Close to you - Sonho de um Maroto

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Regina McGonagall
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

Pra querida Tina que acho que é a única que só acompanha a fic aqui...

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Entre um segredo e outro...

- Poções?
- Poções.
- Sério?
- Sério. Nossa, preciso “te” mostrar uma coisa, um projeto especial que estou tentando concluir. – Berenice se levantou, indo direto para um armário, de onde tirou um pequeno frasco contendo algo de um brilho perolado, desconhecido para Sarah, mas que fez os olhos de Sirius cintilarem no reconhecimento.
- Aqui, eu terminei ontem, mas meu professor está em um “workshop” com um especialista estrangeiro, só poderei enviar para ele após a Páscoa, quando voltarmos de viagem. A escola de magia entra em recesso na segunda-feira. Estou tentando ampliar os efeitos da poção. Adivinhe o que é?
Sarah pegou o frasco com cuidado, incapaz de identificar o conteúdo só pela aparência, e Berenice resolveu brincar um pouco mais com sua irmã, enquanto ficava atenta às reações do homem sentado ao seu lado, que mal disfarçava sua ansiedade.
- Pode abrir e cheirar, se isso ajudar. É inofensiva.
Sarah tinha suas dúvidas, a primeira coisa que aprendera sobre poções com seu irmão fora de nunca, nunca, tentar provar ou cheirar uma poção desconhecida, mas Berenice não a poria em perigo, poria? Olhando para seu sorriso confiante, ela se decidiu: abriu o frasco e inalou cuidadosamente, mantendo-o a uma distância que julgou segura o suficiente.
- Bom… - ela pensava, em dúvida sobre a sensação que sentira. – É estranho, isso é para ser algum tipo de perfume?
- Por que? – Berenice perguntou, olhos faiscando de curiosidade.
- Ah, pareceu que era dama-da-noite, você sabe como adoro essa flor. Mas, depois, veio uma coisa a mais, como terra molhada na mata depois da chuva e…
- Sim?
Sarah olhou para sua irmã, por um momento, confusa. Era mais que um cheiro, agradável, mas estranho. Era uma sensação também. E uma imagem, pulando em sua mente de algum lugar muito remoto. Ela olhou para a própria mão, apenas como se ela tivesse acabado de executar algum gesto estranho ao seu controle.
- Sarah, você está bem? – Sirius perguntou, interferindo na conversa das irmãs pela primeira vez.
Ouvira calado o relato de Berenice de como descobrira sua magia tardiamente, culpa de algum sangue ameríndio pelo visto, e de seu casamento com um bruxo, coisa que surpreendera muitíssimo a Sarah, saber que o cunhado era bruxo e ela nem desconfiara.
Reconhecera imediatamente a poção “amortência” e queria mais do que tudo ver a reação de Sarah, mas começava a achar que a brincadeira fora longe demais…
Sarah olhou para ele, mais confusa ainda…
- Você… estava lá.
- Onde? – ele se inquietou um pouco mais. Ela lembrara de algo, ele tinha certeza.
Mas Sarah balançou a cabeça vivamente, sorrindo para a irmã.
- Acho melhor você revisar sua fórmula. Por um momento, tive a sensação de estar… coçando as orelhas de um grande cão.
- Verdade? – Berenice deu um pulinho e um grito animado – Você sentiu “mesmo” isso?
- Claro, até senti o cheiro de seu pelo! Acredite, ninguém vai querer um perfume que cheira como cachorro… A menos que você esteja se especializando em poções veterinárias.
A risada de Sirius (aquela que lembrava ligeiramente um latido) assustou a ambas, que agora o fitavam perplexas.
- Seu amigo é louco? – Berenice perguntou, após alguns segundos.
- Já disseram algo parecido, afinal, ele fugiu de Azkaban, não foi mesmo?
- Azkaban? – Berenice se sobressaltou. Sabia muito bem o que era Azkaban: a pior prisão bruxa do mundo inteiro, que já fora inexpugnável, guardada por horríveis criaturas – Você fugiu de Azkaban? Quando? E por que?
- Calma, Berê. Ele era inocente, foi preso injustamente e só conseguiu fugir depois de… doze anos? – ela olhou para Sirius, à espera de sua confirmação, mas ele estava surpreso demais que ela se lembrasse de tanta coisa sobre ele e ainda assim não se lembrasse do “mais importante”…
- Mas ainda estou curiosa. Como você fugiu? – Berenice estava mais tranqüila, mas não menos curiosa. Afinal, era casada com um Auror! Tinha que saber essas coisas!
- Eu… tenho uma habilidade especial, que me permitiu resistir à ação dos dementadores e, finalmente, fugir. – Sirius ainda estava incerto sobre o que dizer. Por mais que desejasse que Sarah se lembrasse de tudo, a advertência de Snape ainda soava forte em sua mente: “vá com calma!”
- Habilidade especial? Algo como animagia? – Berenice sorriu do espanto de ambos – O Hamilton sempre quis ser um animago, por isso estou perguntando. Ajudaria muito no seu trabalho, tem que entrar na mata muitas vezes.
- Em que ele trabalha? – Sirius perguntou, tentando desviar o assunto de si mesmo?
- Quando o conheci, pensei que ele era apenas um Bombeiro, como meu pai. Ele era Major, comandante de uma Unidade. Mas, depois que eu soube de tudo, quer dizer, que era um bruxo, ele me contou que é um Auror, especializado em criaturas mágicas. Chique, né? Um posto duplo, trouxa e mágico ao mesmo tempo. Por isso que ele chefia a Brigada do Lobo.
- Brigada do Lobo? – Sirius perguntou, ainda mais curioso. Essa família ficava cada vez mais interessante.
- “Accio” camiseta da Brigada! – Berenice exclamou, apontando a varinha para a área de serviço. De lá, logo veio uma camiseta vermelha, flutuando suavemente até chegar a suas mãos. Ela abriu a camiseta em frente ao corpo, mostrando o nome em grandes letras e uma foto no centro, de um pequeno animal que a Sirius pareceu muito pequeno para ser um lobo.
- Um lobo guará! – Sarah gritou, rindo enquanto pegava a camiseta em suas próprias mãos, acariciando a foto – Que fofo! Que coincidência...
- Por que?
- É que… - desta vez, Sarah parecia se divertir com algo desconhecido para os demais.
Ela fechou os olhos, um sorriso no rosto, tentando se lembrar de algo imensamente feliz. Imagens de seus filhos finalmente com ela, de seu Natal em família, e de alguém abraçando-a com imenso carinho, inundaram sua mente, enquanto ela erguia a própria varinha, exclamando:
- Expectro patronus!
Imediatamente, uma névoa prateada surgiu de sua varinha, adensando-se até corporificar um animal muito semelhante ao da foto, que correu pela cozinha como se explorasse seu território.
Depois de alguns minutos, ele se desfez, e Sarah olhava orgulhosa de uma cara espantada para outra.
- Logo um lobo guará? Não era você que tinha medo de lobos? – Berenice indagou, confusa.
- Eu sempre gostei deles, você sabe disso. Adorava procurar por eles quando íamos ao Caraça.(1) E não têm nada a ver com os lobos que eu… - ela se interrompeu, olhar perdido por um momento, e Berenice aproximou-se, tomando suas mãos.
- Desculpe, Sarah, não imaginava que você ainda pudesse ter aqueles pesadelos.
- Eu não tenho mais, é só… uma imagem confusa que veio. Mas tudo bem, deve ser porque me lembrei de Remus.
- Remus? Quem é Remus?
- Meu professor de feitiços. Ele é uma gracinha.
- Tonks sabe que você acha o marido dela uma gracinha? – Sirius perguntou, divertido.
- Ah, ela tem esse mau hábito. Quero ver quando acharem o marido dela uma gracinha…
- Hahaha… - Sarah retrucou rolando os olhos. – Mas eu já perdi meu medo por lobos, maninha. Bem, pelo menos o medo irracional. Sei que são perigosos, principalmente os lobisomens, por mais que eu ame Remus, não ficaria perto dele numa lua cheia…
- Este Remus é um lobisomem? – Berenice arregalou os olhos – E você diz isso nessa calma? Minha-nossa-senhora-da-abadia!
- Não é por ser um lobisomem que ele deixa de ser uma pessoa incrível, e além do mais, há anos que ele nem se transforma totalmente, já que tem sua poção garantida…
- Poção? Você quer dizer, a poção “mata-cão”? Como ele a consegue? É muito raro achar um mestre de poções que a faça, por isso que… - Berenice dizia, mas Sarah a interrompeu.
- Meu irmão que a faz. Desde que ele voltou para casa, Remus não fica mais sem a poção. Remus me contou que foi realmente difícil consegui-la, enquanto Severus esteve longe e…
- Severus? Quem é Severus? – Berenice interrompeu a irmã por sua vez.
- Meu irmão, “uai”. Esqueceu dele? Estava conosco no sábado, mas viajou com os garotos para o…
- “Peraí”! Você está falando do John? – Berenice estava novamente de pé.
- Sim, claro. O John, mas o nome dele é Severus. Severus Snape.
- “Cê tá” brincando…
- Claro que não. Meu irmão é Severus Snape, Mestre em Poções. É professor em Hogwarts, inclusive.
- Ah, não! Não acredito! Esse tempo todo eu aquí louca para conseguir falar com esse homem, e você, você… é irmã dele?
- Não entendi. Qual o problema?
- Onde esse seu irmão está agora, pode me dizer?
- Claro. Agora que sei que você é bruxa, não há porque não dizer a verdade. Ele está no Centro Rio Negro, participando de um workshop… - Sarah arregalou os olhos - Era desse workshop que você estava falando?
- Era sim. – Berenice confirmou com um sorriso. – Eu quase fui, mas foi preciso mandar alguém da Brigada já mais familiarizado com a poção. Ele fará um treinamento específico e está prevista a fabricação de um bom lote da poção, porque vamos precisar muito dela na próxima lua cheia.
- Por que? – Sirius e Sarah perguntaram ao mesmo tempo.
- Como se não bastasse o trabalho que temos nessa época, com a quaresma… Há um acúmulo desordenado de energias mágicas que afeta aos lobisomens e outras criaturas nessa época. Eles ficam mais violentos, por isso a Brigada trabalha intensamente em torno deles. Mas nunca conseguiram poção suficiente ou de boa qualidade. Por isso o Professor Paulo se empenhou tanto neste workshop, o Professor Snape é um dos, se não o maior especialista nesta poção. E com a lua do equinócio, este ano, vai ser muito mais difícil.
- Lua do equinócio?
- Sim. A próxima lua cheia será exatamente na noite do equinócio de outono. Já seria normalmente a mais forte do ano, mas, caindo na noite exata… imagine só!
- Eu não sabia desse problema sobre a… quaresma? – Sirius inquiriu, curioso.
- O período de 40 dias entre o carnaval e a semana santa… Desculpe, você não veio de um país católico… Acho que esse fator não ocorre lá. Há algumas práticas… de alguns séculos, que complicaram o “meio de campo” por aqui, e hoje, acredite, esse período é um verdadeiro sufoco! Só depois da Páscoa que os Aurores descansam.
- Interessante… Mas então, os meninos vão gostar mais ainda de ter ido com Severus. Vai ser uma experiência e tanto.
- Meninos? Ah, seu sobrinho e os outros dois, né? Aquelas gracinahs que eu vi outro dia. Tenho certeza de que vão gostar do Centro. E vão fazer novos amigos por lá, com certeza. Aliás… acho que você ficará surpresa com os amigos que eles farão…
Berenice não disse mais nada, deixando Sarah no ar com aquela declaração. Foi logo tratar do lanche, que Leo já tinha vindo de novo para a cozinha dizendo que estava com fome.

***

Os dias seguintes foram muito mais divertidos que os anteriores. Agora que Berenice revelara aos irmãos adotivos que era uma bruxa, e ficara sabendo que Susan também o era, foi mais fácil passearem pela cidade, só que agora visitando os locais bruxos, que Sarah não conhecera ainda e por isso não lhes mostrara.

A primeira surpresa fora a resposta que ela dera, quando Sirius perguntou pela forte emanação de magia vinda da montanha do outro lado da rua.(2)
- Ah, é porque do outro lado tem uma reserva mágica. Apesar das mineradoras estarem acabando com a montanha… ainda conseguimos salvar a parte mágica.
Sarah olhara para o majestoso paredão de minério de ferro à sua frente, que sempre a impressionara, agora com um outro olhar e um sentimento estranho. Será que sempre sentira essa aura mágica, por isso se sentia tão pequena diante daquela serra?

Para espanto de Sarah, Berenice os levou para conhecer a parte mágica do Mercado Central. (3)
- Lembra daquela porta que só você via, quando éramos criança? Assim que o Hamilton me trouxe aqui, lembrei de você apontando para onde todo mundo via apenas uma pintura, dizendo que era uma porta sim, e que você tinha visto uma coruja espiando de lá.
Maravilhada pela descoberta, Sarah atravessara pela primeira vez o que sempre povoara sua imaginação infantil: a passagem para um mundo mágico, bem ali à vista de todos, mas invisível mesmo assim. Claro, o velhinho sentado em um banquinho bem ao lado, que aprecia apenas concentrado em esculpir um pedaço de madeira, era na verdade um guardião da porta mágica. Assim como Tom no Caldeirão Furado. E ao passar pela porta, Sarah se deparara com uma profusão de novas cores, ainda mais incrível que o Mercado “normal”… bancas de ingredientes para poções, lojas de animais mágicos de estimação, livros mágicos, varinhas, objetos curiosos que enchiam o lugar de zumbidos, e piados e cheiros… As crianças pulavam de lá para cá, tão maravilhadas quanto a mãe.
Sarah apaixonou-se por um lindo gavião que a espiava com seus olhinhos astutos. Ele tinha quase setenta centímetros e uma coloração cinzenta quase uniforme, as pontas das asas mais escuras e o peito mais claro, e um pequeno topete no alto da nuca. Seu rabo curto e curvo possuía uma faixa branca transversal e o bico tinha base alaranjada. Seus dedos curtos possuíam grandes garras, o que lhe dava uma aparência mais ameaçadora.(4)
- Gostou de nossa “águia-de-topete”, Senhora? – um homem perguntava, gentil. – Apesar da aparência, é muito bem treinada e uma excelente mensageira.
- Ela suporta vôos a grande distãncia? E poderia se ambientar na Inglaterra ou Escócia?
- Creio que sim, já que veio do sul do país, onde o clima é mais frio. Vem de um criadouro autorizado pelo Ministério e controlado pelas “entidades sanitárias e ambientalistas”, mas creio que só teremos um pouco mais de papelada para preencher e, claro, a certificação de que não se trata de comércio de espécimes raros para o exterior. Eles são muito cuidadosos a este respeito, pelo menos nós bruxos não contribuímos para o contrabando de reservas biológicas.
Berenice balançava a cabeça, concordando com a argumentação do vendedor, e continuou a lhe fazer perguntas sobre as questões jurídicas, enquanto Sarah acariciava a cabeça do animal.
Parecia paixão a primeira vista. E Sarah continuava cada vez mais tentada a comprá-la. Já imaginava o grande gavião sobrevoando as mesas de Hogwarts e chegando até Severus…
- Ela convive bem com corujas? Não teria conflitos por território ou comida?
- Ah, com certeza. Os animais mágicos se reconhecem e convivem bem quando exercendo funções semelhantes. Ela não teria problema algum… Mas como a Senhora sabe que é uma fêmea?
- Intuição, talvez. Ela é muito bonita. Uma bela ave.
- Bella. – Berenice sussurrou e Sirius, ao seu lado, pulou involuntariamente.
- O que você disse?
- Ah, seria o nome ideal, não é, Sarah? – Berenice sorria para irmã, sem entender a reação do homem ao seu lado.
Sarah tocou no braço de Sirius, sorrindo-lhe de forma tranqüilizadora, e perguntou:
- Você teria problemas com isso? O nome combina, mas sei que traria más lembranças a você.
- Somente a mim? – Sirius a fitava com a cabeça ligeiramente inclinada – Imagine Snape, recebendo mensagens através de um animal com o nome de uma de suas… “colegas”…
- É, tem razão. Mas pode ser engraçado. Mas a Mel não tem um gavião chamado “Dumbledore”? – ela se lembrava de Ana contando sobre a harpia que seus primos haviam comprado. – Porque o meu não pode se chamar “Bella”? A menos que você tenha outra sugestão…
- Na verdade, eu tenho… - e ele sussurrou um nome em sua orelha, fazendo-a rir, em parte para disfarçar a sensação de formigamento na espinha…
- Minha nossa, esse também faria um estrago… - ela comentou, sorrindo e balançando a cabeça.

Daí a pouco, eles deixavam o lugar com a grande gaiola do animal – que acabou por receber mesmo o nome sugestivo de “Bella” - e mais uma porção de outras compras. Sarah se preocupou em sair do Mercado com um animal tão incomum como aquele, mas Berenice a tranqüilizou: poderiam sair pela lanchonete bruxa, e de lá pegar uma lareira para casa, sem que ninguém do lado trouxa do mercado percebesse o que estava acontecendo.

