu.

*** (Fim da segunda parte....)
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Belzinha
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(Terceira Parte do capítulo 16)

De manhã, Luíza havia saído com Serenna em busca dos livros escritos por Rowling. Parecia ainda muito pálida, mas garantiu que se sentiria muito melhor depois de se inteirar de tudo e, quem sabe, “o mundo faria sentido novamente”.
Carlinhos perambulava pela sala, preocupado com a esposa. Ana tinha chorado baixinho em seus braços durante muito tempo antes de finalmente adormecer. Achou melhor deixá-la dormindo mais um pouco. O sono lhe faria bem.
Em certo momento, sentiu uma necessidade imperiosa de ir até ela, como se Ana precisasse dele. Subiu as escadas quase correndo, tão forte era a sensação. A cama estava vazia e ele sentiu um frio de medo antes de vasculhar o resto do quarto.
Encontrou-a acordada, em pé diante da janela. Ana olhava, mas nada via. Seu semblante taciturno não tinha resquícios da jovem alegre e um tanto espevitada que ele conhecera.
- Sabe, seria de se esperar que eu corresse agora para o St. Mungus – Ela finalmente se pronunciou, falando mais para si mesma. –, e procurasse saber se espero um menino ou uma menina. Mas não posso. E se confirmarem que é um menino? É insano, eu sei, mas a idéia me aterroriza.
Carlinhos venceu o espaço entre eles em um instante. Forçou-a gentilmente a erguer o queixo até que seus olhares se cruzaram.
- Você não precisa. Não se não estiver preparada.
- Parece que não tem um único grama de sangue grifinório em mim, não é? – A voz dela saiu trêmula, como se tentasse gracejar, sem conseguir.
- Querida, você tem mais sangue grifinório em um único dedinho do pé do que muito marmanjo que eu conheço tem no corpo inteiro. – Ele afirmou com uma convicção que a fez sorrir de verdade.
Satisfeito ao vê-la finalmente relaxar, abraçou-a e a acalentou nos braços, como se fosse uma menina.
- As coisas estão finalmente parecendo menores agora, à luz do dia... – Ouviu-a comentar. – Mas, Carlinhos – Ela se afastou um pouco para fitá-lo. – Aquele sonho de Hermione tinha um claro aviso de perigo. Não era um sonho comum, tenho certeza.
- Mais um motivo para se acalmar. Avisos geralmente partem de quem se preocupa e quer ver nosso bem, não de quem quer lançar uma maldição fatal, não acha?
Ana deixou os olhos percorrem o rosto seguro do marido enquanto refletia a sobre o que ele acabara de dizer.
- O que seria de mim sem você? – A pergunta foi acompanhada de um sorriso lento.
Parecia que eles estavam aprendendo um pouco um com o outro. Geralmente, era Ana que o acalmava e suavizava suas preocupações.
- Oh, realmente, estaria perdida. – Ele fingiu gravidade. – De fato, acho que não há outra alternativa que não seja você ficar o resto de sua vida comigo...

***

Estava sendo um final de semana conturbado, não havia dúvidas. Sábado com medalhões milenares dando sinal de vida, manhã de domingo sendo atingido por flechas voadoras em ilhas misteriosas... E agora, uma tarde em uma reunião da Ordem conclamada às pressas.
Harry percebeu que grande parte dos membros já se encontrava na sala de estar da antiga Mansão dos Blacks. Sentiu-se um pouco encabulado pela demora, ainda que justificada pela resistência de dois bebês de quase oito meses em dormir – incluindo um elfo doméstico que parecia se ressentir mais do que os próprios bebês, quando estes choravam fazendo manha. Dobby, como elfo livre, deixara Hogwarts já há algum tempo e fora servir mais que satisfeito o casal Potter.
Ana e Carlinhos chegaram logo depois, acompanhados da amiga dela. Esta última ainda estava pálida, mas parecia melhor que Ana, que exibia uma coloração esverdeada no rosto: “Droga de noitebus!”, a ouvia resmungar, enquanto Carlinhos pacientemente a amparava. Com a gravidez avançada, ela não poderia aparatar ou fazer uso da rede de Pó de Flu.
A moça trouxa, Luíza, agora o olhava todos com assombro, à medida que iam sendo apresentados a ela. Ficou evidentemente sem fala quando chegou a vez de Harry, o olhar se fixando na cicatriz em forma de raio. Dando-se conta que o estava encarando, abaixou a cabeça, envergonhada, e buscou refúgio sentando-se ao lado de Ana. Pobre moça. Devia estar sendo difícil e aterrorizante para ela.
Snape chegou através da lareira da cozinha, sendo seguido por Serenna. Quando ela sentou perto de Ana e Luíza, conseguiu perceber que a outra brasileira se encolhia cada vez que Snape chegava perto para falar com a irmã. Certamente, agora que a moça sabia quem ele era... O antigo professor de Poções ainda carregava o estigma de ter matado Dumbledore, mesmo entre os bruxos.
Hermione estava sentada em uma cadeira, próxima à parede, parecendo muito contrariada. Antes mesmo de convocar os outros membros da Ordem, Gina e Harry haviam ido à casa de Rony e Hermione para contar o que tinha acontecido. A amiga não gostou nada de ter sido colocada de lado, quando estava tão impressionada com os sonhos que tivera. Aliás, havia pilhas e mais pilhas de livros em cima da mesa, todos sobre Avalon, e Harry não tinha dúvidas que ela havia lido cada um deles. Hermione ficou ainda mais chateada quando soube que o marido estava a par da ida deles com Tonks e Lupin até a antiga ilha, e que a idéia de deixá-la de fora partira dele. O argumento “você não está em condições...” nem chegou perto de aliviar o lado dele, pelo contrário. Seja lá o que ela viu ou sentiu naquele sonho, deixou-a perturbada o suficiente para abalar sua costumeira capacidade de se concentrar.
O burburinho da sala foi diminuindo quando Harry pediu silêncio. Um suor frio percorreu-lhe a espinha só de pensar nas coisas terríveis que teria que dizer, especialmente quando se passara tão pouco tempo do último perigo que tiveram que vencer. (1) Talvez devessem ter deixado Molly e Arthur de lado... A sogra, principalmente. Um rápido olhar para Ana confirmou-lhe que ela pensava o mesmo – ambos sabiam o quanto a senhora Weasley temia que a história de seus irmãos se repetisse, e viesse a perder mais um ente querido.
O olhar inquieto do olho mágico de Moody sobre ele lhe lembrou que todos estavam esperando que ele falasse. Começou tudo do início, pois nem todos se lembravam que Ana havia achado aquele medalhão dentro de um livro de Cornelius Agripa que estava no Ministério, nem as coisas que Lupin havia descoberto. Por fim, quem era Luíza e o que tinha acontecido no dia anterior.
Se todos já estavam curiosos em saber quem era a moça, ficaram absolutamente impressionados quando souberam que Feitiços de Memória não funcionavam nela.
Harry começou a sentir pontadas no braço esquerdo.
- Então, você deve se lembrar de tudo o que o medalhão te mostrou, não é, querida? – Agatha perguntou à Luiza, a quem já conhecia de longa data, desde a época em que visitava Ana em Brasília.
- Sim... – Ela respondeu, a voz saindo a custo. – Mas a informação é complexa demais, e eu não entendo a linguagem usada. Deve ser a antiga escrita celta.
Estavam mal, pensou Harry. Há centenas de anos esta escrita havia sido perdida, sobrevivendo apenas os significados de alguns símbolos principais e, ainda assim, cada um podia ter interpretações diversas. Um único símbolo, a exemplo da escrita chinesa, poderia trazer idéias completas.
- Quando disse complexa, Lú... – Ana falou, a inflexão de dúvida evidente na frase.
- Se essas informações fossem um mapa – Luíza se sentia mais confiante falando com Ana. – Eu estaria com a cidade de São Paulo inteirinha na minha cabeça.
O assombro dos presentes que conheciam o bastante o Brasil para saber o que aquilo significava foi o suficiente para fazer os demais compreenderem a grandiosidade do que Luíza estava falando. Os assovios agudos e uníssonos de Fred e Jorge, impressionados, fez-se ouvir.
-E tem as imagens desconexas, ainda... – Luíza continuou. – Como se fossem ilustrações do texto que eu não entendo. Acho que se esperava que eu pudesse ler aquela escrita. – Ela balançou a cabeça, em sinal de pesar. – Se eu pudesse ligá-lo a significados seria mais fácil, mas...
Harry tentava achar saídas para as questões cada vez mais complicadas que estavam se apresentando. E ainda nem havia contado sobre a vista a Avalon! As pontadas que estava sentindo no braço se transformaram em um latejar leve, e se esqueceu dele. Tinha que organizar as informações, encontrar um sentido... Sua cabeça começou a doer.
A moça trouxa ergueu o olhar, que mantivera baixo o tempo todo, e viu os rostos sombrios pela sala. A expressão acanhada e assustada que ela trazia desde que entrara ali foi substituída por compaixão.
- Não se preocupem. Eu vou começar a trabalhar nisso hoje mesmo... Quer dizer, tentar me lembrar de todos os símbolos e na ordem certa. Se não conseguir enquanto estiver na Inglaterra, continuarei quando retornar para casa, e os mantenho informados.
- Acho que não entendeu, senhorita. – Moody tentou suavizar o máximo que pôde a sua voz de rosnado. - Algo terrível pode estar acontecendo e, até sabermos o quê, deve ficar no Mundo Mágico.
- Mas, e o meu trabalho? E a minha vida?
- É exatamente essa a questão. – Snape finalmente se manifestava, a voz fria. - Um tipo poderoso e antigo de maldição mortal pode ter sido lançado sobre uma de vocês. – Olhou dela para Ana. - Ou sobre as duas.
- Severo! – Serenna o censurou pela forma indelicada como colocara a questão, ao mesmo tempo em que se ouvia uma exclamação baixa e aflita de Molly e Ana punha as mãos de forma protetora sobre o ventre.
A repreensão de Serenna foi mais eficaz que o olhar irado que Carlinhos lhe lançara, e quando Ana lhe perguntou se ele tinha certeza, respondeu com um pouco mais de tato:
- Nossa esperança é que as investigações de Lupin estejam certas que o emblema de Ravenclaw seja autêntico. – Snape ignorou o resmungo de Tonks, “É claro que Remo está certo”. – Se for assim, não me parece maldições fatais seja algo do feitio de Rowena Ravenclaw.
Fazia sentido, pensou Harry. Mas ainda tinha muitas pontas soltas, e Quim verbalizou uma delas:
- E os sonhos de Hermione?
- Podem ter sido só uma coincidência.
- Foi a coincidência mais vívida com a qual já me deparei, então. – Hermione respondeu sem nenhuma agressividade, apenas constatando um fato. – Queria acreditar também que foi só um sonho, mas as evidências que encontrei nos livros e mapas em que pesquisei... A floresta, o lago, tudo como era há séculos atrás... Igual no meu sonho.
Luíza voltou-se para Ana, buscando confirmação de que o que eles estavam falando era verdade. Carlinhos, de pé atrás dela, tinha uma das mãos no ombro esquerdo da esposa, enquanto Ana apertava firmemente a mão direita na mão livre dele. O braço esquerdo ousava sobre o ventre, como que querendo proteger o ser frágil que crescia nele. Aquilo pareceu a convencer.
-Eu fico. – Ela declarou, visivelmente comovida.
Agatha, que retorcia nervosamente um lenço bordado e com rendinhas nas mãos, enxugou uma lágrima:
- Então fique na minha casa, querida. Não, não discuta comigo, Ana. – Ela acrescentou quando viu a sobrinha abrir a boca para contestar. – Não há espaço suficiente na casa de vocês, agora que o bebê está chegando.
- Eu estou registrada em um hotel... – Luiza esclareceu.
- Não podemos deixá-la longe de nós. Não, nem pensar. – Agatha foi categórica. – Ficará comigo e com Moody.
Luíza arregalou os olhos e encarou o velho auror, a face cheia de cicatrizes, o olho mágico perscrutando tudo ao redor. Não tinha medo dele, só estava surpresa.
- É... – Ana sorriu. – Moody e tia Agatha se casaram.
- Vamos ter que por você a par dos acontecimentos dos últimos nove anos. – Serenna deu umas palmadinhas no ombro de Luíza, como se dissesse que tudo daria certo.
“Primeira etapa concluída”, pensou Harry, preparando-se para falar sobre aquela manhã. Chegara até mesmo a pensar em deixar Luíza no Lar de Elizabeth, o orfanato mantido pela Ordem e que Serenna e Snape administravam (2), mas era evidente que ela ficaria mais confortável com Agatha. E, é claro, não tinham com ela o mesmo “probleminha de vigilância” que tinham com Draco, quando se precisou escondê-lo por lá por uns tempos. (1)
- Em Smith House ficará protegida, senhorita Esteves. – Ele disse. – Com a vantagem de termos vários colaboradores da Ordem em Hogsmeade e em Hogwarts. – Harry lembrou-se da Professora McGonagall, que não pudera comparecer.
Dizer estas palavras lhe custou muito. Tinha um zunido em sua cabeça agora, além da dor de cabeça. Suava frio.
- Harry, o quê você tem? – Gina, que havia se voltado para ele quando falara, percebeu a mudança no estado do marido.
- Acho que peguei uma virose...
Harry passou a mão pela testa, e percebeu porquê Gina pareceu tão alarmada: seu rosto estava úmido de suor e, quanto levantou o braço, viu sua mão tremer sem controle. Gina tocou-lhe o braço esquerdo para fazê-lo se sentar, e o leve toque lhe provocou uma dor terrível, que Harry não conseguiu esconder.
- Diffindo! – Gina não hesitou antes de fazer o tecido da camisa dele se rasgar, revelando o profundo corte no braço, inchado e começando a enegrecer nas bordas. – Merlin, é no mesmo lugar que a flecha te atingiu!
Rony e Hermione já estavam a postos ao lado dele segundos antes de Gina revelar o ferimento.
- Que história é essa de flecha, Gina? – Arthur ajudava Rony a amparar Harry, que piorava rapidamente.
A sala se tornara um rebuliço, com todos querendo ajudar sem saber como. Enquanto Lupin resumia os acontecimentos daquela manhã, Gina voltou-se para o lugar onde os gêmeos estavam:
- Jorge, chame a Alicia!
Harry podia sentir os próprios dedos ficando insensíveis, e por mais que tentasse, não conseguia manter o equilíbrio.
- Amorentia. – Snape diagnosticou, após sentir o cheiro que saía do ferimento. – O veneno só reage no corpo quando se usa magia para fechar o corte.
- Por isso a armadilha trouxa. – Lupin disse. – Não queriam que desconfiassem que houvesse venenos mágicos. – Fitou Snape, preocupado. – Você tem o antídoto?
- Para a imensa sorte de Potter, único antídoto possível, Psychotria, é um dos ingredientes para a poção Mata-Cão que costumava fazer para você. Deve ter um pouco na despensa ainda.
E essa foi a última frase que coerente que Harry ouviu. O resto foi uma seqüência de sons longínquos, ecos dentro de sua cabeça que se confundiam uns com os outros em uma cacofonia impossível de se entender. Tentava lembrar-se de onde estava, porquê estava ali, e entender a razão de sentir-se em um limbo, mas ficava cada vez mais difícil.
Seu queixo começou a doer e em seguida sentiu um gosto amargo na boca, escorrendo pela garganta. Depois de alguns minutos, sua mente foi clareando e conseguiu distinguir rostos e sons. Estava deitado em um dos sofás, com todos ao redor dele.
- Ele está acordando. – Gina disse.
- O que aconteceu?
- A flecha. Ela estava envenenada. Snape conseguiu o antídoto.
- Agora me lembro... – Harry fez um breve movimento de cabeça na direção de Snape, à guisa de agradecimento. Era o mais perto que o seu ex-professor iria ganhar de um “obrigado” dele. – Mas porque meu maxilar está doendo? – Questionou, massageando o queixo.
- Você não queria engolir, Rony teve que te segurar e te forçar a tomar a poção. – Desta vez foi Hermione que respondeu.
- Sério? - Ele olhou para o cunhado. – Valeu, cara. Qualquer dia desses, eu devolvo o favor. – Brincou.
- Não tem pressa. – Rony sorriu, aliviado, quando contatou que ele estava se recuperando.
- Ainda bem que havia o antídoto. – Arthur comentou, enquanto Molly passava por ele para, ela mesma, verificar se o genro não apresentava mais nenhum sinal de doença.
- Não, não haveria grandes danos. – Snape declarou.
- O que quer dizer? – Quim ficou o outro, entre incrédulo e indignado com o comentário. – Sei que Potter e você jamais serão amigos, mas, por Merlim, Snape. Amorentia pode matar!
- Exatamente Shacklebolt. “Pode”. – Ele assinalou bem a palavra. - Mas não havia a quantidade necessária para isso. Pelo que eu pude analisar da flecha que Lupin me mostrou, a ponta envenenada era pequena demais. Com a amorentia que devia ter nela o efeito seria apenas perda de consciência e eventualmente, de memória.
Alicia chegou com Jorge e se dedicou a examinar Harry, e as pessoas começaram a se afastar para deixá-la fazer seu trabalho.
- Se a intenção não era matar... – Ana comentou. – Então, é possível que a flecha estivesse lá só para impedir que a pessoa errada contasse o que descobriu. Ela perderia a consciência e não se lembraria do quê aconteceu. – A brasileira parecia reavivar com a esperança, como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros.
- É possível. – Snape concordou com um breve aceno de cabeça.
- Mas eu tive horas antes que o efeito começasse. – Harry objetou, enquanto inclinava a cabeça como Alicia lhe pedira para que um instrumento medibruxo cheio de pontas pudesse ser passado por ali.
- Só que ela passou de raspão. – Lupin disse. – Se tivesse te atingido de verdade, você poderia ter caído inconsciente ali mesmo.
- Mas se tivesse outras pessoas, como havia...
- Não iriam se atrever a tentar abri aquilo de novo tão cedo. – Rosnou Moody. – Exatamente como fizeram, mesmo não sabendo do veneno.
Harry tinha muitas dúvidas, mas Carlinhos fez um gesto em direção a Ana e ele se calou. Melhor deixá-la com aquela esperança.
Não havia mais razão para a reunião continuar, e, com as tarefas divididas, as pessoas começaram a retornar para suas casas. Luíza iria voltar para o seu hotel, pegar suas coisas e ir com Agatha e Moody para Smith House. Alicia concluiu que seu paciente estava realmente bem, e que a poção tinha sido administrada corretamente (o que provocou um esgar desdenhoso de Snape).

