Close to you - Sonho de um Maroto

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Regina McGonagall
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Cansados de brincar de cão e gato...

Serenna manteve os olhos fechados, até que aquela sensação odiosa passasse. Só então, abriu-os para ver onde estava, afinal. A primeira coisa que viu, claro, foi o rosto sorridente e de expressão travessa de Sirius Black.

Estavam, como imaginou, na sala da Mansão Black. Ao seu olhar raivoso, ele se afastou, levantando os braços num pedido de paz:
- Só pensei num lugar tranqüilo pra conversarmos, sem segundas intenções... Proponho fazermos uma trégua, concorda? Começarmos do zero, como se tivéssemos nos conhecendo nesse instante, na mesa da Grifinória ou no trem, indo para escola. – ele disse, sorrindo, apontando o sofá de forma educada, para que ela se sentasse.
- Como se fosse tão simples... Mas, tudo bem, vamos tentar.. – ela o fitou como se ainda não tivesse certeza de que estaria segura ali com ele, mas intimamente certa de que era exatamente o que queria fazer.

Sirius não dizia nada, preparado para uma possível explosão dela, mas Serenna o surpreendeu, tirando o casaco e o blazer, sentando-se tranqüilamente e, sorrindo, perguntou:
- Então, já que vamos começar de novo, por onde vai ser isso?
Alegre como um menino que acaba de ganhar um presente, Sirius se sentou ao seu lado. Ela arredou até o canto, sentando-se sobre uma das pernas cruzadas, numa postura descontraída, mas que ao mesmo tempo colocava uma distância entre eles.
- Espero que me perdoe, mas eu poderia…- ela indagou, vacilante, apontando os sapatos.
- Claro, não tem problema algum. Somos amigos, e amigos se colocam à vontade na casa um do outro. - Sirius pegou de sua mão o casaco e o blazer que ela tirara, colocando-os na poltrona do outro lado, próximo à lareira.

Voltando ao sofá, sentou-se um pouco mais próximo dela, observando-a tirar as botas de cano curto e deixando à mostra meias de lã cor-de-rosa com estrelas diminutas salpicadas, que não tinham nada a ver com o terninho sério de cores sóbrias que ela usava, embora a camisa fosse de um tecido fino e de um suave tom de rosa. Então, viu-a recolher as duas pernas para cima do sofá, encostando-se mais relaxada. Resolveu provocá-la um pouco.
- Se quiser, pode segurar a varinha pra me petrificar se eu avançar um único milímetro daqui – ele comentou, jocoso, mas ela apenas arqueou as sobrancelhas e respondeu:
- Humm... sei que não será preciso. Você é um cavalheiro...
- Tem certeza? – ele piscou.
- Ah, mas já sei aparatar sozinha. Sem problemas. Só tenho que tomar cuidado no destino que vou escolher para fugir, já que estou apenas de meias – ela apontou para os próprios pés.
Eles se encararam por alguns instantes, até que Sirius quebrou o silêncio incômodo:
- Acho que estou em desvantagem. Não tenho nada para contar à minha “mais nova velha amiga”… Você já sabe tudo sobre mim.
- Não-sei-não-senhor! Só sei que foi colega do Remus, padrinho do Harry, inimigo declarado do Severus... Ah, claro, passou 12 anos preso em Azkaban por conta da traição de Pettigrew, de onde fugiu usando a forma animaga... depois caiu naquele véu e ficou por lá mais doze anos... só isso.
- Não se esqueça do fato de sonhar com você quase todas as noites, quando era um garoto.
Serenna fitou-o, confusa. Não esperava que ele tocasse no assunto assim de cara.
- É... isso também. E agora, passa os dias sem o que fazer, então resolveu me tirar do sério...
- É mesmo verdade? Eu tiro você do sério? – ele sorria, maroto e esperançoso.
- Ah, Sirius, pare com isso! – ela tentou ficar séria, mas não resistiu ao encanto daquele sorriso e sorriu em resposta.

Eles pareceram se esquecer do resto enquanto se fitavam, até que Serenna desviou o olhar, embaraçada. Sirius então lhe pediu para contar como era sua vida como trouxa, ainda mais que vivera em outro país.
Enquanto ela recordava a infância e a juventude, contando passagens engraçadas com os irmãos, ou falando carinhosamente dos pais, ele muitas vezes precisou fingir que não ouvira algumas daquelas histórias de André ou Murilo.

Ela também quis saber como era sua vida antes de Hogwarts, e ele lhe contou de sua rebeldia juvenil, de como fora viver com os Potter aos dezesseis anos. De como se sentia culpado às vezes por invejar seu amigo, por ter uma família tranquila, feliz, carinhosa.
As horas passaram sem que eles percebessem, envolvidos nos relatos que faziam, imperceptivelmente cada vez mais próximos.

Quando o assunto recaiu sobre sua eterna “desavença” com Snape, Sirius evitou o assunto, comentando:
- Eu fiquei curioso mesmo sobre esse estranho reencontro entre você e o ... seu irmão.
Serenna notou que ele ia dizer “Ranhoso”, mas voltou atrás. Isso já era um bom começo, pensou.
Ajeitando-se melhor no sofá, tentou resumir seu reencontro com Snape naquele hospital. Contou como o levara pra casa, seguindo um impulso, como descobriram juntos sua verdadeira identidade. Falou rapidamente da morte dos pais e dos motivos que a fizeram voltar a Londres, as pistas de sua família biológica e o casamento de André.
- Só então, revi Severus e soube a verdade, e também que nosso encontro só ocorreu porque eu usava isto. – ela levou a mão dentro do decote e pegou seu medalhão de prata. Sirius aproximou-se para vê-lo direito.
A inscrição atrás não deixava dúvidas, ele concluiu. Somente ao soltar a jóia é que percebeu o quanto estavam próximos, seus rostos quase se tocando.
Mas Serenna se endireitou rapidamente, quebrando a magia do momento.
- De lá pra cá, foi uma surpresa atrás da outra, claro. Não foi fácil descobrir que era uma bruxa, que Harry Potter e sua turma existiam de verdade e todo o resto. E agora, imagine só, descubro até que pessoas próximas a mim na minha pretensa “vida de trouxa” eram bruxas e não me falaram nada!
Sirius percebeu de quem ela falava e perguntou, tentando parecer casual:
- Aquele músico, vocês tiveram algo sério, não? – ele tentou falar o mais normal possível, para ela não pensar que estivesse com ciúmes de Murilo, e nem deixá-la perceber que já o conhecia antes da festa.
- Sim, tivemos algo. Sério? Não sei. O primeiro amor tem aquele ar de fantasia, de sonho... que nem sempre se mantém. O Murilo, hoje, é um amigo muito querido. Depois dele, não fui muito feliz nas escolhas, mas isso já é passado...
- Existiram outros, então...
- Claro, tive outros namorados. Não muitos... e um noivo. Mas deu tudo errado.
- Ainda bem! – ele disse com um suspiro que tentou parecer engraçado.
Serenna o fitou sem entender
- Se tivesse dado certo, eu não teria chance nenhuma, não é? Ainda estaria naquele véu medonho... – ele deixou de sorrir. O simples fato de se lembrar do véu trazia de volta desalento e desespero.
- Acho que não. Achariam alguma maneira, tenho certeza. Remus estava determinado a salvar você.
- Só porque conheceu você e descobriu sua ligação comigo. Aliás... que história é essa de me transformar num poodle com lacinhos cor de rosa? – ele avançou inesperadamente sobre ela, forçando-a a se inclinar, estendendo as mãos na defensiva para empurrá-lo, no que falhou desastrosamente, pois logo ele estava sobre ela, mantendo-a presa entre ele e o sofá.
- A idéia não foi minha, juro! Foi do Aluado! – ela ria, quase se engasgando ao se lembrar de seu feitiço contra o bicho-papão-Sirius...
- Eu deveria me transformar agora e... – ele parou, encarando-a profundamente.
- E o que? Me morder? Mas a Tonks disse que você não morde!– ela retrucou, segurando uma risada... mas perdeu completamente o rumo do que ia dizer em seguida. Aquele olhar a “embobecia”... sem contar a sensação estranha que seus corpos tão próximos estava lhe causando. Como é que tinham chegado a um ponto desses, tão rápido? Tinha até medo de responder.
- Não... – ele murmurou – Eu seria incapaz de ferir você, pode ficar tranqüila...
- Não sei não... – ela tentou gracejar, mas não conseguiu.
O olhar dele se fixara em seus lábios, que ela mordia, nervosa.
- Não faça isso comigo... – ele murmurou, rouco.
- Você é que faz comigo… - ela deixou escapar, num sussurro. Sirius fitou-a intensamente, enquanto roçava delicadamente seus lábios, e ela desistiu de resistir ao que sentia por ele.

O beijo que começou hesitante foi terno, louco, apaixonado, doce... de tudo um pouco. Só não foi longo, porque algo os interrompeu.

Algo não, alguém:
- Sirius! Sirius! – a voz eufórica e inconfundível de Tonks vinha da lareira – Você já soube?
Os dois se afastaram um pouco, mas Sirius se recusava a responder à prima, que continuava chamando-o, sua cabeça revirando nas chamas verdes como se tentasse alcançar todos os cantos da casa. Mas ela não os vira no sofá, que estava na lateral da sala, um pouco fora do campo de visão da lareira.
- Que tal aparatarmos pra outro lugar antes que ela nos veja? – ele perguntou, num sussurro, enquanto mantinha Serenna quieta com o peso de seu corpo.
- Nesta posição? Nada disso, Senhor Espertinho! E ela iria ouvir... – Serenna respondeu, também num sussurro.
- Hum... é mesmo... Tem certeza? Você ia gostar de “lá”. – ele sussurrou no seu ouvido, com um sorrisinho malicioso no canto dos lábios, fazendo-a arrepiar-se toda.
Mas eles não foram silenciosos o suficiente, porque Tonks percebeu alguma coisa e agora virava a cabeça para aquele lado.
- Ah! Você está aí, hein? Ops, não está sozinho? Desculpe... – ela acabara de perceber o casaco e o blazer no braço do outro sofá, além, claro, das botas nitidamente femininas no chão.
- Hum... acho que meu velho amigo lobisomem vai ser tornar um lobisomem viúvo...
- Shhh... Não diga isso! – Serenna fez cara de espanto e de pena, mas por dentro pensava algo parecido.
Sirius se ergueu a contragosto e foi até a lareira, depois de murmurar um “fique aqui” para Serenna. Seu gesto a surpreendeu, ele tentava preservá-la da curiosidade da prima.
- O que foi, prima? Pra que tanto estardalhaço? – ele perguntou com ar de enfado, tentando se recompor rapidamente.
- Ah, pensei que gostaria de saber que achamos mais um membro da família Black...
- Eu já sei disso – ele retrucou, impaciente, imediatamente se arrependendo e torcendo para que seu deslize passasse despercebido. Esperança vã, entretanto.
- É um garoto, tataraneto de Isla Black, aquela que... – Tonks arregalou os olhos – Espere um pouco, como assim, “já sabe”?
Sirius soltou um grande suspiro e devolveu:
- Como “você” sabe?
- Ah, o Atkinson contou pro Arthur que a Serenna ia vê-lo hoje e... – Tonks arregalou ianda mais os olhos e olhou de soslaio para o sofá, para depois perguntar em surdina – É... ela? Vocês... estão juntos?
Sirius deixou escapar uma imprecação. Naquele momento, tinha vontade de matar a prima enxerida... Antes que pudesse dizer alguma coisa, ela se virou de costas, como se alguém a chamasse, e sumiu da lareira. A cabeça de Remus apareceu em seu lugar:
- Sirius, nos desculpe. A Tonks parecia que ia morrer de ansiedade se não falasse com você. Andrômeda também está felicíssima, quer saber tudo sobre o garoto. Estamos tentando impedi-la de ir hoje mesmo bater à porta deles. – ele pareceu hesitar antes de continuar, mas quando falou não olhou para o lado do sofá – Serenna está mesmo aí? Posso falar com ela?
Serenna saiu de sua posição segura, vindo para o lado de Sirius ao pé da lareira. Respirou fundo e tentou se ajeitar rapidamente, antes de cumprimentar o amigo, pedindo a Deus para não estar corada:
- Como vai, Remus?
- Tudo bem? –ele lhe sorriu, tentando demonstrar naturalidade e olhando de soslaio para Sirius – E então? Como foi lá? Correu tudo bem? Soube que foi sua primeira visita ”solo”.
- Sim, correu tudo bem. Mas tive ajuda do Sr. Black aqui e... – ela riu, ao ver sua cara de espanto com a súbita formalidade – Você sabe como ele é, um perfeito cachorro... Isso convenceu a família do garoto na hora!
- Ora! – Sirius retrucou, mas Serenna caiu na risada
– Você precisava ver a cara do pai do garoto, quando aquele cachorro imenso se transformou num homem adulto bem à sua frente.
- Pelo menos agora, o Almofadinhas tem mais gente na família... – Lupin comentou
- No canil, você quer dizer... o garoto é um animago nato, e também se transforma em cão.
Lupin fez cara visível de espanto dessa vez, e os três acabaram rindo muito. Tonks voltou para a conversa, mas eles logo se despediram.