- Os bruxos daqui se misturam bem com o ambiente, você só nota coisas muito estranhas no inverno. Claro, todo mundo acaba colocando para fora algum casaco estranho, alguma veste bruxa mais extravagante, mas fora isso, e o rigoroso controle sobre para quem você pode dizer que é bruxo, a convivência é tranqüila e desapercebida. – Berenice explicava, mais tarde, enquanto lanchavam em casa. Ela então fitou seus dois irmãos adotivos com um gesto de quem pede desculpas – Por isso que eu não lhes disse nada, estamos proibidos de revelar que somos bruxos, a não ser para parentes “de sangue”. Ridículo, eu sei, mas eles são muito paranóicos. Parece que alguns conflitos pela Independência e pela Abolição também tiveram interferência bruxa e muitos de seus participantes foram perseguidos, deixando-os temerosos de se revelarem. Como vocês estão agora vivendo na Inglaterra, e nosso Ministério não reconheceu seu estatuto de “Laurents adotados”, não tivemos alternativa.
Sarah reparou que ela falava no plural, mas não se preocupou. Afinal, ela falava do marido também, que era um bruxo. Só não entendia como o Ministério podia ser tão rigoroso, se os bruxos conviviam de forma direta com os não-bruxos…
- Ah, mas você esqueceu de que temos sempre os puros-sangues cheios de arrogância e ares de grandeza? Pensa que só na Inglaterra tem essas figuras? Pode acreditar, eles são todos uns frescos de nariz empinado, vivendo em seus condomínios fechados cheios de feitiços de desilusão e medidas de afastamento!
André e Susan se envolveram na discussão das questões de política com Berenice e seu marido, um homem negro e forte de sorriso largo que chegara esta tarde de uma excursão no interior e que lembrara a Sarah seu pai adotivo.

Sarah se afastou do grupo para colocar seus filhos adormecidos na cama, e depois foi direto para a varanda, de onde ficou contemplando as estrelas, acima da faixa escura que era a montanha.
- Posso lhe fazer companhia? – Sirius Black perguntou suavemente, com medo de assustá-la, mas Sarah apenas sorriu. Já tinha percebido sua aproximação, não se assustou, pelo contrário. Esperava por ele.
Ele sentou-se na cadeira de grandes braços de palha trançada, ao seu lado, e ficou em silêncio, apenas aproveitando o fato de estar perto dela. Até que ela falou:
- Outro dia, na cozinha, quando cheirei aquela poção…
- Sim? – seu coração faltou uma batida. Será que ela percebera que poção era, afinal?
- Eu tive um vislumbre de uma casa, uma família… a família de Daniel Thompson. Lembro de tê-lo visitado, mas não me lembrava de ter um acompanhante. Você foi até lá comigo, não foi?
- Nós nos encontramos no caminho e sim, eu a acompanhei.
- Por quê?
Sirius pensou um pouco, e decidiu-se pela verdade.
- Porque eu queria… estar perto de você.

A frase fez alguma coisa clicar na mente de Sarah. E ela viu-o mais uma vez, à sua frente no escritório:
“- Bom dia, Sra Black. Pelo menos por hoje”

- Você… nós… - ela parecia incerta – Nós saímos juntos outra vez, não foi? Uma missão com Remus.
- Você se lembra? – Sirius não conseguiu esconder a expectativa.
- Sim… Um pouco. – Sarah observava-o pelo canto do olho, com medo de fitá-lo, ao fazer a próxima pergunta, que estava queimando sua mente. – Por que você veio para o Brasil? Quero a verdade, não essa mentira esfarrapada de intercâmbio de português que você e o André inventaram.
Sirius sorriu. Às favas com os conselhos de Snape, ele ia jogar tudo agora.
- Vim porque… não conseguia mais ficar longe de você. Eu arrisquei tudo, mesmo sabendo que você não se lembraria…
- De que estávamos juntos? É isso? Somos… éramos namorados ou alguma coisa assim?
- Alguma coisa assim… - Ele sorriu, sedutor, divertido com sua vacilante escolha de palavras.
O silêncio que se seguiu foi estranho, a tensão quase tão visível e palpável como a montanha lá fora.
- Ana me disse que eu precisava voltar, para me recuperar do acidente, que nem mesmo sei direito o que foi. Mas eu não senti nenhuma mudança, até o dia em que você chegou. Então me lembrei dela falando sobre eu ser protegida pelo 13º Gigante…É você, não é?
- Creio que sim – Sirius lembrou-se das conversas a respeito, na sede da Ordem, e das suposições de Ana sobre os Gêmeos Snape e sobre ele próprio.
- Eu tenho sentido que… eu e você… temos alguma cosia muito forte, mas não sei explicar. Isso me deixa confusa, e ao mesmo tempo… forte. Esquisito, não é? Eu senti algo semelhante quando encontrei Severus, e isso quase me confundiu na época, essa sensação de encontrar o que faltava. Era engraçado, mas… era diferente. Quer dizer, é diferente, agora, com você. Eu e ele estamos ligados pelo sangue e pela mente, isso é muito forte, a ponto de eu conseguir ouvi-lo agora, se quiser. A nossa “luz roxa”. – ela sorriu.
- E quanto a mim? – Sirius perguntou, temendo e desejando a resposta ao mesmo tempo.
- Eu sinto que… sem você, eu só estou pela metade. Que é impossível respirar, se você não estiver perto. Mas isso assusta um pouco, porque não me lembro direito do que vivemos antes. Só esses… flashes…
- Eles serão o bastante se… - Sirius chegou perto dela, agachando-se à sua frente e tomando as suas mãos, sorrindo ao notar o leve tremor.
- Se o que? – Ela perguntou.
- Se você me der uma chance de mostrar que pode dar certo. Que podemos ser felizes juntos. Porque eu também só me sinto inteiro quando estou perto de você.
- Isso é um pedido de namoro, Sr. Sirius Black? – ela sorria, um ar brincalhão em seu olhar.
- Bem… não sei se tenho a idade certa para isso, mas… sim. – Sirius tentou imaginar que era novamente um aluno em Hogwarts e Sarah estava lá, com ele, num passeio de sábado a Hogsmeade. - Sarah, quer namorar comigo?
- Claro que sim. Você acha que sou boba de deixar escapar o garoto mais bonito da escola? – ela parecia ter captado seu pensamento e resolvido entrar na brincadeira.
Ambos riram, por alguns minutos, divertindo-se com sua brincadeira de “volta no tempo”, mas seus olhares se encontraram e o tempo pareceu parar, até que…

***

- Hei, vocês dois não… - A voz de Berenice morreu e ela levou a mão à boca para evitar qualquer outro som. A cena à sua frente era tão doce! E ela tinha esperado tanto para ver algo assim! Sua irmã, nos braços de alguém que a beijava como se a vida dependesse disso. E dependia, com certeza.
Sem fazer um único barulhinho, ela voltou para a sala. Ante o ar interrogativo de seu marido, ela sorriu para seu irmão mais novo, fazendo um sinal com o polegar.
André pulou, quase gritando, mas ela o parou, com um gesto.
- Vamos deixar o casal sozinho. Acho que eles têm esperado por isso há mais tempo do que podem admitir.
- Você nem imagina o quanto está certa, maninha! – André retrucou.
- Que tal você me contar essa história… lá na cozinha, enquanto tomamos um café quentinho?
Os dois casais deixaram a sala sorridentes, enquanto Sirius e Sarah permaneciam na varanda, completamente desatentos a isso.

Claro, eles tinham algo mais importante para fazer, não é mesmo?
Então… vamos sair de fininho…

========

(1) – Parque do Caraça. Gente, lá é lindo. E os lobos vêm comer na mão da gente, à noite, tão familiarizados com o homem que não sentem o perigo… não é à toa que estejam sob risco de extinção.
(2) – Serra do Curral, a divisa ao sul de Belo Horizonte, cujo contorno já foi irremediavelmente destruído pela ação das mineradoras de ferro. Mesmo tão dilapidada, ainda é imponente e linda, como se nos desafiasse a derrubá-la de vez. Há um boato de que o lago artificial formado pela água residual das escavações um dia vai romper a montanha e inundar a cidade…
(3) – Quem mora em BH já conhece o Mercado (o “Velho”) e sabe a aura mágica que ele tem. Parece uma Medina em miniatura e tem de tudo mesmo. A porta que eu imaginei fica exatamente entre uma loja de artigos para animais e uma de artesanato, logo na subida da rampa à esquerda, pela entrada da Padre Belchior com Santa Catarina.
(4) - Águia cinzenta, águia coroada ou águia-de-topete. (Harpyhaliaetus coronatus). Família: Accipitridae. É uma das maiores espécie de falconídeos do Brasil, medindo até 70 cm de comprimento e envergadura de cerca de 1,50cm. É o novo bicho de estimação da família Snape. E se vocês ficaram curiosos sobre o nome que o Sirius sugeriu… vão ter que esperar um pouquinho mais para descobrir, talvez… até a próxima reunião da Ordem.

(em tempo 1) quem leu os capítulos anteriores e está acompanhando o Segredo de Corvinalda Belzinha, sabe o que é o 13º Gigante, né?

(em tempo 2) esqueci de sinalizar e, relendo para conferir, vi que faltava uma informação importante: o Equinócio de Outono, o dia em que o sol se alinha com o Equador, tornando dia e noite divididos em doze horas exatas. No hemisfério Norte, equinócio de primavera, claro, razão pela qual é o marco para a definição da Páscoa, que deve ser no primeiro domingo após a primeira lua cheia depois do equinócio. É assim que temos nossos dois mais longos feriados demarcados: Carnaval e Semana Santa. Este ano, 2008, a Lua Cheia ocoreu na noite exata do equinócio, perfeitamente alinhada com o Sol e a Terra no espaço... e eu adorei usar isso. (descobri isso vendo um programa francês: "Espaçonave Terra", na TV Escola...)


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Bem, que tal esse começo de "namoro"? só pra vocês não reclamarem que eu sou muito malvada, fazendo Almofadinhas sofrer...

Mas ainda tem coisa pela frente: mais segredos e revelações, uma praia, um sarongue e um cão...

Aguardem! Talvez menos do que esperam, porque novas circunstâncias estão agindo para me forçar a escrever mais depressa... hihi (notícias boas, claro)
Regina McGonagall
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Belzinha »

*Belzinha correndo para passar as mãos à ferro*

Regina, mil perdões por ter esquecido de postar antes. Como eu te disse hoje de manhã, eu "saí da casinha" enquanto estava terminando o meu capítulo e, agora que ele foi "despachado" minha sanidade voltou e finalmente me dei conta que não tinha postado aqui antes.

Bem, eu já fiz um monte de comentários na bethagem, mas eu tenho que acrescentar um aqui: acho que eu tô apaixonada por esse pulguento!!!
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Tina Granger »

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FINALMENTE SAIU MAIS UM BEIJO! ALELUIA! EU TAVA COMEÇANDO A achar, que a Serena ia entrar num convento... :lol:
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

mais fics? olhe no fanfiction.net...

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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

Tina Granger wrote::cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry: :cry:


FINALMENTE SAIU MAIS UM BEIJO! ALELUIA! EU TAVA COMEÇANDO A achar, que a Serena ia entrar num convento... :lol:
Nem tanto, né Tina? mas vamos ao que interessa: capítulo novo!

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O Segundo Segredo dos Laurent

- E então? O passeio noturno lhe fez bem, pelo visto… O que achou da Patrícia?(1)
- Maravilhosa! Você tinha toda razão.
- Eu tinha certeza disso. – o outro homem riu, enquanto entravam na cozinha e se sentavam à mesa para o café, completamente distraídos de quem já estava por lá.
- Eu não acredito que fiquei tanto tempo sem experimentar essa sensação. A força, o poder, a liberdade… é uma coisa única.
- Deixe eu adivinhar… Você se sentiu o maior homem do mundo…
- Exatamente! – os dois homens riam, um riso rico de satisfação e entendimento, e isso irritou profundamente a mulher que preparava uma jarra de chocolate na pia, de costas para eles…

Sarah não podia acreditar no que ouvia. Ao que parecia, após deixá-la, na noite anterior, Sirius Black saíra para um “passeio”, e não saíra sozinho.
Ela ainda podia lembrar-se muito bem de sua conversa na varanda, de como ele fingira ser novamente um garoto pedindo uma garota para namorar…

Mas o que ouvia agora parecia mostrar que Sirius já esquecera tudo que dissera na noite anterior. Que cachorro!
Rodando inconscientemente o belo anel em seu dedo - que ela usava constantemente, mesmo intrigada por não lembrar sua origem - Sarah tentou fingir que a conversa não a afetava, mas as coisas só iriam piorar…
- Sabe? – Sirius continuava dizendo ao outro homem, sem qualquer percepção da mulher fervilhando do outro lado da cozinha – Eu acabei de me lembrar que, desde que voltei, não fui atrás da “minha garota”. E ela sempre foi tão fabulosa, tão poderosa… Quando foi a última vez? Por Merlin, foi antes de ir para Azkaban! Como pude me esquecer de procurar por ela?

Pronto, era ponto pacífico: ele tinha outra, esperando por ele na Inglaterra. Toda aquela conversa da noite anterior era provavelmente uma cantada bem ensaiada. Ainda bem que ela não caíra de todo naquela “prosopopéia plácida para acalentar ruminantes”, ou, melhor dizendo…

Seu pensamento insultado foi cortado pela próxima exclamação em tom de saudade:
- Não há como descrever a sensação de poder, ao ouvir seu ronco suave enquanto a abraça, o som do vento à sua volta, o cheiro da terra... e mesmo quando você está com ela sob a chuva, é indescritível! – Sirius fitou o homem à sua frente – Você consegue fazer a Patty voar? Se quiser, eu posso lhe ensinar como. Fica ainda mais incrível, voar com ela, acredite.
Sarah se virou, pronta a dar um basta naquela conversa absurda e cheia de duplos sentidos, entretanto, a voz de seu próprio filho a paralisou:
- Você me leva junto, Tio Sirius? Eu posso dar uma volta nela com você?
- Claro! – Sirius sorriu, enquanto levava a mão à cabeça do garoto sentado ao seu lado, balançando-a carinhosamente. – Mas só se sua mãe deixar, e se tivermos um capacete para você.
- Olha o que você fez, Hamilton! – a voz de Berenice, tentando parecer brava, mas tendo um leve tom brincalhão, tomou de Sarah sua próxima tentativa de dizer algo – Como se não bastasse carregar nosso hóspede para essa sua mania… que, pelo que ouvi, ele já compartilhava, agora quer levar o pobre garoto… Não sei se agüento mais um motoqueiro maníaco nessa casa.
- Motoqueiro? – Sarah conseguiu balbuciar, afinal, fazendo com que todos olhassem para ela, espantados.
- Sim, maninha, estamos perdidas! Já não chegava o Hamilton com a sua preciosa Patrícia o tempo quase todo... Agora, você também vai ter que competir com ela por um pouco de atenção dos homens da família!
- Mas… quem diabos é Patrícia? – ela deixou escapar, finalmente.
- Aquela belezura toda negra 1250 que tenho lá na garagem – foi Hamilton quem respondeu, um brilho orgulhoso em seus olhos, acrescido de um risinho malicioso quando indagou – De que você achou que estávamos falando? De uma firebolt?
Sarah permaneceu muda, olhando de um homem risonho para outro, e seu embaraço só foi quebrado pela voz de André, emergindo do corredor de braços com sua esposa:
- Quer dizer que foi você, Sirius, que me acordou com o ronco daquela coisa? Minha-nossa-senhora, pensei que a casa estava caindo!
A conversa se generalizou alegremente pela mesa, apenas Berenice olhando curiosa para sua irmã. Claro que Berenice notara o que acontecera na cabeça dela, eram irmãs, puxa vida, conheciam uma à outra, mais do que ninguém! Bem, talvez sua mãe se ainda estivesse ali, pescaria tudo incrivelmente mais rápido e teria impedido toda aquela conversa fiada, pra começar, começando o dia ralhando com eles em algo muito parecido com as palavras de André. Felizmente, tudo parecia voltar ao normal agora… E Berenice suspirou, aliviada, embora divertida com o embaraço que Sarah tentava disfarçar numa conversa um pouco animada demais com seus filhos, sob o olhar confuso de Sirius Black.