Quando só restou o casal Lupin, Serenna, Snape, Rony, Hermione e Gina e ele, Harry encarou seu antigo Professor de Poções e disse:
- Tem mais não tem?
- A diferença de quantidade entre o que estava naquela flecha e o que seria necessário para matar era muito pouca. Pode ter sido intencional, ou apenas mais um golpe de sorte seu, Potter.
Agora Harry entendia. Ana estava abalada demais, possivelmente porque a gravidez a deixava mais vulnerável, Lupin e Snape deviam ter achado melhor deixar esse detalhe omisso por enquanto.
- Ainda pode haver uma maldição fatal. – Concluiu.
- É o que está parecendo. Concordo com Lupin sobre os significados daqueles desenhos no medalhão. – Admitiu, ainda que a contragosto.
- Pois bem. – Ele assentiu, o olhar de Gina lhe passando tranqüilidade e confiança. – Eu estou pronto. Com maldição ou não, se quiser ferir aqueles a quem amo, terá que passar por cima de mim primeiro.

***

Luíza já estava a cinco dias em Hogsmeade. Aquela era a primeira vez que tomava coragem de sair de Smith House para dar um passeio na vila, ainda que estivesse acompanhada de Agatha.
As pessoas eram muito agradáveis e apenas tomava cuidado, como Agatha a instruíra, a não se aproximar demais de ninguém para não dar oportunidade para que lhe fizessem perguntas. Em último caso, deveria dizer que era filha de bruxos, parentes do primeiro marido de Agatha, mas que nascera sem poderes (um “aborto” como eles chamavam).
Pessoalmente, Luíza achava que o aviso de Agatha não era necessário: ela não teria coragem de se aproximar de ninguém mesmo. Apesar de passar pelas ruas de Hogsmeade sempre com um sorriso simpático e um “bom dia”, jamais travava conversa com ninguém. A idéia de que qualquer um deles era capaz de transformá-la em um objeto ou animal ainda a fazia tremer.
Em determinado momento, Agatha viu uma amiga dentro da Dededosdemel, que a chamou. Preocupada, a senhora pediu para que Luíza desse uma volta no quarteirão enquanto ela distraía a velha amiga porque, segundo ela, a outra lhe encheria de perguntas e não custaria muito para que descobrisse que ela não era um aborto. E Agatha não poderia ignorá-la, porque isso causaria suspeitas.
Ainda que apreensiva por andar sozinha pelas ruas bruxas, Luíza reconheceu que a vilazinha era adorável, parecia que tinha saído de uma daquelas ilustrações de livros infantis. Quando ela era criança, sua mãe lhe deu um livro que tinha histórias como “Branca de Neve”, “Ciderella” e “A Carruagem dos Doze”. Ela passava horas lendo ou simplesmente olhando as figuras (as quais ela sabia de cor desde primeira vez que as vira). Hogsmeade lhe lembrava os desenhos que tanto a fascinavam naquela época.
Andava devagar, tendo o cuidado de não se afastar muito, dando tempo para que Agatha terminasse sua conversa, saísse da Dedosdemel e a alcançasse. Estava passando em frente do Três Vassouras quanto sentiu um calafrio intenso, como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre ela.
- Ser atravessada por um fantasma não é nada agradável, não é? – Uma mulher que estava varrendo a calçada comentou bem-humorada.
- Fantasma? Que fantasma? – Luíza estava tão surpresa que não conteve a pergunta. Tarde demais se deu conta que eram aqueles os “sintomas” de ser atravessada por um espírito, conforme tinha lido nos livros. Mas ela não pode vê-lo. Será que estava encrencada?
- Você não viu Sir Pelegrin? – Perguntou, um homem de uniforme e com um chapéu em forma de barrete, que estava sentado em uma das mesas do lado de fora do Três Vassouras, estreitando os olhos enquanto o fazia.
- Eu... eu...
- Ora, Mike, deixe a moça em paz! – A mulher pôs as mãos na cintura. – O que lhe interessa que a moça não tenha visto? Eu mesma quase não consigo distinguir o espetro de um fantasma na luz do dia. São muito transparentes, você sabe.
- Até abortos conseguem ver fantasmas, Madame Rosimerta. Só trouxas não os vêem. A maioria deles, pelo menos. E, se essa moça não o viu e nem o ouviu quando Sir Pelegrin lhe pediu desculpas por atravessá-la...
“Lá se foi minha desculpa perfeita”, pensou Luíza. Estava sem saída, e apavorada. “Eu não sou criativa, nem mesmo para inventar uma desculpa para salvar minha pele”.
- E então senhorita? – O auror perguntou com firmeza, ainda que parecesse estar mais com pena do que outra coisa. – Quem conhece do mundo bruxo para estar aqui?
Pensou em dizer o nome de Agatha, ou Ana, mas como haviam espalhado o boato que ela era um aborto, isso só iria prejudicá-las. Agatha havia lhe contado sobre a regra de que trouxas só tomariam conhecimento do mundo bruxo quando tivessem um parente bruxo próximo. O Ministério iria saber que elas haviam trazido uma trouxa para o único povoado bruxo da Inglaterra. E mais ainda: iriam tentar lançar um obliviate nela, descobrindo que isso não era possível.
- Mike, está assustando a garota... – Madame Rosimerta tentou repreendê-lo mais uma vez, saindo novamente a sua defesa.
- Tem algum parente bruxo ou não, senhorita? – O auror repetiu.
“Se pelo menos eu fosse irreverente como Ana, ou ousada como a Carol, ou segura como a Déb...”.
- Ela tem a mim. – Luíza ouviu uma voz grave atrás de si e um braço masculino circundar sua cintura. – Ou melhor, ainda não somos parentes, mas vamos ser mais do que isso, não é, querida? – Ela olhou para cima e se deparou com Zacharias Smith, sorridente e muito seguro de si, a fitá-la. Ficou tão desconcertada que perdeu a fala.
- Senhor Smith... – O auror até corrigiu a postura, erguendo as costas. – Quer dizer então que...
- Iríamos anunciar só daqui a alguns dias, mas... – Parou de sorrir quando desviou o olhar de Luíza para o homem. – Espero que não incomode mais minha noiva, Mike.
- Noiva? – Madame Rosimerta pareceu agradavelmente surpresa. – Viu? – Deu um cutucão no auror. – Se você tivesse dado tempo para a garota se recuperar, ela mesma teria lhe explicado. Eu já tinha ouvido falar que Agatha tinha hospedes em Smith House. Claro, a noiva do sobrinho dela!
“Noiva?”, ao contrário do que Madame Rosimerta achava, parecia que jamais iria se recuperar de tantos sustos sucessivos. “Noiva? DELE?”.
Luíza ainda pensava em um jeito recuperar o fôlego quando o flash de uma câmera fotográfica os cegou.
- Ora, ora! Mas se isso não vale uma manchete de primeira capa, eu entrego as minhas credenciais!
Os dois se viraram encontrando uma mulher de meia-idade, sorrindo de fora maliciosa, enquanto os encarava do alto de seus óculos de armação de tartaruga. Não pôde deixar de perceber como se parecia com uma joaninha.
- Rita Skeeter! – Zach disse entre os dentes, fuzilando-a com o olhar.

***
(1) Harry Potter e o Retorno das Trevas, da Sally Owens.
(2) Close To You, da Regina McGonagall.

---------
(N/A):

Oi... *Tímida*.
Gostaria, primeiramente, de pedir desculpas pela demora na postagem... (ih, comecei mal. Dizem que nunca se começa um discurso pedindo desculpas).

Mas, em resumo, é o mesmo de sempre: tempo curto, capítulo difícil, autora tendo crises de criatividade...

Mas, deu trabalho. Como podem ver, o capítulo está recheado de detalhes, e de quebra ainda o terminei com uma comédia romântica, hehehe. Não ia postar hoje, mas a Regina, que corrigiu o capítulo para mim (minha salvadora!), disse que estava tudo certo... Então... Lá vai. Hehehe. Sempre escapam uns errinhos, espero que nõa sejam muitos.

Tenho um monte de notas a fazer. Vamos a elas:

1. Importantíssimo. Nunca é demais lembrar que a minha fic e a da Sally agora estão em um “limbo onde tudo pode acontecer”. Traduzindo: vilões de uma fic podem ser bonzinhos na outra, ou alguém que eventualmente vier a morrer em uma pode estar vivo na outra... Enfim. Não considerem o que acontecer na minha fic vai ser também o futuro da trama da Sally, certo? São fics independentes, só que com personagens e alguns detalhes em comum. Por falar nisso, Sally, um beijão procê, miga!!!

2. A Abadia de Glastonbury realmente existe. (Ver fotos no Espaço MSN e no Multiply). Todas as histórias realmente existem – se é verdade que José de Arimatéia esteve lá, que ela e Avalon estavam perto uma da outra ou se são o mesmo lugar, se o rei Arthur foi enterrado lá... – isso vai de cada um acreditar ou não, hehehe.

3. - O Tor: Existe (Ver mapa da região de Somerset). O Trecho tirado do livro do Apocalipse foi per minha conta, mas a capela realmente foi dedicada à São Miguel. E realmente existem indícios de construções pagãs embaixo dela.

4. O Zodíaco de Glastonbury. Em 1935, Katherine Maltwood anunciou sua descoberta do Zodíaco. Era tinha sido contratada para traduzir um conto sobre as aventuras do Rei Arthur que supostamente teria sido escrita na Abadia de Glastobury (The High History of the Holy Grail). Procurando por evidências de que os lugares dessas aventuras tivessem na verdade sido inspiradas por lugares próximos à Abadia, Katherine procurou estudar os mapas e outros escritos da época.
De fato, ela percebeu que as aventuras dos Cavaleiros da Távora Redonda correspondia a lugares no Vale de Avalon. Mas, mais do que isso, Katherine sentia que havia um certo padrão nas linhas das estradas, vales, e cursos de rios. Um padrão que ela não sabia identificar o que era.
Sobrevoando a área, ela visualizou o que lhe parecia a cabeça de um touro. Aos poucos, os outros onze símbolos do zodíaco foram ficando claros no mapa (a região hoje está muito modificada, os símbolos inteiros só podem ser encontrados em mapas antigos). Doze símbolos, na ordem certa, e mais um “Décimo Terceiro Gigante” (os desenhos no relevo da região ficaram conhecidos como os “Gigantes de Glastonbury”, por causa de seus quilômetros de extenção) – cujo desenho é o de um cão. Ele fica na região de Langport, fora do círculo. “O Cão de Langport” tem sua cauda em um lugar conhecido como “Wag” (caulda). Coincidência ou não, os nomes e até mesmo canções centenárias do lugar já apontavam para a existência de um “cão” ali. Como essa: “The Girt Dog of Langport has burnt his long tail
And this is the night we go singing wassail”.
(Ver mapa no Espaço MSN ou no Multiply).
A descoberta do Zodíaco causou grande rebuliço. No entanto, dois pesquisadores independentes, com base em mapas mais antigos que os de Katherin, disseram ser impossível aquela formação ser intencional, e que alguns caminhos que faziam parte de certos símbolos inclusive haviam sido construídos depois, em datas diferentes, não existindo antes, portanto. (Dá até para entender olhando o mapa. A gente tem que se esforçar um bocado para ver os tais “gigantes”).
Os seguidores de Katherin e os entusiastas dos mistérios de Avalon continuam sustentando que a teoria dela está correta. Usei de licença poética aqui, e estou considerando que eles sejam reais. Hehehehe.

5. Aquela conversa de italianos é para ser misteriosa mesmo. Antes que alguém me pergunte: não, não esqueci de colocar o nome do “inglês”. Nosso ianque vai ficar incógnito por enquanto.

6. Ah! Antes que aconteça um mal entendido: eu não falo italiano. Por isso, ítalo-brasileiros, nem adianta escreverem mensagens nesta língua que eu não vou entender patavinas, ehehehe. Eu pesquisei antes de colocar aquelas frases lá em cima.