Sirius e Serenna se entreolharam. O clima fora quebrado, mas ambos tinham receio de dizer alguma coisa que os tirasse da ilusão de que poderiam voltar ao mesmo ponto em que estavam antes da interrupção.

Sirius ia falar algo, quando um novo rosto apareceu na lareira: Harry.
- Oi, Sirius, eu... Serenna! Tudo bem? – ele perguntou, sem jeito, e Serenna sorriu ao perceber o rosto encabulado por trás das chamas verdes.
- Tudo bem, Harry. Já sei: você também ouviu falar que fui visitar um descendente dos Black hoje.
- Então é verdade mesmo? Que legal! Como é o nome dele?
- É Daniel, mas o chamam de Harry Potter na escola. – ela respondeu, só esperando a reação dele, que foi de autêntico susto.
- Hein? Mas... por que? Ele anda azarando os outros sem querer? Foi isso que ele fez pra ser detectada a magia? Azarou alguém?
- Não, nada tão grave. Fique tranquilo, ele não inchou a tia como um balão! – ela riu ao se lembrar da história, e Harry fez uma careta. - Ele apenas se parece com Harry Potter. Não você, o “outro”. Poderiam ser irmãos, de tão parecidos. Confesso que eu mesma me assustei. Cheguei a conferir se ele não tinha uma cicatriz na testa.
- Mesmo? – Sirius indagou – Não achei tão parecido assim com o Harry...
- Porque você não viu os filmes, seu bobo.
A naturalidade entre eles fez Harry franzir as sobrancelhas. Será que já estavam se entendendo? Sirius finalmente conseguira vencer a barreira que a irmã do Ranhoso mantinha erguida? Ao que tudo indicava sim, afinal, ela estava na casa dele!
Uma sineta - não, um carilhão inteiro, mais barulhento que o BigBen - pareceu tocar em sua cabeça nessa hora. Ele percebeu que estava sendo inconveniente. Um pouco sem graça, agradeceu a Serenna pela informação, que disse ser mesmo maravilhosa, cumprimentou o padrinho e despediu-se.

Eles ficaram em silêncio, olhando um para o outro, ambos pensando no que – ou quem – viria a seguir. Não precisaram esperar muito.
Logo as chamas tremularam, verdes novamente, e um novo rosto surgiu:
- Boa noite, Sirius. - Ana Weasley sorriu – A Serenna ainda está aí? Precisava falar com ela...
- Estou sim, Ana, o que foi? – Serenna se aproximou da lareira.
Ana parecia indecisa. Então, de repente, fitou Sirius e pediu:
- Você poderia nos deixar conversar a sós uns instantes?
- Claro – ele disse, sem esconder uma ponta de irritação – Acho que não estou sendo um bom anfitrião. Vou à cozinha buscar algo. Fiquem à vontade. Serenna... a casa é sua.
Com uma mesura exagerada que arrancou risinhos de ambas, ele as deixou.

Serenna suspirou e encarou a amiga, perguntando logo, em português:
- O que era tão importante pra você me chamar aqui? Ah... e como sabia que eu estava aqui? Já sei, não precisa dizer. Foi a Tonks. Meu Deus, daqui a pouco teremos lareiras funcionando que nem o MSN... já pensou?
- É que... – Ana fez uma expressão engraçada, meio maliciosa – Tonks pareceu tão entusiasma, porque vocês finalmente estavam “ficando”...
- Mas não é nada disso! – Serenna reagiu de pronto.
- Não mesmo? – Ana piscou, divertida, mas depois ficou séria – Olha, não quero me intrometer, só acho que você não pode ficar fugindo do que sente... Vou acabar discordando do Snape.
- Como assim?
- Ah, ele achava que você ia parar na Grifinória, ou era uma nova discípula de Dumbledore, disposta a confiar e entrar de cabeça... mas você está muito sonserina pro meu gosto, especialista em sair pela tangente.
- Ah, meu Deus! – Serenna revirou os olhos e estava pronta pra desferir uma resposta irônica, quando Ana comentou novamente:
- Estou vendo que as coisas se inverteram... Se antes você influenciou Snape positivamente, fazendo-o melhorar tanto... agora, ele é que está influenciando você, e pra pior!
- Não é nada disso! – Serenna se ergueu, pronta a sair dali, mas parou. A amiga tinha razão. Estava, no mínimo, sendo infantil. Sentou-se em frente à lareira, em posição de ioga, o mais próximo possível das chamas, para falarem com mais tranqüilidade. Poderia finalmente falar de suas dúvidas para amiga. Das reservas que ainda tinha para se entregar às evidências que seu coração não conseguia mais esconder:
- Eu gosto dele, Ana, você sabe. Mas… esse jeito dele de querer viver intensamente, como se não houvesse um dia de amanhã, me assusta um pouco.
- Menina, ele viveu 12 anos em Azkaban e, quando pensou que estava livre de novo, lá se foram mais doze anos naquele véu! O que você esperava? Mas não acha que um cara que sonha e espera por você desde a adolescência vai querer um caso rápido e pular fora depois, acha? Vocês estão predestinados a ficarem juntos, qualquer um sabe disso.
- Lá vem você com essa história de novo... Eu não acredito em predições e profecias. Essa história de ser meu destino tirá-lo do véu já foi mais do que suficiente pra...
- Pra provar que estamos certos! Deixe de ser teimosa, ouça seu coração!
- Não sabia que você tinha virado “conselheira sentimental”...ou Cupido!
- Olha aí você de novo querendo sair pela tangente. – Ana parou, pensativa, mas confiante. Ia usar seu último trunfo pra convencer aquela turrona. Aquilo estava ficando mais difícil do que convencer o indeciso Rony a criar coragem pra se aproximar da Hermione.
Serenna, por sua vez, começou a pensar que, se fosse no Brasil, talvez existisse já até um “bolão” com os palpites mais votados de quanto tempo demorariam para se acertar... Mas Ana interrompeu seu devaneio, limpando a garganta e começando o que parecia uma longa preleção, e Serenna fingiu-se resignada, quando por dentro começava a se divertir com a situação, reconhecendo que estava curiosa com os argumentos que Ana – uma perfeita advogada – usaria para defender sua união com Black. Não ia dizer para amiga que não rpecisava ser convencida e perder uma oportunidade dessas. Ana era sempre brilhante em seus argumentos.
- Serenna, você é uma parte importante de um complicado e delicado equilíbrio mágico.
- Falando assim, até parece que sou uma nova Merlin, ou a reencarnação de Morgana das Fadas… – Ela suspirou e fitou a amiga com ar descrente, tentando não rir.
- Mulher de pouca fé! – A outra disse com humor. – Lembra de quando eu falei sobre o Zodíaco de Glastonbury? – Serenna fez que não, só pra ver o que a amiga faria. – Tudo bem, explico de novo. A Abadia de Glastonbury é uma das mais antigas construções cristãs da Inglaterra. Hoje está em ruínas, só que a região toda já foi ocupada por celtas, há mais de dois mil anos. Pois bem... O traçado das antigas estradas forma desenhos imitando os doze signos do zodíaco, espalhados por toda a região de Somerset, Barton St. David, Pennard Hills, Babcary... Em círculo. Na Ordem exata. – Ana concluiu, entusiasmada.
- É realmente impressionante. – Serenna concordou. – Mas não vejo ligação comigo, ou com... O cachorrão ali. – Indicou um gesto de cabeça a direção da cozinha, onde Sirius estava.
- Calma. Eu ainda não terminei. Há um décimo terceiro símbolo, fora do círculo. Ou o “Décimo Terceiro Gigante”, como o chamam. Um enorme cão, medindo cinco milhas de comprimento. O “Grande Cão de Longport”! A cabeça do cão está em linha reta com o símbolo de Gêmeos, separando o gêmeo do norte do gêmeo do sul. – ela brandiu a varinha do outro lado, e um desenho estranho, parecendo mapa astral, foi projetado no chão à frente de Serenna.
- Sim, mas... – Serenna tentou retrucar, mas Ana não parava mais.
- Os trouxas só se deram conta da existência dos símbolos em 1936, quando uma pesquisadora, que estava traduzindo um antigo texto sobre as aventuras do Rei Arthur que supostamente haviam sido escritas por um monge em Glastonbury, desconfiou que aqueles mapas antigos tinham um estranho “padrão”. Olha só o que um estudioso disse a respeito:
Ela começa a ler o que parece ser um imenso bloco de anotações:
- “Nas imediações do sudoeste do círculo do zodíaco, a figura se parece com o cão egípcio Anúbis, Guardião do Submundo. Aqui, poderia se dizer que o cão está guardando o zodíaco. Sua calda está apropriadamente localizada no lugar chamado Wagg, e o brilho da “Estrela do Cão” do Cão Maior, SIRIUS - Ana enfatizou o nome – cai no nariz do cachorro. Justo neste nariz, construído em Athelney, que é uma das linhas de margens fazem o alinhamento mais longo dos lugares pré-históricos no sul da Inglaterra.
- Coincidência, Ana. – Serenna retrucou de novo, mas Ana só sacudiu a cabeça e continuou:
- E o grande cão de Longport – fora do círculo pelo sudoeste – defendendo os signos do inverno ao norte, e os signos do verão ao sul”.
- Acho essa história toda muito forçada. Quem garante que isso tudo tem alguma coisa a ver comigo, ou Sirius, ou Severus? Quando ajudei você com aquele medalhão...
- Ainda não tínhamos descoberto o jeito de trazer Sirius de volta, e eu já tinha ficado curiosa com o cão ali. Já estava encafifada com isso – a auror fez uma pequena pausa e continuou, mais resoluta ainda - Serenna. Eu venho estudando e me aprimorando no meu dom de Mestra dos Sonhos. Eu te contei sobre o chefe indígena, lembra? Pois é, nesses meus estudos, tive que passar por vários conceitos de magia que os estudantes de Hogwarts sequer sonham que existam. É por isso que eu sei que ter crescido no Brasil te deu muito mais do que imagina, e já sabia disso quando aconteceu tudo aquilo em Glastonbury. Se não fosse isso não teríamos conseguido... (1)
Ana parou e respirou fundo. Os acontecimentos ainda eram muito recentes para ela, tinha sido algo muito intenso, e ela não conseguia entender como Serenna não percebera a grandeza do que fizeram, do que só fora possível acontecer por causa da ligação ente ela, Snape e, claro, Sirius Black. Mas, pensou, talvez Serenna tivesse também algum mecanismo interno de defesa que atuava toda vez que ela usava seus poderes mágicos mais intensamente. Pelo menos, desta vez ela não apagara, como quando salvara Olho Tonto. Ana voltou à carga, decidida a provar que estava certa:
- Você respirou o ar de lá, se alimentou dos frutos da terra, bebeu da água de mananciais de lá. Para os povos indígenas, você se encheu da força que existe lá, e está, irrevogavelmente, ligada a ela.
- Agora já são mitos indígenas? Pensei que falávamos de Zodíaco. Não, da Abadia... ai, “Madona da Querupita”!
- Eu, sei, eu sei. Parece confuso, mas só quando se conhece os mitos separadamente. Se colocarmos lado a lado as histórias, veremos que há ligações. Do mesmo modo que descobrimos as ligações de Hogwarts com Avalon... – seus olhos brilhavam ao ordenar firmemente - Olhe para o cão, Serenna – a outra obedeceu. – Sempre fora do círculo. Guardando os demais “Gigantes”, mas à margem. Apenas parte de sua calda está dentro do zodíaco, e ela aponta para o signo de leão. Leão! Grifinória.
- Os gêmeos do signo sempre aparecem como gêmeos idênticos... – Serenna ainda tentou argumentar, mesmo sabendo que era perda de tempo.
- Olhe bem: estes gêmeos não são idênticos. Um está agitado, com o braço levantado como se fosse jogar algo no cão. O outro está de frente para o cão, o observa calmamente... Os especialistas trouxas até se perguntam se é o outro gêmeo ou um monge meditando... – Ana sorriu triunfante, depois de lançar um olhar para a figura da amiga, sentada em posição de lótus. – Você adora ficar assim, não é? Não notou como você parece "recarregar as baterias" quando volta para casa?
- Ana, todo mundo diz a mesma coisa sobre o Brasil!
- Exatamente! - Ana respondeu, com um sorriso enorme. Por isso, sua magia é ainda mais forte quando está no Brasil.
- É, eu sei, já deu pra sentir que isso acontece mesmo.
- Mas VOCÊ Serenna... – Ana voltou à carga - Faz parte de um plano maior. É parte do equilíbrio de Gêmeos"
- Agora você vai dizer que foi por isso tudo que voltei. Que Severus cumpriu uma espécie de “profecia” ao me trazer de volta...
- Certo, certo. Direto ao ponto: o cão tem a função de proteger, guardar e manter unidos os símbolos. Você voltou por Severo, sim. São tão parecidos e tão diferentes quanto o norte e o sul... Mas você precisava ser separada dele. Sua... Como poderei dizer? “Absorção” da magia do Hemisfério Sul era fundamental para o equilíbrio daquele lugar. E você cumpriu seu papel quando foi necessário. Sul e Norte, Espaço e Tempo, você e Snape. Agora que voltou... O cão a protegerá... E a manterá aqui e fará com que você seja tão forte aqui como é lá.
- Que absurdo, Ana! Agora eu preciso da proteção de um homem que vira cão? Eu...
- Não acredito que eles não tenham lhe dito sobre o feitiço de sangue! O Remus ou o Snape.
- Claro que disseram… Bem, na verdade, foi Lady Marjorie quem disse, no Natal. – Serenna começou a se inquietar. Aquilo confirmara suas piores suspeitas, de que apenas ela estivera ignorante sobre o significado do ritual que aceitara fazer.
- Olha... não era um feitiço simples... O Remus não entrou em detalhes naquela reunião, mas aquele ritual de sangue é um ritual de casamento mágico. Por isso era necessário uma bruxa em especial, que tivesse mesmo uma ligação profunda com o homem a ser resgatado. Tinha que ser uma relação de amor, como a que vocês já tinham... A gota de sangue que selava o feitiço, e também o compromisso, devia ser uma prova de amor eterno. Se você não o amasse o suficiente para entrar no véu por ele, não conseguiria sair, muito menos trazê-lo com você.
- De onde vocês tiraram que eu amava Sirius Black? Se não tivesse dado certo, eu também teria ficado presa lá!
- Mas não ficou! E por que? Porque o ama sim, sua teimosa!
Serenna resolveu deixar de fingir para amiga:
- Ana, eu sei disso, não precisa ficar repetindo, sim?
- Mesmo? – Ana estava exultante – Você finalmente resolveu admitir? Que maravilha!
Ela batia palmas entusiasmada, fazendo as cinzas voarem, e Serenna retrocedeu um pouco, rindo e protegendo-se do pó com as mãos.
- Eu resolvi tentar, Ana. Só isso, não se entusiasme tanto.
- Sei. E eu fazendo esse discurso todo… para nada!
Serenna deu de ombros, com cara de envergonhada, um pedido mudo de desculpas no seu sorriso. Ana balançou a cabeça, assumindo um ar malicioso ao retrucar:
- Tudo bem, eu entendo… E também acho que passar a noite na casa dele vai ser um ótimo jeito de… – Ana se interrompeu, olhando para o outro lado e retrucando – Vamos mudar de assunto que o assunto chegou…