O café da manhã correu sem mais nenhum susto, e já que era sábado, o esperado dia em que a família inteira se reuniria finalmente, antes de partir para a casa da praia, as duas irmãs e sua jovem cunhada passaram a manhã em franca atividade, claro, agora bem facilitada pelo fato de poderem usar suas varinhas sem reservas.
As crianças e os homens foram gentilmente afastados da casa, cada um deixando um beijo na bochecha de cada uma das mulheres, indo jogar bola no quintal ou qualquer atividade semelhante, elas não quiseram saber, desde que dessem sossego e não aparecessem dentro de casa antes de tudo pronto. Até sucos, biscoitos e pães de queijo foram levitados para fora, quando alguém pediu um lanchinho.
Era já quase hora do almoço, quando Berenice atendeu seu celular.
- É a Neuza! – ela disse, sorrindo para sua irmã e cunhada, mas logo sua face se contraiu com preocupação, e ela foi se afastando da cozinha..
- Neuza, calma. Deve haver alguma explicação para não estarem no trem… Onde você está?... Tudo bem, vou pedir ao Hamilton para buscar você, você não vai dirigir desse jeito…
Sarah podia ouvir parte da conversa, mas não perguntou, esperando que Berenice explicasse depois o que acontecera para sua irmã mais velha parecer tão transtornada.
Alguns minutos depois, a voz de Snape soou em sua mente:
- Serenna?
- Severus! – ela sentira falta do contato com o irmão, embora eles tivessem se falado brevemente todos os dias – Você já chegou?
- Sim, estou em seu apartamento, mas, obviamente, você não está aqui…
- Ah, desculpe-me, eu me esqueci da hora! Eu ia buscá-los…
- ela sorriu para si mesma, seu irmão percebendo seu sentimento de diversão e ficando curioso – Que bobagem! Eu não preciso ir buscá-los!
- Não? E como eu vou encontrá-la com os meninos?
- Ora, mano! Pelo Flu!
– ela não esperou que ele se recobrasse da surpresa, e foi logo dizendo – Adivinhe! Minha irmã e seu marido são bruxos! E eles têm uma lareira também! Vou apenas avisá-la de que você está usando a conexão.
- E por que você não me contou esse detalhe em nossa última conversa?
– Snape inquiriu em seu melhor tom “sou o gorduroso morcego das masmorras”, sem contudo intimidar sua irmã.
- Eu me esqueci, realmente. Mas não é uma ótima surpresa?
- Já que é assim, eu também tenho uma surpresa. Algo que eu também esqueci de comentar, mas será melhor você ver do que ouvir. Como é? Vai ou não vai ver com ela sobre a conexão?


Resmungando algo sobre homens e sua impaciência, Sarah foi atrás de sua irmã. Encontrou-a na sala, abraçando Neuza, que pelo visto estava muito próxima, pois já tinha chegado. Hamilton tinha um braço sobre seu ombro, levemente preocupado.
- Neuzinha, eu tenho certeza de que tem uma explicação. Já que estamos aqui e nenhum de nós foi buscar os meninos, vamos dar um jeito de descobrir que tio é esse que…
Berenice se interrompeu ao perceber a chegada ansiosa de Sarah, que correu e abraçou sua irmã mais velha. Inexplicavelmente, elas não tinham se visto desde o dia que Sarah chegara da Inglaterra, e ela estava com saudades de sua irmã “mais séria”.
Indiferente ao estranho embaraço de Neuza, Sarah puxou Berenice pelo braço e sussurrou uma pergunta em seu ouvido.
Berenice por um momento franziu o cenho, depois seu rosto se iluminou. Ela respondeu a Sarah afirmativamente e puxou Neuza pela mão, seguindo a irmã adotiva para a sala de estar, onde uma grande lareira dominava a decoração.
- Querida, acho que já descobri o que aconteceu! – e ante o olhar confuso das duas, continuou – Sarah, por favor, diga a eles para virem logo, ou perderão o almoço!
Olhando com certo receio para outra irmã, Sarah chamou Severus mentalmente:
- Severus? Pode vir, por favor? Estamos esperando. É só dizer…
- “Casa da Tia Berê”!
– ele exclamou, surpreendendo-a, enquanto a lareira ardia em chamas verdes.

Mas não foi Severus Snape que irrompeu pela lareira na sala de Berenice e Hamilton. Muito menos seu filho Alan ou Lucy, ou Peter, como Sarah imaginou que seria a ação de seu irmão, mandando as crianças na frente.
Diante de uma Sarah boquiaberta, um garoto negro de cabelos trançados com tiras coloridas e um uniforme escolar que definitivamente não era de Hogwarts, marrom com o emblema do que parecia um carvalho, logo estava em pé e dizia num sorriso:
- Oi, tia! Tudo bem? – sem esperar resposta, ele correu para abraçar sua mãe, enquanto outro garoto, um pouco menor e de penteado um pouco menos extravagante – pelo menos era apenas separado em inúmeras tranças rentes ao couro cabeludo e com as pontas chegando até os ombros – também surgia e repetia a saudação, antes de imitar o irmão e correr para a mãe. Só então, Sarah viu o rosto tranqüilo de Alan, seguido pelos dois outros jovens e, finalmente por Severus Snape.
A essa altura, Hamilton já se encarregara de avisar aos outros e todos entravam na sala. Aline corria para abraçar Lucy, enquanto Peter e Alan puxavam seus malões para um canto, Leo perguntava ao seu tio se trouxera alguma coisa do Amazonas para ele e Sirius apenas observava de longe, ainda com reservas para se aproximar da óbvia reunião de família.
Sarah sorria para seu irmão gêmeo, ambos dividindo um sentimento de diversão na surpresa conjunta.
- Ao que parece – ele disse por fim – Os Laurents não são a pacata família trouxa que eu imaginei quando os vi pela primeira vez.
- Com certeza! – Sarah exclamou, olhando em volta.
Neuza abraçava seus filhos, repreendendo-os por não ter mandado uma mensagem mais clara do que “Não estamos no trem, estamos voltando com nosso tio”. Berenice ria, contente, enquanto repetia para André que sim, seus sobrinhos também eram bruxos, e convidava a todos para se prepararem devidamente, pois o almoço estava quase pronto.
- Acho que vocês devem estar loucos para se livrarem dessa capas e uniformes, não estão não?
Os jovens concordaram, lógico, e deixaram mães e tios sozinhos na sala, indo em um compacto e ruidoso grupo a caminho dos quartos, já tirando capas pelo caminho…
Berenice então chamou todos para a cozinha. Podiam conversar enquanto mexiam com pratos e panelas…

Depois de uma meia hora de conversa…

- Então, era isso. Desculpe-nos, Sarah, mas não podíamos imaginar que você era bruxa, e muito menos que André se casara com uma… - Neuza sorria para Susan.
- As leis de sigilo são muito rigorosas, e isso realmente é preciso, para a segurança de todos. – Hamilton comentou, e Snape concordou, dizendo:
- Na Inglaterra, é igualmente rígido, mas esconder o fato de ser bruxo até de irmãos, isso é novidade para mim.
- É que… as leis bruxas daqui não abrangem os laços por afinidade ou adoção. Quando o representante da Governadoria me visitou, foi muito direto e realmente assustador. Pode ser que eu tenha supervalorizado suas “advertências”… o susto com toda a história foi muito grande. Só descobri que Berenice também era bruxa, porque os meninos identificaram alguma coisa… - Neuza explicava.
- O pote de pó de flu. Eles o acharam na lareira, que para eles já era uma coisa muito estranha de se ver, mesmo nessa região da cidade… Aqui é mais frio, mas lareira, seria um exagero de decoração! – Hamilton contou, rindo ao se lembrar da cara dos meninos.
- Como você soube sobre eles, Severus? Você os reconheceu na escola? – Sarah perguntou, por fim.
- Na verdade, eles é que me reconheceram. Claro, chegaram meio vacilantes e perguntaram se eu era mesmo Severo Snape. Eu respondi que sim, e não teria dado muita atenção a duas crianças… mas o mais velho, Eduardo, continuou: “Desculpe, senhor, mas você se parece muito com o Prof. John Smith. Ele era amigo de nossa tia e nos deu um xadrez de bruxo no Natal que passou na casa de nossos avós”.(2)
Enquanto os adultos riam, os jovens e as duas crianças entraram na cozinha, perguntando pelo anunciado almoço.

A refeição decorreu tranqüila e alegre, mesmo com os olhares enviesados de Snape para Sirius Black e depois para sua irmã.
Em dado momento, ele perguntou à queima roupa:
- Então, minha irmã? Já podemos reconhecer este anel como um anel de compromisso?
- O que? – ela perguntou, confusa, olhando do irmão para seu anel.
Percebendo que seu antigo professor não ajudaria a irmã com nenhuma informação, Susan foi em socorro da cunhada:
- Na Inglaterra, quando um casal se compromete, o homem dá à mulher um anel. Bem, pelo menos entre os bruxos, esse ainda é o costume. – ela sorria, timidamente.(3)
- Aqui, os anéis de noivado caíram em desuso, pelo menos entre os não-bruxos. – Hamilton explicou. – A maioria usa apenas as alianças, quando firmam um noivado. Mas os jovens já vieram com uma moda nova: anéis de compromisso, usados por namorados.
Uma corada Lucy baixou o rosto para o prato, enquanto Peter sorria embaraçado.
- Aha! – Aline gritava, puxando a mão da jovem e mostrando um anel colorido, que tinha um correspondente na mão de Peter.
- Vejo que vocês pretendem lançar essa moda em Hogwarts. Acho que será uma bela novidade. – Sarah piscou para o rapaz.
- Mas você ainda não me respondeu, mana. – Severus voltou à carga, fazendo a atenção de todos voltar-se para ela, o que foi um reconhecido alívio para o jovem casal.
- Não entendo… Qual o problema com meu anel? Pelo que eu sei, eu já o usava antes de… - de repente, a ficha caiu. Ela olhou para Sirius, indagando quase num sussurro – É nosso anel?
- Sim. Não. Quer dizer, não foi dado com essa intenção, mas como presente de Natal. Mas, se você quiser considerar como tal, eu oficializo aqui, perante todos, o nosso compromisso. Podemos fazer tudo direito, eu o coloco em seu dedo, enquanto você responde que sim, que estamos juntos a partir de agora.
Sirius era incrivelmente sério, embora mentalmente se divertisse com o fato de Snape – justo ele – ter encontrado uma forma de colocar todos a par de seu relacionamento com Sarah.
- Ah, que doce! – Neuza quase chorava.
- Errr… bem… - Sarah agora conseguira corar mais do que a pequena Lucy – não precisa. Quer dizer, a gente já fez isso ontem e…
- Ohhhh – o som generalizado a fez ficar ainda mais desconcertada.
- Parem com isso, vocês!
- Isso! – a voz infantil e determinada surpreendeu a todos – Mamãe agora é namorada do tio Sirius! E todo mundo vai parar de zuar com eles!
Todos olharam para Aline, que estava muito séria, segurando a mão de sua mãe e de seu “tio” Sirius. Então, de repente, ela fez sua mãe ficar ainda mais constrangida, ao perguntar com jeito doce.
- Tio Sirius, quando vou poder chamar você de papai?
As risadas de todos quebraram a tensão súbita do casal, enquanto Berenice comentava:
- Você tem sorte que Murilo não está aqui para ouvir isso…
- Alguém falou meu nome? – o homem louro surgira na porta. Ninguém vira Hamilton sair para atender à campainha.
- Ah, não faltava mais nada! – Sarah exclamou, rindo, mas o amigo atalhou:
- Faltava sim! Adivinha com quem eu dividi o táxi do aeroporto até aqui?
Um homem negro, alto e forte apareceu atrás dele, e o grito das três irmãs foi instantâneo.
- Felipe!
Enquanto elas abraçavam o irmão, Murilo comentou com Sirius:
- Pronto para a batalha, amigão? Ela tem outro irmão mais velho, sabia? E ele é tão osso duro quanto o Morcegão!
- Eu ouvi isso! – Snape retrucou, mas sua expressão não era ameaçadora.

***

A tarde passou com os preparativos para a viagem do dia seguinte. Finalmente a família Laurent e Cia partiria para sua semana na praia. Partiriam antes do amanhecer, para pegar a estrada mais livre. Claro que ninguém se lembrou da possibilidade de viajarem de outra forma, a família sempre viajara de carro para praia todos aqueles anos.
Após o jantar, a família reunida novamente, Felipe perguntou:
- Quer dizer que Sarah e sua família inglesa também são bruxos? Que interessante. Eu sempre desconfiei de você, John. Quer dizer, Severus. Desculpe-me, é a força do hábito.
O médico sorrira. Ele já explicara mais cedo que, assim como Berenice, percebera seus poderes mágicos após a morte dos pais. Estava, entretanto, mais lento em seus estudos, devido aos compromissos profissionais que já assumira.
- Sim, e nós aqui preocupados com as Leis de Sigilo, e eles lá, do mesmo jeito. Mas agora, acho que não temos mais segredos, né? Seja o sobrenome, Laurent, Snape… ou Black! – Berenice piscou para o “novo” cunhado, mas Felipe levantou a sobrancelha, curioso.
- Black? Quer dizer “negro”.
- Exatamente! – Murilo ria. – A Sarah achou um jeito de ficar mais parecida com a família, pelo menos no sobrenome. Agora, é só se casar com o Sirius, e ela vai poder dizer: “Hei! Eu não sou a branca da família! Eu sou uma Black!”
- Engraçadinho… - Sarah o fuzilava com o olhar, enquanto o resto da família ria, e Berenice explicava para Sirius, mesmo estranhando a expressão preocupada que Severus exibia, fitando atentametne sua irmã gêmea:
- Hoje, isso não tem importância, mas a Sarah se ressentia disso quando estávamos na escola. Havia um pequeno grupo de atitudes racistas menos veladas, que a xingavam por pertencer a uma família negra. Éramos um pouco discriminados, mesmo que de forma velada. O preconceito aqui sempre foi uma postura mais social do que de cor da pele.
- Quando elas estavam no terceiro ano primário, o papai foi chamado à escola. Elas tinham se pintado, e professora nenhuma conseguia tirar a tinta… “Peraí”, não foi tinta, né? Foi magia! Vocês mudaram a cor da pele, para não serem mais diferentes!
- Mas algum representante do Ministério não teria visitado vocês, depois disso? – Snape perguntou, estranhando que uma manifestação de auto-transfiguração passasse despercebida.
- Acho que foram sim, eu me lembro de termos visto um homem estranho lá em casa. – Neuza comentou.- Todo mundo ficou muito assustado com essa história das duas. Agora, pensando bem… - ela pareceu se concentrar – Papai me disse algo naquele dia, o que foi mesmo? Ah, lembrei: “Quando vocês estiverem juntos um dia, todos vocês, rindo de algo inexplicável que uniu todo mundo, mas ninguém sabia, assobie bem alto”.
- Que estranho. Papai sempre foi um brincalhão, mas isso! – André comentou, balançando a cabeça.
- Experimentem! – Murilo exclamou – Ou vocês querem que eu tente?
- Não. – Felipe atalhou. – Eu lembro dele dizendo isso também. Só vai funcionar com um “Laurent”. – e, sem esperar pelos outros, levou os dedos à boca e soltou um forte assobio, que fez as crianças deixarem de lado o jogo que faziam e tampar os ouvidos.
Logo em seguida, um assobio fino parecia responder ao dele, e tanto Sarah quanto Susan e Berenice sacaram as varinhas, lançando os já rotineiros feitiços de imobilização sobre os móveis.
Berenice ralhava com o irmão:
- Pelamordasanta, nunca chame um saci sem se preparar antes, homem!
Mas o redemoinho já se formara, e logo Serelepe – não poderia ser outro – surgia no meio da sala.
- Quem me chamou? Eu estava ocupado… - ele tinha um belo pedaço de chocolate nas mãos.
- Antecipando a Páscoa? – Berê perguntou, rindo, ao que ele respondeu com um piscar malandro.
- Ah, os Laurent se reuniram! Isso quer dizer que posso contar o segredo!
- Que segredo? – várias vozes soaram ao mesmo tempo.
- De que Remy Laurent era bruxo.
- Nosso… tataravô francês?
- Sim, mas o neto dele também. Remy Antônio Laurent, o único bruxo que conseguiu tirar minha carapuça. Mas devolveu depois, claro. Por isso, eu fiquei devendo-lhe um favor.
- Sério? Por isso você reagiu estranho comigo? - Sarah perguntou. Lembrava-se do saci retrucando “outra Laurent?” quando a conhecera, e também do medo de perder a carapuça em sua cozinha.
- Isso. – ele piscava, rindo.
- Então, você pagou o favor guardando um segredo? Que segredo era esse? – Snape perguntou, sabendo que criaturas como essa tendiam a ser relutantes e evasivos.
O saci o fitou por alguns instantes, como se considerasse se ele era ou não parte da família. Depois, sentou-se o mais elegantemente possível para alguém vestindo apenas uma estranha sunga vermelha e passou a falar em um tom professoral que espantou a todos:
- O primeiro Remy Laurent casou-se com uma bruxa africana, que viera pro Brasil no mesmo navio. Os Laurent, portanto, nunca foram escravos. Seus descendentes, bruxos ou não, engajaram-se na luta pela abolição, lado a lado com os escravos alforriados e brancos que lutavam pela causa. Entre os bruxos, a luta era para estender aos elfos domésticos a mesma condição, e por isso, eles forjaram muitos inimigos, principalmente entre bruxos de sangue-puro que vieram com a Corte portuguesa e pensavam que poderiam impor aqui os mesmos preconceitos do Velho Mundo Mágico. Por isso, foram quase todos assassinados. Só sobrou um, que escondeu-se com sua família em um quilombo. Mesmo escondido, continuou ativo. Sua esposa, uma mulata que também tinha sangue ameríndio e era uma bruxa muito poderosa, era amiga íntima da Princesa. Quando a Lei Áurea foi assinada, um adendo mágico também foi. Nunca mais um elfo doméstico, mesmo os que optaram por continuar servindo a alguma família, pode ser considerado propriedade ou ser castigado. Claro, os elfos tiveram mais sorte que os escravos recém-libertos…
Sarah sorriu, ao lembrar-se dos elfos que contratara para reformar seu apartamento, mas ainda não entendia aquela história direito, nem porque o Saci falava de forma serena e séria, completamente contrária à sua natureza infantil e irresponsável. Ele parecia tão grave quanto o seu próprio irmão gêmeo.
- Por que isso tinha que ser segredo? Não entendo.
- Porque os Laurent foram alvo de poderosos bruxos das trevas. Um feitiço de inibição da magia foi lançado sobre Remy Antônio e seus descendentes, para poderem viver entre o povo sem magia de forma segura, pois seus inimigos consideravam-nos indignos por defenderem os trouxas e sangues ruins… - enquanto o Saci fazia uma pequena pausa, Snape recordava de discursos semelhantes de seus antigos “companheiros” - Seu nome foi confundido com o de famílias comuns e esquecido como um nome mágico. Mas um dia, a ameaça passaria e a profecia se cumpriria.
- Profecia? Minha mãe! Fica pior a cada momento! – Berenice exclamou.
- Que profecia, Saci? – Felipe indagou:
- Uma preta velha do quilombo. Tinha visões. E ela disse: “Quando as metades que estavam perdidas se reunirem, as verdes chamas voltarão a arder. Uma metade seguirá a outra, mas voltará e encontrará nas estrelas seu guardião, e branco será negro, e a chama da verdade fortalecerá o círculo dos viajantes para sempre.” Essa profecia.
- Meu deus!
- Que louco!
O Saci ria, olhando para as caras espantadas à sua volta.
Snape também sorriu. Agora, entendia várias conversas do velho Martinho, pontas soltas de conhecimento bruxo que escapavam sem que o homem atinasse. Claro, ele teria assimilado conhecimentos de seu avô, mesmo não revelando a magia. E o sangue ameríndio de sua avó explicava porque só depois de adultos os Laurent dessa geração tinham revelado sua magia. Tal como Ana Weasley.
Mas Murilo, demonstrando que estivera atento e analisara cada palavra do que ouvira, comentou:
- As “metades perdidas”, creio que são os dois gêmeos separados que se reencontram. As chmas verdes seria a magia da família?
- Exatamente. - O Saci completou.
- E a Sarah, que sempre chamamos de “Laurent Branca” agora é “Negra”. – André retrucou, divertido.
- A Laurent branca agora é negra? Não estou vendo a diferença… - Serelepe apontava para Sarah, piscando de forma estranha.
- Sim, Saci, ela agora é uma Black. – Sirius disse, deixando a própria Sarah espantada. – Eu sou Sirius Black, ou “Negro”, e ela é minha mulher.
- Ah!... – a exclamação se generalizou pela sala, enquanto Snape sacudia a cabeça. Quando Black aprenderia a não falar mais do que devia?