7. Temos uma comunidade nova no Orkut, e foi dedicada à “Batalha dos Dragões”. O Grayback quem fez (não, não é o lobisomem do mal. É um amigo nosso do Grimmauld Place, hehehe). O endereço é: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=28056693

8. O endereço do meu Multiply, para ver alguns vídeos e fotos: http://belzinha1.multiply.com.
O do MSN: http://segredodosfundadores.spaces.live ... 02_owner=1.
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Post by Regina McGonagall »

Impossível foi não ler de novo... hihi... :mrgreen:

e nem vou dizer onde tá um "quase spoiler" de "close to you"...
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uaaaaaaaaaaaaaaaaaaaau

Post by grayback »

mtu legal!!! foi quase um presente de aniversário que vc me deu... se fosse atualizado um dia antes(14/04) seria meu presente de niver!!! hehehe adoreeeeeeeeeeeeeeeeeei e já quero mais !!! vlw fuuuuuuuuuuuuuuuuui!!! 8)
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eu adoro essa coruja!!!
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Post by Anne Moire*Ptit Fée »

My God!!!!!! Você postou!!!!! Eu sabia que ia valer a pena esperar!!!! :D Adorei o cap d+++++ que pra variar tá ótimo, me deixando mais curiosa pelo final da fic.
Da onde você tira tantas idéias brilhantes?????
Sabia que você me tirou da minha crise de tédio? Com tantas provas pra fazer na escola só lendo uma fic emocionante cheia de surpresas pra me libertar!!!! :D :D :D
Não me canso de ler e reler os capitulos, enquanto espero novas atualizações.
Valeu Belzinha mais uma vez o cap tá ótimo!!!!!

Kisses Bye! :wink: [/img]
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Post by Gina W.Potter »

Cap maravilhoso, Belzinha, valeu cada minuto de espera, a trama tá ficando cada vez mais emocionante. Parabéns, Bjs.
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Post by Krys Granger Weasley »

simplismente adore :D :D !!!!!!você escreve muito bem :palmas a fic está ótima :palmas :palmas :palmas já li o capítulo 3 vezes e estou ansiosa para ler o proximo :D :wink: :!: :!: :!:

beijos :P :wink: :roll: :!: :!: :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas
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"A felicidade pode ser encontrada nas horas mais escuras, se a pessoa se lembrar de acender a luz."

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Post by Drusilla_Julli »

Finalmente li esse capítulo, Bel, não disse que iria? Ele está ótimo (como de costume), e nem vi o tempo passar quando o lia. Estou muito interessada na história da Luíza, e mal vejo a hora de ler onde as investigações vão dar (eles vão voltar a Avalon? E quando vão vir para o Brasil).

Senti falta do Lipe e da Mel, vamos vê-los no próximo capítulo? E a Myra? Adorei ela. Hector & Joshua precisam levar um grande susto, não podem continuar a procurar encreca dessa forma, esse garotos precisam ter juízo, não é assim que funciona as coisas não :lol: . O Trio não procirava confusão, garotos, elas viam atrás deles. E os Marotos podem ser muitas coisas, mas bom exemplo não são.

Desculpe a demora em responder, mas esse semestre está sendo CHEIO para mim. Vê se não demora muito em postar o novo capítulo como demopi em postar esse :lol: .

Beijos,

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Post by Krys Granger Weasley »

Estou mega ansiosa pelo capítulo 17!!!! :P :D
Por favor! Posta!!!!! :mrgreen:
R/H forever!!!

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Post by Belzinha »

Valeu, gente!
**********Sorrisão************

Aí vai o capítulo 17


******************

- 17 -
Aquela Noite Na Torre


A gente não sabe o quanto desejaria poder trocar uns bons meses da nossa vida para não passar por certas situações, até que passamos por elas.

Pode ser que nunca as tenhamos imaginado, muito menos considerado a hipótese, mas tais situações existem. Estão lá, prontas para servirem de material para que deuses mesquinhos e com um senso de humor duvidoso as usem contra você.

E Luíza acabara de descobrir uma delas: ter Zacharias Smith como expectador e, pior ainda, seu salvador naquilo que foi a sua primeira demonstração de inabilidade social no mundo bruxo. Estava convencida, desde o conhecera no casamento de Ana, que o rapaz era o ser mais cético e desagradável que a raça humana tivera a infelicidade de produzir. Ficava doente só de pensar no quanto ele deveria estar satisfeito por se mostrar superior a ela naquela situação. Ter lido as passagens dos livros Harry Potter só a fez ter certeza de que sua primeira impressão fora a correta.

Algo gritava dentro dela, mandando tirar o braço de Zacharias de sua cintura, tomar as rédeas da situação, e fazer picadinho das indesejadas pretensões heróicas dele! No entanto, outra voz, esta mais conhecida sua, lhe dizia: fazer o quê? Não tinha nenhuma idéia melhor. À bem da verdade, não era o tipo de pessoa com jogo de cintura, e atitudes ousadas não combinavam com ela. Aliás, pensou, rendendo-se à realidade, costumava parecer uma idiota quando tentava se impor.

- O que acha de uma declaração para o Profeta Diário, senhor Smith? – Rita Skeeter perguntou, ignorando a forma “pouco entusiasmada” com que fora recebida por ele.

O fotógrafo de Skeeter apressava-se a recarregar a máquina. Um bloco de papel e uma pena voadora se aproximaram a toda velocidade da repórter, parando ao seu lado, pondo-se em posição de espera.

- Não. – Zacharias respondeu secamente e começou a se afastar, puxando Luíza consigo.

- Quem sabe sua noiva...? – Ela insistiu.

Luíza olhou-a por sobre o ombro e chegou a abrir a boca, mas Zacharias apertou a mão que segurava seu braço, alertando-a que aquela não era uma boa idéia.

- Não. – Ele foi mais categórico, e nem se voltou para responder à repórter. A essa altura, a pena já escrevia furiosamente no bloco de papel.

- Tudo bem. Vai estar amanhã nos jornais de qualquer forma... – Skeeter falou baixinho, rindo consigo mesma.

Mas Zacharias a ouviu, e, irado, voltou-se para a jornalista:

- Nesse caso, é melhor eu dar uma exclusiva para Luna e Colin Creevey. Pelo menos, terei certeza de que minhas palavras não serão distorcidas.

Satisfeito com a expressão furiosa que via em Rita Skeeter, retomou o caminho em direção aonde Agatha aguardava, aflita. A velha senhora continuava no mesmo lugar onde Luíza a deixara, conversando com a “amiga bisbilhoteira”. Sozinha agora, Agatha mal esperou que chegassem para soltar uma torrente de palavras entre aliviada, culpada e apreensiva:

- Merlin, Luíza, se Zacharias não estivesse agido rápido... Quando percebi, vocês dois já estavam conversando com o auror! Ele descobriu que você é uma trouxa? - A moça confirmou com um aceno de cabeça.

- Um fantasma a atravessou e, como não pôde vê-lo ou ouvi-lo... – Olhou desdenhosamente para Luíza. – Azar o seu haver uma convenção de fantasmas em Hogsmeade hoje, não é?

”Ó céus, que criatura abominável!” Ouvi-lo a fez subitamente consciente do braço que ele ainda mantinha em sua cintura, e não conteve dizer, ainda que a voz soasse débil pela insegurança:

- Pode me soltar, agora.

- Skeeter ainda está nos observando. – Ele respondeu por entre os dentes, em um sorriso falso. – Estamos noivos, lembra?

- Noivos? – Agatha exclamou, dando-se conta pela primeira vez da atitude íntima que os dois jovens exibiam. – Acho melhor irmos para casa, há muito a ser explicado...

- Concordo. – Zach disse. – Tenho muitas perguntas... – E olhou para a brasileira, indicando claramente que a pergunta era sobre a presença dela no mundo mágico. A última vez que a vira, Luíza nem sequer sonhava que bruxos existiam. Surpreendeu-se ao vê-la ali, mas, mesmo não sabendo de todos os detalhes, não foi difícil imaginar que sua tia avó estava envolvida, especialmente vendo-a a poucos metros da moça. Luíza era amiga de Ana, e Agatha a conhecia.

Uma vez em Smith House, Agatha se encarregou de por o sobrinho a par dos últimos acontecimentos envolvendo a brasileira, Zacharias não parava de olhar assombrado para a moça.

- Você é imune aos feitiços de memória?

- É o que parece... – Ela respondeu, mais um murmúrio do que outra coisa, pega de surpresa.

- E lembra-se de tudo o que lê? – A cada pergunta, a voz dele subia uma nota, indicando o assombro crescente (assombro ou incredulidade, Luíza não saberia dizer ao certo).

- Sim. – A voz saiu um pouco mais audível.

- E... Você leu... Você sabe...

- Li todos os seis primeiros livros da série Harry Potter. – Luíza ergueu os ombros: - Exceto o sétimo. Estava esgotado nas livrarias.

- E, lembra de todos eles? Frase por frase?

- Posso citar cada uma das vezes em que você foi mencionado, inclusive textualmente. – Desta vez, a voz soou um pouco mais firme. A incredulidade insistente que via na voz dele irritou-a a ponto de estimular uma insuspeita coragem dentro dela.

- Hum... Não, não é necessário. – Ele pôs fim aos questionamentos. Ninguém melhor do que o próprio Zacharias Smith para saber o que tinha acontecido na sua adolescência.

Satisfeita consigo mesma com o que considerava o primeiro ponto que marcava em frente a Zacharias, aceitou quando Agatha, preocupada com o estresse que ela havia sofrido naquela manhã, sugeriu que fosse descansar um pouco. Realmente, tinha trabalhado muito na reprodução dos símbolos que estavam em sua mente...

Assim que viu a moça subir as escadas e sumir no corredor do andar de cima, Agatha se inclinou para o sobrinho, que estava na poltrona oposta à sua:

- Merlim, o que vai fazer agora, Zacharias? Depois que Skeeter publicar a matéria, todos irão assumir que foi você que revelou o mundo mágico para ela, porque está apaixonado. As conseqüências, quando a moça for embora...

- Eu sei, eu sei! – Zach se levantou e começou a caminhar pela sala, passando as mãos no rosto, parecendo cansado. – Eu pretendia só ganhar tempo, depois iria dar um jeito do auror e Madame Rosimerta não espalharem a notícia... Não contava com Rita Skeeter aparecendo e ouvindo tudo! – Voltou-se para a tia, uma indagação no rosto. - Vi que tinha mais repórteres, de outros jornais e revistas, sentados no Três Vassouras. Tudo isso por causa de uma convenção de fantasmas?

- Não... – Agatha inclinou ligeiramente a cabeça, séria, como se o assunto fosse outro motivo de preocupação. – Estão aqui por causa dos rumores de que Severo Snape reassumirá da cadeira de Poções em Hogwarts.

- O QUÊ? – Zacharias não conseguiu conter o espanto e até uma pontada de indignação. – A senhora tem certeza? Snape... Logo ele... Ele... Matou Dumbledore!

- Todos sabemos as circunstâncias em que isso ocorreu, Zacharias. – A velha senhora ponderou, conciliadora. - Tudo indica que é verdade, sim. Embora eu não tenha sabido até sair de casa esta manhã. – Ela franziu o cenho, certamente imaginando como algo assim chegou primeiro aos ouvidos da imprensa do que dos habitantes de Hogsmeade. – Disseram que Minerva vai falar com os jornalistas hoje à tarde, e não acho que ela concordaria em fazer isso se não fosse verdade, e para acalmar os ânimos. O cargo de Poções... Sabe o que dizem sobre ele Nenhum professor de Poções dura mais que um ano, e agora, com a morte dessa última professora... Como era mesmo o nome dela? Ah, sim, Medéia. Suponho que Minerva queira acabar com os boatos.

- Ridículo! – Ele murmurou, pouco convencido.

- Mas... – Agatha notou algo “no ar”. – Por que veio a Hogsmeade, Zacharias?

- Eu... – Ele balançou a cabeça, como que para lembrar-se de algo. – Vim trazer uns papéis para a senhora assinar. – Pegou uma pasta de couro de dragão e tirou documentos de dentro dela.

O pai de Zacharias cuidava da parte de Agatha nos negócios da família.

- Poderia ter mandado algum de seus empregados fazer isso, como sempre fizeram. – Agatha disse. – Eu te conheço, rapaz. Veio aqui por outro motivo. Diga-me qual é. – Sorriu encorajadoramente.

Sentando-se novamente, ele demorou alguns segundos para finalmente falar, como lhe custasse admitir o que o tinha trazido até ali.

- Meu pai... Ele está me pressionando para casar. Não sei mais o que fazer com ele.

- E desde quando você é homem de se deixar intimidar por seu pai, Zacharias? – Riu.

- Eu sei... Mas agora ele está conseguindo me enlouquecer! – Disse, exasperado. – E a senhora... Ele escuta a senhora.

- Bem... No momento estou sem argumentos, não é? Você está oficialmente “noivo”. – Ela indicou o andar superior da casa com uma das mãos.

Zacharias inclinou o corpo e apoiou os cotovelos nos joelhos, escondendo o rosto nas mãos, parecendo cansado. Agatha ponderou que ele deveria estar imaginando o quê, exatamente, tinha acontecido com sua vida relativamente calma.

- A moça precisa ficar aqui, Zacharias. – Agatha declarou abandonando o ar de divertida piedade de momentos antes. – As vidas de muitas pessoas dependem disso, inclusive a de sua prima e do bebê que ela espera.

Ele ergueu os olhos para a tia:

- Essa moça é um perigo para os outros e para si mesma. Não viu como andava por aí sorrindo simpaticamente para todo mundo, como se as todas as pessoas fossem afáveis e bondosas? – Ele perguntou, a desaprovação evidente na voz. – Ela confia em todos, inclusive naqueles a quem devia temer.

Mesmo diante das palavras do sobrinho-neto, Agatha sabia que ele iria manter aquele noivado de fachada, custasse o que custasse, para proteger a vida das pessoas envolvidas. No entanto, algo estalou na mente daquela senhora ao ouvi-las.

- E você não confia em ninguém, não é Zacharias? Não tão facilmente.

Ele fixou o rosto sério na tia alguns segundos antes de responder convictamente:

- Jamais.

E Agatha sorriu, sua longa experiência lhe dizendo que aquele arranjo inesperado poderia trazer bons frutos, afinal.

***

[Enquanto isso, na Itália...].

- Está confirmado. Ele esteve em Glastonbury menos de um dia após detectarmos o sinal de atividade do medalhão.

- Tem certeza disso? – Renzo perguntou ao seu homem de confiança na Inglaterra.

- Absoluta. As câmeras de segurança do Tor registraram uma falha de seqüência de imagens durantes alguns segundos... No mesmo dia em que os dois guardas noturnos foram pegos em um sono pesado. Imagine que eles disseram que parecia que tinham sido enfeitiçados, pois nunca dormiram daquele jeito... – O inglês fez o último comentário com falsa surpresa, visivelmente divertido.

- É incrível. O maior evento mágico desde o fim da Segunda Guerra dos Bruxos, e lá está ele. Harry Potter. De novo. O rapaz parece mesmo ser perseguido pelo destino. – Renzo não sabia se sentia inveja ou pena do garoto. De qualquer forma, isso não era relevante. – Faz muito tempo que não vou à Inglaterra, sabe? Acho que está na hora fazer uma pequena viagem...

***

Ana quase engasgou com o seu café da manhã quando leu as notícias no Profeta Diário: “SOLTEIRÃO FISGADO – Zacharias Smith assume noivado com uma trouxa”.