Como se esperasse uma deixa, Sirius retornou nesse instante, trazendo duas garrafas de cerveja amanteigada e o que parecia ser um prato de biscoitos.
Ana o fitou por alguns instantes. Podia jurar que ele ouvira pelo menos parte da conversa, mas não ia comentar nada. Isso daria mais um motivo para Serenna se manter na defensiva e, além do mais, tinham conversado em português, o que ele poderia ter entendido? Com ar de quem não quer nada, perguntou ainda em português:
- Quer que eu avise pra Lady Marjorie que você vai passar a noite com seu “fiancê”?
Serenna a fitou de olhos arregalados de susto e rosto corado pela sugestão. Ana deu um sorrisinho e se despediu, antes que recebesse uma maldição da morte via lareira.

Após alguns segundos olhando fixamente para a lareira, Sirius se virou para Serenna e perguntou, irônico:
- Quem é que falta? Ah, já sei. O Snape.
- Fique tranqüilo, ele não virá. Já conversamos. – Serenna respondeu.
- Como assim? – Sirius a fitou por alguns momentos e depois balançou a cabeça – Tinha me esquecido. Disseram-me que vocês têm uma espécie de telepatia.
- Sim, mais ou menos isso. – Serenna respondeu, baixando a cabeça.

Involuntariamente, enquanto Sirius e Tonks conversavam, seus pensamentos haviam chamado a atenção de seu irmão, que perguntara se estava tudo bem. E ela respondera mentalmente:

- “Sim, estou bem. E estou com o Sirius”.
- “Sirius Black? Tem certeza do que está fazendo?”
- “Sim, tenho. Fique tranqüilo. Sei me defender.”
- “Vou tentar acreditar nisso. Pelo jeito, você já se decidiu, não é mesmo?”
- “Sim, cansei de brincar de gato e rato, ou melhor, de cão e gato. Mesmo ainda achando absurdo essa história de casamento indissolúvel… Vocês tinham que ter me explicado claramente isso.”
- “Mudaria alguma coisa? Você deixaria de tentar entrar no véu se soubesse que estaria mesmo ligada a ele para sempre? Que não era apenas uma força de expressão?”
- “Não... Vocês tinham razão, enxergaram antes de mim que eu o amo.”
- “Pelo visto, terei mesmo que me acostumar com o Pulguento na família. Vou já preparar aquela poção antipulgas! A famíllia vai precisar de proteção extra.” – fora sua resposta irônica e, quando ela pensara que ele romperia a ligação mental, ele disse:
- “Não pense nisso. Você não me deve nada. Graças a você, além de meu filho, hoje tenho mais irmãos e sobrinhos do que imaginei, já que sua família trouxa também me adotou. Você tem o direito e o dever de ser feliz com alguém”
- “Você também. Talvez esteja na hora de procurar uma cunhada para mim…”
- “Isso já é outro assunto, irmãzinha.”
– e, agora sim, ele rompera a ligação.

Serenna olhou para Sirius com um pedido mudo de desculpas, enquanto ele tentava assimilar a informação de que Snape já sabia que a irmã estava em sua casa, sozinha com ele.
- Bem, acho que podemos continuar nossa conversa, então...já que todo o Mundo Bruxo já sabe que você está em minha casa, que tal anunciarmos nosso casamento amanhã?
Ele caminhou até o sofá, sentando-se novamente, enquanto Serenna piscava, sem entender o comentário dele, sentindo um calafrio percorrer sua espinha
- Como assim, nosso casamento? – tentou falar o mais natural possível, sendo até irônica.
- Ora, com a fama que eu tenho... e Merlin deve saber porque, já que não faço idéia alguma do que tenha feito para merecer isso, sua reputação estará irremediavelmente arrasada, em menos de doze horas.
- Você se esqueceu de quem sou. Uma Snape! Será difícil piorar minha reputação... Já falaram de tudo, desde eu também ser uma ex-comensal até o displante de ter uma ligação incestuosa com meu irmão e meu sobrinho Alan ser o “resultado”...
- Entendo... Você precisava ver o que já escreveram ou falaram sobre mim. Então, esqueça isso. A gente falava de outra coisa, antes de sermos interrompidos de forma tão drástica.
- Ah, você não viu nada! – ela soltou uma gargalhada, tentando disfarçar o embaraço por ele ter se referido ao beijo – Se tivesse sido o Coronel Laurent a entrar na sala, você ia querer não ter saído do véu!
- Quem é esse? – ele indagou, enquanto pensava em como gostava daquele som cada vez mais.
- Meu pai. Meu pai adotivo. Quando eu namorava com Murilo, se ele nos surpreendesse em situação mais comprometedora do que mãos dadas... era um senhor sermão. Imagine se tivesse visto algo desse tipo... Não, senhor, não teríamos escapatória! – ela ria, tomada por uma expressão saudosa. Como sentia falta do pai!
- E o seu noivo? Seu pai também fazia essa vigilância intensiva? Afinal, você já devia estar mais velha e se chegaram a pensar mesmo em se casar...
- Hum... Era mais gente tomando conta do que você imagina. Ele tinha sido namorado da minha irmã, pra começar. Mas isso é outra história... – Serenna riu da cara de espanto dele – Ela é que aproximou a gente, achava que tínhamos mais a ver um com o outro. Ele era do time masculino de basquete da nossa cidade natal, ela do feminino... Saíamos muito em grupo, quase nunca estávamos sozinhos. É verdade que quando tinha chance ele... gostava de tentar “avançar o sinal”... mas eu – ela o olhou de relance – eu nunca...
Serenna suspirou. Quase confessara algo muito íntimo, que coisa mais embaraçosa! E, além do mais, aquelas lembranças, sim, eram difíceis. Nada da irreverência divertida de Murilo, que nunca deixara de ser um amigo. Com o antigo noivo, as coisas foram um pouco mais dolorosas. Mas, já que começara, resolveu contar até o fim, tentando não se preocupar com o fato de que, como sua mãe dizia, “para quem saber ler um pingo é letra”, e Sirius certamente entendera o que dissera:
- Os dois times tiveram jogo em outra cidade, um torneio intermunicipal, num fim de semana em que não pude viajar com eles. Tinha prova para um concurso público. Depois do jogo, minha irmã os flagrou... bem, você pode imaginar. Ele estava com outra, uma garota do time também, e nem tinha se incomodado em terminar comigo antes. Rompi o noivado, claro. Eles se casaram logo em seguida, ela estava grávida. Depois disso, não perdi mais tempo com namoricos e rapazes. Tratei de cuidar da minha vida. Tinha coisas mais importantes em que pensar.
Sirius não disse nada, apenas a olhava com expressão indecifrável. Intimamente, estava feliz por constatar que não tinha nada a temer quanto a possíveis “concorrentes”. Mas, por outro lado, começava a entender aquela barreira toda e imaginar o que precisava fazer para derrubá-la. Estava claro que a traição do noivo a fizera desconfiar demais dos homens, a ponto de afastá-los de sua vida. Mas ele não desistiria tão fácil assim...