Pronto, o amasso estava solto entre os diabretes…(4)

****************

(1) Vocês pensaram que eu ia ter que mudar a classificação da fic, né? Peguei vocês! A explicação que fiquei devendo do capítulo anterior:
Eu tinha dado o nome “Sérgio” ao marido da Berê, mas de repente percebi que eram muitos nomes com “S” para uma história só… hihi…
Então, conheci esse motorista de táxi adorável e suas histórias, chamado “Hamilton Fernando”. Foi bastante inspirador, acreditem. A “Patrícia” é criação dele. Quer dizer, era a moto dele, toda preta… vixi, esqueci de perguntar a marca… E, sim, ele teve problemas uma vez com uma namorada, quando estava num barzinho com ela e os amigos chegaram e perguntaram: “Cadê a Patrícia?” e ele respondeu; “Ah, eu deixei em casa!” O que eu sei é que só depois de muito barulho e provavelmente uma cadeira na cabeça… é que ele conseguiu explicar que a tal Pat era uma moto, não uma mulher…

(2) Fic “O Paciente Inglês”, vocês lembram do Natal, né? Eduardo e seu irmão, que esqueci de dizer, chama-se Matheus, têm atualmente 12 e 11 anos respectivamente. Descobriram que eram bruxos logo após o Ano Novo, mas Neuza não contou à família. Claro que eles já estavam desconfiados, após compararem as ocorrências dos livros de Harry Potter com fatos de sua própria infãncia. E, claro, tinham certeza de que Jonh Smith não era tudo que dissera… principalmente porque não tinham engolido essa história de alta tecnologia japonesa… hihi. Crianças! Aff!

3) Vi isso em várias fics, e embora tenha ficado na dúvida sobre ser costume inglês ou americano (tem muita fic americana e eu fiquei sem como ter certeza, resolvi aproveitar a brincadeira).

(4) Pois é, será que o Sirius entornou o caldo do feijão? Hihi… E eu sempre adorei essa frase da Sra Figg (eu acho que era quase isso)

======

Gente, (achjo que só a Tina acompanha aqui, mas tudo bem...) eu vou tentar terminar ainda esse mês porque meu agosto vai ser complicado... então, perdoem as falhas que surgirem, não vai dar tempo de betar o resto)
Regina McGonagall
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Belzinha »

Ok, amiga...
Estou enroladíssima aqui... Tentei a tarde toda me "desenrolar" para fazer um comentário descente, mas tá difícil.
Mas eu não podia terminar o dia sem um comentáriozinho... Não pude te deixar a ver navios...
Unzinho, só - assim, mesmo que na corrida!
Nem preciso te dizer que eu ando suspirando pelos cantospor um certo casal anglo-brasileiro, né? kkkk
Beijos!
(Mais tarde comento direito, pode deixar).
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Bruxicca »

Olha... assim não vale viu.... nem tenho palavras para dizer que está ótima a fic... quero os dois juntos viu?...

Beijos
Bruxicca
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Tina Granger »

por um momento, eu tambem pensei que Patricia fosse, sei la quem... mas depois... guria, eu juro que se nao tivesse sentada, estaria rindo junto com a cara que a Serena fez.... no chao!

Homens! Humf! acho que o Sirius vai receber o premio da Rita, pela lingua, por que venhamos e convenhamos... tá merecendo!
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

mais fics? olhe no fanfiction.net...

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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by julie granger »

Ola regina,Bom comecei a ler o segredo de sonserina da belzinha e me apaixonei depois logico comecei o segredo de corvinal amei pena que ela ainda não acabou e como ela sempre cita a sua fic tbm vim dar uma olhada e nossa tbm me apaixoneii ter o meu amado sirius de volta é muito bom! já quando estava lendo um dos ultimo capitulo da belzinha e o sirius voltou do vel com a a juda da serenna eu já imaginava alguma coisa e depois de ler tudo isso tenho ctz! mas vc é realemnte má viu!tadinho do black depois de 12 anos sofrendo vc o faz sofrer mais! poxa x/ mas esse namoro tah ajudando eu a te perdoar!
bom concerteza irei ler o paciente ingles um e o dois e a fic da sally tbm.
posta logoo viu!
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

Eu tinha prometido à Tina postar na quarta, mas as atribuições (e atribulações) do Ministério estouraram meu tempo on...
Ontem, minha net não abriu nem por decreto... mas hoje ainda tá em tempo, né? O fim de semana tá aí... :mrgreen:


==========================================

O Olho que me vê

O impacto das revelações de Serelepe atingira os Laurent em diversas graduações, mas os mais jovens não pareciam ter se espantado. Leo e Aline reagiam como se já soubessem de tudo, afinal, tinham flagrado sua tia Berenice fazendo magia praticamente na primeira visita a sua casa, e depois disso, apesar de terem mantido o segredo tanto de um lado quanto de outro da família, haviam se divertido tentando acertar o momento em que “a bomba explodiria”. Para os alunos de Hogwarts, não fizera diferença descobrir que os parentes brasileiros de sua tutora eram bruxos. Isso apenas facilitaria as relações daqui por diante, não precisariam mais ter cuidado com o que falar, pelo menos dentro de casa, e isso os aliviara de um peso.
Já os dois Laurent mais novos... Bem, Eduardo e Mateus não pareciam muito preocupados com isso. A mudança de status, de nascidos-trouxa para descendentes de uma antiga família bruxa, era para eles mero detalhe.
O que lhes interessava mais era saber como sua tia adotiva era duplamente portadora de sobrenomes tão famosos e inquietantes.

Saber que o homem que conheceram naquele Natal como um dos “casos perdidods da tia Sarah”, um paciente desmemoriado e esquisito, era na verdade o professor mais temido de Hogwarts, não os espantara – claro, eles não tinham engolido aquela história de “sósia” e seu presente de Natal não ajudara nisso, nem engoliram a desculpa de “tecnologia japonesa” pras peças se mexerem sozinhas. O choque foi, depois de lerem o Livro 7 – (sim, eles ainda tinham seus amigos trouxas e, claro, pegaram o livro com eles nas últimas férias) – saber que ele estava vivo e voltara a dar aulas em Hogwarts como antes. E saber que ele era irmão de sua tia, gêmeo ainda por cima, bem... isso já foi outra história.
Além de estar bem vivo – onde será que a J.K. perdeu o fio da história? - ele era seu parente! Indireto, é verdade, mas ainda assim, agora ele era o “Tio Snape”. Não, os dois não se arriscariam a mais do que isso. O “Tio Sev” de Aline e Leo era demais para os dois jovens, mesmo que pessoalmente e em cores, principalmente sem aquelas vestes negras esvoaçando depois dele como viam nos filmes, Severus Snape fosse muito diferente do que a autora inglesa retratara. Embora sarcástico às vezes e não estimulasse brincadeiras, principalmente na sala de aula, como Alan e os outros garantiram e eles puderam comprovar em uma aula com ele naquela semana, Severus Snape era um homem atencioso, tranqüilo e até sorridente no seio da família. Claro, ficava meio tenso ao lado de Sirius Black. E aí estava o outro X da questão: peraí, o padrinho de Harry Potter não estava morto? Então, o que ele estava fazendo sentado ali, dizendo ser o marido de sua tia?
Alguém tinha muito que explicar...

Mas o clima na sala ficara meio estranho, logo depois que Serelepe fizera algumas arruaças, catara parte do lanche na mesa e sumira num redemoinho assobiante, por isso, Eduardo comandou os jovens e crianças numa saída estratégica para seu próprio espaço: a sala de estudo de sua tia, o lugar favorito de ambos os garotos, afinal, era onde estava o computador, além de todos os livros de seus tios.
E foi lá que Alan satisfez a curiosidade dos dois, explicando resumidamente toda a história: como Sarah chegara em Londres para o casamentode André e descobrira ser a irmã desaparecida de Snape, como passara a administrar o Lar de Elizabeth enquanto estudava magia com Remus Lupin – outro que estava bem vivo, sim, senhor – e de como se aliara à nata da Ordem da Fênix para libertar Sirius Black do véu da morte, realizando um juramento de sangue equivalente a um voto de casamento mágico, que os tornara ligados um ao outro para sempre, mesmo que ela desconhecesse esse fato. E também falara do acidente, de sua amnésia seletiva, e da vinda para o Brasil como uma forma de se recuperar totalmente.

Enquanto isso, na sala, os adultos tinham uma conversa um pouco mais difícil...

Berenice e Neuza observaram preocupadas sua irmã dar uma desculpa sobre ir arrumar a bagunça da cozinha, seguida por Susan que gentilmente se ofereceu pra ajudar sem aceitar qualquer negativa da cunhada. Só então, elas indagaram como ela poderia estar casada sem ter conhecimento disso.
- Mas ela sabe! Quer dizer, sabia. – André retrucou, confuso e entristecido.
- Então – Neuza questionou, olhando diretamente para Sirius – ela esqueceu você e... todo o resto, por causa de um feitiço de uma maluca e ninguém fez nada a respeito?
Sirius abriu a boca, mas não conseguiu falar. Snape tomou-lhe a palavra, explicando com sua calma habitual:
- Na verdade, os curandeiros do St Mungus fizeram todo o possível. A situação atual é um efeito residual que a vinda para cá poderia ajudar a dissipar. A vinda de Black não estava prevista, mas admito que eu assumi o risco de que sua presença ajudaria a desbloquear lentamente o que ainda estava preso em seu subconsciente, mas sua ação impensada de agora a pouco pode ter posto tudo a perder.
- Eu não diria isso. – Murilo exclamou – Vocês estão vendo o problema de dentro, envolvidos emocionalmente, mas não perceberam que a Sarah já está diferente de quando chegou? Está mais segura, e não fica inibida ao lado dele como ficava nos primeiros dias, ou vocês não notaram? Aliás, “Cachorrão”, parece que ontem rolou alguma coisa que eu ainda não sei... Aquela brincadeira sobre “anéis de compromisso” que eu ouvi de manhã...
- Nós nos acertamos ontem. – Sirius confessou, um sorriso orgulhoso que sumiu de seu rosto assim que fitou Snape – Quer dizer, nós conversamos e resolvemos ficar juntos. Ela já lembra algumas coisas sim, e admitiu que gosta de mim. Estamos...”começando de novo”. Eu confesso que baixei a guarda, pensando que estava tudo certo, e peço desculpas. Se o que eu disse a abalou tanto que ela vai preferir esquecer de novo, eu não sei o que vou fazer.
Berenice teve pena de seu cunhado recém-descoberto. Sentou-se ao seu lado e apertou-lhe a mão, num gesto de encorajamento.
- A Sarah vai superar isso. Dê um tempo a ela. – sussurrou.
- É o que tenho feito, desde que saí do véu, por suas mãos. Não tenho feito outra coisa senão esperar por ela.
- Uau! – Murilo assobiou – Cara, nunca vi um cara assim de quatro por uma mulher! E olha que você nem está na sua outra forma!
- O que você quer dizer? – Neuza perguntou, enquanto Sirius fitava o amigo, chocado com sua observação.
- Vocês não sabem? Ele é um animago, se transforma em um cão!
- É mesmo! Lembrei agora de quem você é! – Berenice bateu palmas. – Bem que achei o nome familiar, mas o impacto de saber que nosso John aqui era o famoso Professor Snape – ela sorriu para o homem ao outro lado, que fez um movimentode cabeça como se aceitasse o cumprimento com reservas – me distraiu da conversa, aquele dia na cozinha. Então foi isso! A Sarah sabe, né? Que você é um animago.
- Não. Quer dizer, não se lembra. – Sirius respondeu, sério.
- Mas vocês já viveram algum momento em que você estava na forma animga... Era de você que ela falava ao se lembrar de coçar as orelhas de um grande cão, sentir o cheiro de seu pelo...
- Quando foi isso? – o tom ameaçador de Snape divertiu Berenice, que respondeu prontamente:
- Quando ela cheirou minha versão experimental de “Amortencia”.
- Não. Eu quero saber quando ela viu o Black em sua forma animaga.
- Nada demais, Snape. Foi quando visitamos os Thompsons. O garoto é um animago nato, e o pai não queria aceitar o fato. Ver um adulto se transformando à sua frente ajudou um pouco no processo. – Sirius tinha um sorriso divertido, ao lembrar-se do espanto do homem.
- Ah, os seus parentes novos? – Snape lembrou-se do ocorrido, que fora justamente na véspera do acidente da Sarah, pois a notícia se espalhara como labaredas de um fogo Weasley sobre o lago de Hogwarts.
- Sim. Foi no dia anterior ao... ataque. Por isso, ver que ela se lembrava de alguma coisa me deu esperança de que isso ia acabar logo.
- Bem. – Hamilton se manifestou pela primeira vez – Fico contente em saber que terei um companheiro pra correr por aí um dia desses, mas acho que devemos nos recolher, se quisermos mesmo chegar ainda cedo naquela praia amanhã.
Todos concordaram, e Neuza se encarregou de ir chamar os garotos pra cama. Em poucos minutos, a sala estava silenciosa. Apenas os dois ingleses permaneceram para trás.
- Você pensa mesmo que pus tudo a perder, não é? – Sirius perguntou num sussurro.
- Na verdade, não. Creio que agora é uma questão de dias... ou noites. Bem, boa noite, Black.
- Boa noite, Snape.
Cada um foi para seu respectivo quarto. Berenice e Hamilton tinham realmente uma casa apropriada pra uma família grande com muitos hóspedes, o sonho que cada um dos Laurent sempre acalentara.

***

Enquanto essa conversa ocorria, Sarah ajeitara a cozinha com a ajuda de Susan e depois se desculpara com a cunhada, dizendo-se muito cansada. Por isso, Susan retornara à sala, sentando-se silenciosamente ao lado do marido e sorrindo-lhe tranqüilizadora no meio da conversa, gesto anotado apenas por Snape, sempre atento em seu modo espião ainda presente.