O artigo, apesar de assinado por outra pessoa, tinha todo o veneno de Rita Skeeter. Era um texto dela, sim, não havia dúvidas. O quê ela queria fazendo outra pessoa assumir um texto seu? Talvez temesse que Hermione interviesse... Assim, poderia dizer que a publicação ou não da matéria não estava em suas mãos.

E este era só o início dos problemas. Havia um bom número de famílias bruxas com moças que tentavam há anos assumir o posto de noiva de Zacharias Smith – embora Ana não conseguisse entender qual lógica do universo faria alguém desejar o destino cruel de ser a companheira do primo...

Certo, ele era bonitão. Loiro, alto e de feições muito bem esculpidas. Fisicamente, muito bom de se olhar. No entanto, era quase impossível sobreviver ao humor desconfiado e irônico de Zach. Até mesmo Ana, com a paciência de Jó, tinha seus limites. Parecia que as “famílias tradicionais” estavam mais interessadas com o prestígio e o poder que o casamento com um Smith poderia trazer. Quando lessem a notícia que tinham sido preteridas em favor de uma trouxa sem nome... Céus! E Rita Skeeter usava isso nas entrelinhas, falando de maneira velada sobre esse “milagre” de que fez o difícil herdeiro bruxo render-se ao matrimônio!

Já conseguia até ver as hostilidades pelas quais Luíza iria sofrer. Tudo isso por SUA culpa. Se não tivesse permitido que tocasse naquele medalhão, se fosse mais capaz de desvendar aquele mistério de Ravenclaw. Mesmo agora, passados quase dois meses, desde o “compromisso” de Luíza, ainda não conseguia acreditar que tudo isso estivesse acontecendo.

Por hora, tinha dois sobrinhos para embargar no Expresso de Hogwarts. Apesar da insistência de Agatha para que ficassem também em sua casa naqueles dias antes do início das aulas, Ana não quis que Felipe perdesse a experiência de chegar à Hogsmeade de trem, junto com os demais alunos. Além disso, sua tia andava ultimamente com idéias de encher Smith House de jovens. Ana sorriu. Tinha até mesmo a impressão de que ela estava satisfeita com o “noivado” de Luíza e Zach.

E ainda havia mais um problema... Uma questão muito séria a ser resolvida em Hogwarts.

Questão esta que, esperava, não tivesse nada com o verdadeiro batalhão de corujas que eram enviadas por Mel aos seus amigos, e o outro batalhão que chegava, trazendo as cartas destes para a menina. Tivera uma longa conversa com ela e com Lipe – não é que o garoto já estava envolvido também? – e eles lhe garantiam que não estavam envolvidos em nada perigoso. Ana os fez repetir isso com as mãos bem visíveis diante de si, de forma que pudesse averiguar que não estavam fazendo figa. Satisfeita, por enquanto, embarcou-os no trem.

Dentro de algumas horas iria revê-los.

***

A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts parecia potencialmente a mesma. Os mesmos muros, paredes e salas do imenso castelo com séculos de idade. No entanto, o ar estava tenso.

Severo Snape voltara.

Os sussurros se intensificaram no desembarque e, quando as carruagens chegaram aos portões de Hogwarts, tinham se transformado em uma cacofonia de vozes. A maioria dos alunos nascidos trouxas não sabia da “terrível notícia”, pois em suas casas não tinham contato com o mundo mágico. Vários deles, entre aterrorizados e perplexos, falavam em deixar a escola. O clima tenso era praticamente palpável.

“Um assassino!” – era a exclamação mais ouvida.

- Realmente - Dizia um sextoanista da corvinal, cujo grupo andava um pouco mais à frente de Hector e os outros. – Estou esperando que a qualquer momento um representante do Ministério chegue e dê fim a esta loucura. – McGonagall deve estar caducando...

- Retire o que disse! – Hector estancou, o olhar raivoso e as palavras saindo como um chiasso entre os dentes firmemente apertados, mas alto e claro e suficiente para a ameaça velada nelas ser bem entendida.

- Como é? – O garoto mais velho voltou-se e encarou Hector e depois os demais. A surpresa inicial do garoto foi se dissipando em uma segurança presunçosa à medida que foi se dando conta da pouca idade de seu interlocutor.

- Eu disse para retirar o que disse sobre a Diretora McGonagall! – Hector manteve o olhar firme.

- Hector... – Mel tocou de leve o braço do amigo, tentando acalmar os ânimos, embora compartilhasse com ele a vontade de defender a mestra e amiga.

Os cinco amigos estavam a caminho do Salão Principal, quando ouviram o comentário. Josh e Andy tinham se postado cada um de um lado de Hector, como duas pilastras de apoio, prontos para agir a um sinal dele. Danna observava tudo mordiscando o lábio inferior e, embora preocupada, também não parecia contente com o comentário ouvido. O grupo que conversava com o sextoanista também parara para acompanhar o embate, assim como alguns alunos que passavam. Apenas Felipe não estava ali, porque os calouros sempre vinham de barco no primeiro dia em Hogwarts.

- E por que eu faria isso, Lupin? – O grupinho de Hector era bem conhecido, de forma que era impossível não saber seus nomes. – Por acaso eu não estou certo? Severo Snape é um ASSASSINO. Comensal da Morte. Ficou do lado de Você-Sabe-Quem até bem próximo do fim da Guerra. Acha que trazer alguém como ele para dar aula é coisa que uma pessoa com juízo perfeito faria!?

- Sabe perfeitamente que as coisas nunca foram tão simples assim, MacNeil. – Mel surpreendeu até mesmo os amigos ao se pronunciar. Ela mesma não acreditava que estava defendendo Snape. Mas a situação o exigia... – Entende sobre o quê estou falando, não é?

MacNeil, o sextoanista da corvinal, era mestiço. Não tinha certeza, mas a lógica lhe dizia que ele sabia dos livros. Resolveu arriscar-se. A expressão espantada que o garoto exibiu foi a sua resposta. Engolindo em seco, ele fez um sinal afirmativo com a cabeça, rendendo-se ao argumento de Mel sem muita boa vontade.

- Tome cuidado com o que diz, Warmlling. - Foi o único comentário de MacNeil antes de voltar-lhe as costas e se afastar com os seus amigos o seguindo.

Sabia que uma referência tão ousada ao assunto magicamente proibido chocaria o garoto a ponto de fazê-lo calar-se. Mas agora, ao ver os rostos espantados de Danna e de Andy, duvidou que sua escolha tivesse sido acertada. Engoliu em seco, perguntando-se, em pânico, se tinha levado a todos a um ponto sem saída. Primeiro, os comentários de Lipe durante a viagem de trem – sem sentido para seus dois amigos, que ignoravam que o mundo trouxa conhecia Harry Potter como o personagem de um livro – e, agora, as frases cheias de duplos sentidos, e porque não dizer, sentidos secretos...

- Vamos nos apressar, gente. – Josh foi a sua salvação. Ele, assim como Hector, era um dos privilegiados que sabiam dos livros, graças ao fato de pais terem sido citados neles. – Com comensal da morte ou não, não quero perder o banquete! – Apelou para o seu conhecido apetite.

Joshua pegou Andy com um braço e Danna com outro e os incitou para dentro do grande Salão Principal. Um tanto frustrado por ter conseguido apenas uma retirada estratégica de seu oponente, e não a retratação que tanto queria, Hector sorriu forçadamente para Mel, e ambos seguiram em frente. Até pensou em reclamar da intervenção da garota, mas, ao perceber a palidez de MacNeil com as palavras da amiga, mudou de idéia. Jamais teve idéia de como os nascidos trouxas e mestiços tinham medo da retaliação do Ministério. Ela tinha se arriscado para impedir que ele se metesse em problemas. E tinha que reconhecer, mais confusão era a última coisa que a Diretora McGonagall precisava agora.

Principalmente com “Aquilo-Que-Não-Deve-Ser-Mencionado”...

***

No Salão Principal, olhares temerosos, terrificados, desconfiados e até mesmo mortais eram direcionados a Severo Snape. Este, sentado na mesa dos professores, parecia não tomar conhecimento de ser o centro das atenções. Ou a opinião geral não lhe importava em absoluto.

Alan, sentado na mesa da Sonserina, mantinha a mesma postura de digna e calma indiferença. Felizmente, a reação dos seus colegas de Casa não era tão ardorosa quanto a do resto, o que lhe facilitava enfrentar este primeiro confronto.

O confronto de Severo Snape com o seu passado. O enfrentamento verdadeiro, não aquele que se realizara diante do Ministério da Magia há mais de um ano. Desta vez, teria que encarar os rostos de jovens alunos, como aqueles com que se deparara naquela terrível noite de 1997. Naquela época, muitos deles eram jovens demais para entender, mas haviam crescido com pessoas que ainda se lembravam dele como o assassino de Dumbledore.

A pequena porta que havia logo atrás da mesa dos professores se abriu, e uma mulher morena e visivelmente grávida entrou. Depois dela, um “gigante” ruivo. A mulher deteve-se durante alguns segundos, olhando as quatro mesas repletas, e, aparentemente achando algo engraçado, voltou-se para o homem atrás dela e sussurrou-lhe algo em seu ouvido, fazendo-o sorrir.

- Não é sua tia Ana e o marido? – Perguntou-lhe Rose, uma de suas colegas na corvinal.

- É. Tio Carlinhos trouxe um dos seus dragões, a pedido de Hagrid. Para as aulas... Espere aí, agora você está falando comigo? – Rose ergueu os ombros, entre embaraçada e ao mesmo tempo não querendo dar o braço a torcer.

Desde o ano passado, no primeiro dia de aula, as outras meninas de seu próprio ano e Casa fingiam que ela não existia.

- E precisava trazer a sua tia, com uma barriga daquele tamanho? – Grizel, como sempre, fazia de tudo para ser desagradável. De todas as suas colegas, Mel tinha certeza que era a corvinal sardenta e gordinha que alimentava as intrigas contra ela.

- Se conhecesse meus tios, saberia que com barriga ou sem barriga, eles não conseguem ficar separados. – Mel retrucou sarcasticamente. – Isso é o que casais que se amam fazem, Grizel. Nunca viu isso em casa?

A menina ficou branca e depois vermelha e, com satisfação, Mel viu as demais ocupantes da mesa, que estavam por perto, disfarçar risinhos. Um menino do quinto ano até comentou que, se fosse casado com a tia dela, não iria querer ficar longe da esposa também. E dava para ouvir alguns suspiros femininos enquanto observavam o ruivo tratador de dragões.

O casal se dirigiu à mesa dos professores e, para a surpresa geral, sentou-se ao lado de Snape, à direta, com Ana na cadeira mais próxima. Ela comentou alguma coisa com o professor de Poções, que em resposta torceu a boca e girou os olhos, como se requeresse muita paciência conversar com ela. No entanto, pareceu muito confortável com a jovem senhora ao seu lado.

As surpresas não paravam por aí. Rony e Hermione entraram também, causando sussurros especulativos sobre a presença do casal, que dispensava apresentações. Ambos cumprimentaram a Diretora McGonagall com um aceno de cabeça e ocuparam as cadeiras ao lado de Carlinhos e Ana. Rony não escapou de um “tapinha” nas costas dado por Hagrid, que estava ao seu lado.

Em seguida, uma ruiva estonteante atravessou a mesma portinha pela qual Ana e Carlinhos tinham entrado.

- Gina Potter. Ela vai ser nossa nova professora de DCAT! – Hector ouviu um colega comentar.

- Eu que não perco uma aula este ano... Quer dizer, se eu realmente ficar aqui com Snape, e tudo mais...

O comentário do garoto foi interrompido pela exclamação geral dos alunos, pois, logo atrás de Gina... Harry Potter! O rosto mais conhecido em todo o mundo bruxo, o nome mais citado, a lenda viva, e... Se sentou ao lado de Severo Snape! A agitação foi rapidamente controlada por McGonagall, que ordenou silêncio.

- Isso só pode significar uma coisa: estão dando seu apoio ao Snape... – Andy comentou aos cochichos para Danna e Hector, que se inclinaram para ouvir.

Parecia haver um muro de proteção ao redor de Snape: Carlinhos e Ana, Rony e Hermione, à direita; e Harry e Gina à esquerda.

Gina, que tinha a Diretora sentada à sua esquerda, inclinou-se para ouvir algo que esta lhe dizia. Quando a mulher mais velha terminou, assentiu levemente com a cabeça, concordando. Instantes depois, Minerva McGonagall se levantava para receber os alunos do primeiro ano, que entravam em fila, tendo o professor Flitwick, agora Vice-Diretor de Hogwarts, à frente das crianças.

Atenta às atitudes do irmão, Mel o viu olhar diretamente para Severo Snape. Este também olhou para o garoto, depois que Ana o indicou, toda orgulhosa do sobrinho. Lançando uma rápida mirada avaliativa, Snape pareceu decidir que o garoto significava encrenca. E, para piorar tudo, Felipe encarou a situação de forma divertida, voltando-se para os demais meninos na filha e levando uma das mãos à testa, como se tivesse comentando que só faltava a cicatriz e a forte dor de cabeça para que a cena fosse igual a que Harry protagonizou aos onze anos.

Mortificada, Mel procurou por seus “comparsas” nas outras Casas, aos quais tinha solicitado ajuda para vigiar o irmão caso ele fosse parar em uma casa diferente da dela – Hector, na Grifinória; Joshua, na Lufa-Lufa; e Alan, na Sonserina (embora duvidasse que Lipe fosse para lá, mas, “Seguro morreu de velho”, como dizia sua avó).

O Chapéu Seletor cantou sua canção, e Mel não conseguiu prestar atenção na letra. Quando a seleção finalmente começou e chegou a vez de Felipe, estava quase sem ar, de tanto que segurava a respiração, nervosa. O garoto sentou-se no famosíssimo baquinho e, com aquele enorme sorriso traquinas que sempre o acompanhava, esperou que o objeto mágico fosse encaixado em sua cabeça. Não precisou de muito tempo para que o Chapéu chegasse a um veredicto:

- Grifinória!

Mel olhou imediatamente para Hector, que lhe fez um sinal imperceptível para que ficasse tranqüila. No entanto, não sabia se conseguiria, pois Hector se mostrara mais divertido do que alarmado com o jeito extrovertido e impertinente do irmão mais novo da amiga. Algo como... “Até que o tampinha é legal”, dito com um sorriso no canto dos lábios, logo apagado quando Mel bufou com o comentário.

- Grifinória? – Ana, que tinha esperanças que ele fosse para a Lufa-Lufa, resmungou.

- Ora querida... – Carlinhos disse, satisfeito. – Pelo menos, não é Sonserina.

Snape fez um trejeito desgostoso, em disse, em desdém: “É claro que ele não iria para a Sonserina!”.

Felipe correu para a mesa de sua Casa, todo contente. Saudou Harry, que devolveu o comprimento com um sorriso cúmplice. Agora eram colegas de Casa.

Depois de Felipe, a seleção não demorou a terminar. Aquele era o momento em que, tradicionalmente, os diretores da escola sorriam de uma forma que indicava que o pior já havia passado, e iniciavam o suntuoso banquete com que Hogwarts recebia os alunos. No entanto, não havia nada de alívio no ambiente, e até mesmo as palmas que acompanhavam a seleção para as Casas foram um tanto forçadas. Os olhares permaneciam todo o tempo em Severo Snape, desconfiados.