Seus pensamentos foram interrompidos por um comentário dela, obviamente uma tentativa de desviar daquele assunto delicado.
- Pensei que você não gostasse dessa casa e fosse procurar outro lugar pra viver. Mesmo com a melhorada que ela sofreu... ainda é muito sombria. Deve trazer muitas lembranças desagradáveis.
- Ah, mas já estou providenciando isso! – ele sorriu, satisfeito – Só não me mudei ainda porque ainda faltam alguns detalhes... É um apartamento num prédio trouxa, precisa ainda de algumas adaptações. Ninguém sabe de nada, além do Remus.
- Sério? Gostaria de ver isso... Ver como você se viraria sozinho, afinal... – ela ria com vontade agora, e estava realmente curiosa. Sirius Black ajeitando sozinho uma casa? Isso ela queria ver!
- Gostaria mesmo? Só se for agora!
Serenna olhou para a mão estendida, depois para o sorriso no rosto cheio de expectativa. E pensou: por que não?
Sorrindo também, segurou a sua mão, deixando que ele a puxasse para mais perto, abraçando-a, antes de aparatarem juntos mais uma vez.

============
Gente, demorou, mas chegou.
o diálogo entre Ana e Serenna, claro, é todo da Belzinha, e foi muito divertido montá-lo no msn.
claro, mudei alguns pontos depois de nossa última conversa, porque nós duas estamos com problemas de conexão na net. mas não quis demorar mais pra postar, então, faltou a betagem final da revisão. :lol:

portanto, se erros passaram batido, me perdoem.

e, pra turma de entusiastas comandada pela Tina Granger, três palavrinhas: Está quase lá!
hehe... pra quem sabe ler um pingo é letra, diria "mamãe" Marta Laurent.
Regina McGonagall
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Post by Belzinha »

Eita, que capítulo mais gostoso de se ler!
Ah, bem que eu estava precisando de uma leitura boa dessas, para me recuperar melhor desse meu "dodói" no dente. E, cá entre nós, só você mesmo para fazer a gente esquecer até de dor de dente, Regina!
Eu AMO a implicância entre a Serenna e o Sirius! Gente, que casal (porque não adianta mais disfarçar, é um casal e pronto) mais FOFO!!!!!
*Ana baixou geral aqui*
:lol:
Ah: "Mas chama ele de "Harry Potter" na escola" :lol: :lol: :lol: :lol: AMEI!
Hum... Sou suspeita para falar de como gostei da conversa entre a Ana e a Serenna... (mas adorei mesmo). Mais coelhos vão sair desse mato, pode ter certeza!
Falano nisso... Tenho que trocar algumas figurinhas com vc, pelo MSN...
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Post by Regina McGonagall »

Este capítulo e o seguinte não foram betados... desculpe, Belzinha, mas não quis esperar, já que a fic fez niver (aqui, no dia 11)

as coisas caminharam um pouco, mas não esperem demais...


==========================

A Casa Nova de Almofadinhas

- Pode abrir os olhos. Já chegamos. – ele sussurrou em seu ouvido.
Já haviam chegado há alguns segundos, mas Serenna mantinha os olhos fechados. Queria aproveitar um pouco mais aquela sensação tão boa de estar abraçada com ele. Porque não se dera conta antes, de que era tão bom estar ali? A contragosto, abriu os olhos, fitando o rosto à sua frente como se o fizesse pela primeira vez. Na verdade, não deixava de ser, já que agora é que assumira pra si mesma que era mesmo o rosto de seu amado, do homem de seus sonhos...e por um instante, sentiu-se uma adolescente ou uma daquelas heroínas de romances de banca, e riu de si mesma.
Sirius, por sua vez, a fitava com curiosidade. Ela tinha uma expressão sonhadora, tranqüila, e pela primeira vez não a sentia tensa ou na defensiva em seu abraço. Aquele beijo tinha sido um sinal, um bom sinal, e agora, ela parecia gostar de estar ali. Até sorria ligeiramente.
Eles se fitaram por um longo momento, intensamente. Serenna sentiu um arrepio, mas se afastou dele, tentando disfarçar sua inquietação, fingindo avaliar o lugar. Deu-lhe as costas, caminhando pela sala, observando os detalhes.

Na verdade, aquilo não era exatamente uma sala. Era um espaço amplo, sem parede alguma. De um lado, cortinas coloridas se abriam num gracioso arco deixando ver amplas janelas de vidro, com uma sacada de onde poderia se debruçar pra ver a paisagem e que, pelo espaço, poderia até servir de campo de pouso para um hipogrifo...
- Em que andar estamos? – Perguntou, virando-se para ele, curiosa e preocupada.
- Décimo terceiro. É o único apartamento deste andar. Como eles dizem mesmo? Cobertura. Eu enfeiticei a entrada, de modo que os trouxas que subirem ao telhado para o que eles chamam de “manutenção” não a encontrem.
- Mas então... você “eliminou” um andar da construção?
- No registro deles, sim. Mas não se preocupe, eu comprei o lugar, paguei direitinho por ele. Os trouxas só... se esqueceram de que havia um apartamento de cobertura no prédio.
- Mas então... Só se chega aqui aparatando? – Serenna piscou, confusa.
- Na verdade, não. Quem souber o endereço, sendo meu convidado, claro, vai passar sem problemas pela portaria e pegar o elevador até aqui. Um simples feitiço fidelius.
- Interessante... Mas como você achou esse lugar? – Serenna duvidava que um sangue puro, ainda mais ele que passara tanto tempo “fora do mundo”, tivesse articulação suficiente para tanto.
- O Remus... ele viu uma placa de “vende-se cobertura” na porta do prédio...- Sirius tinha uma expressão travessa de quem confessa uma traquinagem – Ele trabalha bem ao lado, sabe? Isso facilitou as coisas.
- Como, bem ao lado? Que eu saiba, Remus só trabalha na Fundação da Ordem da Fênix e... lá em casa! – ela correu para a porta de vidro ao lado da janela, indo conferir na varanda.
Sim, estava certa. Reconheceu os telhados do “Lar de Elizabeth”, pois podia ver além das proteções colocadas em volta de sua própria casa. Viu até o pátio onde as crianças treinavam vôos de vassoura e se divertiam aprendendo quadribol.
Serenna não sabia o que dizer. A intenção dele estava clara para ela, ou será que estava imaginando demais? Ele fizera tanto esforço assim pra se aproximar?
- Acho que ficou bem adequado, não? Quando eu quiser falar com alguém... Com o Remus, quero dizer... é só gritar pela janela. Porque a lareira ainda não está funcionando.Burocracia do Departamento de Rede Flu...
- Sei... – Serenna voltou para dentro e resolveu examinar o resto.
O apartamento tinha uma decoração interessante. Não era sombria como o Largo Grimmauld, nem espartana como os aposentos de Snape. Muito pelo contrário, era tudo uma profusão de cores e tendências. Pufes e sofás baixos, mesinhas baixas e cheias de coisas que encantariam a qualquer criança pequena doida por mexer em tudo. A sala de jantar estava numa espécie de estrado, um piso elevado em que chegou subindo dois degraus. A mesa larga com oito cadeiras era de madeira clara, que muito lhe agradou. Um arranjo colorido – não muito bem ordenado – enfeitava o centro. Atrás de um aparador também de madeira, ela via a cozinha, que tinha apenas armários, pia e fogão.
- Você não tem geladeira? – ela perguntou, só por perguntar.
- O que é isso?
- Deixa pra lá... – ela riu, voltando para a sala – Onde fica o banheiro?
- Ali. – ele apontou uma única porta na parede oposta.
Serenna olhava em volta, espantada. Era uma decoração extravagante, sem dúvida alguma, mas agradável e aconchegante em suas cores quentes. Lembrava-lhe muito uma tenda cigana, por isso, perguntou:
- Os Black têm alguma ascendência cigana?
- Ainda bem que minha querida mamãe não pode ouvir você dizendo uma “barbaridade” dessas! Ela mataria você na hora! Ciganos, mesmo os bruxos, são muito pouco considerados pelos sangue-puros. – ele comentou com um misto de raiva e ironia.
Serenna balançou a cabeça, meio que concordando. O pouco que sabia da mãe dele, lera num livro, e não era muito elogioso. Mas continuou observando tudo, sentindo-se tão bem como se fosse sua própria casa, mas não diria isso a ele. Já dera bandeiras demais por um único dia. Ou melhor, noite, pois o céu lá fora já estava pontilhado de estrelas.
Uma coisa lhe chamou a atenção: era uma moldura na parede, acima da lareira, vazia.
- Você ainda não resolveu que quadro colocar?
- Como? – ele seguiu a direção de seu olhar, sem entender – Ah! Sim. Quer dizer, não. Não é um quadro. É um retrato. É que meu digníssimo antepassado não fica aí o tempo todo, tem afazeres, sabe?
- Antepassado?
- Sim. Um antigo diretor de Hogwarts. Reclamou quando eu contei que ia me mudar. Disse que era seu dever acompanhar seu último descendente direto, essas coisas. Depois de prometer não me importunar muito, e já que passa mais tempo na escola do que aqui, resolvi deixar. Mas à primeira gracinha dele... o mínimo que farei será mandá-lo de volta pra Mansão Black. E tambémdei um jeito para que um amigo possa me visitar também.
Sirius apontou para um porta-retratos dourado no aparador da lareira, que ela não tinha notado que também estava vazio, e pensou que ele se referia, provavelmente a Dumbledore, ou pelo menos ao “Dumbledore-retrato”. A lareira estava apagada, mas ela não deixou de pensar na sequência de visitas que tinham presenciado no Largo Grimmauld. Sirius pareceu ter captado seu pensamento, porque comentou:
- Como eu disse antes, ainda não está conectada à Rede Flu. Felizmente por isso, teremos alguma privacidade por aqui...
Serenna se mexeu, sem jeito. Isso significava que agora sim, estavam a sós. Tentando esconder sua perturbação, ela perguntou:
- Mas você vai dormir aonde, quando vier morar aqui? Naquele sofá? Não parece apropriado para um homem adulto e...
Ela parou. Por Merlim, o que era isso? Estava mesmo pensando “naquilo”?
Sem se dar por achado, Sirius puxou a varinha e acenou para o canto oposto. Uma escada baixou, deixando-a perceber pela primeira vez uma espécie de mezanino, escondido por uma das várias cortinas.
- Meu quarto é lá. Quer ver como ficou? – ele fingiu cara de sério e ergueu a mão direita – “Juro solenemente não fazer nada de bom”... ops. Senha errada.
- Hum... – Serenna fingiu-se indignada, mas sentiu pena da cara de cão sem dono que ele fez, e riu.
Sirius ensaiou uma reverência, aguardando que ela subisse à sua frente.