Completamente indiferente, embora não ignorante, às duas conversas sobre ela mesma, Sarah fora para a varanda da frente, ao invés de se recolher em seu quarto. Agora que conhecia a história da família, muita coisa fazia sentido. A profecia assinalara sua presença entre os Laurent, provavelmente não fora obra do acaso ser achada num incêndio provocado por magia, justamente por um bombeiro que tinha sua própria magia latente. Já percebera também que sua magia ajudara veladamente em sua profissão, isso era sempre sugerido em tom de brincadeira, de que só poderia ser por magia que ela achasse tantas pessoas, localizasse a família de qualquer um, por mais difícil que parecesse, como se tivesse feito um feitiço de localização. E quando encontrara seu irmão gêmeo, o processo se acelerara, tanto pra ela, quanto para os Laurent. Enquanto seus irmãos e sobrinhos despertavam para a magia, ela fora para a Inglaterra, e lá também aprendera a canalizar os poderes recém-descobertos por uma varinha.
Poderes que agora sentia estarem mais fortes, mais vibrantes, à flor da pele, principalmente por causa daquele homem: Sirius Black.
Ainda não absorvera a informação que caíra na sala como uma bomba. Como podia ser casada com ele e não se lembrar? Sua testa ardia com o esforço de entender tudo, e pela primeira vez percebeu que era só quando tentava definir algo a respeito dele, que a dor chegava. Mas, pela primeira vez, percebia: não era mais latejante, como se um punhal fino lhe atravessasse o crânio. Estava mais suave, embora ainda persistente. Bom sinal? Talvez.
Mas não pensaria nisso agora, decidiu-se. Observando a calma da noite, a visão privilegiada do céu estrelado, visto que à volta não havia o impedimento das luzes fortes da cidade lá embaixo, ela lembrou-se do velho Martinho Laurent, apontando-lhe as estrelas e dizendo o nome da cada uma. E daquela que apontara como sendo sua própria estrela:

- Está vendo? É Aldebaran, alfa de Touro.
- O guardião da porta oriental do céu, eu sei, pai. – ela rira.
- Não. Não é só isso. Esta estrela sou eu. Pense nisso, quando chegar o dia em que estivermos longe um do outro. Será meu olho sobre você, onde quer que você vá, e você poderá olhar para ela e saber que pode contar com seu velho pai, mesmo que eu não...
- Pai, não fale bobagem! Você sempre estará ao meu lado! – ela se rebelara à idéia de perdê-lo.
- Claro que sim, mas não será sempre do mesmo jeito. Um dia todos partimos. Mas isso não é motivo de tristeza e sim de esperança. – ele sorriu ao ver sua expressão triste e disse – Um amigo meu costuma dizer que a morte é só o começo da nossa próxima aventura. Eu acredito nisso e sei também que, onde quer que seja isso, Aldebaran será meu olho sobre você, minha menina.


A lembrança trouxe lágrimas aos seus olhos, mas força ao seu coração. De algum lugar nebuloso veio a lembrança de seus pais, falando algo sobre ainda estarem ao seu lado...
O violão de Murilo ficara sobre uma cadeira da varanda, e vendo-o, Sarah arriscou-se a tocar um pouco, como forma de extravasar toda a tristeza, saudade e confusão que sentia.
Logo, sua voz suave ecoava mansamente,sob o acompanhamento do dedilhar tranqüilo, e chegava aos ouvidos de mais de uma pessoa dentro da casa que já estava quase totalmente silenciosa.

- Bem sozinho de manhã, fico pensando a boa forma de viver.
Não me assusto, não me acanho, tenho sempre um ganho se eu sei aprender
A constelação taurina tem um olho que me vê. Olho manso de “menino”, olho claro que me quer.
Eu não canto atrás de outra coisa que me valha menos que viver.
Não me assusto não me acanho, eu já fiz meu banho de erva boa e sã.
Lá no céu distante e belo brilha a estrela que só eu vi de manhã.
olho manso de “menino”, minha estrela Aldebaran.
(1)

Sua voz morreu mansamente, enquanto uma lágrima solitária corria por sua face.
Ela deixou o violão cuidadosamente na cadeira, alisando-lhe as cordas num gesto agradecido pelo conforto que ele lhe oferecera, e entrou em casa, pronta pra dormir e se preparar para as surpresas do novo dia.

No céu, uma estrela brilhava intensamente, mas não era Aldebaran.
No quarto cuja janela semi-aberta dava para a varanda, um par de olhos claros fitava o céu, pensativo.
Sarah ainda não se dera conta, mas uma nova estrela, e seu correspondente na Terra, velavam também por ela e fariam isso para sempre: um novo Olho que a via e acompanhava seus passos, com amor e cuidado. Sirius, Alfa de Cão Maior.



***********

(1) – Aldebaran – música do mineiro Celso Adolfo, que inspirou a criação do Murilo. Claro, as aspas mostram onde alterei a letra. No original: Olho manso de “menina” (espero que ao autor não se importe)

============

Como virei “leite integral"... não tenho mais msn no trampo, então, tô sentindo uma falta lascada da Belzinha, mas o que ficar muito crítico vou mandar pra ela primeiro (esse não mandei porque quis resolver logo, desculpe, amiga)
Como copiei do FeB pra cá e tive que acertar as formatações, achei uns errinhos de digitação e tô correndo pra corrigir lá também...

se eu achar um video da música, posto pra vocês.

E, Julie, obrigada pelo seu coment, que bom ver gente nova acompanhando. O Paciente Inglês é o início da "saga", ou seja, o Snape caindo no Brasil e achando a irmã gêmea. O Paciente II é um acerto de informações, para contar como foi a adoção do Alan Patrick (homenagem ao Alan Rickman, lógico) pelo Snape.

Agora, essa fic era pra ser uma short, e bem diferente (era Draco/Serenna quando escrevi o primeiro capítulo, acredita? se a Belzinha ainda tiver o arquivo, vou postar no final como bônus tipo "o que poderia ter sido"... hihi)
Mudei de idéia (ainda bem :lol: ) e ela foi ficando essa gigante...

Este é o penúltimo capítulo "oficial", mas não fiquem tristes, teremos pelo menos 2 capítulos de bônus antes do "epílogo".
Até breve.
Regina McGonagall
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by julie granger »

MARAVILHOSOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
SIMPLISMENTE AMEI ESSE CAPITULO!!
pena que já tah acabando ainda nem deu tempo de eu ficar imaginando o que vai acontecer!
mas muitooooooooooooooo boa!
to escrevendo uma sobre os marotos! mas ainda não tem nem um capitulo direito! mas tem muittas idéias na cachola!

;))
bjão e ve se posta logoo! e já que a belzinha tbm vai passar por aqui vai meu apelo!!
BELZINHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA PELA AMOR DE MERLIM!! POSTAAAAA LOGO! TO AGUNIADAAAAAAAAAA!
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Tina Granger »

DRACO SERENA? #-o #-o #-o IA SER PROBLEMATICO... que bom q vc decidiu alterar a ideia original [-o< senhor obrigada, obrigada... [-o<
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mais fics? olhe no fanfiction.net...

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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by julie granger »

meu utimo apelo de nada valeu x// vc ainda não postou muito menos a belzinha

bom regina como vc deve ter visto comecei a fic O MAPA DO MAROTO mas meu senhor as idéias se desvaiem quando sento no pc pra escrever!

mas okay okay espero poder termina-la! nem que ela seja muuuuiiitoo ruim! mas tudo que começa tem que termina! e não uma grifinória de deixar coisas pela metade!

hehehe!

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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Nany*Potter »

Regina antes eu gosta fo sirius agora estou completamente apaixonada pelo Sirius descrito por vc! ai *suspiros*
Sem contar que a serena e uma amor, conquista qualquer coração, principalmente deste lindo maroto...
sua fic esta linda, ela tem uma magia que faz com que nos meros leitores se prendão ah ele, so desgrundando quando não temos mais o que ler, e somos obrigados a passar dias a esperar por você, parabéns pela fic...!!!

Agora deixo aqui um apelo

Posta por favor , posta , diz que sim vai * momento chaves on*

fui
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

Gente, brigadim, fico muito muito feliz com os coments aqui.

seguinte: tô meio enrolada, eu sei. o capítulo tá quase pronto, mas meu tempo na net tá pequeno.
e não quero postá-lo sem a belzinha dar uma olhadinha desta vez, tô alterando umas partes que achem muito toscas e quero o verdito dela.
mas, semana que vem, sem falta, tá postado, juramento bruxo. :mrgreen:
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by julie granger »

poxa reginaaaaaaaaa como vc é máaaaaaa!
to loukinhaa pra saber o que anda acontecendo!!! vc e a belzinha tão sumidass de mais! vou até votrar no grim 2008- na categoria mais sumido ! hehehe bjusss
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

Vamos a la praia

Num instante, ele corria pela Floresta Proibida, com toda a velocidade que podia. Precisava alcançá-la antes que Aluado o fizesse. Aquela estranha menina precisava ser salva! Pontas corria ao seu lado, ou melhor saltava com suas pernas ágeis, mas Almofadinhas, não tinha o ar de diversão de sempre. Estava mesmo preocupado com aquela menina, que nem ao menos sabia quem era. Só sabia que precisava protegê-la de Aluado.

Com um último salto colossal, ele pulou à frente do amigo. Pontas também deu um último impulso, sua galhada pronta a mandar Aluado para trás se fosse preciso. E Almofadinhas parou, ofegante, fitando a garota que tremia, encostada a uma árvore. Ela estava com medo, claro. Ele tentou aproximar-se, farejando seu cheiro de forma amistosa, mas a menina não reconheceu seu gesto. Pelo contrário, pareceu ainda mais assustada e... gritou. Gritou, e sumiu em seguida, como se a árvore às suas costas a tivesse engolido. Ou então, aparatara. Mas Almofadinhas tinha certeza de que uma criança não poderia aparatar, ou poderia? Em situação de perigo iminente, ela teria tido força mágica suficiente para isso? Então, não era uma trouxa perdida na floresta como ele pensara a princípio... Ou então, tudo aquilo não passava de um sonho...

Sim, um sonho. Era o sonho que ele costumava ter. Mas agora, algo estava diferente e Almofadinahs não conseguia entender. Seus amigos também haviam sumido e havia um cheiro diferente...

Ele ergueu seu focinho, farejando o ar freneticamente, e percebeu que o cheiro trazia também uma sensação de calor. Não o calor de um incêndio. Não, a floresta não estava queimando. Permanecia sombria e fria como sempre fora.Então, ele fechou os olhos, como se dessa forma pudesse sentir melhor. Aquele calor era... acolhedor, envolvendo-o como um cobertor macio, e tinha um aroma tão gostoso! Como se o chamasse...de algum lugar muito longe...

E, no instante seguinte, Almofadinhas abriu os olhos... e acordou.


O quarto ainda estava escuro, mas Sirius sentiu-se completamente desperto. O cheiro forte e caloroso que sentira em seu sonho ainda estava lá, envolvendo-o. Sentiu então uima vontade imperiosa de se levantar, o que fez de um salto. E, por um momento, esqueceu-se de que não estava na forma de cão, quase caindo de quatro. Mas recompôs-se rapidamente e saiu do quarto, seguindo o cheiro e a onda estranha de calor. Seria um feitiço? Conhecia aquele cheiro, mas algo não estava certo.
Passou pela porta do quarto ocupado pelos garotos e notou que eles também já estavam acordados. Conversavam enquanto se vestiam, como todos os garotos.
- Ah, eu não entendo como eles sempre vencem os cavaleiros de prata. Se eles são apenas cavaleiros de bronze, por que são tão fortes?
- Porque protegem Athena de verdade, por isso. Ela é que os faz fortes.

Sirius franziu a testa. De que falavam? Mas seguiu em frente, logo chegando à cozinha e se surpreendendo com a agitação que encontrou.
Nem os duendes na cozinha de Hogwarts fariam tanta coisa ao mesmo tempo, constatou divertido.
Das cinco mulheres na cozinha, apenas duas – Susan e Lucy – pareciam calmas e simplesmente levavam coisas de um lugar para o outro, sob as ordens de um das outras três. Claro, as três irmãs Laurent falavam, riam, cozinhavam, embalavam, cantarolavam... por Merlim, o que mais elas faziam?
Mas Sirius identificou rapidamente o cheiro agradável que o fizera se levantar: café. Como não percebera antes? Era café, um aroma rico e quente. Sim, quente. O calor que sentira, acolhendo-o, envolvendo-o num misto de alegria e aconchego era café!
Ao vê-lo aspirar com satisfação, Neuza sorriu:
- Vejo que você também acordou com o cheiro do meu café. Fico feliz por isso.
- Eu disse a você que estava cheirando como o que a mamãe fazia! – Bere sorria para a irmã, que sorriu de volta, meio encabulada com o que pareceu ser um elogio.
Hamilton indagou pra cunhada, bem humorado.
- Tem certeza de que não é mesmo bruxa, Neuzinha? O cheiro desse café parecia um “Imperius”! Não é mesmo, Sirius? – o homem negro piscava de forma divertida. Enquanto as três irmãs se fitavam, confusas.
- Sério? – Neuza conseguiu perguntar, finalmente. – Eu apenas fiz o café como mamãe fazia e...
- E cantarolava a mesma ladainha que ela. – Sarah comentou, e olhando em volta para a cozinha já cheia, completou, rindo: - Bem, pelo visto, apenas um trouxa “casca de jacaré” continua imune ao café enfeitiçado das Laurent. Alguém pode ir chamar o Murilo, por favor?
- Não precisa, não precisa, já estou aqui, sua chata! O Sirius me acordou. O que era aquilo, minha nossa! Já vi gente falando enquanto dorme, mas latindo, foi aprimeira vez!
- Eu não... – Sirius começou a dizer, mas Sarah o interrompeu. Algo a incomodara na afirmação do amigo.
- Não temos tempo para gracinhas, Murilo. Se quisermos chegar a tempo de pegar uma prainha, temos que por o pé na estrada rápido.
- Isso é música para os meus ouvidos!
- Com certeza! – Sarah retrucou.
- Eu sei essa! – Leo afirmou, começando a cantar uma música, provavelmente tirada de um filme, (1) e todos começaram a falar e rir ao mesmo tempo.
Mas Berenice pôs ordem na bagunça, distribuindo xícaras, pratos e talheres rapidamente.
Sarah e Neuza também passavam alimentos para todos, e logo, a conversa cessava. Bem... por algum tempo, porque Hamilton ficara cismado com a história do “café enfeitiçado das Laurent”.
- Eu deixo vocês lá e volto aparatando. Então, farei umas pesquisas. Estou achando muito estranho isso. Neuza, você também é bruxa, tenho certeza! Talvez por ser a mais velha, o bloqueio tenha agido com mais força. Mas esse seu café estava sim, enfeitiçado. Não conheci sua mãe, sobre ela não posso dizer. Talvez também tivesse sangue de bruxos ameríndios, nenhum de nós deixa de ser mestiço nessa terra, por mais que isso doa a alguns falsos aristocratas!
- Você diz mestiço com tranqüilidade. Na Inglaterra, isso é um problema. – Snape comentou.
- Bem, o povo brasileiro é todo mestiço, não há como negar. Hoje, isso não é tão complicado, como já foi no passado. Aqui em Minas, por exemplo, apesar de praticamente toda a população ter sangue negro nas veias, na época da exploração do ouro, as aparências tinham que ser mantidas. Se um homem fosse chamado de mulato por outro no meio da rua, tinha o direito de puxar sua arma para defender sua honra. Os ricos, os privilegiados, eram poucos, mas todos tentavam viver ostentando poder e riqueza, principalmente se fossem funcionários da Coroa. Pelo que eu sei, os bruxos que vieram da Europa pra cá também traziam um grande preconceito, e para eles, confundi-los com trouxas ou bruxos nascidos aqui era uma injúria respondida com um feitiço mortal. Até hoje, temos condomínios de famílias bruxas de sangue-puro, onde nem trouxas nem mestiços entram. Ainda bem que são minoria, esses radicais do preconceito.
- Nossa. Nunca pensei nisso. Os bruxos que encontrei até agora são tão acessíveis! – Sarah comentou. - E tem os duendes também.
- Ah, mas você notou que alguns são bem arrogantes, não? Duendes que vêm de linhagens antigas também são muito seguros de sua importância... – Hamilton balançava a cabeça.
- Meu Deus, que papo sério e ainda é de madrugada! – Murilo retrucou. – Se fôssemos monges beneditinos...seriam as “matinas” ainda...
- Nem me lembre daquele livro! – Sarah retrucou, - Que história terrível!
- Terrível, nada. Era até divertido! O lance do Brunello, por exemplo...
- Murilo, sua idéia de diversão é um espanto pra qualquer um! – Felipe o cortou, rindo e socando-lhe o ombro levemente. (2)

Todos se concentraram no café, enquanto os garotos começavam a perguntar por Harry Potter e seus amigos para Alan e Sirius. Em dado momento, o assunto passou a ser a participação de Snape na guerra, um dos garotos brasileiros comentando que havia muitas dúvidas ntre os fãs antes do último livro sair, sobre ele ser um herói e não um traidor – claro, endereçando ao próprio, ali bem à sua frente, um olhar tímido de desculpas.
- Mas até a JK admitiu isso no final! – Sarah retrucou em voz alta – Se bem que não gostei daquela história de “look at me” e depois morrer...
- Você também leu, tia Sarah? – era Matheus quem perguntava.
- Ops, assunto encerrado! – Snape interferiu. – Não é porque estamos no Brasil que vamos conversar abertamente sobre os livros dessa maluca que resolveu revelar o mundo bruxo para os trouxas. Na Inglaterra, um bruxo não consegue nem chegar perto de um dos livros...
- Mas eu pensei que foi sob as ordens de Dumbledore! Ana me disse que... – Sarah investiu novamente.
- Pois é, outro maluco. Albus não sabia o que estava fazendo. Por causa disso, os nascidos trouxas e mestiços precisam de um feitiço adicional para ir a Hogwarts, e os nossos filhos correm perigo.
- Mesmo? – Sarah o fitava, sombrancelha erguida, tornando-se mais parecida com ele para os que estavam à sua volta.
- Você não sabe... como seu pai diria, se me lembro bem, “da missa a metade”! – Snape respondeu em tom evasivo.
- Bem, que tal deixarmos de confusão e sair logo? Vocês querem ou não passar uma semana na praia, antes que cheguem as “águas”? – Berenice retrucou, mudando o assunto.
- Águas? – Sirius indagou, curioso.
- “As águas de março fechando o verão”. – Murilo respondeu, usando uma música como de hábito.