- Meus caros alunos... – McGonagall começou, a voz cansada. – Sinto-me na obrigação de, antes de mais nada, acalmar os ânimos a respeito de alguns boatos fantasiosos a respeito do novo... – Minerva hesitou quanto ao “novo”, mas não olhou para Snape. - ...Professor de Poções.

- Ah, eu sabia! – Murmurou um aluno da Lufa-Lufa, sentado ao lado de Josh. – Que alívio. Vai ver que não é o Snape...

- Ao contrário do que dizem, o Professor Snape não deve mais nada à sociedade bruxa. – Murmúrios de surpresa ou indignação (ou os dois) ecoaram. – SILÊNCIO!!!

O pedido da professora foi seguido de um poderoso estrondo provocado magicamente por sua varinha. Não se poderia afirmar se foi a voz dela ou o som que calou a todos no recinto. É possível que tenha sido uma última voz exaltada e retardatária, ouvida justo no momento que o volume das conversas diminuiu: “Ele é um assassino!”. Fosse o que fosse, um mausoléu não seria mais silencioso que o Salão Principal naquele instante, enquanto todos esperavam pelo que McGonagall pudesse dizer em defesa de Severo Snape. Enigmático, o indivíduo que despertara tamanha controvérsia mantinha-se em seu lugar, não fazendo nada mais do que levantar um pouco o queixo, os maxilares firmemente apertados.

Mas não foi Minerva quem tomou a defesa do Professor de Poções.

- Creio que deva prosseguir daqui, diretora. – Harry sugeriu enquanto se levantava da cadeira. McGonagall assentiu. – Todos devem saber que eu seria a última pessoa a fazer a defesa de Severo Snape... – Dirigiu-se aos alunos, que o olhavam assombrados. – E confesso que, mesmo reconhecendo a justiça da causa, é difícil, para mim, assumir tal encargo. – Olhou Snape, que apertou os olhos, irritado. – Mas a verdade é que o que presenciei naquela noite na Torre... A Torre de Astronomia... – A voz de Harry falhou quase que imperceptivelmente. – Não foi um crime, mas uma encenação salvar minha vida e a do próprio Snape.

Harry esperou que o novo tumulto provocado por suas palavras cessasse, para continuar:

- Sei que para muitos de vocês é difícil de acreditar. Mesmo eu, ou talvez especialmente eu, tive problemas em assimilar a verdade quando meus olhos, e meus sentimentos, insistiam em dizer que havia acontecido um crime. – Ele fez uma pausa, buscando falar em admitir em voz alta o que custava a reconhecer até para si mesmo. Sentiu a mão de Gina tocar a sua, por trás da mesa. Um toque sutil, de encorajamento, enquanto ela mantinha os olhos fixos na audiência, sem dar mostras públicas dessa consciência da necessidade dele de apoio naquele momento. Assim era Gina. – Mas não tenho dúvidas - continuou - de que meu ex-Professor de Poções, se cometeu algum crime durante a Segunda Guerra, não foi o assassinato de Alvo Dumbledore.

Retirou um frasco escuro, fechado com um lacre rebuscado e dourado. Abriu-o e despejou o conteúdo em uma penseira que McGonagall providenciara para ele.

- Estas são as lembranças de Severo Snape daquela noite. Foi retirada há dois anos, em uma audiência formal no Ministério da Magia. Estavam presentes Hermione Granger Weasley, Ronald Weasley e eu mesmo.

Harry fez um sinal para que Hermione se aproximasse. Ela se levantou e caminhou até onde ele e a penseira estavam.

- Também estavam lá – Continuou Hermione. - Outros profissionais do Ministério, como aurores e inomináveis, além dos ex-ministros Cornélio Fudge e Rufo Scrimgeor, e do atual, Gwidion Norwood. Uma vez que tanto Fudge quanto Scrimgeor, como todos sabem, eram opositores de Severo Snape nos processos, foi o próprio Scrimgeor quem removeu esta lembrança, a fim de que não houvesse dúvidas.

- Muitos desaprovariam minha decisão de mostrar essa lembrança a vocês... – McGonagall disse. – Mas, se tem idade o suficiente para julgar tão duramente um outro ser humano, sem se perguntar porque pessoas mais experientes do que vocês o absolveram, acho que também tem idade suficiente para enfrentar a verdade.

Hermione fez alguns movimentos de varinha, da penseira em direção à parede atrás da mesa dos professores. Uma fumaça púrpura se formou, e logo a imagem refletida na penseira era reproduzida na parede, como em um projetor de cinema.

Era um cenário noturno. O local, inconfundível: a Torre de Astronomia de Hogwarts. A terrível Marca Negra pairava sobre ela, e seu simples espectro lançado na parede, mesmo sabendo-se ser apenas a imagem de uma memória, fez muitos dos presentes estremecerem.

Snape entra pela porta, segurando a varinha. Em seu campo de visão, a imagem mais aterradora que já tinha visto: Dumbledore apoiado na parede, os Comensais, o lobisomem e Draco.

- Temos um problema, Snape – disse o corpulento Amico, cujos olhos e varinha estavam igualmente fixos em Dumbledore -, o menino não parece capaz...

“Não há tempo, Severo”, a voz de Dublembore soou em sua mente. “Não importa o que faça, não conseguirá salvar a minha vida. Mas pode salvar a sua e de Harry...”.

O velho diretor conseguiu forças para enviar uma imagem do menino, escondido debaixo da capa de invisibilidade. Petrificado pelo próprio Dumbledore para impedi-lo de se expor a inimigos aos quais não poderia sobreviver. Ele já havia sugerido isso, em uma conversa que tiveram na Floresta Proibida. Snape se enfurecera e se negou a cumprir o plano de Dumbledore.

“Não!’, ele respondeu, sabendo o que o outro estava lhe pedindo. “Não me peça isso!”.

- Severo...

O tom súplice e fraco o atormentava. “Estou morrendo, Severo. Tomei um veneno poderoso na caverna... Que acelerou a maldição que o anel de Slytherin continha...”. Snape podia sentir a agonia do professor pelo elo mental. Cada vez mais fraco, Dumbledore não conseguiu mais ter forças para impedir as terríveis imagens que lhe vinham à memória, e que agora podiam ser vistas por Snape também.

Imagens de erros antigos, batalhas travadas a muitos anos que custaram a vida de pessoas a quem amava.

“Severo”, Dumbledore reuniu as últimas forças para afastar o efeito cruel do veneno e manter a mente longe de suas lembranças nefastas. “Eu não sobreviverei. Mas, se não me matar, morrerei em agonia profunda, tanto física quanto mentalmente... E Harry”.

“Acha que sou um covarde? Enfrentarei meu destino, não cometerei um ato bárbaro desses para salvar minha vida! Sabe o que está me pedindo?”

Snape não respondeu, adiantou-se e tirou Malfoy do caminho com um empurrão. Os três Comensais da Morte recuaram calados. Até o lobisomem pareceu se encolher.

“Harry...”. Dumbledore insistia em se preocupar com o garoto.

“Para o inferno com o Potter! Como acha que ele poderá ser nosso salvador se você mesmo teme que morra na mão de simples seguidores do Lorde das Trevas?”

“Ele carrega consigo mesmo a destruição de Voldemort”.

Snape fitou Dumbledore por um momento, e havia repugnância e ódio gravados nas linhas duras do seu rosto.

“Então, irei, mais uma vez, ser o paria traidor enquanto Potter será poupado... Como espera que eu viva com a sua morte, Alvo?”.

“Não terá... Às vezes... A morte é uma benção”.

Dumbledore sentia dores terríveis. Sofrimento e sacrifício que seriam em vão se Snape se revelasse. Se morresse por não cumprir o Voto Perpétuo que fizera diante de Narcisa e Bellatriz, os Comensais permaneceriam na Torre tempo suficiente para que o feitiço de petrificação lançado por Dumbledore perdesse o efeito. Potter, impulsivo como era, iria se revelar e seria morto.

Então, não haveria mais esperanças.

- Severo, por favor...

Snape ergueu a varinha e apontou diretamente para Dumbledore.

Nunca sentira tanto ódio, tanto rancor e tanta dor por algo que tivesse que fazer. Sua mente lhe dizia que seu amigo morreria, mas se negava a ser ele o causador de sua morte. Então, o fraco elo mental que o Diretor mantinha com ele se rompeu, e Snape soube que a vida esvaía-se do corpo do velho bruxo.

A morte já o estava levando naquele momento.

- Avada Kedavra!

Um jorro de luz verde jorrou da ponta de sua varinha e atingiu Dumbledore no meio do peito.

Severo não conseguiu deter o impulso de impedir que o corpo sem vida de Dumbledore caísse duramente contra o chão. Manteve-o suspenso, por uma fração de segundo, antes de dar-se conta que os outros Comensais desconfiariam de um gesto tão atencioso com um inimigo. Tremendo por dentro, presenciou o mestre e amigo cair sobre as ameias.

Tentou controlar-se, voltar à antiga frieza. Agora, tinha que afastar os Comensais dali, ou Potter estragaria tudo.


As lembranças foram interrompidas. O silêncio era tão completo, que o canto das cigarras podia ser ouvido. Não havia um único presente que não estivesse abalado com as imagens. Snape, que permanecera rígido desde o começo da exibição, agora estava apertando as mãos com tanta força que as juntas dos dedos ficaram brancas.

- Snape... – Ana tocou levementeno braço.

- Isso... Isso é uma afronta à memória de Dumbledore.

- Já conversamos sobre isso, lembra? Serenna estava junto. Você concordou que não havia saída. Agora, acalme-se.

- Eu não estou nervoso! – Agora, a irritação era evidente nele.

- Isso. – Ana sorriu. – Melhor assim.

Hermione sacudiu sua varinha e a fumaça se desfez. A lembrança de Snape foi retirada da penseira guardada novamente no frasco escuro, sob o testemunho de dois aurores que vieram especialmente para este fim. Lacrado novamente, ela passou o objeto para que um dos aurores o levasse de volta ao Ministério.

- Como você devem ter notado – Hermione voltou a dirigir-se aos alunos. – Não havia nenhuma distorção ou névoa na lembrança. Além sabe o que isso significa?

Mesmo que ainda estivesse com os olhos do tamanho de pratos, de tantas surpresas que a lembrança de Snape lhe causou, Mel levantou rapidamente o braço, e o sacudiu no ar.

Hermione abaixou a cabeça, um pequeno sorriso indicava que estava vendo a ela mesma, quando criança. Tentando voltar à seriedade que o momento exigia, fez um gesto para que Mel falasse.

- Significa que a memória não foi alterada. – A menina se levantou e forçou a voz para que fosse ouvida por todos.

- Isso mesmo. E é por esta razão que sabemos que Snape não pode ter mentido em relação ao que aconteceu lá.

- O conteúdo dessas imagens nunca foi divulgado, a pedido do próprio Severo Snape, que não queria que as lembranças e auto-recriminações que foram despertadas em Dumbledore, e as quais o antigo diretor compartilhou com ele, fossem de conhecimento público.

A decisão se mostrara providencial há meses atrás, quando os Comensais tentaram um novo levante. A lealdade de Snape continuava uma incógnita para eles – o suspeito perdão do Ministério, perdão este dado pela segunda vez; contra o fato dele ter matado Dumbledore, uma forte prova de que lado estava.

Ana levantou-se, apoiando-se no braço oferecido pelo marido. Qualquer movimento com aquele barrigão de grávida exigia um verdadeiro planejamento antes.

- O Professor Snape tem se dedicado à atividades que reforçam sua habilitação, e seu caráter. Fui designada para acompanhar e relatar seus passos ao Ministério. Muitos de vocês já devem saber que existe um... – Ana não queria usar a palavra “orfanato”. – Um lar para jovens bruxos que perderam suas famílias. Alguns deles estudam em Hogwarts, portanto, são seus colegas. Eles convivem com o Professor Snape, tenho certeza que poderão confirmar tudo o que digo.

Alguns dos jovens que viviam no “Lar de Elizabeth”, dirigido por Snape e por sua irmã, assentiram com a cabeça. Estavam assustados com toda aquela polêmica e, embora jamais tivessem visto seu diretor como um pai afável, concordavam que não era “mau”. De todos eles, talvez Alan, filho adotivo de Snape, fosse a melhor propaganda que o Professor de Poções poderia ter.

Rony se sentiu incômodo quando percebeu que alguns alunos começaram a lançar olhares questionadores em sua direção.

- Por que estão olhando para mim? – Perguntou para Carlinhos, em voz baixa.

- Esperam que você diga alguma coisa. Afinal, Gina e eu já estamos aqui por motivos próprios: ela, para lecionar; e eu, para ajudar Hagrid com a aula com o dragão. E você?

Rony olhou rapidamente para a esposa, que ainda estava de pé junto a Harry e McGonagal, e fazendo uma careta, respondeu:

- A Mione me obrigou.

Carlinhos não teria desperdiçado a oportunidade de jogar na cara do irmão que aquilo não era verdade, que, no fundo, Rony tinha alguma simpatia pelo Morcegão e usava a insistência de Hermione para não admitir isso. Rony era um Weasley. Mais teimoso que uma mula e, apesar de reconhecer que, além da mãe, e de Harry, a cunhada era a pessoa que mais tinha influência sobre o irmão mais novo, Rony não estaria ali se não sentisse que queria. Mas a Diretora o interrompeu:

- Era isso que queríamos mostrar a vocês. – McGonagall disse depois de um longo suspiro de quem se debruçara sobre um problema por muito tempo. – Os boatos sobre o cargo de Poções estar enfeitiçado não tem o menor cabimento. Tanto, que o professor Snape o aceitou para dar fim a estes absurdos. E, para quem, ainda assim, tiver a ousadia de dizer que foi ele mesmo quem o enfeitiçou, devo lembrar-lhes que ele nunca o quis, o que é de conhecimento geral. Sei que muitos alunos estão ausentes hoje, e espero sinceramente que mudem de idéia durante esta semana e se juntem a nós. Também sei que muitos de vocês só vieram para se certificar que as notícias eram verdadeira e se eu iria ter “coragem” de contratar o professor Snape. Bem, é verdade. E não há, como puderam perceber, qualquer motivo para que aceita-lo como mestre em Hogwarts seja um ato de coragem. Se ainda assim, alguns de vocês quiserem deixar a escola, podem se retirar. Peço que se dirijam ao aviário, e mandem cartas para que seus pais ou responsáveis os venham buscar.

Dizendo isso, McGonagall sentou-se novamente e, com um gesto de varinha, a deliciosa comida que sempre era servida nos banquetes apareceu na mesa. Era o sinal de que o assunto estava encerrado. Ana sentou se também, e Hermione e Harry voltaram a seus lugares.

Hagrid, preocupado, apertava com força o garfo, a expressão bondosa e apreensiva, até que o garfo se quebrou ao meio, uma parte dele caindo no prato do Professor Flitwick.

Os alunos olharam-se, alguns constrangidos, outros completamente atordoados, como os dos primeiros anos. Após dois ou três segundos, alguns alunos começaram a se servir, sendo pouco a pouco seguidos por outros.

Ninguém se retirou.

***

A primavera se aproximava no Hemisfério Sul. Nando e Myra estavam em um parque verde, observando o pôr do sol, deitados de costas, lado a lado no chão de grama verdinha. O sol poente refletia seus raios avermelhados através do céu, e tornava as águas do lago próximo de um dourado brilhante. Ambos fitavam o espetáculo da natureza com um sorriso preguiçoso nos lábios.

- Sabe o que está faltando? – Nando perguntou, sem desviar o olhar do céu.