Serenna subiu tentando aparentar tranqüilidade. E parou ao chegar ao topo, maravilhada. Se a sala parecera uma tenda cigana, era porque ainda não tinha visto o quarto.
Não havia cama, apenas o colchão sobre um tapete grosso no chão, coberto por tapetes menores. Por todos os lados, mais almofadas coloridas, cortinas e um biombo chinês que escondia parcialmente um armário de roupas sem portas. A um canto, uma pequena estante com livros antigos, perto dele um pedestal com um telescópio e no alto... bem... não havia teto. Ou melhor, havia sim, mas transparente. Um teto encantado como o do salão de Hogwarts. Parecia realmente transparente, e que o céu estava mesmo logo ali. Serenna era incapaz de dizer alguma coisa.
- O que achou? – Sirius perguntou, às suas costas, falando bem perto de seu ouvido, um hábito que ele parecia estar adquirindo perigosamente.
- Eu... nunca imaginaria algo assim. É lindo!
- Tão lindo quanto o dono?
- Você é mesmo um presunçoso incorrigível! – ela retrucou em tom divertido, virando-se, apressadamente, mas perdeu o equilíbrio, fazendo com que Sirius reagisse imediatamente na tentativa de ampará-la. A força do abraço inesperado a fez desequilibrar-se ainda mais, e ambos caíram sobre a “cama”. Sirius a mantinha presa sob si, mas apoiava os cotovelos ao seu lado, e ela não conseguia se decidir se o empurrava ou se estendia as mãos para puxá-lo para mais perto. Então, reagiu verbalmente, mesmo sentindo um nó incômodo na garganta:
- Você fez de propósito! – ela ralhou com ele, incapaz de manter o olhar naqueles olhos claros.
- Eu não fiz nada, você é que caiu. – ele sorriu de novo, fazendo-a pensar mais uma vez que deveria haver uma lei proibindo aquele bruxo de sorrir assim tão sedutor. – Está bem, me desculpe. Mas isso não é exatamente necessário, já que aquela loucura toda lá no véu foi o nosso casamento...
- Então... você também sabia! Só a boba aqui que nem imaginou uma coisa dessas... – ela retrucou, raivosa, com uma tentativa de se levantar, e Sirius afastou-se para o lado, contrafeito.
Mas ela permaneceu onde estava e ele a fitou, confuso. Passou as mãos pelos cabelos, num gesto impaciente e disse:
- Olha, desculpe. Eu soube no momento em que você derramou seu sangue o que estávamos a ponto de fazer, e tive a ligeira impressão de que você não fazia idéia do que era a coisa toda, mas... Depois daquele dia, parecia fazer questão de me manter longe, então, como eu ia chegar pra você e dizer: “Garota, você é minha mulher, sabia? Não tem jeito, estamos casados.” – ele tinha a expressão séria como nunca ela tinha visto – Eu tenho minha dignidade, oras! – ele socou o chão, nervoso, e deu um longo suspiro antes de comentar em tom resignado e triste – Tentei me convencer de que você apenas tinha me feito um favor mas… Eu só queria acreditar que tinha mesmo uma chance de finalmente ter alguém, como James teve... Como Remus tem agora, e o Harry também. Isso é sonhar muito?
Sua tristeza a comoveu, e ela estendeu a mão, acariciando seu rosto.
- Eu não sabia, não inteiramente, só me contaram agora, no Natal. Mas se soubesse, não teria feito diferença. Buscaria você nem que morresse tentando. – ela confessou, rindo sem jeito quando ele ergueu uma sobrancelha, espantado. – Eu estava assutada, quem não estaria? Ver um sonho de menina se tornar algo tão real de repente e tão complexo, foi mais do que eu esperava enfrentar. Mas eu sempre amei você, mesmo quando parecia ser só um pesadelo. Eu sofria com eles, mas era por não conseguir te alcançar.
- Verdade, mesmo? – ele riu, de um jeito que a fez sentir o coração disparado.
Serenna apenas o olhou, incapaz de dizer mais alguma coisa.
- Está bem, faço um novo juramento... – ele deixou de sorrir e, debruçando-se novamente sobre ela, segurou seu queixo para forçá-la a encará-lo, e disse com a voz rouca que lembrava um latido morno – Juro solenemente não fazer nada que você não queira...
E a beijou.

*****

- Alvo! Alvo, venha logo.
- Calma, Fineas. Nossos retratos não estão assim tão próximos.
- Deixe de bobagens, homem. Você é um velho tolo... – o sonserino comentou com impaciência.
- Pronto, aqui estou. Mas porque precisamos visitar nossos outros retratos, o que está acontecendo?
- Você verá, meu caro, você verá...


============
calma que tem mais...
Regina McGonagall
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Post by Regina McGonagall »

NASCENTE[ (*)


Clareia, manhã.
O sol vai esconder a clara estrela ardente.
Pérola de luz refletindo teus olhos.
A luz do dia a contemplar teu corpo sedento,
Tonto de prazer e desejos ardentes…

Serenna abriu os olhos. Em sua mente, ouvia a voz de Severus lhe chamando e respondeu-lhe mansamente.

- Está tudo bem? Senti uma emissão anormal de magia vinda de você e…
- Está tudo bem, Severus. Nós fizemos.
- Fizeram…
- A terceira parte do ritual…
- Serenna podia jurar que seu irmão sabia o quanto seu rosto queimava neste momento. Pela primeira vez, a “luz roxa” pareceu um incômodo, uma invasão.
- Me perdoe, não tive a intenção. – Snape respondeu ao seu pensamento.
- Tudo bem, eu é que devo me desculpar. É que… de repente me senti uma adolescente, tentando esconder algo que “não fiz de errado”...
- Mas você está feliz?
- Muito.
- É o que importa.
- Severus?
– ela chamou depois de alguns instantes de silêncio mental.
- Sim.
- Eu continuo amando você. Você é meu irmão, nada mudou.
- Eu sei. Também amo você. Até mais.


Ele se desligou de sua mente e ela abriu os olhos. O quarto ainda estava escuro, mas o teto mostrava o céu lá fora, onde uma estrela solitária ainda brilhava, como se sua permanência no céu fosse capaz de impedir o dia de raiar.
Olhou para o lado, para o homem que ainda dormia. Seu marido. Que coisa mais estranha, pensou. E sorriu.

***

Recordava-se vagamente do beijo que evoluíra para carícias mais íntimas, das roupas tiradas por mãos trêmulas e nervosas, do momento em que Sirius a fitara intensamente e perguntara se tinha certeza de que era mesmo o que queria, estar ligada a ele para sempre, pois ainda tinham uma chance de encontrar uma maneira de quebrar o voto.
- Mesmo que eu tenha que passar o resto da noite numa banheira gelada… ainda podemos parar. – ele comentou com seu jeito maroto que ela já conhecia bem, mas que dessa vez não a irritou, antes, a fez rir, enquanto balançava a cabeça em sinal negativo.
Sirius entendeu seu movimento como um pedido para parar e tentou se erguer, mas Serenna o abraçara com mais firmeza, evitando que se afastasse. Então, sentindo totalmente o peso do corpo dele sobre o seu, ela o beijou levemente e, os lábios roçando nos seus, repetiu as palavras do feitiço que declamara no Véu, ao fazer o voto de sangue.
Uma onda imensa de energia mágica os envolvera no momento em que consumaram sua união, semelhante àquela que vibrara em volta deles quando Sirius a beijara já fora do véu, mas Serenna não tinha como saber disso e Sirius não se preocupou em comentar.
Na verdade, nenhum dos dois pensou em nada coerente por algum tempo… e nem mesmo perceberam que, das molduras da sala, dois velhos muito satisfeitos testemunhavam com euforia e respeito a explosão mágica e dourada que marcara a consolidação de seu laço mágico inquebrantável.

***

A luz fraca da manhã começava a penetrar o quarto, através do teto mágico, e Serenna aproveitou os breves instantes para observar o rosto ao seu lado.
Sirius ainda dormia, uma expressão tranqüila e satisfeita, e ela conteve a vontade de tocar seu rosto. Descendo os olhos para seu tórax, percebeu as tatuagens antigas. Tocou-as bem de leve, com a ponta dos dedos, mas seu gesto sutil foi o suficiente para acordá-lo.
Sirius a fitou, seus olhos claros por um instante confusos, depois sorriu.
- Pensei que estivesse sonhando de novo…
- Não… eu estou aqui de verdade – ela respondeu num sussurro, como se falar mais alto fosse espantar o clima mágico que os envolvia.
- Então, acabo de descobrir que é assim que quero acordar todos os dias daqui para frente.
Ele se virou, abraçando-a e fazendo-a deitar-se novamente. Então, deu-lhe um longo beijo e depois ficou parado, olhando-a com um sorriso que lhe pareceu de um menino.
Ela sorriu, pensando que ele não parecia muito ser mais do que isso: um menino. A pesar das marcas no corpo, sinais de sua vida torturada… Sua exrpressão se turvou um pouco, e ele se preocupou:
- O que foi? Algo errado? – perguntou, movendo-se para o seu lado e apoiando-se num cotovelo.
- Não, não. – ela estendeu a mão, tocando as tatuagens – Pensei que você não as tivesse de verdade, mas parece que Cuarón acertou em pelo menos uma coisa que “criou”.
- Do que você está falando? – ele olhava para as próprias tatuagens sem entender – E quem é Cuarón? Algum bruxo do seu país?
- Não, não. Ele é mexicano. E não é bruxo, pelo menos, acho que não! – ela riu da idéia. - Já pensou? Se o diretor mais criticado pelas invencionices no filme fosse o único bruxo legítimo trabalhando na franquia? Isso seria uma bomba!
Vendo que ele continuava confuso, explicou:
- Alfonso Cuarón foi o mexicano que dirigiu o 3º filme da série Harry Potter… - ela fez uma pausa. Sabia do feitiço inibidor e não entendia bem porque não funcionava com ela, mas mesmo assim tomava cuidado – “O Prisioneiro”… O visual do personagem… as tatuagens… ele achou que seria interessante, usou tatuagens simbólicas de antigos prisioneiros, sinais de força e resistência, essas coisas… Mas muita gente achou que… bem… como você faria tatuagens em Azkaban?
- Algumas eu fiz antes… - ele apontou para alguns dos sinais. – Nunca fui exatamente um rapaz “comportado”… outras, eu fiz lá. Tínhamos acesso a pena e pergaminho, se tivéssemos força para escrever para alguém. Mas eu não tinha a quem escrever… para que? Então, escrevi em mim mesmo… transcrevi antigos símbolos e feitiços. Mesmo sem varinha, consegui formular feitiços de fixação. Mágica elementar, eu acho.
Seu olhar pareceu perdido numa tristeza antiga e Serenna desejou poder apagar a lembrança daqueles anos difíceis. Num impulso, beijou algumas das tatuagens em seu peito, como se isso fosse capaz de apagar os vestígios de dor que ainda existissem.
Sirius abraçou-a novamente, comovido ao perceber seu sentimento.
- Como pude viver tanto tempo longe de você, minha querida? – ele sussurrou em seu ouvido.
- É o que eu também me pergunto… - ela sorriu de forma travessa e depois comentou – Sabe, eu não sei os outros fãs, ou no caso, “as fãs”… mas sempre achei que as tatuagens davam um ar mais… sexy ao personagem… Claro, o Gary já era um poço de charme de qualquer jeito, isso era só mais um detalhe...
- O Gary? – ele franziu o cenho por alguns segundos, mas depois se lembrou e, fingindo-se zangado e enciumado, virou-se bruscamente, imobilizando-a – Você ainda acha que ele é mais charmoso que eu?
- Sirius! – ela reclamou.
- E então? – ele a questionou – Qual de nós você prefere? O original ou a cópia? Claro, ELE é a cópia…
- Não sei não… - ela brincou.
- Mulher… - seu tom ameaçador, parecendo um rosnado, a fez cair na gargalhada. - Acho que você merece um castigo…
- Não, por favor, não me castigue! Se bem que… - ela sorriu maliciosa – Que gênero de castigo você pretende?
- Não faça isso comigo… - ele repetiu a frase de muitas horas atrás, antes de beijá-la com paixão e fazê-la esquecer... ai, por Merlim, qual era mesmo o nome daquele ator?