****

Claro, quando todos começaram a tomar seus lugares, Sarah e suas irmãs já tinham cuidado de praticamente toda a bagagem, que agora estava bem guardada na van que os levaria para a casa de praia dos Laurent no litoral fluminense.
- Eu disse a vocês, elas são as “meninas superpoderosas”! Olha só! Rapidinho “tá” tudo aí, e mamãe nem tem varinha! – Eduardo ria, falando para o irmão e os primos.
- Quem são essas? – Lucy perguntou, intrigada.
- Lindinha, Florzinha e Docinho, olha só. Estão até de uniforme! – Matheus apontava para Berenice, Neuza e Sarah, que curiosamente vestiam-se com as cores das personagens.
- Tia Sarah é a Docinho mesmo, com certeza! – Eduardo comentou. – Já viram quando fica brava, né? Quem segura?
- Parem de onda e venham logo pra dentro, ou não partimos nunca! – Sarah já vinha tocando cada um pelo ombro, direcionando-os para dentro da van.
- Estão vendo? É a Docinho “escrita”! Tio Sirius, tenho até dó “docê” – o garoto riu, sendo acompanhado por uma gostosa gargalhada de Murilo, enquanto Sirius não entendia nada e Sarah fingia não ser com ela.

Muitas brincadeiras, conversas, canções, paisagens rurais e cidades depois, enfim, chegaram.
A casa em uma rua sem calçamento, em que as rodas do carro quase afundavam na areia, aparentava ser pequena, sua fachada simples com uma varanda circulando, as janelas e as pilastras de madeira pintadas de azul claro, as paredes brancas. O muro baixo na frente e a ausência de portão denotavam desapego e o sossego do pequeno vilarejo de pescadores.
Sirius reparou logo que as casas próximas, algumas de estrutura semelhante, outras mais “decoradas”, estavam todas fechadas, apesar da manhã já estar adiantada. Felipe acompanhou seu olhar e explicou:
- Nessa parte da praia, a maioria das casas é de veraneio, como a nossa. Aqui ou ali você vê moradores fixos, mas a maioria mora mais pra frente. De quinta feira em diante, que é o feriado pra valer aqui, teremos mais alguns vizinhos com certeza.
O bruxo concordou, agradecendo a explicação, e seguiu os outros para dentro. O que ele notou no primeiro instante foi que a simplicidade de fora era também a marca dentro da casa, mas que o espaço enganava bem, e não era por ter sido ampliado magicamente.
A sala era ampla e clara, e por um vão sem porta via-se a cozinha, onde as irmãs Laurent já se movimentavam como abelhas numa colméia. No lado oposto, outro vão mostrava um corredor cheio de portas: os quartos e o banheiro.
Enquanto Hamilton mostrava a casa aos cunhados, os meninos achavam por si mesmos seus lugares e já voltavam dos quartos de roupa trocada, ou seja, usando apenas bermudas e camisetas, sandálias de borracha e bonés.
Ao passarem pela cozinha, em bloco, para se despedirem de mães e tias, foram logo alertados sobre protetor solar e outras coisas com as quais mães se preocupam por mais simples que seja o passeio...
Saíram dizendo que estava tudo certo, rindo despreocupados. Murilo e André logo perceberam que eram deixados para trás e trataram de se preparar, seguindo os garotos em questão de segundos.
- Vocês não vêm? – Murilo indagou para os outros.
- Daqui a pouco. Tome conta das crianças, ou melhor... peça aos meninos para tomarem conta de você. – Felipe retrucou.
- Certo, combinado. Tchau.
E lá se foi ele, rindo e correndo atrás de André, que já alcançara o grupo dos sobrinhos.
Lucy permanecera com Susan e Aline, porque Susan se preocupara em ajudar às cunhadas, que logo a mandaram ir se divertir.
- Aline, pegue o protetor solar em minha bolsa. Susan e Lucy vão precisar, são muito clarinhas. E não deixe de passar também, certo? E Susan, veja se Peter e Alan passaram também, eles não sabem como é o sol aqui, se não usarem ficarão vermelhos rapidinho...
O tom levemente autoritário de Sarah não incomodou a Susan, mas fez os homens na sala sorrirem. Snape comentou com os outros que ela entrara de novo no modo “Molly Weasley”.
- Eu ouvi isso! – ela gritou da cozinha, fazendo todos caírem na risada, enquanto sua irmã perguntava quem era Molly e ela explicava, dizendo por fim que consideraria a observação do irmão como um elogio.
- Sem dúvida! – ele retrucara, sarcástico, fazendo-a encará-lo de lá com expressão cerrada.
- Acho que ninguém vai acreditar se eu contar que Snape faz piadinhas caseiras com o nome da Sra Weasley... – Sirius gracejou.
- Não se atreva, Black! – Snape respondeu, ameaçador e, por um segundo, o clima entre eles esteve tenso.
Mas Felipe o quebrou imediatemente, perguntando a Snape se ainda se lembrava de como jogar futebol, ao que ele respondeu que poderia até se arriscar, mais tarde.
- Hei! Porque vocês homens não somem um pouco também? Vamos só acabar de ajeitar as coisas na geladeira e alcançamos vocês na praia. Ainda dá pra aproveitar um pouco antes do almoço.
Eles não tiveram outra saída. Logo, os quatro também haviam se trocado. Embora Sirius ainda não se sentisse inteiramente à vontade com apenas bermuda e camiseta, o fato de Snape ter se despojado rapidamente de suas vestes bruxas e também se vestido como os outros foi para ele um desafio: “Se o Ranhoso pode, eu também posso.”

****

O mar ali era tranquilo, embora não fosse o mais bonito que Sirius já pudera apreciar. Claro, era mais claro, nada parecido com o mar do Norte que ele atravessara a nado como cachorro, de águas frias e sombrias.
Um banco de areia se estendia em uma longa faixa para dentro do mar, e a praia não tinha muitos atrativos, além de alguns quiosques de madeira e palha de coqueiro.
Mesmo assim, sob um céu de azul brilhante e claro, era um lugar agradável. Por ser domingo, havia mais pessoas – moradores da cidade próxima que não possuía praia e hóspedes de uma colônia de férias que ficava a algumas quadras, Hamilton explicou. Sirius logo descobriu como distingui-los dos moradores locais, que não traziam bolsas, sacolas ou qualquer outro aparato e eram na maioria crianças, com exceção de alguns vendedores de petiscos ou bugigangas.
Apesar do convite de Felipe, tanto ele quanto Snape ficaram fora do jogo de bola que os outros faziam, agora compartilhados pelos mais jovens.
Susan e Lucy caminhavam pela praia, acompanhando Aline e Leonardo numa caça a conchinhas, e os dois ingleses preferiram permanecer à sombra de um dos quiosques, observando a todos. Um estranho momento de sintonia do qual não se deram conta, até que a voz de Berenice lhes chamou a atenção.
- Sarah, veja só! Os dois estão com medo do sol, não acredito!
Ambos olharam para trás, vendo as três irmãs se aproximando, risonhas. No meio das duas irmãs, Sarah pareceu quase fora do lugar, afinal, parecia não ter se importado com a aparência, ao contrário das outras. Berenice vestia uma espécie de bata de crochê branco, que realçava ainda mais sua pele cor de chocolate e os adornos grandes de madeira que usava. Neuza vestia uma caftan de algodão colorido, em estilo bem africano que lembrou a Sirius de seu amigo Quim Schakebolt. Mas Sarah... bem, ela apenas vestira sobre o biquini uma grande camiseta que poderia pertencer a qualquer um de seus irmãos, e usava um chapéu de palha todo desfiado nas bordas.
Enquanto elas conversavam entre si, Sirius a admirava em silêncio, sem perceber que Snape media as reações de ambos, de onde estava, atento a qualquer gesto.
Claro, só o antigo espião percebeu a manobra de sua irmã, chegando a ele primeiro, estendendo-lhe um vidro de protetor solar e mandando ir nadar um pouco.
- Não me diga que esqueceu, desde a última vez que esteve aqui, seu enrolado! – ela lhe sorria.
- Mas não sou eu quem precisa de sua ajuda. Acho melhor você tratar de seu convidado! - ele lhe retrucara mentalmente, enquanto piscava um olho.
Sarah lhe fez uma careta, mas resolveu deixar de lado o medo bobo. Afinal, eles não haviam se tornado “namorados”, aquela noite na varanda? Só porque agora sabia que eram casados, mesmo não entendendo ou recordando as circunstâncias – o que lhe provovou a costumeira fincada na testa e a confirmação de sua suspeita anterior: isso acontecia sempre que ela tentava se lembrar dele com clareza.
- Sarah, você está bem? Está sentindo dor de cabeça? – Neuza perguntava, já acenando para Felipe, que era o médico da família, afinal.
- Claro, Neuzinha, etá tudo certo, foi só uma fincada. Nada sério. – ela sorriu para a irmã e voltou-se para o “marido”. – então, Sr. Sirius Black, vai me deixar passar o protetor solar em você ou vai ficar escondido aqui que nem um siri? Mesmo sendo parte do seu nome, não acho que seja um bicho que combine com você...
Ela sorria, e Sirius fitou-a, nitidamente espantado, mas logo se refez e respondeu no mesmo tom de desafio e diversão:
- Eu só estava esperando que uma alma caridosa e de mãos macias tivesse pena de meu sofrimento...
- Mesmo? – ela lhe sorriu, aceitando a provocação. – Tire a camisa, ou acha que o tecido precisa de proteção também?
Sirius não se fez de rogado por mais tempo. Igonorando os olhares divertidos de quem observava a cena com interesse mal disfarçado, ele tirou a camisa, sem perder o contato visual com Sarah.
Notou com alegria que um pequeno brilho de reconhecimento passou por seus olhos negros, uma cintilação de centésimos de segundo, quando ela olhou para as tatuagens agora visíveis em seu peito nu.
Mas se Sarah ficou desconcertada, disfarçou bem. Com uma generosa quantidade de creme nas mãos, começou por suas costas, em movimentos firmes, porém suaves. Quando ela se deu por satisfeita aí e passou para o seu peito, ele susteve a respiração, tentando parecer o mais normal possível, mas era difícil. Ela o estava tocando! Seus dedos deslizavam por sua pele, desciam de seu pescoço até a cintura e...
- Hei! Há crianças por aqui, nãos e esqueçam! – a fala de Murilo, que correra para alcançar a bola que rolara até perto deles, assustou a ambos.
Sarah murmurou algo que a Sirius pareceu ser “ninguém merece” e continuou a passar o protetor solar, como se não houvesse ninguém à sua volta. Depois de correr as mãos cheias de creme branco por seus longos braços, fitou-o com seriedade, dizendo:
- Vou tentar não emplastar a sua barba, certo?
- Tudo bem, você está fazendo um ótimo trabalho. Mas não se esqueça de que não sou tão estranho assim a um sol tropical. Lembra-se de que vivi na Austrália e no Hawai?
- É mesmo! O que me lembra que faltou comprar o seu sarongue! – ela riu. – Daqui a pouco, deve aparecer um vendedor de cangas por aqui e a gente vê isso.
Eles continuaram assim, conversando com naturalidade, por alguns minutos. Sirius se ofereceu para devolver-lhe o favor, passando protetor em suas costas, o que não foi uma tarefa tão fácil quanto a dela, afinal, Sirius tinha menos auto-controle...
Ele não viu, mas ela fizera uma expressão tão clara de desagrado quando Murilo tentou dizer alguma coisa, que o loiro saiu dando de ombros, rindo baixinho, sem dizer nada, e Snape abanara a cabeça, em sinal de aprovação.

O sol já estava quase a pino, quando Sarah viu caminhando pela praia um homem que mais parecia um varal ambulante, cheio de grandes quadrados de pano colorido pelos ombros e mãos.
- O vendedor de cangas! – ela exclamou, puxando Sirius pela mão e correndo em direção ao homem.
- Pra que a Sarah quer outra canga? Ela já tem milhares! – Murilo exclamou, parando a bola em seu pé.
- Exagerado! – Berê veio em defesa da irmã – ela só tem... uma dúzia, eu acho que foi isso que contei da última vez.
- O que para um homem parece mais de mil, tenha certeza! – Felipe ria, mas depois de um momento observando o casal a curta distância, disse com ar de troça –Eu acho que devíamos nos preocupar é com nosso cunhado... Ou ela o contaminou já, ou ele tem alguns hábitos estranhos, mesmo para um... bruxo.
Snape, que voltava de uma caminhada solitária pela beira da água, chegara até o casal e se envolvera numa pequena discussão.
O grupo os observou com ainda mais interesse, sabendo que ele e Sirius “não se davam bem”, e todos ficaram ainda mais espantados, quando os dois homens finalmente entraram num acordo com o vendedor, ante o sorriso feliz de Sarah. Agora, ambos caminhavam de encontro ao grupo... enquanto enrolavam na cintura cangas coloridas.
Claro, Sirius explicava com ares de profundo entendedor a maneira havaiana de se amarrar um sarongue, enquanto Snape seguia os passos indicados com atenção.
- Uau! Que gatões são esses? Você não me apresentou pra eles, Berenice!
A fala divertida vinha de uma mulher morena, cabelos negros e longos como os de Sarah, que se aproximara do grupo. Malu, uma amiga das irmãs, que sempre viajara com eles no passado e, coincidentemente acabara de chegar.
- E aí, gata, que bom que você apareceu! O Felipe já estava uma tristeza só!
- Não enche, Murilo! – a bela morena respondeu, piscando para Felipe. O loiro sempre achara que os dois fariam um bom casal, mas eram só amigos, mesmo, embora às vezes se divertissem muito fingindo que aceitavam a sua sugestão, ou Felipe dava uma de namorado ciumento sempre que Malu precisava de ajuda pra afastar algum engraçadinho que não estava agradando.
- Acho que meu pai nunca foi chamado de “gatão”... isso vai ser um choque pra ele. – Alan, que saíra da água para beber a água de côco que sua tia lhe oferecia, comentou.
- Seu pai? – Malu perguntou – Qual deles é seu pai?
- O que não tem barba. – o rapaz apontou para o homem pálido e magro, que a canga na cintura fizera parecer ainda mais alto, com suas cores fortes, preto com estampas verdes que pareciam folhas de samambaia, Ele não entendia o que aquela mulher considerava como “gatão”. Seu pai não era um homem bonito (claro, ele era bem consciente disso) e o corpo magro, embora bem proporcionado, estava longe de ser o que se costumava chamar atualmente de “sarado”. O Black também não ficava atrás, Alan reconheceu, depois de um olhar avaliador. Não tivera tempo de se recuperar totalmente dos tempos em Azkaban e depois caíra naquele véu, do qual não tinha nem um ano que saíra. Ainda tinha muito que se desenvolver... Mas mulheres são mesmo incompreensíveis.
- Você não está considerando o charme pessoal. – Neuza cochichou para ele, interpretando corretamente seu balançar de cabeça. – Tanto o Jonh... desculpe, o Severus quanto o Sirius têm um charme próprio. Um ar de mistério e desafio, que no seu pai é até mais acentuado. Se ele abrir a guarda um pouco, talvez uma mulher de sorte lhe alcance o coração.
- É... pode ser. – Alan sorriu.
- Você não se parece muito com ele – ela comentou, enquanto observava a irmã adotiva chegar até a amiga e cumprimentá-la efusivamente, antes de apresentar os dois homens.
- Eu fui adotado por ele. Mas posso sim, ficar igual a ele como se fôssemos pai e filho de verdade.
- Sério? – Neuza desta vez, espantou-se, e olhou rapidamente à volta do grupo familiar que ocupava praticamente toda a sombra refrescante de um dos quiosques.
Alan fizera o mesmo, e chamando a tia mais para longe, demonstrou rapidamente sua habilidade especial: fechando os olhos para concentrar-se melhor, alterou a forma de seu nariz, depois seus cabelos, que de levemente cacheados eram agora lisos e compridos como os de seu pai, com a mesma aparência oleosa.
- Incrível! E você não está usando a varinha! – ela cochicou novamente.
- É porque sou um metamorfomago. Só tia Sarah que sabia, além dos meus amigos – ele apontou para Lucy e Peter, que brincavam na água como qualquer casal de namorados da sua idade. – Na escola, todos me conhecem assim, como você está me vendo agora: um “xérox” do Professor Snape.
- Isso era porque você queria se sentir realmente filho dele? – Neuza perguntou, com jeitinho, preocupada em não ferir o garoto.
- Não. Era porque queria mostrar a todos que me orgulho de ser um Snape. Mas tia Sarah já me convenceu que não é necessário. Estou ficando mais tempo com minha aparência “normal”, apesar de já ter me acostumado tanto com essa que até me esqueço.(3)
- Então, o retorno das férias de Páscoa terá algumas surpresas pro pessoal da escola...
- Sem dúvida! Muitos não reconhecerão de pronto o “morceguinho”. – ao olhar curioso da mulher, ele explicou –Muitos associam esse animal ao meu pai, e tia Sarah sempre brinca com ele por causa disso. Ainda mais que... bem, ele acabou se transfigurando em um certa vez, e muita gente ficou pensando que é sua forma animaga. (4)
- E é? – Neuza perguntou, curiosa, olhando para Snape, que em sua mente ainda era o desmemoriado Jonh Smith.
- Não, não é. Mas ele não fez nenhuma questão de desmentir o boato. Ele é assim mesmo, “na dele”. Os outros que pensem o que quiserem.
- Interessante...