- O quê? – Ela devolveu a pergunta. Não podia imaginar o que poderia ser, estava tudo perfeito naquele cenário paradisíaco.

- Eu conhecer sua família.

Myra ficou tensa no mesmo instante. Engoliu em seco, e, disfarçando seu temor o máximo que podia, respondeu:

- Mas... Eu sou tenho meu irmão. Não é preciso...

- Claro que é. Se ele é toda a sua família, eu quero conhecer. – Ele virou-se de lado, apoiando a cabeça em uma das mãos. – Não agora, porque tem o período das festas típicas regionais. Nem entre dezembro e fevereiro, porque é verão, e tem muitos eventos para a banda se apresentar. Sem falar que as formaturas vão até março... Em junho, recomeçam as feiras. Mas ficarei de folga entre abril e maio.

Myra apertou os lábios, reprimindo a risada. Esse povo não parava de festejar nunca? Abençoados fossem, porque lhe daria bastante tempo para pensar em algo.

- Certo... Só vou te avisar que meu irmão é... Diferente.

- Ele é vocalista de uma banda, não é? Pois então, temos muito em comum. Tenho certeza que vamos nos dar bem. A banda dele é conhecida em seu país?

- É... Posso dizer que somos populares entre... Nosso público alvo. – O que significava: “os bruxos”.

- “As Esquisitonas”... – Nando franziu o cenho, pensativo. – Tenho a impressão que já ouvi alguém falar sobre eles...

Myra puxou-o pela camisa, beijando-o de surpresa. Precisava desviar os pensamentos dele daquele caminho perigoso. Ainda não estava preparada para revelar que tanto ela quanto o irmão eram bruxos. Sentia que Nando era diferente, que ele a amava de verdade e que não seria como Dylan. Mas precisava de tempo.

Talvez, algum dia, ainda visse Fernando e seu irmão, Myron, no mesmo palco, cantando “Do The Hippocriff”.

***

(N/A) – Em negrito: trechos do livro “Harry Potter e o Príncipe Mestiço”, Editora Rocco, 2005, p. 467-468.

Gente, imperdoável a demora. Mas vocês nem imaginam os imprevistos. Escrevi um pouquinho todos os dias, mas, para meu azar, parte do que já tinha escrito foi para a loja de conserto junto com o meu pc de casa...

Tive que improvisar, enquanto o “caboclo escrevedô” que “baixou” em mim tinha que trabalhar três vezes mais para postar este capítulo ainda este fim de semana.

Por esta razão, não vou postar os agradecimentos especiais (de novo, desculpem). Mas vou tentar postar no capítulo dezoito, que não demora a sair (o rascunho dele está no computador bom, graças a Deus).

No próximo, vamos ter grandes emoções... E mais sobre o segredo de Corvinal, o que eu não pude colocar neste aqui.

Beijão para todos, mil obrigadas pelos pedidos de atualização (gente, são vocês que não me deixam desanimar, valeu!). Mesmo se não respondo, podem ter certeza que leio os comentários e recados com muito carinho, viu?

Inté mais, persoar! (Em clima de festa junina, ehehehe).
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Post by Anne Moire*Ptit Fée »

Belzinha quanto tempo...... :mrgreen:
que bom q vc atualizou :wink:
já li e adoreiii :!: :!: :!: :!:

Valeuzão :D :P 8) :wink:
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...Lorsque je lève les yeux
Je rencontre tes yeux et je me dis:
“Mon Dieu,c’est vraiment merveilleux tant de bleu”

Plus bleu que le bleu de tes yeux
Je ne vois rien de mieux
Même le bleu des cieux

Plus fort que mon amour pour toi
La mer même en furie
Ne s’en approche pas

Plus bleu que le bleu de tes yeux
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Que m’apportent tes yeux…
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Post by Krys Granger Weasley »

Merlin!!!! :wink:
Quase cai da cadeira quado vi que você postou, de tanta alegria! :mrgreen: :wink: :P :P
Nem preciso dizer que o capítulo está ótimo! :P :palmas
Adorei aquela parte do Snape em Hogwarts, foi d++++++ :!: :!: :!:

Párabens Bel!!! :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas
Sou sua fã! :D :wink: :wink:

Please! Não demora muito pra postar o cap 18! :wink: :wink: :mrgreen:
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Post by Anne Moire*Ptit Fée »

Nossa Bel, :P
tava tão avuada que esqueci de dizer que eu tô adorando a
Myra e o Nando :!: :!: :!: :!: :!: ( ñ tem como ñ gostar, a fic é toda maravilhosa)
nossa q casal + fofo :wink:
tô torcendo por eles :!: será q eles serão os proximos a se casar :?: :!:

Bel plixxx ñ demora pra postar :!: :!: :!:

1000 Bjuss :!: :!:
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Post by Krys Granger Weasley »

Estou muito ansiosa pelo próximo cap. :P
Já li o cap.17três vezes. :D
Please não demora pra postar o cap18!!!!!!!!! :wink:
Mil beijos :wink:

Estou adorando a fic Razz
Você escreve muito bem Very Happy
Já li o cap quatro vezes, porque gostei muito Wink
Só espero que você não demore em postar o cap 18
Please!!!!
Posta Razz

Só pra não perder o costume
Posta!!!!!!
Estou muito curiosaaaaaaaa!!!!!

Beijos Wink

Editado por Belllatrix
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Post by Drusilla_Julli »

Outro ótimo capítulo Bel e, tirando a emocionante parte com Snape, bem relax e "feel good", especialmente a pequena parte com a Myra e Nando. Adorei a participação do Zach e da Luíza. Aliás, gostei de tudo. Gostos desses tipos de capítulo, que nos ajudam a familirizar ainda mais com as personagens. Você dá uma importância especial aos condjuvantes, o que nos faz importar com os destinos deles tanto como os dos protagonistas.

Parabéns outra vez!!!! :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas
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Post by Krys Granger Weasley »

Bel atualiza!!!!! :P

To mega curiosa pelo próximo capítulo!!!!! :P

Please posta!!!! :D
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Post by Belzinha »

- 18 -
Flores


O universo é formado como as peças de um relógio antigo: mova uma, e as demais se moverão também.

Quase pude ouvir o “claque” breve e grave de uma dessas peças quando se moveu. Não era como o “tique-taque” final de uma bomba, mas sim o cair de uma primeira peça de dominó, que faz as demais peças tombar. Ou seja, uma sucessão de acontecimentos, um puxando o outro, até que a última peça desabe sobre si mesma, dando fim à cadeia sinérgica.

E a primeira peça a cair foi aquela flor. De repente, tudo fez sentido, e pude visualizar com perfeição onde a série de eventos terminaria. Confesso que fiquei um tanto sem fôlego diante da constatação, e mal pude acreditar que tantas coisas pudessem estar ligadas, atando pessoas – e continentes – que antes jamais se imaginariam próximos nestas questões.

Mas para entenderem, primeiro devem saber o que aconteceu ao dia seguinte à volta de Severo Snape à Hogwarts.

Como já era tarde, a Diretora Minerva McGonagall pediu para que todos passassem a noite no castelo. De manhã cedinho, Hermione, Rony e Harry partiram. Gina era a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, sendo que voltaria para casa ao final do dia – louca para rever os filhos gêmeos, agora grandinhos o suficiente para a mãe poder ir trabalhar. Carlinhos ficaria nos primeiros dias das aulas, a fim de ajudar Hagrid a “apresentar” um dragão aos seus alunos de Trato Com As Criaturas Mágicas, e Ana, uma vez que estava de licença por causa da gravidez, ficaria com ele.

Ninguém poderia prever a reviravolta que traria todos à escola novamente.

Após o almoço, nossos cinco marotinhos e “mais um” – Felipe – estavam conversando sob as árvores que circundam o Lago Negro. Tinham pouco tempo para terminarem a conversa sobre o segredo de Corvinal.

- Eu já disse – Mel fazia gestos largos. – Não tem nada entre os celtas e o Brasil!

- Deve ter algo sim! – Hector insistia. – Eu ouvi a conversa entre o meu pai e o Neville Longbotton! A Danna e você descobriram sozinhas a ligação entre Rowena e Avalon. – A última frase saiu um tanto chateada, um resquício de que o menino sentira quando disseram a ele que haviam investigado o símbolo do quadro da fundadora no início do ano, época em que ela e Hector não estavam se falando.

Felipe estava estirado na grama, soprando a pena que usava nas aulas, completamente alheio à conversa.

- Ele é mesmo seu irmão? – Josh sussurrou para Mel.

Apesar dos traços similares e do cabelo aloirado, as diferenças entre os dois brasileiros eram tão evidentes quanto o dia e a noite.

- Bem, eu desconfio que houve uma troca na maternidade... – Ela respondeu em voz alta, esperando que o irmão ao menos se sentisse constrangido.

- É, a Mel sempre foi a estranha da família. – Felipe rebateu. – Mas, liga não, maninha. Eu amo você do mesmo jeito, viu? – Deu uns tapinhas no ombro da irmã, em fingida solidariedade.

Estreitando os olhos enquanto suportava estoicamente as risadinhas abafadas dos amigos, ela respirou fundo, prometendo a si mesma que não perderia a paciência com o irmão.

- Ham... Mas... Pense bem, Mel... – Andy retomou o assunto. – Nenhuma história antiga, uma lenda?

- Lenda? De mil anos atrás? Só se for indígena. – Lipe riu.

- Os europeus não tinham descoberto o Novo Mundo ainda. – Mel explicou. – Sinto muito, mas, tudo o que dizem sobre os índios nas escolas é que vivem em ocas, o chefe é chamado cacique e o curandeiro é o pajé... – A menina franziu o cenho, indicando que as informações não eram lá muito boas.

- E gostam de caçar com arco e flecha. – Lipe acrescentou.

- Flecha? – Os olhos de Hector brilharam.

- Ah, não... – Mel balançou a cabeça freneticamente, como que para enfatizar o absurdo. Josh tinha conseguido ouvir uma conversa entre o pai e Moody sobre Harry sendo ferido com uma flecha. – Há mil anos, os europeus também usavam flechas, Hector.

- E aí, Phil!– Alguns meninos do primeiro ano da Grifinória, que estavam passando, cumprimentaram Felipe.

- Phil?!? – Mel estranhou.

- É, sabe, “Felipe” é “Philippe” em inglês... Daí a Phil foi um pulo. – Ele deu de ombros.

Mel não podia acreditar. Ela estava em Hogwarts há um ano e podia contar nos dedos de uma só mão os amigos que tinha. Sem falar na animosidade das colegas de dormitório e em ter que se manter sempre alerta com Caroline Bothwell e seu séqüito de sonserinas. Por outro lado, seu irmão estava há menos de um dia em Hogwarts e não só já possuía amigos, como esses o chamavam de “Phil” e o seguiam por toda a parte.

- Por quê? “Lipe” é muito difícil para eles? Que ridículo.

- Não é ridículo. Ridícula seria a tradução do SEU nome! Aposto que está é com inveja.

- Ah, é, muito! – Mel fez pouco caso. – Vai ver se estou na esquina, garoto!

- Seu nome significa alguma coisa? – A pergunta de Hector lembrou à brasileira que aquele não era um assunto que queria discutir. Definitivamente, não.

- Achei que “Mel” fosse um apelido para Melaine, ou algo assim. – Josh comentou, indicando que também estava curioso.

Aliás, ao olhar para os rostos dos amigos, percebeu o interesse de todos. Andy tinha um brilho divertido no olhar, embora o rosto permanecesse educadamente impassível. E Danna, tinha uma expressão suave enquanto encarava a amiga, algo como “Vamos, não deve ser tão ruim assim”.

- O quê? – Felipe exibia seu famoso sorriso matreiro. – A Mel não contou o que significa o nome dela em português? – A satisfação por encontrar um ponto de poder sobre a irmã era evidente.

- Não se atreva... – A ameaça sibilou entre os dentes da menina.

- Não precisa ficar nervosinha. – Lipe sentou no chão, ao lado dos demais, muito descontraído. – Você é muito chata, sabia? Deve ter passado duas vezes na fila da “Chatice” antes de nascer.

- E você, três na da “Inconveniência”. – Rebateu.

O silêncio reinou durante alguns segundos, e os irmãos aparentemente haviam concordado com uma trégua nas hostilidades. Mel fingia que não estava ligando para o que o irmão falasse, mas o olhava de esguelha, não acreditando em uma rendição tão fácil por parte dele. Felipe, por sua vez, parecia indiferente e esquecido do assunto que desencadeou toda a polêmica, mas o sorrisinho no canto dos lábios era bem suspeito. Quanto Mel estava quase relaxando...

- Sugar... – Felipe começou a cantarolar. – Oh, HONEY, HONEY! – Cantou um pouco mais forte e devagar, destacando as palavras. (1)

- Este é o seu nome, então? – Josh perguntou, surpreso. – Honey?

- Não consigo imaginar um nome mais distante de você. – Hector deu uma risadinha.

- Ah, que nome lindo, Mel! – Danna foi sincera.

- Não era para tanto alarde... – Andy deu de ombros.

- Vamos ter que mantê-la longe de abelhas. – Hector provocou.

- Ou de ursos. – Josh entrou na brincadeira do amigo.

O olhar que lançou para o seu irmão foi tão mortal, que quando Lipe o viu, engoliu em seco e parou de rir imediatamente. Se tivesse que comparar a irmã a um objeto naquele momento, certamente seria uma panela de pressão, prestes a explodir. O menino considerou seriamente a possibilidade de sair correndo para salvar a própria vida. No entanto, a expressão de Mel se congelou, exibindo em seguida uma grande surpresa:

- Nomes! – O queixo da menina caiu. - Não... – Deu uma risadinha para si mesma, enquanto balançava a cabeça, indicando incredulidade. – Não pode...

- O que não pode? – Hector perguntou ainda rindo.

- Idiota, idiota, idiota! - Bateu com uma das mãos na testa: - Como não pensei nisso antes? – A menina continuou a conjeturar consigo mesma. - Se bem que... Quer dizer... Não seria provável. Na realidade, a história toda é quase uma piada, fantástica demais para ser verdade...

- É sobre o segredo? Vai, fala! – Hector estava impaciente.

Mel não gostou do tom imperativo e demonstrou isso franzindo o cenho para o menino, mas finalmente voltou sua atenção para ele:

- Dizem... Bem, é mais algo que se conta para diversão, não para se acreditar. Uma história sobre a origem do nome do meu país, Brasil. – Ela mordeu os lábios. – Se não me engano, uma lenda européia, mas que foi melhor preservada pelos celtas.

- Hã? – Felipe fez uma careta. – Olha, eu não era o mais interessado nas aulas de História, mas, fala sério... Até onde me lembro, “Brasil”, vem de uma árvore chamada...

- Pau-Brasil. – Mel completou. – E “Brasil” é muito parecido com uma palavra celta para “vermelho”. Como era dessa árvore que se retirava o pigmento vermelho para tingir...

- Estou lembrando! – Dana disse. – “Breazil”. Esta é a palavra. E a lenda... “O´Brazil”, em gaélico, ou a da “Hy Brazil”, em celta. – Danna abaixou um pouco o rosto, o que fez os cabelos negros deslizarem sobre a sua face: - A Terra da Bem-Aventurança.

A esta altura, os garotos já tinham se inclinado para ouvir melhor o que Danna dizia. No entanto, não puderam terminar de ouvi-la, pois um pequeno tumulto começou a se formar em um dos corredores que davam para os jardins.