=======================

(*) Nascente – música linda de Flávio Venturini, mas esse foi o melhor video que achei da música, que não tá muito legal.
http://www.youtube.com/watch?v=ig7Ionb3 ... ed&search=

Gente, taí.
Juro, eu tentei ser um pouco mais detalhista… mas travou! (hehe, é sério, travou mesmo! )
Como disse no capítulo anterior, esse também não boi betado.Qualquer coisa, me perdoem.
Ah! Não pensem que acabou! E nem que… bem, vamos curtir esse momento um pouco mais.
O resto da história, a gente vê depois.

Last edited by Regina McGonagall on 11/12/07, 06:55, edited 1 time in total.
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Post by Belzinha »

"Juro solenemente não fazer nada de bom”... ops. Senha errada" - A fã dentro de mim deu um grito extasiado, suspirou e disse: "aaaaaaaaah". Adoro o Almofadinhas!
Ficou tão linda essa cena da Serenna e do Sirius! Sério, me senti tocada. :palmas
Estou em clima HP, graças ao seu capítulo! Tô inspirada!
AMEEEEEEEEEEEEEI!
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Post by Regina McGonagall »

Er... bem... hum... humm... aqui está: "The day After"!
Eu postei no FeB e me esqueci de que tem gente que só entra aqui, então...mil perdões, queridos.


============
Quando tudo parecia ir tão bem...
- Por mais agradável que seja ficarmos assim juntinhos... o pessoal vai começar a reparar. Acho melhor escolhermos uma mesa.
Serenna suspirou ao ouvir isso. Pela terceira vez em menos de vinte e quatro horas, haviam aparatado juntos. Desta vez, para o Caldeirão Furado. Ela não queria mais sair daquele abraço gostoso, mas afastou-se, corando ligeiramente ao perceber que alguns dos ocupantes das mesas vizinhas olhavam para eles com curiosidade mal disfarçada.
Sirius riu com vontade, ao ver sua esposa corar tão facilmente.
“Sua esposa”. Agora era definitivo, ela era sua esposa, em todos os sentidos. E ele se sentia imensamente feliz por isso. Sua primeira noite fora maravilhosa – e sua primeira manhã também, uma vozinha maliciosa sussurrou em seu interior. Fora com muita relutância – e só porque uma certa parte de seu corpo, o estômago, para ser mais exato, reclamara ruidosamente - que haviam deixado sua confortável e aconchegante cama, “de volta à vida normal”, como sugerira Serenna.

Ele retrucara que precisavam de uma “lua-de-mel” de verdade, e ela o chamara de bobo, com um sorriso, mas depois dissera que precisavam pelo menos avisar aos outros que estariam “saindo por alguns dias”…
- Mas todo mundo já sabe mesmo! – ele retrucara mais uma vez, lembrando-se da enxurrada de lareiras da noite anterior, mas ela dissera sobre sua família. Ele então se lembrou dos filhos dela e de todas as suas responsabilidades como diretora do Lar de Elizabeth.

***

E agora, estavam juntos no Caldeirão Furado, porque ele dissera que precisavam de um bom café, antes de resolverem as coisas.
- Podíamos ter feito isso... em casa. – ela comentou, em tom suave.
- Gostei de ouvir isso... “em casa”... mas sou péssimo na cozinha e de maneira alguma ia dar um trabalho desses pra você logo na nossa... – ele parou, vendo que tinham companhia.
Tom já se aproximara e cumprimentou-os, escondendo a surpresa por ver justamente aquele casal tão cedo em seu estabelecimento com a imparcialidade de décadas como barman:
- Bom dia, Srta Snape. Bom dia, Sr. Black. O que vão querer?
- Tom, meu velho. Traga-nos dois cafés completos, sim? Como vão as coisas por aqui? Muito movimentado?
Sirius nesse instante observava todo o local. Poucos bruxos estavam no bar naquele momento, mas era notório que o período de paz no mundo bruxo era bom para os negócios.
Tom sorriu, afastando-se para buscar o pedido. Quando trouxe os cafés, fez uma mesura e voltou ao seu balcão, observando o casal inusitado com o canto do olho sempre que tinha chance.
Sirius riu e comentou:
- Tom é um bom homem. Não perde nada do que acontece aqui dentro. Mas é discreto, não se preocupe.
- Porque eu deveria me preocupar? O senhor por acaso teria alguma má intenção a meu respeito, Sr. Black?
- Ah, todas as possíveis e imagináveis... Sra Black! – ele piscou.
Serenna revirou os olhos, como quem desiste de esperar algo diferente, mas sorriu para ele.
Devia isso a si mesma, daria uma chance a Sirius de se mostrar capaz de um comportamento normal. Talvez... se ele ficasse normal demais, ela cantasse aquela canção infantil, como era mesmo? Ah, sim: "Oh, were can my little dog gone?".
Porque – mas isso ela não diria a ele nem sob uma maldição imperius ou sob o efeito de uma veritaserum – seu maior charme era justamente ser tão intoleravelmente cativante e convencido. Mas ele continuava falando de seus planos para a manhã.

- Vamos ao Gringotes primeiro, porque tenho algo guardado pra você lá. Não se preocupe, não é nada que tenha pertencido ao lado negro da Família Black – ele riu do próprio trocadilho – É algo que comprei, quando fui ajudar James a comprar o anel de Lílian... e que vai combinar bem com esse. – ele pegou sua mão, brincando com o anel em seu dedo, o seu presente de Natal - Depois, precisamos mandar uma coruja para seu irmão, se bem que... com essa sua telepatia... Ainda estou um pouco receoso de levar uma maldição da morte daqui a um segundo.
- Não seja bobo! Severus não vai fazer isso. E... já contei pra ele.
- Já?
- Como você disse... nossa “luz roxa”... Conversamos enquanto você ainda dormia.
- Mesmo? – Sirius piscou, um pouco encabulado por saber que Severus já tivera conhecimento de que eles haviam passado a noite juntos, e de que maneira...
Serenna balançou a cabeça afirmativamente, enquanto tomava um longo gole de suco de abóbora. Ambos se concentraram no alimento a sua frente, repentinamente famintos. Não perceberam que a conversa fora acompanhada por alguém muito atento, uma sombra sinistra e esquiva, de olhar enlouquecido.

***

Em Hogwarts, o café dos estudantes terminara e eles se dirigiam às suas salas de aula, onde a maioria dos professores já se encontrava.
Mel dirigia-se levemente preocupada para a aula de poções. Notara que o Prof Snape estava ainda mais sério do que o normal na mesa dos professores, como se isso fosse possível.

Entretanto, a primeira aula do dia não correu como costumava ser. No momento em que ia começar a falar, o Professor Snape parou abruptamente, expressão torturada e olhos arregalados como se visse ou ouvisse algo que os alunos não percebiam.
E, depois de levantar sua varinha e projetar um espectro de luz prateada que deixou a sala antes mesmo que os alunos percebessem ser um patrono, saiu também em disparada, sem ao menos dispensar a turma.

Quando Mel acordou do espanto, por ter visto claramente a forma do patrono de seu professor – que não era nenhum morcego como muitos costumavam imaginar – ele já atravessara os jardins até o ponto de aparatação, sem que ninguém – com exceção de Minerva McGonagall, que já ouvira extremamente chocada a mensagem do patrono - conseguisse descobrir o que estava acontecendo.

***

O café fora agradável, mas precisavam ir. Sirius pediu a conta e Tom em poucos instantes estava ao seu lado. Enquanto ainda trocavam algumas palavras cordiais, Serenna se distraiu um pouco, observando o lugar. Ele sempre lhe chamava atenção, era tão pitoresco!
Lembrou-se dos filmes em que o local era mostrado e pensou em trocar umas impressões sobre isso com sua amiga Ana Weasley na primeira oportunidade.

De repente, algo lhe chamou mais atenção: uma bruxa se levantara de uma mesa ao canto e vinha em sua direção. Ou melhor, olhava fixamente para Sirius, enquanto caminhava, a varinha em punho. Tinhas as roupas sujas, meio rasgadas, os cabelos desgrenhados, os olhos muito abertos e a expressão febril. Sem dúvida, era uma louca.
Antes que Serenna tivesse tempo de dizer algo para prevenir o marido, a mulher apontou a varinha e gritou algo. Sem pensar, Serenna reagiu. Mas não puxando sua varinha como qualquer bruxo faria. Não, ela ainda não desenvolvera esse reflexo. Ela simplesmente pulou à frente de Sirius e… mais uma vez, a sua força mágica agiu como proteção.
O seu pingente de prata brilhou, quando o feitiço bateu em seu peito, e ela caiu desmaiada, segurando-o entre os dedos.
Imediatamente após, alguém gritava um expeliarmus, enquanto outro segurava a louca que a atacara, mas já era tarde…

Sirius, desesperado, erguia a mulher nos braços, enquanto Tom balançava a cabeça, penalizado.
Alguém que entrava no bar nesse exato momento reconheceu de pronto o casal e agiu rápido. Kingsley Schakebolt dispersou a pequena multidão e enviou um patrono de aviso. Dali a pouco, Tonks e Harry aparatavam ao seu lado e olhavam surpresos para a cena. Não demorou muito, e outro estalo se fez ouvir. Snape acabara de aparatar ao lado do casal, mas não fora chamado pelo patrono do auror.
- Ela… me pediu socorro… para você. – ele disse a um Sirius pálido e trêmulo, ainda mantendo a mulher junto ao peito.
- Alguém já tentou um enervate? – Tonks fez das palavras ação, mas Serenna não voltou a si, embora percebessem claramente que não estava morta.

Nenhum dos presentes se movia. Em parte pelo susto do ataque, em parte porque o grupo reunido ali era para muitos o mais improvável do mundo e sem dúvida alguma notório:
- O feitiço foi forte demais, com que ela foi atacada? – Schakebolt indagou em voz alta.
Ninguém soube responder, e só então apontaram para a mulher agachada a um canto, murmurando frases desconexas.
- Ele esqueceu de mim. Foi ela que fez isso. Mas o Tony é meu. Eu vou ter ele de volta. Ele vai esquecer dela agora…
- Quem é essa mulher? Alguém a conhece?- Snape perguntou alto, mas ninguém disse nada.
Schakebolt pegou a varinha da mulher e usou um “priori incantanten”. O último feitiço surgiu, tomando a todos de surpresa. Ninguém o conhecia. Ou melhor, quase ninguém:
- Temos que levá-la para o St Mungus urgente! Esse é um feitiço antigo só usado por bruxos das trevas… Como essa infeliz o conhece? – Snape indagou, ainda mais nervoso.
Incapazes de lhe responder, os aurores limitaram-se a erguer a mulher e, depois de prendê-la com um “incarcerous”, declararam-se prontos a levá-la consigo.
Assim, Harry e Tonks levando a pobre louca, Sirius carregando Serenna, escoltados por Schakebolt e Snape, todos aparataram para o St Mungus.