Eles voltaram para junto do grupo, Alan já com suas características “normais”. Os primos também já sabiam de sua capacidade especial, tinha brincado com eles no quarto, chegando até a demonstrar como eram de verdade alguns dos nomes que eles conheciam dos livros. Saber que tinham agora um primo com o mesmo “poder” da famosa Tonks fora pra eles uma divertida descoberta.
Mas Malu já fora completamente integrada à conversa da família, e agora aproveitava para zuar com Sarah, ciente de que o “gato de barba” era seu “namorado”.
- Esse sarongue ficou um charme. Pena que a moda não pega por aqui.
- Mesmo? – Sirius sorriu seu sorriso cativante, fazendo Sarah se mexer na cadeira de plástico, subitamente desconfortável – Eu não entendo por que. É muito mais confortável e prático.
Sirius se mostrava muito à vontade, sentado na areia ao lado de Sarah, a mão displicentemente descansando em seu joelho, enquanto Snape se mantinha de pé, os braços cruzados sobre o peito.
- Menina, ele não tem um irmão não? Deve ser fofo, tipo o Jonhy Deep...
- Hei, o que vocês vêem nesse garoto? Garoto não, ele já é quarentão também, sabia? – Murilo retrucara, enquanto Malu lhe fazia uma careta debochada.
- Ciumento!
- Sossega, Malu! “Cadê” o Alex? – Sarah tentou mudar de assunto.
- Ali! – ela apontou para um garoto forte que já corria com Leonardo pela praia.
E a conversa entre as mulheres começou a girar em torno do segundo assunto mais natural para elas: filhos. Bem, isso foi a conclusão dos homens por perto. Se há alguns segundos estavam discutindo abertamente seus atributos físicos, agora desviavam sua atenção para as crianças, falando de seus progressos na escola, hábitos, saúde, contando coisas engraçadas.

Mas não por muito tempo...

Malu voltou à carga, reparando de repente nas cores das cangas-que-viraram-sarongue.
- Sabem de uma coisa engraçada? Vocês parecem personagens de livro, olha só, Sirius com as cores grifinórias, Sev – Sarah o apresentara com o diminutivo do nome e ele não retrucara, para sua surpresa – tem as cores sonserinas, não é engraçado?
Só então eles perceberam o fato, pois a canga que Sirius comprara era vermelha com grandes flores amarelas, num contraponto evidente com as cores sonserinas de Snape. Um leve mal estar começou a se espalhar, Snape já pensando se valia a pena puxar a varinha e obliviar a mulher, Sarah preocupada em evitar algum comentário infeliz, Berenice e Felipe se entreolhando, preocupados pela primeira vez com o fato dos parentes ingleses de sua irmã adotiva não serem simples bruxos normais (se é que ser bruxo era ser normal). E Malu continuava, alheia à apreensão dos amigos:
- Sirius, realmente, é um nome incomum, só conheço mesmo o... – ela arregalou os olhos – Sirius Black?
Snape viu que não tinha jeito mesmo. Já puxara sua varinha da mochila com um “accio” não-verbal, quando a mulher levantou os braços quase gritando:
- Calma, gente. Muita calma nessa hora! O que vocês não me contaram? Somos “iguais” e vocês nem sonharam em me contar?
- Iguais? – Berenice se espantou com a afirmação da amiga, que sempre fora considerada “maluca”, daí a abreviação natural de seu nome composto – Maria Luiza. (5)
- Deixa eu ver... Sirius é Sirius Black e o nosso amigo aqui é Sev... Severus Snape, certo? O que vocês estão fazendo no Brasil e que história é essa da Sarah ser sua irmã?
Espantados com o fato de que ela não tinha dito algo como “vocês são bruxos de verdade! Vocês existem!” e sim “o que estão fazendo no Brasil?” causou mais espanto do que qualquer coisa.
- O que você sabe... sobre eles? De verdade? – Sarah perguntou com cuidado, tentando voltar a conversa para um tom normal que não chamasse a atençãodos trouxas em volta.
- Bom... – Malu sorriu de um jeito estranho, como quem cogita se conta um segredo do qual se vangloria – Se eles fazem mesmo parte da família, você sabe o que são... então, posso dizer que sou também.
- Você é também... o que? – Murilo indagou, já aflito com os rodeios da amiga.
- Bruxa, uai! – ela exclamou, elevando a voz um pouco, ao que as amigas fizeram um aflito... “shiiiii”.
- Meu Deus, sou uma vítima do destino. Caí num caldeirão e nem sabia. Primeiro, me caso com uma, depois descubro que minha ex é também, e então, quase toda a família dela. Agora, até a maluca oficial do colégio? Estou perdido!
- Murilo, deixe de ser melodramático! Peraí? Você disse que a Maggie é? E Sarah e... quem mais aqui?
Quando apenas André e Murilo não ergueram as mãos, ela caiu na risada. Claro, Neuza ficara em dúvida se era ou não, então, ficara no meio do caminho. Felipe só agora começava a descobrir o que era capaz de fazer, ainda nem tinha uma varinha, mas era com certeza um bruxo.
- As crianças também? – ela apontou para os filhos adotivos de Sarah.
- Sim, não é incrível? Por isso a adoção deles foi tão difícil. O Ministério da Magia interferia. Só quando descobriram que eu também era bruxa que o processo deslanchou.
- Que legal! O Alex vai ficar louco! Sabem, ele leu os livros de Harry Potter, escondido da professora de magia. Ele vai para o centro Rio Negro no ano que vem, e soube que os alunos de lá estão passando por algum tipo de triagem, quando sabem sobre... os livros.
- Eduardo e Matheus estudam lá. – Neuza comentou. – Ele vai gostar de saber que já terá amigos qiando chegar lá.
- Incrível! – Malu ainda ria, como se tivesse recebido um presente de Natal antecipado. – Pena que não vou poder contar pra muitas das minhas amigas... Sarah, você estaria em sério risco se algumas pessoas que eu conheço soubessem quem é seu namorado... ou seu irmão!
- Verdade? – Sirius indagou, a curiosidade aguçada e sem um pingo de modéstia – Sou mesmo famoso...entre as mulheres, mas o Ran...err... o Snape, é novidade.
- Ah, você nem imagina, esse jeito dele de “não chegue perto” faz justamente o efeito contrário. E muitas mulheres adoram o tipo.
- Que tipo?
- “Bad boy”, anti-herói, o falso vilão que no fim das contas é do bem, mas sempre foi incompreendido... sei lá, desperta um lado diferente da gente.
- Malu, sossega! – Sarah repetiu, mas desta vez com autêntica diversão. Vira o quanto o irmão ficara desconcertado, e isso suplantara sua sensação de ciúme do Sirius. Peraí, ela sentira ciúmes? Sim, constatou pra si mesma. Sentira ciúmes ao ver a admiração sem disfarce da amiga pelo seu “namorado”.
Mas Berenice estava de olho era no relógio, e começou a reunir a turma mais jovem.
- Gente, já são onze e meia! Passou da hora de sair deste sol! Vamos pra casa almoçar e mais de tarde vocês voltam!
Algumas reclamações foram ouvidas, mas o grupo logo estava em peso, voltando para casa, acrescido de Malu e seu filho Alex, que ao descobrir estar no meio de outros bruxos, ficara bem mais descontraído e falante.
E almoço e tarde passaram da mesma forma: os irmãos Laurent recuperando a velha tradição de seus pais, mantendo a casa cheia de amigos e a família se divertindo em conjunto.

Em dado momento, Sarah encontrou Neuza quieta, pensativa, na varanda.
- O que foi?
- Tô sentindo falta “dele”... Mas isso passa.
- O que aconteceu de verdade? Acho que você não me contou direito porque se separaram...
- Ele não aceitou bem essa coisa toda. Os meninos serem bruxos, sabe? E foi muito difícil, porque o pessoal lá do Ministério queria fazê-lo esquecer da gente. Mas como deixar os meninos sem o pai? Entâo, ele foi colocado sobre um feitiço especial, em que esqueceu só essa história de bruxos, como se não fosse capaz de perceber mais qualquer coisa. Só que... isso não salvou nosso casamento. Acho que foi só uma desculpa para ele assumir de vez que queria sair de casa. Então, voltei pra casa de papai e mamãe, e ele ficou em Brasília, seguindo sua carreira profissional em paz. Com os meninos no colégio interno, tive que procurar outras coisas pra me ocupar e não penso muito nele, mas agora... com todos aqui, me senti sozinha. Entende? Não é saudade dele, é... solidão.
- Maninha! – Sarah abraçou a irmã, tentando confortá-la. – Não fique assim. Olha, o Hamilton tem razão, eu tenho certeza de que você também é bruxa. Você só precisa começar a descobrir como lidar com isso, e parar de se sentir culpada pelo que aconteceu. E logo, logo, tudo vai ficar melhor, você vai ver.
- Quem sabe, acho outra pessoa que me aceite como sou agora? – ela piscou – Talvez um de seus amigos ingleses?
- Desse jeito, o Ministério de lá vai começar a achar que estamos planejando uma invasão!
- Do que vocês estão falando? – Berenice viera atrás das irmãs.
- Planejando a tomada da Inglaterra pelas brasileiras, pra ver se aquele povo fica um pouco mais... alegre e feliz! Eles parecem muito sombrios...
- É porque sua referência é só seu irmão! Mas espere só quando ele entrar em Hogwarts usando aquele sarongue... Vai ser um escândalo, uma revolução!
Elas riram da idéia, voltando abraçadas para dentro da casa. Para as Laurent, solidão nunca durava muito tempo. Como uma certa família de ruivos que Sarah conhecia (e nós também, com certeza), a casa estava sempre cheia de alegria e de coisas pra fazer.

E as irmãs Laurent sabiam muito bem disso.

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(1) “Irmão Urso”, a música é “Pé na estrada”.
(2) “O nome da rosa” – Umberto Eco – o livro é excelente, o filme também, embora adaptações... vocês sabem no que dá. As “Matinas” seriam entre 2:30 e 3:00 da madrugada, e eu sempre acho graça de como culturalmente nos falta conhecimento de detalhes como esse, ao cantar “Frére Jacques”
(3) Eu sempre dei pistas no decorrer dos capítulos, mas agora aproveitei pra falar diretamente: O Alan é um metamorfomago, e sempre usou esta capacidade pra se parecer com o pai “de verdade”. Mas agora, ele já viu que pode “relaxar” e ser ele mesmo, ou seja, ficar a cara do fofinho do Rollo Weekes.
(4) “O Retorno das Trevas”, da Sally Owens. Como não sei se todos já leram essa fic, não vou dizer mais nada... hehe... seria spoiler.
(5) gente, meu presente de niver pra minha irmã, Maria Luiza, Malu, “Maluca”... hihi... ela é apaixonada por Sirius e pensando nela tô querendo inventar outra moda nessa fic... mas não sei se ainda dá tempo... vamos ver. Alex, é seu fiho Alessandro, que eu não podia deixar de fora, né?
Regina McGonagall
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Belzinha »

"Tome conta das crianças, ou melhor... peça aos meninos para tomarem conta de você".

:lol: :lol: :lol: - Muito bom!

Agora, o que me fez chorar de tanto rir foi o Snape e o Sirius de... sarongue! :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Gente, como eu gostaria de estar lá para ver isso ao vivo e à cores!!! :lol: Regina, o que fizeram com eles? Foi uma impérios, foi? :lol: :lol: :lol: Essa cena melhorou muito o meu dia!

Ah, outra passagem que eu amei:

"Eu só estava esperando que uma alma caridosa e de mãos macias tivesse pena de meu sofrimento..."

Não é que o cachorrão não perdeu o charme? :D :palmas

Por falar em charme... Só muito da "síndrome da enfermeira" para considerá-los "gatos", ainda mais de sarongue,,, :lol: :lol: Mas concordo que aquele humor "Batman" misturado com "Coringa" é mesmo um charme no Snape. O Black... É o Black, kkkkkk.

O Alan é uma gracinha! Eu estou louca para chegar logo naquele ponto - aquele, você sabe, não posso dizer mais nada senão é spoiler. :wink:

E mais uma brasileira bruxa! Qualquer dia desses, tempos que fazer uma reunião com as garotas. :wink:

O capítulo estava maravilhoso, parabéns! :palmas

Beijos!
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

A fic faz aniversário e quem ganha presente são vocês!
Hehe, parece chamada de comercial de casa de eltrodomésticos... desculpem.
Mas espero que gostem.
Antes, quero agradecer à Belzinha pela sua pré-avaliação de mais um capítulo.


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Criaturas da noite e laços coloridos

Os dias seguintes seguiram uma rotina semelhante: levantavam-se, tomavam café, iam à praia, onde Sirius e Snape já no segundo dia aceitavam um desafio de vôlei de praia, formando equipes com os outros homens até que aprendessem as regras.
À tarde do segundo dia, visitaram a colônia de férias próxima, contando com a ajuda de um amigo que lhes conseguiu passes para toda a família. As crianças então puderam aproveitar piscinas e quadras, e todos se divertiram muito.
No dia seguinte, o passeio foi na cidadezinha mais próxima, que já tivera uma grande parte engolida pelo mar, casas, ruas, igrejas e tudo o mais dormindo para sempre debaixo da água, em uma zona de mergulho proibido.
Snape é que não conseguiu entender porque os bruxos da região não tinham feito um escudo de proteção para impedir o avanço do mar, ao que Hamilton respondeu que não quiseram interferir tão ostensivamente com a Natureza.
Quando estavam na praia ou nesses passeios, Sarah conseguia agir com naturalidade perto de Sirius, e ele sorria feliz por perceber que estavam tão próximos quanto dois amantes podiam estar no meio de tanta gente.
Mas quando voltavam para casa, depois do jantar, o clima entre eles começava a mudar. Tudo porque naquela primeira noite ele...

Bem, até Murilo iria concordar que ele não fizera nada de mais! Não, Murilo não era uma boa referência para esse tipo de situação.
Mas, poxa, um homem não pode ser culpado por tentar conseguir um pouco mais que um simples beijo de boa noite, não é mesmo? E a afirmativa zombeteira de Sarah lhe voltou a mente:
- Nunca vi um beijo de boa noite tão cheio de mãos... tem certeza de não é um animago com a forma de uma acromântula? Ou a Lula Gigante?
A gargalhada de Sirius foi ouvida até a rua, mas quando ele se recompôs, viu que fora um erro. Sarah aproveitara de sua distração divertida para esgueirar-se até seu quarto, fechando a porta... deixando-o do lado de fora.
Só porque se deixara levar pela paixão ao tê-la nos braços e fora um pouco além do beijo que lhe pedira? Seu beijo fora profundo e acompanhado de carícias, que ele sentira serem aceitas com igual paixão por ela. Então... porque se esquivara assim? Do que ela ainda tinha medo?
- Vá com calma, Black, ou a perde de vez. – a voz fria de Snape, vinda do final do corredor, foi o suficiente pra fazê-lo desistir de ir até aquela porta e fazer o que fosse preciso para entrar no quarto e... bem...
- Deixa pra lá, Cachorrão, não foi desta vez, mas você não está desistindo, só... dando mais um tempinho a ela. – Murilo falou, da porta de seu próprio quarto.
- Quem mais está me espionando no escuro? – ele perguntou, entre irritado e divertido.
- Provavelmente a família toda, mas vamos fingir que não. Venha, vamos dormir. Amanhã, tem a revanche.
Sem saber se o amigo falava da partida de vôlei de praia ou de seu “duelo de vontades” com Sarah, Sirius concordou e entrou para o quarto, fechando a porta com cuidado.