***

Carlinhos tinha ido até a Floresta Proibida, onde Galton, o dragão especialmente treinado por ele estava. Naquela manhã iriam discutir sobre como apresentá-lo aos alunos de Hagrid. Na opinião de Ana, o meio-gigante se superaria com Galton. Sim, os alunos teriam muito que comentar... Dragões. Nem se compara com explosivins, hipogrifos ou trestálios.

Passeava pelos corredores externos do primeiro andar, que davam para os jardins. A última vez que tinha estado em Hogwarts, a escola estava fechada, não tinha esse charme de centenas de estudantes vivendo ali. As paredes frias do castelo tomavam vida. Somente evitara se aproximar muito dos sobrinhos, para não constrangê-los – afinal, eram pré-adolescentes, e a última coisa que queriam era ter uma tia grudada neles.

Uma dorzinha chata na base da coluna a atormentava desde que acordara pela manhã. Não dissera nada a Carlinhos, imaginando que talvez a culpa fosse dos colchões das camas de Hogwarts, paradisiacamente macios. Uma caminhada lhe faria bem.

- Senhora Weasley! Senhora Weasley! – Ouviu alguém extremamente sem fôlego atrás de si.

Era Archibald Widdenprince, o professor de Transfiguração. Ana o observou correr em sua direção, todo esbaforido, segurando o turbante que teimava em lhe escorregar da cabeça.

- Boa tarde, professor. – Cumprimentou-o. - Desculpe ter demorado a perceber que estava me chamando, mas é que quando as pessoas dizem “Senhora Weasley”, tendo a achar que minha sogra está atrás de mim... – Riu baixinho.

- Tudo... Bem... Não... Há... Problema. – Ele respondeu meio curvado, recuperando o fôlego. Respirou profundamente e endireitou a postura, tentando salvar o restinho de dignidade que sua evidente falta de preparo físico lhe tirara. Com um sorriso franco e sem-graça, continuou: - Vim avisar que o senhor Potter e o senhor Weasley, digo, o senhor Ronald Weasley... estão na sala da Diretora. Pediram-me para chamá-la. Tem outras pessoas também...

- E Gina? – Ana parou de sorrir, preocupada com o fato de tanta gente estar reunida. Isso não era bom sinal.

- Também estou a procura dela. E do irmão dela... Digo, do senhor Weasley... O outro senhor Weasley... – Widdenprince parecia cada vez mais enrolado.

- Meu marido? – Ana resolveu ajudá-lo.

- Sim, isso mesmo! Sabe onde ele está?

- Claro. – Widdenprince sorriu, satisfeito. – Na Floresta Proibida. – Ele já não parecia tão satisfeito. O sorriso sumiu para dar lugar a um olhar apavorado.

- Floresta... Proibida?

- É. – Ana fez ar de pouco caso, fingindo não perceber a mudança de ânimo do professor. – Com Hagrid e o dragão que Carlinhos trouxe.

- Dra...gão? – A voz dele subiu uma oitava, e em seguida sumiu em meio à aterrorizante idéia de ter que entrar na Floresta que, além de todas aquelas coisas perigosas, ainda por cima estava contando com a presença ameaçadora de um dragão.

Antes que tivesse tempo para qualquer outra coisa, Ana se sentiu uma forte pontada no ventre, que a fez dobrar o corpo em um espasmo. Agarrou-se a Widdenprince na tentativa de não cair.

- Acho que a bolsa estourou... – Foi o máximo que conseguiu dizer antes que água escorresse por suas pernas. – O bebê vai nascer.

- Oh, Merlim! Oh, Merlim! – Widdenprince exclamava sem parar, olhando de um lado para o outro, sem saber o que fazer.

Alguns alunos começaram a se aglomerar em torno deles, e Ana visualizou o rosto de Hector e Josh. Logo após eles, viu Danna, Mel, Andy e Lipe.

Enquanto o professor se desesperava como se estivesse no vértice um furacão, Danna e Andy já estavam ajudando os amigos a deitar Ana no chão, pois os espasmos pareciam cada vez mais freqüentes e ela não conseguia se manter em pé.

- Professor. – Andy o chamou calmamente. – Professor! – Falou mais alto para conseguir a atenção de Archibald. – Precisamos buscar alguém para ajudar. – O menino tinha urgência na voz, mas mantinha-se excepcionalmente tranqüilo.

- Alguém... Alguém... – Widdenprince olhava ao redor, até que pegou um segundoanista entre o grupo de alunos. – Aqui! - Apresentou o menino, segurando-o pelos ombros.

- Um adulto, professor... – Andy disse devagar. – Quer dizer, qualquer outro adulto, além do senhor.

- Ah, sim... – Widdenprince finalmente entendeu, ainda que evidentemente atordoado, e saiu correndo em direção às salas.

- Ele não podia conjurar um patrono para avisar alguém? – Hector franziu o cenho. Andy deu de ombros, desistindo de contar com o professor.

- Calma, senhora Weasley. – Danna dizia enquanto segurava a mão de Ana. – Vai dar tudo certo, vai ver.

Danna devia ter algum poder especial sob o espírito das pessoas, porque realmente sentiu-se mais confiante. A voz melodiosa da menina parecia amenizar a dor das contrações. Mel, que sempre tinha algo para dizer, ficou subitamente sem palavras. Preocupada, afastava os cabelos da tia da testa já pontilhada de suor.

- Ana! – Gina apontou no início do corredor. Ela devia estar se dirigindo para as salas de aula. – O quê...

- O bebê... – Ana conseguiu dizer, antes de ser sacudida por outra contração.

- Calma, vamos te levar para a enfermaria. – Gina fez um movimento de varinha e o corpo de Ana começou a levitar. Depois, fez um patrono para avisar Madame Pomfrey de que estavam chegando.

Mais uma contração e, quando Ana recuperou o fôlego, começou a soprar ritmicamente. Eles já estavam a caminho da enfermaria, quando Ana se curvou novamente, recomeçando a respirar de forma forçada e rápida.

- Mas, pelas fontes da magia, porque está soprando, Ana? – Gina perguntou, impaciente.

- Respiração Lamasi. Está em todos os filmes trouxas. Ajuda nas contrações... – Ela se interrompeu por causa de outra onda de dor.

- Trouxas malucos... – Gina resmungou. – E vocês? - Ela falou para a multidão que os seguia. – Está na hora de voltarem para as salas de aula. Vamos, vamos!

Num instante todos se dispersaram, pois Gina tinha a mesma aura de autoridade da mãe. Mel e Lipe a olharam com medo de serem expulsos também, mas Gina disse que eles poderiam ficar. Estendendo a permissão a si mesmos, as outras quatro crianças continuaram a segui-los.

Quando Ana se deu conta, já estava dentro da enfermaria de Hogwarts, com Madame Pomfrey falando sem parar, indo de um lado para o outro e dando ordens.

- Carlinhos... O Carlinhos precisa saber... – Ela puxou a cunhada pela mão.

- Claro! Meu irmão... – A ruiva olhou ao redor. – Acho melhor alguém ir pessoalmente. Não é noticia que se dê por um patrono.

- Eu vou! – Hector se prontificou. Já estava na porta da enfermaria quando Harry e Rony, que tinham acabado de chegar atraídos pela notícia, o seguraram.

- Wow!!! – Rony disse. – Fique aí mesmo, garoto. A Floresta Proibida não é lugar para você ir sozinho.

- Mas você e o Harry... – Hector começou a protestar.

- Não há comparação, filho. – Lupin, que chegou logo depois dos aurores, interveio.

- Harry, o Carlinhos... – Gina voltou-se para o marido.

- Nós mesmos vamos avisá-lo. – Harry declarou. – Pena que não dá para aparatar.

- Vamos usar as vassouras da escola. – Sugeriu Rony. – Assim chegamos mais rápido.

Os dois saíram apressados. Ana sentiu outra forte contração e isso foi suficiente para que Madame Pomfrey tomasse consciência da quantidade de gente que havia na sua enfermaria.

- O que estão fazendo aqui! Fora, fora! Todos vocês! Menos você, Gina. Vou precisar de ajuda e Ana se sentirá mais segura se de alguém da família estiver por perto.

Quando todos saíram, Gina se voltou para a curandeira, preocupada:

- Não é melhor chamarmos um medibruxo?

- Querida, eu até chamei... – Ela falou mais baixo, de forma que só Gina escutasse. – Mas do jeito que as contrações estão vindo uma atrás da outra, acho que não vai dar tempo. Você sabe como é difícil arrancar um medibruxo do St. Mungus...

- E Alicia está viajando, na casa dos pais dela... – Gina lamentou.

***

Os gritos de Ana eram ouvidos do outro lado da porta da enfermaria, assuntando as crianças que esperavam junto com os adultos, os que tinham sido expulsos da enfermaria e os que estavam ali para a reunião não-realizada: Moody (que resmungava a toda hora que tinha sido melhor Agatha não ter vindo), Lupin, além dos gêmeos. Gui não tinha podido vir, por causa de seu trabalho no Gringotes, e o senhor e a senhora Weasley tinham ido visitar parentes. Hermione e Tonks não tinham conseguido se livrar dos compromissos do trabalho quando foram avisadas da reunião, convocada às pressas, em Hogwats.

McGonagall deixara sua sala assim que soube, tendo ela mesma perdido a costumeira compostura britânica e gritado com alguns curandeiros do St. Mungus, pela lareira, exigindo um medibruxo. Poucos segundos depois, um deles apareceu e já estava lá dentro.

- Acho que deveriam voltar para a aula. – Lupin sugeriu suavemente às crianças. – Não podem fazer mais nada, agora é com a natureza. – Tentou lembrá-los que mulheres davam a luz todos os dias, um assunto quase trivial.

- Não... – Mel discordou, sendo apoiada com um vigoroso acenar de cabeça de Felipe. – Queremos ficar aqui...

Os irmãos mantinham-se firmemente abraçados, e com a maior cara de preocupação que Lupin já tinha visto. Nem mesmo Hector, após ser pego em uma travessura, tinha uma expressão assim.

Danna tocou no ombro da amiga, e esta pareceu relaxar um pouco. Hector hesitava, não sabendo se deveria ou não confortar Mel, parecendo que queria, mas não tinha certeza se era uma boa idéia, não sabendo como fazer... Josh foi mais decidido e se adiantou, oferecendo um lenço amarrotado à menina. Andy andava de um lado para o outro, irrequieto, as mãos unidas atrás das costas.

- Bennet, pelo amor de Deus, parece que você é o pai! – Fred reclamou das idas e vindas do garoto, que parou com um baque surdo dos pés sobre o assoalho e se sentou, totalmente vermelho.

Quase que no mesmo instante, um urro poderoso e não-humano foi ouvido lá fora, seguido de muitos gritos e uma confusão generalizada.

- Falando no pai... – Jorge disse.

“O pai” era bem capaz de ter pego seu dragão e ter vindo voando até ali, sem se importar em deixar um bicho daqueles, ainda que manso e treinado, no meio do pátio de Hogwarts. E foi exatamente isso que aconteceu.

Carlinhos entrou a toda velocidade no corredor que levava à enfermaria, e teria entrado nela se Gina não tivesse aberto a porta naquele instante para averiguar que confusão era aquela, fechando a porta com um feitiço.

- Eu mandei te chamar, Carlinhos. Mas vejo que não está em condições.

- Gina, saia da frente... – Carlinhos não deu atenção a irmã e continuou a avançar cego a tudo.

- Expelliarmus!

O feitiço de Gina o fez voar alguns metros longe da porta. A própria moça não acreditava que tinha acabado de atingir o irmão, e abriu a boca em surpresa com a própria atitude. Mas se recuperou rápido, não mudando de idéia quanto a não ser bom um marido nervoso dentro da enfermaria.

- Estou te avisando, ou melhor, mandando: - Ela continuou. - Vai ficar aqui fora até se acalmar um pouco! – Com a expressão determinada, ela retirou o feitiço da porta, e entrou selando a entrada novamente. Tudo com uma rapidez surpreendente, de forma que, por mais rápido que Carlinhos fosse, só conseguiu dar com a cara na porta.

Emudecidos, os outros observaram o tratador de dragões bufar e ameaçar sem obter nenhuma resposta lá de dentro. Quando finalmente entendeu que a irmã não iria abrir a porta, sentou-se ao lado de Mel e Lipe. Ninguém se atrevia a dizer nada, com medo de reavivar a fúria de Carlinhos.

- Carlinhos, você ficou maluco? – Rony apareceu no corredor, seguido de Harry, ambos sujos de terra e com arranhões pelo corpo todo. – Primeiro, sai voando em um dragão sem maiores avisos, e gente no seu encalço, de vassoura. Depois larga um bichão daqueles no meio de uns cem alunos, deixando a gente se ocupar dele e...

Harry lhe deu um cutucão, e Rony se calou. Não era um bom momento para informar que tinham lançado um conjutivictus no dragão favorito dele, estuporando-o em seguida. Galton ficou “um tanto” agitado com tanta gente ao redor dele, e não se sentiu “inclinado” a obedecer às ordens de estranhos.

- Devia ser para daqui a duas semanas... – Carlinhos falou como se não tivesse ouvido uma só palavra do irmão. A frase era mais um gemido do que qualquer outra coisa.

- Isso é assim mesmo, cara. – Harry disse. – Os bebês atrasam ou se adiantam. Você sabe. – Deu de ombros.

Um grito mais forte e apavorante veio lá de dentro, inconfundivelmente um grito de Ana. Foi o bastante para que Carlinhos se levantasse novamente:

- Gina, me deixe entrar! Eu...

O choro agudo de criança arrefeceu toda a sua determinação no mesmo instante.

A mão, erguida para bater com força na porta, parou no meio do caminho, congelada no ar. Carlinhos parecia petrificado, a expressão furiosa e desesperada de antes sendo substituída pelo mais genuíno espanto que qualquer um dos presentes, incluindo os irmãos, jamais tinha visto no rosto do tratador de dragões.

- Parabéns, papai! – Harry foi o primeiro a se manifestar, aliviado e divertido com a mudança súbita do cunhado ao ouvir a voz do filho pela primeira vez.

A porta se abriu, e o rosto de Gina, afogueado e coberto com alguns fios soltos, surgiu no pequeno vão:

- Já se acalmou? – Sorriu quando percebeu a expressão aparvalhada do ruivo. – Sabia que sim. Venha, vamos. – Puxou-o pelo braço para dentro da enfermaria, fechando a porta atrás de si.

***

O ambiente alvo e claro da enfermaria ganhava iluminação especial pelos raios amarelados da tarde. Ao contrário de momentos antes, o silêncio reinava, sendo perturbado apenas por uns barulhinhos vindos de um canto, atrás do biombo. O medibruxo que estivera com elas passara por ele na entrada da enfermaria, mas sequer havia notado a presença do homem com o jaleco do St. Mungus.

- Oi... – Ana o saudou, exausta. Deitada em uma das camas da enfermaria, o rosto banhado em suor, ela exibia um sorriso emocionado. Havia montanhas de panos e lençóis por toda a parte.

Carlinhos se movia lentamente pelo aposento, com cuidado excessivo, como que tomado pela grandeza do que tinha acontecido ali. Subitamente, a enfermaria de Hogwarts tomara a aura de um santuário.

- Você... Está bem? – Conseguiu perguntar, os olhos brilhantes.