===========

os próximos capítulos já estão "em ponto de bala", mas vou postar um de cada vez pra dar tempo de vocês respirarem, ok?

e quase me esqueci: a canção infantil de que Serenna se recorda, eu não conheço... hihi... é coisa da Belzinha, em sua gentil e fofa contribuição para este capítulo.
Regina McGonagall
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Post by Tina Granger »

pobrezinho do toto! nem bem conseguiu dar uma lambida no osso, ja tao tirando ele de dentro da sua boca! mulher... eu sou má e voce é minha fonte de inspiracao de maldades!
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

mais fics? olhe no fanfiction.net...

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Juli
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VOCE É MTU CRIATIVA, TODOS OS CAPITULOS FICARAM SUPER FOFOS E DELICIOSOS DE LER....
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Ela está sozinha
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ela tem o mundo nas mãos
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Regina McGonagall
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Post by Regina McGonagall »

Gente, tô aqui ouvindo "Close to you" pra entrar no pic da fic... hihi... já que não estou com a Belzinha no msn...

Mas, como o título já diz, este capítulo teve outra inspiração: Lonely days, lonely nigths" do Bee Gees.

Espero que não chorem muito... como eu disse, as coisas não iam demorar pra se resolver...

==================================

Mudando a trilha sonora? ( ou “Lonely Days, lonely nights”*)

Good morning mister sunshine, you brighten up my day.
Come sit beside me in your way.
I see you every morning, outside the restaurants,
The music plays so nonchalant.
Lonely days, lonely nights. Where would I be without my woman?

Bom Dia Luz do sol, Você anima meu dia
Venha, sente do meu lado, do seu jeito
eu vejo você todas as as manhãs, fora dos restaurantes
A música toca lentamente
Dias solitários, Noites solitárias, Onde eu estarei sem minha mulher?

========

“Dias solitários, noite solitárias. O que farei sem minha mulher?”

- Por Merlin, eu tenho que fazer alguma coisa! – a exclamação saiu de chofre, enquanto uma xícara de café se espatifava ao ser batida contra a mesa.
Lupin brandiu a varinha num feitiço de reparo e outro de limpeza e fitou o amigo, preocupado.
Já havia se passado um mês, desde que Serenna ganhara alta do St Mungus e voltara pra casa. Literalmente: viajara para o Brasil com os filhos, para uma boa temporada de descanso, longe do mundo bruxo e seus perigos, numa tentativa desesperada de conseguir se recuperar totalmente.
Quanto a Sirius, ele estava começando a se parecer novamente com um prisioneiro fugitivo, pois parecia não ligar pra nada.

E, nessa manhã, Sirius mais uma vez deixou a casa de Lupin, caminhando sem rumo por várias horas. Atravessou a parte trouxa da cidade, observando as pessoas irem e virem, em suas vidas normais. Algumas tranqüilas, outras esbaforidas, todas pareciam ter para onde ir, para onde voltar...
Viu restaurantes cheios, famílias ou casais reunidos, e isso o fez sentir-se ainda mais miserável e só. O sol morno da manhã batia em sua face, e ele ergueu os olhos para o céu, desalentado.
Por Merlim, saíra de um inferno para cair em outro. Vivia deslocado, perdido, mesmo entre os amigos. Todos tinham suas famílias, filhos, trabalho... Até Lupin, o velho Aluado sempre solitário, encontrara alguém, e logo sua prima Tonks! Sirius sorriu, triste. O velho amigo agora fazia parte da família. Família!

Por que? Por que, justamente quando ele conseguira se aproximar da sua relutante salvadora, fora acontecer tudo aquilo? Ela não quisera permanecer ao seu lado, desde o início, ao contrário do que prometera, ao tirá-lo do véu. Não soubera a gravidade do voto inquebrantável que havia selado com seu sangue, desde o início, e isso não facilitara sua aproximação. Talvez, se eles tivessem se acertado logo de cara, aquele “acidente” não teria acontecido.
Se... talvez... Sua vida estava de novo cheia de incertezas e ele não agüentava mais.
Lembrou-se do primeiro beijo suave e quente, lembrou-se da noite em que finalmente haviam passado juntos, da manhã em que acordara vendo-a olhando para ele com um sorriso nos lábios ... E da solidão inexplicável depois disso.

Eram apenas dois meses, e parecia uma vida inteira. Dois meses compostos por longos dias, longas noites solitárias. Ele estava só, sem a mulher de seus sonhos, sem a SUA mulher!

Sirius recordou a dura chegada ao hospital, naquela manhã que parecera tão feliz e de repente se transformara num dia de tragédia.

***

Ainda bem que estavam acompanhados do comandante dos Aurores e de dois de seus subordinados. Ou melhor, a presença de Harry Potter no pequeno grupo já faria o atendimento funcionar mais rápido, de qualquer forma… mas a autoridade firme de Schakebolt se fez sentir em instantes. Era um caso quase tão grave quanto uma maldição imperdoável, ele dissera, com necessidade de atendimento urgente.
Até os pacientes que aguardavam atendimento, uma fila ainda tão pitoresca como a que Harry ainda se lembrava de ter visto em seu quinto ano, deram passagem para o estranho grupo. Ainda mais que reconheceram um ex-fugitivo de Azkaban e um ex–assassino, ambos atualmente considerados heróis de guerra, mas mesmo assim… era melhor ter cuidado.
Uma mulher de roupas mais berrantes que o normal, ainda mais para um ambiente hospitalar, aproximou-se do grupo, uma pena automática já escrevendo sem parar em um pergaminho que levitava ao seu lado.
Harry Potter apenas a fitou, sibilando entre os dentes:
- Fique fora disso, Skeeter!
- Não me impeça de fazer meu trabalho, Potter. Que não impeço o seu.
Ela dissera simplesmente, mas a um olhar fulminante de Snape, recuou.
Harry sacudiu a cabeça, como quem reconhece um caso perdido, e eles seguiram os medibruxos que já indicavam para onde ir, já que Sirius se recusara a soltar a mulher e deixar que eles a levitassem.
Quando ele finalmente consentiu em colocá-la sobre um leito, os medibruxos puderam então fazer seus exames.
Tonks continuava contendo a mulher que atacara Serenna, segurando também sua varinha. Snape relatou aos medibruxos o que vira ao testar a varinha, e Sirius relatou em voz baixa como tinha acontecido.

Dois medibruxos aproximaram-se da atacante, examinando-a também, pois era visível seu estado de alienação e loucura, até que um deles exclamou:
- Mas é a Doris!
- Quem? – um coro perguntou.
- Doris foi nossa paciente por um tempo, até que um familiar se responsabilizou por cuidar dela. Sua doença não é resultado de nenhum feitiço, então, não pudemos mantê-la internada. Sempre foi obcecada por Sirius Black e…
A mulher se calou, ao reconhecer o homem ao lado do leito: Sirius Black.
- Eu me recordo do caso. O Profeta Diário chegou a publicar uma de suas cartas. – ao olhar interrogativo de Sirius, Kingsley explicou – Eu mandei-lhe o jornal, não se lembra? No dia da audiência de Harry…
Enquanto isso, após uma rápida explicação de Snape sobre o teor da maldição que ele reconhecera, os medibruxos estavam providenciando algumas poções que ele indicava, sem que ninguém contestasse seu papel, afinal era sua especialidade, além de ser o único que tinha conhecimento dos efeitos que sua irmã poderia sofrer.
Todos foram tirados do quarto, menos Snape, e Sirius passou a próxima hora andando de um lado pro outro, aflito e atormentado.

Após alguns minutos, Ana Weasley também chegava, apreensiva. Seu olhar logo recaiu sobre Sirius, e ela ficou penalizada por seu estado. Ele estava longe de parecer o mesmo homem que fora capaz de se defender dos terríveis dementadores de Azkaban, a ponto de conseguir fugir de lá.
Quando, finalmente, um medibruxo deixou a sala, as notícias não eram muito animadoras.
- Ela acordou e está bem. – ele disse de pronto, mas sua expressão não era feliz. – Entretanto, alguns dos efeitos parecem ser de longo prazo.
- Como assim? O que era aquela maldição? – Harry se adiantou ao seu aflito padrinho.
- Era uma variação do Obliviate, um feitiço dirigido a uma lembrança específica, causando a tentativa de se lembrar algo tão doloroso quanto um cruciatus. Os efeitos físicos foram revertidos com as poções e ela despertou, mas ela sofreu danos na memória recente. Esses danos são de pouca extensão e talvez sejam temporários, graças ao encanto de proteção do seu medalhão. O professor Snape nos disse que é uma jóia de família com essa característica, que inclusive já reagiu de forma semelhante em outra ocasião, protegendo a ele próprio.
- E vocês conseguiram avaliar o que exatamente ela esqueceu? – Ana foi direta ao assunto, verbalizando a dúvida de todos.
O medibruxo não foi capaz de responder a isso.
- Eu poderia vê-la? – Sirius indagou – Sou seu marido.
O medibruxo o olhou de forma estranha.
- Er… não sei se seria conveniente… quer dizer… - ele parecia sem palavras, enquanto observava o pequeno grupo. – Está bem, vocês podem entrar, talvez a presença de mais rostos conhecidos ajude.
Sem entender o que ele queria dizer, eles entraram no quarto, em silêncio. Sirius se aproximou devagar, respiração suspensa.
Serenna falava devagar, aparentando cansaço, e Snape a ouvia sem responder, segurando sua mão. Ela dizia não entender porque estava num quarto de hospital, porque não se lembrava de nenhum acidente, como ele dissera que ela sofrera, quando percebeu os outros.
- Ana, o que vocês estão fazendo aqui? Nossa, Tonks, Schakebolt… Ninguém mais trabalha não, é? Um batalhão de aurores dando sopa? – ela olhou para o homem que se aproximara mais da cama. – Você também é auror?
- Eu sou… - ele começou a dizer, mas Snape o cortou.
- Este é Sirius Black, o padrinho de Harry.
- Ah, sim! O que fugiu de Azkaban. – ela sorriu, de forma simpática, mas que não demonstrava nenhum reconhecimento. – Pensei que tivesse morrido. Mas, de repente, a tal JK Rowling não sabe de tudo, não é mesmo, Ana?
A auror concordou, com um sorriso embaraçado, e tocou no braço de Sirius, antes que ele se adiantasse mais e fizesse ou dissesse alguma bobagem. A situação era delicada.
- Como você está se sentindo, minha amiga? – ela perguntou – Você nos deu um grande susto.
- Eu me sinto um pouco zonza…
- Isso vai passar logo, e você poderá ir para casa. – Snape falou, como se falasse a uma criança.
Antes que alguém falasse alguma coisa, André Laurent chegou, acompanhado de seu amigo músico. Serenna sorriu ao vê-los, embora estranhasse a presença de Murilo.
- Não sabia que você estava em Londres, que surpresa boa! – ela exclamou para o amigo, que olhou em volta, confuso, recebendo um sinal de cabeça de Snape. Então, ele se aproximou e tomou as mãos da amiga.
- Estamos passando uns tempos aqui, tenho um novo conjunto. – ele respondeu – Chama-se “Dois Amassos e Um Gato”.
- Verdade? Eu… que estranho, parece que já sabia disso, mas desde que vim para Inglaterra que não tinha notícias suas… - ela coçou sua testa num gesto nervoso, que lembrou a Harry do tempo que sua cicatriz ardia, e isso lhe soou como um alarme.
- Pessoal, acho que estamos cansando a Serenna, é melhor a deixarmos sozinha, para que possa descansar. Sirius, ainda preciso de seu depoimento sobre o ataque.
- Foi você que me atacou? – Serenna fitou-o com assombro e medo – Por isso está aquí? Para algum tipo de reconhecimento oficial ou algo assim? Eles o prenderam?
- Não, não, eu… estava ao seu lado quando… - ele soltou um longo suspiro. – Harry tem razão, você precisa descansar. Perdoe-me por minha intromissão, com licença.
Sem dizer mais nada, ele saiu da sala, seguido por Harry. Murilo observou-o saindo, pensativo, mas depois tomou as mãos de sua amiga e tentou animá-la.
- “E aí, gata. Sabia que trouxas não costumam entrar nesse lugar? Eu e André fomos barrados na portaria, pensaram que viemos sozinhos, enquanto a Susan perguntava no balcão por você, queriam nos obliviar porque tínhamos conseguido romper a barreira mágica e…”
Sirius ouvira apenas as primeiras palavras do brasileiro, faladas em sua língua natal, enquanto deixava o quarto.
Olhou em volta, perdido por um minuto. Todos os outros deixaram o quarto, apenas André e Murilo ficaram lá dentro. Susan Bones estava sentada, aguardando o marido, e lhe sorriu suavemente.
Não era necessário que ninguém dissesse o que acontecera com a memória de Serenna, estava claro. Ela esquecera-se de que alguém chamado Sirius Black fazia parte de sua vida.
Ela esquecera-se de que era sua mulher.