De trás de sua própria porta, Sarah ouvira toda a conversa e suspirou. Era incrível como todos pareciam torcer para que Sirius e ela ficassem juntos... E divertido também, mas estava ficando constrangedor. Ela teria que evitar novos momentos como aquele, se queria mesmo ter certeza do que sentia, de que não estava apenas se deixando levar pela torcida de todos e pela atração imensa que sentia por aquele homem.

***

Mais um dia de diversão e alegria, de mar e sol, todos com rostos rosados e peles bronzeadas o suficiente para dizerem que tiveram um belo feriado na praia... Era quinta-feira, Hamilton já chegara de volta, relatando por alto a campanha de busca por lobisomens perdidos e sem acesso à Poção Mata-Cão.
À noite, enquanto os garotos brincavam de Adedanha Mágica (onde valia nomes de feitiços, poções e criaturas mágicas, em duplas para que os mais novos não ficassem prejudicados e as nacionalidades diferentes não causassem diferença de informação) os adultos conversavam sobre seus trabalhos ou sobre qualquer assunto que fosse interessante o suficiente para durar mais de cinco minutos de comentários.
E quando as crianças já pensavam em ir dormir, seus corpinhos cansados reclamando das atividades do dia,e os adultos pensando em seguir o exemplo, Murilo puxara indolentemente seu violão, acomodado numa das redes da varanda, e logo começara a cantar em voz suave:

- “As criaturas da noite/ Num vôo calmo e pequeno/ Procuram luz aonde secar/ O peso de tanto sereno. / Os habitantes da noite/ Passam na minha varanda /São viajantes querendo chegar /Antes dos raios de sol
- Eu te espero chegar/ Vendo os bichos sozinhos na noite/ Distração de quem quer esquecer/ O seu próprio destino
-Me sinto triste de noite/ Atrás da luz que não acho/ Sou viajante querendo chegar/ Antes dos raios de sol…
Eu te espero chegar...”

Os irmãos repetiam o que parecia o refrão, intercalando as vozes e os versos, e um sentimento de nostalgia tomou conta de Sirius
Aquela música falava de outra coisa, indefinível para ele, até que teve um estalo.
- Eu já ouvi isso! Claro, em inglês, mas já ouvi, com certeza. Qual o nome dessa música?
- “Criaturas da Noite”(1), em inglês, lógico, “Creatures of the Night”. Talvez você a conheça mesmo, um carinha inglês a gravou há uns quinze anos. – Murilo virou-se para Sarah – Lembra-se do Lion, Sarah?
- Lembro… aquele grosso!
Ante o olhar de espanto e a risada do Murilo, ela explicou:
- Quando fomos a Londres, eu acompanhei Murilo e Maggie para ouvir esse cara. Ele cantava bem, admito, mas era um grosso. – Murilo balançava a cabeça, e ela ficou brava com o amigo – Olha aqui, Murilo, só porque era seu amigo, não quer dizer que fosse um cara legal
- Ela está brava assim porque o Lion cismou que ela estava dnado bola pra ele e lhe passou uma cantada.
- Cantada? “Peloamordedeus”, se aquilo foi cantada... Sinceramente, parecia que tinha me confundido com alguma… - ela olhou para os filhos, brincando próximos – …“garota de programa”, e parecia querer arrancar meu colar… - ela levou a mão ao pescoço, tocando seu pingente de prata.
- Aí, você saiu do pub sem nem se despedir, parecendo louca, e aconteceu aquele acidente esquisito…
- Que acidente? – Berenice perguntou – O que você “topou” com uma briga de gang?
- Sim, mas agora eu sei que não era exatamente uma briga de gang... Foi quando eu mandei o Sev para cá, jogando-o oito anos no futuro… - ela olhou para o irmão e sorriu, mas ele parecia tão perturbado quanto Sirius.
- Estranha essa história… Você não me contou essa parte da primeira vez… - Sirius disse, esquecendo-se de que ela não saberia quando tinha lhe contado isso. – Como era esse cara?
- Na verdade… parecido com você, mas de olhos azuis. Provavelmente, eram lentes de contato.
- Lente de… o quê? – ele pareceu confuso, e todos riram.
- Lentes de contato. São usadas para substituir os óculos – André explicou, e Sirius deu-se por satisfeito, até que Murilo comentou:
- Pensando bem, vocês poderiam quase ser confundidos. Será que o Lion não era seu parente? Você tem algum irmão?
- Já tive. Ele morreu – Sirius respondeu, levantando-se de repente e indo em direção ao seu quarto.
- Acho que essa não é uma bora hora para esse assunto. Com licença. – Severus disse, espantando a todos, principalmente porque ele seguiu Sirius, e os dois conversaram em voz baixa por vários minutos.

O crack de uma aparatação repentina logo foi ouvido no meio da sala.

Alarmados, todos perceberam que era Malu, pálida, chorando desesperada, as mãos trêulas estendidas para Sarah. Ela ficara na praia até mais tarde, naquele diia, e não viera para jantar com eles como combinado.
- Malu, o que houve?
- O Alex... Eu... não o acho em parte alguma e... hoje é...
- Lua-cheia. – Berenice completou, compreendendo o alarme da amiga, enquanto Sarah a abraçava, tentando acalmá-la com palavras suaves e promessas de dariam um jeito.
Hamilton recebera um patrono de um colega, pouco mais de meia hora antes, e Berenice sabia o que isto significava: lobisomem na área. Isso fez com que se alarmasse ainda mais com o estado da amiga. E se Alex fosse atacado por um lobisomem? Não queria nem pensar no que poderia acontecer.
Snape e Sirius, alertados pelas vozes altas, voltaram rapidamente à sala, o assunto que os afastara completamente esquecido.
- Calma. Conte-nos o que aconteceu. Quando o viu pela última vez, onde ele ia quando saiu. – Snape logo tomou a frente da situação de forma prática e direta.
- Eu... não tenho certeza. – Malu disse, depois de tomar pequenos goles de água do copo que Neuza lhe trouxera. – Ele disse que esquecera um brinquedo na praia e voltou correndo para buscar, sem me dar ouvidos. Por que meninos são tão teimosos?
- É da natureza deles, querida, nunca crescem. – Berenice tocou seu ombro afetuosamente.
Sarah olhou para a amiga, desolada, mas um impulso estranho a invadiu nesse instante, e ela aproximou-se de Sirius, pegando em sua mão.
O bruxo a fitou, espantado, e viu-se preso em seu olhar intenso. O mundo parecia ter parado à sua volta, até que ela afirmou com uim sussurro:
- Me ajude a encontrá-lo. Juntos, nós conseguiremos.
- Como?
Ela pareceu tonta por um momento e Sirius pensou que ela responderia que não sabia. Porém, Sarah apenas apertou um pouco mais sua mão e foi até a amiga, puxando-o junto.
- Malu... – seu tom repentinamente solene fez com que todos se calassem e se afastassem instintivamente.
Snape observou o casal em silêncio, uma expressão misteriosa no olhar, enquanto sua irmã pegava a mão da amiga e a levava ao peito.
- Malu, pense nele. Pense no Alex com toda a força, deixe-me vê-lo em sua mente.
As palavras de Sarah causaram assombro tanto a Sirius quanto aos outros. Ela era legilimente, afinal?
Não, disso Snape tinha certeza. Não era legilimência aquele poder que se manifestava claramente aos olhos de todos pela primeira vez. Qual o seu nome? Snape não fazia idéia. A “luz roxa” era só um dos sinais. Sinais que sempre estiveram presentes de forma sutil, no trabalho de Sarah.
Enquanto ele pensava nisso, Sarah já agia.
- Eu já o achei! – ela exclamou. E antes que alguém pudesse fazer algo, sumiu em um ruído suave.
Sirius olhava atônito, de Malu para Snape, como se o antigo desafeto fosse o único capaz de dar a resposta para a pergunta que aquela mãe aflita tinha nos olhos... Mas eles não esperaram muito.
Dali a poucos minutos, Sarah aparatava de volta, trazendo nos braços um garoto assustado.
No momento em que Malu tomou Alex dos braços de Sarah, já verificando aflita se ele tinha algum ferimento, esta desfalecia, só não indo ao chão porque Sirius a amparou a tempo.
Carregando-a nos braços com todo o cuidado que um fardo tão precioso lhe inspirava, ele a levou para o quarto, deitando-a com cuidado em sua cama.
Snape seguiu-o em silêncio e parou à porta, atento.
Sirius tocava a fronte da mulher, a mão trêmula. Não foi necessário usar a legilimência para o outro perceber que o animago temia perdê-la novamente.
- Ela ficará bem, é só um sono de refazimento. – o mestre em poções disse em voz baixa. – Ela gastou mais energia do que esperava, tanto no feitiço que salvou o garoto de um ataque iminente, quanto na dupla aparatação.
Sirius assentiu com a cabeça, incapaz de dizer algo, fosse para concordar ou discordar do amigo. Só tinha olhos para o rosto amado, tão sereno no que parecia um sono tranquilo, e nem precisava perguntar como Snape sabia que a irmã realizara algum feitiço... a comunicação entre eles parecia mais forte nos últimos dias e de alguma forma Sirius também sentira os resquícios de um feitiço recém-lançado quando a segurou.
Snape aproximou-se, tocou o ombro do outro homem, apertando-o levemente, e saiu.

Voltando à sala tranquilizou os Laurent e agregados. Não era o momento de se preocupar com Sarah. Ela tinha toda a atenção de que necessitava. Era preciso agora ver se o garoto sofrera algo que não fora percebido à primeira vista.
Mas este já relatava pelo que parecia a segunda vez o que acontecera, muito arrependido por não ter obedecido à mãe e ao mesmo tempo excitado com o que parecia ter sido uma grande aventura, e Snape suspirou agradecido por ele não ser um dos “Novos Marotos”. Eles já davam trabalho suficiente em Hogwarts. Então, lembrou-se de seu amigo Paulo, que teria nas mãos um possível encrenqueiro no próximo ano letivo, e riu ao constatar só para si mesmo que em qualquer lugar garotos eram sempre garotos, e se fossem bruxos, a confusão era elevada à décima potência, sempre...
- Mãe, você precisava ver, aquele lobisomem era imenso! Eu pensei que estava acabado, mas a Sarah apareceu e “tum”. Ele era só um poodle com lacinhos, precisa ver que engraçado!
- O que a Sarah fez? – Felipe piscou, sem entender o que o menino dissera.
- Transformou em um ridículo poodle cheio de laços cor-de-rosa um perigoso lobisomem que vinha sendo caçado há meses pela equipe de aurores da região.
Quem respondeu foi Hamilton, que chegara da rua nesse instante (ele aparatara na varanda, pra não assustar ninguém).
Sua chegada fez Berenice soltar um grito e correr para abraçar o marido. Sempre que se lembrava do tipo de criaturas que ele enfrentava em seu trabalho diário, o coração se apertava.
Em poucos minutos, todos pareciam mais calmos, Malu em um dos sofás coms eu filho no colo, E Hamilton passou a contar o que vira do acontecido:
- Eu estava patrulhando aquela parte da praia, sem saber que tinha uma criança perdida, ou teria acionado os outros. Quando encontrei o lobisomem, vi que ele estava a ponto de atacar o garoto, mas não tive tempo de fazer nada, porque a Sarah aparatou bem na frente dele, e no instante seguinte, já sacava a varinha e o atacava. Nunca vi coisa mais espantosa!
- Mas porque? Não foi uma boa sacada usar um feitiço de transfiguração? – Murilo indagou, com voz trêmula. Ainda não se acostumara com criaturas como lobisomens.
- Claro que não! Foi muito arriscado. Mas... ela não usou um feitiço de transfiguração.
- Não! Ela usou um “Ridiculus”. Sabe, mãe, aquele que o Lupin ensinou pro Harry no terceiro ano e...
- Já entendi filho, tudo bem. – Malu o fez calar-se, temendo que no seu entusiasmo por ter identificado um feitiço falasse de “certas passagens” do filme que o fizera virar fã da série, antes de descobrirem que eram bruxos. Entretanto, Hamilton discordava:
- Não pode ser! O facho de energia que saiu da varinha era de um roxo profundo. Não poderia ser um simples Ridiculus...
Todos começaram a discutir as possibilidades, o garoto afirmando que sabia muito bem o que ouvira quando Sarah gritou o feitiço. Apenas Snape pareceu alheio à discussão, absorto em seus próprios pensamentos, até que Berenice o interpelou diretamente:
- Severus, isso é possível? Ela ter gritado um feitiço e executado outro?
- Talvez... Serenna... desculpem-me, Sarah ainda não conhece seus poderes em sua totalidade. Acredito que ela tenha usado uma capacidade desconhecida pra nós, e tenha usado uma azaração de bicho-papão apenas pela similaridade com uma situação anterior.
- Mas onde ela viu um lobisomem ser combatido por um “Ridiculus”?
- Em seu treinamento de Defesa contra as Artes das Trevas. Lupin... – ele se interrompeu a um gritinho maravilhado de Malu, que baixou a cabeça, envergonhada pelo seu arroubo – Remus Lupin a ensinava a combater um bicho papão e sugeriu a ela pensar em um poodle cor de rosa, caso seu receio de ver um lobisomem se concretizasse.
- E foi isso que ela viu? Um lobisomem? É este o bicho-papão de minha irmã? Claro! Ela sempre teve medo de lobos e... – Felipe começou a dizer, sendo cortado pelo inglês.
- Não. Não era um lobisomem.
A voz impressionante de Snape tinha um tom exasperado que fez todos o fitarem com curiosidade. Vendo que teria que explicar, ele disse lentamente:
- O bicho-papão, diante de Sarah, assumiu a forma animaga de Sirius Black. E quando ela contou ao seu abismado professor que tinha pesadelos com aquele grande cão negro... Bem, a conclusão de Lupin foi óbvia, e o resultado vocês conhecem. Está agora sentado ao lado dela, fitando-a com olhos lacrimosos e segurando sua mão junto ao peito.
O tom zombeteiro mal disfarçava o rancor que ainda persistia entre os dois homens, e todos silenciaram.

Alheio a esta conversa, Sirius – como bem dissera Snape – permanecera no quarto, segurando a mão de Sarah, fitando-a ansiosamente, esperando que despertasse.
O que mais ele poderia fazer? Apenas esperar, torcendo desta vez que fosse apenas até a manhã seguinte, quando ela acordaria brava por vê-lo dormindo ao seu lado...
Sorrindo a este pensamento, Sirius resolveu fazer exatamente isso: deitar-se ao lado dela. Ajeitando-a melhor e usando a varinha para alargar um pouco mais a cama, ele deitou-se cuidadosamente ao seu lado, ainda segurando sua mão, e apagou as luzes.
Estava pronto para dormir... e para o que quer que Deus, Merlim, Morgana das Fadas, Tupã ou seja-lá-o-que-for quisesse ou deixasse acontecer pela manhã "

****************

(1) “Criaturas da Noite” – música de Flavio Venturini e Luiz Carlos Sá, gravada pelo conjunto “O Terço” (a mais conhecida deles ns verdade. Este conjunto mais tarde ganhou novos membros e tornou-se o 14 Bis). Eu adoro essa música e não consigo deixar de imaginar uma varanda numa casa da roça quando a canto, a noite linda, o céu estrelado, uma lua imensa e vagalumes, grilos, sapos e outras criaturinhas barulhentas de uma noite calma longe das luzes da cidade.

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Gente, o próximo capítulo é o que seria originariamente o último, mas ele sofreu tantas alterações desde que comecei esta fic há dois anos, que ela ganhou o que diríamos... capítulos de bônus...
Mas vocês vão precisar de um pouco mais de paciência com essa autora aqui, que ficou bem enrolada pra resolver tanta cosia agora...
Afinal, a fic original não tinha muita coisa... o casamento mágico... a parte mesclada com “O Segredo de Corvinal”... os Laurent bruxos... Sirius e Snape de sarongue... e nem o livro 7 já lançado...hehe... é o que dá demorar pra terminar, vão pintando mais idéias toscas que vocês são obrigados a aturar em longos capítulos... hihi...
Prometo que acaba bem... embora o relógio real já tenha (de novo) ultrapassado o relógio virtual...( a ação da fic termina em setembro/08... e já estamos no meio de outubro... :roll: ...)
Regina McGonagall
Ministra da Magia


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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Belzinha »

Nem tenho como falar do "relógio virtual atrasado", já que sou outra que já levo mais de dois ano para terminar uma fic... :oops:

Mas quanto as suas idéias e os capítulos longos... Eu os amo!!! Quanto maiores, melhor! :wink: Eu é que agradeço o privilégio de "dar uma espiada" antes da publicação.

Repito aqui o que te disse por e-mail: maravilhoso, parabéns e... Bem, acho que só um emoticon para expressar de forma mais adequada: :palmas

Aplaudo de pé!
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by julie granger »

A minha querida reginaaa!!
tah acabando? mas jáa???
to auqi alucinada acabei de ler o ultimo capitulo que a ananinasnape postou terminei a sua fic tambem se eu não te masse tanto assim e a da belzinha não preciso nem comentar que to noa aguardo de noticias!!

ahh voltei em vc no grimmy xP


bjaum
I find love with you s2
Uma nova fic está no ar ....
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