- Sim. – O sorriso dela se ampliou. – Parece que nossa garotinha quis nos fazer uma surpresa.

- Nossa... – Ele abriu a boca em uma tomada súbita de ar, emocionado. - É uma menina?

Madame Pomfrey se encarregou de responder quando saiu detrás do biombo com uma trouxinha nos braços. Deslumbrado, Carlinhos viu um bracinho roliço escapar da manta branca e agitar-se no ar.

Tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta quando se viu com a filha nos braços, desajeitado pela emoção e surpresa. Quando finalmente fitou o rosto alvo e pequeno, teve certeza que algo maravilhoso tinha acontecido em sua vida: estava apaixonado, pela segunda vez. Apaixonado por aquele pedacinho de gente, e pelo qual sabia que daria a vida.

- Minha Lizzy... – O sorriso espontâneo saiu sem que percebesse, sem que tivesse consciência de que falara em voz alta, ou sequer de onde ou como a idéia lhe veio à cabeça.

- Lizzy? – Ana piscou várias vezes, primeiro de surpresa, depois tentando afastar as lágrimas. – Oh, Carlinhos, como você sabia que eu queria dar o nome de minha mãe a ela? Lizzy é um apelido para Elizabeth, não é?

Eles ainda não tinham se decidido pelo nome do bebê, apesar de já terem cogitado alguns ao longo daqueles meses. No entanto, Ana nunca manifestara o desejo de por o nome de sua mãe, caso fosse menina. Na realidade, aquela foi uma idéia que lhe surgiu quando viu o rosto da filha. Foi como se sentisse a presença da mãe junto dela e soube que gostaria que a criança tivesse o nome da avó.

Carlinhos não se lembrara mais do sonho que tivera. Não até o momento que ouvira o nome “Lizzy” ser pronunciado por seus próprios lábios, quase que inconscientemente. Como explicar para Ana o que tinha ocorrido, se nem mesmo ele entendia? Achou que não valia a pena acrescentar este a lista de mistérios que preocupavam a esposa, e aceitou o “sonho” como tal, colocando uma pedra no assunto.

- Sim. – Ele sorriu, fitando-a com adoração. – Obrigada, amor. Obrigada pela nossa filha. Nunca vou poder te agradecer o bastante.

- Hum... – Ana se recostou nos travesseiros, uma sobrancelha erguida em malícia. - Lembre-se disso quando Lizzy estiver chorando no meio da noite, e alguém tiver que se levantar para cuidar dela.

***

Agora, Harry tinha uma nova sobrinha: Elizabeth Silene Weasley.

“Elizabeth” em homenagem à avó materna, uma mulher que perdeu a vida na luta contra Voldemort na Primeira Guerra Bruxa. “Silene”, conforme explicaram os pais da menina, era uma referência a uma lendária cidade medieval que sofria sob o julgo de um dragão, até que São Jorge o derrotou – santo padroeiro tanto de Portugal quanto da Inglaterra.

- Silene também é uma bonita flor que sobrevive a terrenos inóspitos. – Comentou Neville, que viera para esclarecer algo importante para a Ordem, e se depara com todos na enfermaria, babando por um recém-nascido.

Logo, o nome encaixava com perfeição naquele serzinho com ralos cabelos negros, rosto redondo e boquinha delicada – mas com um choro poderoso. Ainda assim, o nome do meio da menina estava destinado ao segundo plano, já que as pessoas ao redor já a chamavam simplesmente de “Lizzy”.

Hermione e Tonks vieram assim que foram informadas que Ana tivera o “desplante” de dar a luz sem elas por perto. Agatha, por outro lado, estava lá antes mesmo de Moody terminar de lhe contar as boas-novas. Harry observou as mulheres ao redor encherem Ana de conselhos, um atrás do outro (e, às vezes, lhe pareceram até mesmo contraditórios).

- E você? – Ouviu-a perguntar à Gina. – Não vai me dar nenhuma dica?

- Claro... – A ruiva respondeu. – Leia tudo o que a Hermione te der para ler e... – Olhou ao redor, e sussurrou, de forma que só Ana escutasse, mas ele estava próximo o suficiente para ouvir: - E fique surda. (1)

A risada solta de Ana chamou a atenção dos demais, mas, se esperavam uma explicação da brasileira, ficariam decepcionados.

- Desculpem a demora, fui buscar Serenna. – Snape entrou com a irmã.

- Ah, mas que coisa mais lindinha! – Serenna voltou imediatamente a atenção para o bebê, agora no colo do avô. O senhor Weasley sorriu e passou a menina para os braços da moça. – Não acha, Severo?

- Acredito que sim, embora não seja um especialista no assunto... – A voz de Snape soou indiferente, mas... O que era aquilo que Harry vira no olhar de seu ex-professor? Poderia jurar que um brilho de ternura passara por ali...

- Parabéns, Ana! – Serenna disfarçara um suspiro de impaciência pelo jeito do irmão, e se voltara para a amiga com um sorriso sincero. – Uma menina, afinal... – Ela se interrompeu de repente.

Meninos... Meninas. O sonho de Hermione, parecido demais com a visão que Luíza tivera quando tocou no medalhão de Ravenclaw, voltou às mentes das pessoas naquela enfermaria.

Ana não era exatamente excepcional em legilimência, mas seu dom de Mestra dos Sonhos possibilitava um canal aberto que Harry sempre usava quando precisava se comunicar com a auror. Atendendo um pedido seu, ela sorriu para a sobrinha sentada na beirada da cama:

- Por que não apresenta sua priminha aos seus colegas lá fora, Mel? – Havia um grupo de curiosos lá fora. – Acho melhor os outros garotos irem também, para a ajudarem com o bebê.

- Eu posso? – A menina se levantou com um pulo, animada em pegar o bebê no colo. Quando Serenna lhe entregou a criança, sorriu durante alguns segundos para ela, antes de franzir o cenho, desconfiada: - Isso quer dizer que querem que a gente saia daqui?

- Mel... – A tia lhe advertiu, em um tom divertido. Os garotos trocaram um olhar de resignação, e começaram a sair. – Tomem cuidado, viu? Segure bem a cabecinha e... Bem, acho melhor se sentar no banquinho aí fora...

Lupin, que estava mais próximo da saída, sorriu para as crianças, e assim que elas se encontravam do lado de fora, fechou a porta. Hector e Josh se apressaram a colar os ouvidos na madeira, na tentativa de ouvir alguma coisa. Não muito tempo depois, trocaram um olhar decepcionado, avisando para os amigos:

- Feitiço Impeturbável.

Mel sentou-se em um dos bancos de madeira, com a pequena Lizzy nos braços. Não demorou muito para um círculo entusiasmado de meninas se formasse ao redor dela, todas com exclamações e comentários melosos. À certa distância, os meninos as observavam:

- O que há entre as meninas, animais e bebês? – Josh perguntou, estranhando o universo feminino.

- Sei lá... – Hector deu de ombros.

Torceu ainda mais o nariz quando Alan Snape se aproximou com seu amigo, Rupert Bothwell. Sonserinos se interessando por bebês?

- Tem gente que não tem mais o que fazer... – Caroline Bothwell disse para as amigas que sempre a seguiam. – Perder tempo com um bebê chorão...

- O único bebê chorão que estou vendo aqui é você, maninha. – Rupert retrucou.

Furiosa com as risadinhas que o comentário do irmão provocou, Caroline bufou, e, levantando o nariz empinado, marchou para fora dali com as amigas.

Dentro da enfermaria, Ana mordeu os lábios assim que viu a porta se fechar, impedindo-a de ver a filha.

- É melhor serem breves, porque acabei de entregar minha filha recém-nascida para uma menina de doze anos. – Disse preocupada.

- Calma, amiga. – Tonks piscou para ela. – Madame Pomfrey está lá com eles.

- Não, claro... – A brasileira balançou a cabeça, como que dizendo que estava tudo bem. – Não vou me transformar naquele tipo de mãe neurótica, se querem saber. – Dois segundos depois, voltou-se para o marido, que se sentara ao seu lado com um dos braços ao redor de seus ombros: - Não está muito frio lá fora, está?

Rindo, porquê “lá fora” nada mais era do que o corredor, ainda estando dentro de Hogwarts, Carlinhos beijou a esposa nas têmporas e ela relaxou, caindo em si.

- Ham... Já que estamos todos aqui... – Harry puxou o assunto. – Desculpe, Ana.

- Tudo bem, acho que foi ficar realmente mal se não me disserem logo o que descobrirem e... Cadê o Shacklebolt? – Ela franziu o cenho, achando estranha a ausência de um dos principais membros da Ordem.

- Não dava para esvaziar o ministério, não é Ana? – Rony torceu a boca, zombeteiro. – Pelo menos, a gente que é da família teve uma desculpa com o nascimento da Lizzy.

- Nem era para ter tanta gente. – Hermione completou. – Iríamos fazer outra reunião no fim de semana.

- Minha filhinha... Tão pequena, e já tem o senso de oportunidade da mãe. – Ana suspirou propositadamente fundo demais, fazendo os demais rirem.

- Essa reunião era para ser de urgência. – Harry comunicou. – E ainda é. Depois de todo esse tempo sem respostas, parece que temos duas pistas grandes.

Ele olhou para Lupin, que entendeu que deveria continuar a explicação dali:

- O gato de Hector, Ferdinando, pareceu tomado de uma súbita fúria contra a flecha que eu analisava... A flecha que feriu Harry quando fomos a Avalon. Ferdinando atacou-a com um golpe certeiro de suas garras, arranhando-a de cima a baixo.

- Mas ela está intacta! – Observou Carlinhos, que tomara o objeto das mãos de Lupin.

- É. Agora está. Foi isso que me chamou a atenção e revelou a origem da madeira. Olhem. – O ex-professor tomou de volta a flecha e, tirando um canivete do bolso, riscou-a, causando um sulco profundo no artefato.

Lentamente, uma fina camada fibrosa foi crescendo por sobre a linha feita pelo canivete. Tornou-se mais grossa, até que cobriu totalmente o sulco. A superfície ficou lisa, sem um único vestígio que houvera sido arranhada.

- É claro... – Snape murmurou, o olhar concentrado no objeto.

- O que é claro? – Serenna lhe perguntou.

- Se sua entrada no mundo bruxo não fosse tão recente, eu me surpreenderia que você não conhecesse essa madeira, minha irmã.

- Sem dúvida, muito famosa entre os professores de magia do mundo. – McGonagall inclinou a cabeça, impressionada.
.
- E por quê? – Foi a vez de Ana perguntar.

- O seu alheamento e o de minha irmã com relação a coisas de seu país chegam a ser exasperantes, Smith. – Snape levantou uma das sobrancelhas. – Uma escola de bruxaria inteira é feita com essa madeira, cuja forma de entalhamento é um dos segredos mais bem guardados do Mundo da Magia...

- O Centro de Excelência em Educação e Pesquisas Mágicas do Rio Negro. – Harry o interrompeu, já não suportando o suspense imposto por seu ex-professor de Poções (o que obviamente deixou Snape contrariado). – A escola brasileira de magia, na Amazônia.

- E tem mais. – Hermione se manifestou, eufórica com as descobertas. – Neville conseguiu o nome daquela flor que está no medalhão. E até trouxe um espécime...

Longbotton abriu uma pasta de couro. Dentro, uma variedade de flores e folhas estavam presas em diversas páginas de pergaminho. Ele tirou uma delas, desprendendo uma flor delicada e branca:

- Reconhecem? – Dirigiu-se à Ana e Serenna.

A irmã de Snape se adiantou e pegou a flor das mãos de Neville. Franziu o cenho, e chegou a abrir a boca para negar quando, de repente, algo lhe pareceu familiar. Aproximou a planta do nariz, captando-lhe melhor a fragrância. Surpresa, sorriu levemente:

- Olha, a flor eu nunca tinha visto antes, mas... Esse cheiro, é inconfundível. – E estendeu-a para Ana, que a cheirou também.

- Meu Deus!

- Sabe o que é? – Carlinhos perguntou.

- Se eu sei? É praticamente um símbolo nacional! – Brincou.

- Um modo de vida. – Serenna completou, lançando um olhar desafiante para o irmão.

- Realmente, uma filosofia... – Ana entendeu a intenção da outra brasileira, e entrou na brincadeira.

- Por Merlim! Digam logo! – A intenção era atacar Snape, mas foi Gina quem perdeu a paciência primeiro.

Após sorrirem uma para a outra, Ana respondeu:

- É guaraná.

***
Notas
***

(1) Sugar, Sugar. De: “The Archies”. Se alguém se perguntar como é que o Lipe conhece uma música tão “antiguinha”, basta lembrar que ela estava em “Sherek 2”. Ao final desse filme, todos os personagens participam de uma espécie de “show de calouros”, onde se disputa o título de “Novo ídolo” de “Tão Tão Distante”. Aqueles que, como eu, não são “tão jovens assim”, podem se lembrar de uma novela global chamada “Despedida de Solteiro”, cuja música de abertura era esta.

Sugar, ah honey honey
You are my candy girl
And you've got me wanting you.
Honey, ah sugar sugar
You are my candy girls
And you got me wanting you

I just can't believe the lovliness of loving you,
(i just can't believe it's true)
I just can't believe the one to love this feeling to
(i just can't believe it's true)

Sugar, ah honey hiney
You are my candy girl
And you got me wanting you
Honey, ah sugar sugar
You are my candy girl
And you got me wanting you

When i kissed you girl i knew how sweet a kiss could be
(i know how sweet a kiss could be)
Like the summer sunshine pour you sweetness over me
(pour your sweetness over me)

Pour a little sugar on it honey
Pour a little sugar on it baby
I'm gonna make your life so sweet, yeah yeah yeah
Pour a little sugar on it yeah
Pour a little sugar on it honey
Pour a little sugar on it baby
I'm gonna make your life so sweet, yeah yeah yeah
Pour a little sugar on it honey

Ah sugar, ah honey honey
You are my candy girl
And you got me wanting you
Oh honey honey, sugar sugar..............
You are my candy girl

(2) Uma frase de colaboração da Sally Owens, hehehehe.

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(N/A). É... Em breve teremos o livro sete! *Nervosa, ansiosa*. Vai ser maravilhoso, mas, claro, não poderei mudar muito o rumo dessa fic e de outras que (espero que sim) venham por aí. Vou tentar adaptar da melhor forma possível mas, por hora, pretendo esquecer da (que sacrilégio!) JK, e continuar a história... Espero que não desande nada.

Reavivando, portanto: esta e as outras são histórias com spoilers ATÉ O LIVRO SEIS.

Estou postando sem revisão da última parte... Mais na afobação de postar o capítulo. Espero que não tenham grandes incoerências.

Ah! Como a Floreios não mostra mais o e-mail ao lado de quem postou, eu não tenho mais como adicionar o pessoal novo no meu grupo de e-mail “Segredo de Corvinal”, e assim, avisar quando saiu capítulo novo. Quem puder e quiser (do pessoal que apareceu depois de junho/2006) me mande um e-mail pedindo para receber esses avisos.

Sempre lembrando – Leiam “O Paciente Inglês” e “Close To You”, da Regina McGonagall, e “Harry Potter e o Retorno das Trevas”, da Sally Owens.

No mais... Amo vocês! Um abraço, e espero que tenham apreciado o capítulo 18.

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Last edited by Belzinha on 17/07/07, 10:17, edited 2 times in total.
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