****

Depois de um dia e uma noite inteira, vagando sem rumo, Sirius tomara uma decisão. Faria o que fosse preciso para trazer sua mulher de volta, para fazer Serenna se lembrar do que haviam vivido.
Era graças a ela que ele estava ali, de volta ao mundo dos vivos, e era apenas com ela que ele queria continuar vivendo.

Só lhe restava uma alternativa, alguém a quem apelar. E não hesitaria mais em fazê-lo, por mais difícil que isso pudesse ser.

Sem vacilar, aparatou, direto para Hogsmead. Iria a Hogwarts, falaria com Snape. Se ele não o ajudasse, não haveria mais nada a fazer.

===========

* esta música dos Bee Gees é antiga, do final dos anos 60... (o Barry nem tinha barba ainda... hehe...)

pra quem quiser ver videos da música, tá aqui o link:

http://www.youtube.com/watch?v=EHmZhNhu ... re=related
(video mais antigo)

http://www.youtube.com/watch?v=UqXxQy7i ... re=related
(nesse, num visual já anos 70, o Barry tem um cão... pena que é branco e não "black"...

http://www.youtube.com/watch?v=3Pn1SGRq ... re=related
este é do último show - "live" - em 1997
Regina McGonagall
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Post by Belzinha »

Buáaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!

Mais uma vez, a sua marca registrada: quando todo mundo já está suspirando aliviado, tipo "agora é o final feliz"... á vem vc e faz cair o castelo de cartas com um soprãozinho maldoso... ("soprãozinho" ficou ótimo, hehehe).

*Respira fundo* Tá... Sei que tudo isso vai ter um propósito. Se é para a fic ficar ainda melhor (se é que isso é possível), então... Vamos lá. Sirius já sacudiu a poeira e decidiu tomar uma atitude (é assim que eu gosto).

Tô louca para ver o que ele vai fazer em Hogwarts (acho que o pessoal já tá com aquele sorrisinho, imaginando o que é.... Hehehe, já pensou? Só vc mesmo, Regina, para criar estas situações! Hehehehe).

PARABÉNS!!!!

AH!

E FELIZ NATAL!!!
Last edited by Belzinha on 14/01/08, 21:44, edited 1 time in total.
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Post by Regina McGonagall »

Hehe... não resisiti e parafraseei o último capítulo postado pela Belzinha (Harry Potter e o segredo de Corvinal)...
Aliás, ela não revisou este capítulo, depois das últimas alterações que fiz, então... se passou alguma coisa, me desculpem.

eu queria postar antes do Natal, e o tempo ficou curto... assim como o capítulo é curtinho... mas acabou não dando tempo na sexta de colar aqui, depois de postar no FeB...sorry!


=================

The Black's Return... to Hogwarts

Naquela manhã em Hogwarts, Snape não se surpreendeu quando soube quem acabara de chegar ao castelo. Mandou que o encaminhassem diretamente ao salão Principal, como seu convidado para o café da manhã, e para lá se dirigiu, com um sorriso estranho no rosto, que manteve enquanto se sentava, observando a entrada.

Os alunos, que tomavam café antes da partida para os feriados da Páscoa, estavam de repente mudos de espanto. Severo Snape sorrindo? Só poderia significar que alguém estava em apuros, no mínimo.
Quando ele simplesmente convocou uma nova cadeira ao seu lado e, a um olhar perquiridor de Minerva, que obviamente ainda não desenvolvera a mesma onisciência de seu antecessor, apontou para a entrada do salão, centenas de olhos acompanharam seu movimento.
Então, quando a porta se abriu, o silêncio foi instantâneo. O visitante, parado por um segundo, não percebeu o impacto que causava, ele próprio tomado pelo impacto de estar de volta.
- É Sirius Black.
A mesa da Grifinória se agitou mais do que as outras. Claro, o filho de Lupin logo identificou o visitante para os companheiros, e em poucos segundos seu nome era sussurrado entre as mesas, que se agitavam à sua passagem.

Sirius, indiferente ao burburinho dos alunos, olhou à sua volta com profunda saudade e dor. Enquanto atravessava o salão, lembrou-se de todos os amigos que haviam partido dali, cheios de sonhos, a maioria deles tombando com a guerra. Lembrou-se da figura sempre imponente e paternal de Dumbledore e, por um segundo fitou o homem que causara sua morte, com extremo rancor.
Snape, a aguardá-lo na mesa, retribuiu o olhar, sabendo exatamente o que o outro pensava.
Sirius foi até lá, sentando-se na cadeira que o ex-comensal lhe indicava ao seu lado, depois de se cumprimentaram com um breve aceno de cabeça. Também entre os professores a surpresa era evidente. Os dois sempre foram inimigos declarados, mas agora se tratavam com polidez, apesar daquele olhar atravessado.
Somente após o café, em que a tensão de Sirius pareceu relaxar com tantos cumprimentos, perguntas ou comentários, é que Snape o convidou para ir até sua sala, a fim de conversarem mais tranqüilamente.
Mais uma vez, um rebuliço entre os alunos. O grupo que se autodenominava “Novos Marotos” era o mais agitado. Cada um tinha uma idéia mais mirabolante que a outra, sobre o motivo dessa inusitada reunião.

Antes de sair do salão, Snape chamara o filho, na mesa da Sonserina:
- Sr Snape, assim que terminar com suas obrigações, aguardo você e os outros em minha sala.
- Sim, Professor. – Alan respondeu (não chamava Snape de pai durante as aulas ou em situações públicas como aquela), depois de cumprimentar o visitante com um aceno de cabeça. Tinha alguma idéia do que Sirius Black tinha vindo fazer, e mentalmente pediu a Merlim que tudo corresse bem.
- Alan... – Snape disse, surpreendendo o filho – Está tudo bem, pode ir.
- Sim, senhor. Com licença.
Alan deu um pequeno sorriso para Black e se afastou, sem se chatear pelo fato de seu pai ter supostamente usado legilimência naquele momento.
Sirius não disse nada. Acompanhou Snape até sua sala, cumprimentando com um aceno a quem o reconhecesse ou cumprimentasse.
Em poucos minutos, todos pareciam ter se esquecido de que partiam para um feriado, curiosos para saber o que aqueles dois homens tinham para conversar.
Alan tratou de ir chamar Lucy e Peter, que também se mostravam apreensivos pelo encontro inusitado. Em todo o castelo, talvez com excessão de Minerva McGonagall, eram os únicos a imaginarem corretamente os reais motivos de reunião tão ímpar.

Indiferentes a isso tudo, no Gabinete do Professor de Poções, os dois homens agora se encaravam em silêncio, sentados frente a frente.
Sirius fez um comentário irônico sobre Snape não poder lhe aplicar uma detenção, ao que o outro retrucou:
- Não foi para alfinetadas infantis que você me procurou, Black. Que tal irmos direto ao assunto? Por que você acha que vou facilitar sua aproximação de minha irmã?
Sirius o encarou, desarmado. E suspirou. Tinha vindo exatamente para isso, mas sentia-se desanimar. Teria que convencer o Ranhoso de suas intenções? Então, estava perdido. O que poderia dizer?
- Experimente dizer a verdade – Snape disse, em tom estranhamente tranqüilo e, a um gesto de Sirius, completou – Não. Não estou sendo um legilimente agora. Apenas imagino que esteja em dúvida sobre o que dizer. Só quis... ajudar.
Isso era realmente uma novidade e tanto, mas Sirius resolveu não desperdiçá-la com outro comentário sardônico. E fez o que Snape sugeria, foi direto ao assunto, francamente:
- Eu amo sua irmã, você entende isso? Ela é tudo pra mim. Não é apenas um interesse passageiro, uma diversão, como sei que você imagina. E também não é porque essa é a única forma de permanecer vivo, se é o que você pensa. Sem ela, estou vivendo pior do que vivi em Azkaban, ou atrás daquele véu pavoroso.
- E como posso acreditar nisso?
- Estou aqui, não estou? Pedindo ajuda a você! O último homem a quem eu recorreria, se pudesse escolher. Acho que essa é a sua vingança, não? Depois de tudo, estou aqui para implorar por sua ajuda.
Snape sorriu, mas era um sorriso sem alegria.
- Também não estou feliz com isso. Você é o último homem que eu desejaria ver ao lado de minha irmã. Ainda mais nessas circunstâncias. Por sua causa, ela quase morreu, por duas vezes. Espero que você seja mais cuidadoso no futuro, Black, e tenha competência suficiente pra proteger minha irmã de loucos como aquela mulher.
Sirius ia retrucar, mas uma leve batida na porta o impediu.

Alan Snape entrou, acompanhado de dois outros jovens, que ele lembrava de ter visto no St Mungus, visitando Serenna. Todos vestiam roupas de trouxa, e traziam seus malões.
- Estamos prontos, pai. – Alan disse, numa postura completamente diversa da anterior, no salão. Observando-o atentamente, Sirius podia até jurar que não o achava tão parecido com Snape como antes, mas talvez isso fosse pelas roupas de trouxa que o garoto trajava.
- Muito bem, então. Teremos companhia na viagem – Snape disse, surpreendendo a eles e a Sirius – O Sr. Black viajará conosco. – ele deu um sorriso irônico e comentou – Se Serenna fizer você passar pela mesma tortura que me impingiu quando estive lá... já estarei vingado!
Sem dizer mais nada ou responder à indagação muda do homem à sua frente, Snape pegou um pequeno vaso oriental em sua mesa e tocou-o com a varinha. O vaso brilhou numa cintilação azul, obviamente era uma chave de portal que acabara de ser ativada. Depois, virou-se para Sirius, dizendo com frieza.
- Espero que seja menos irresponsável ou impulsivo desta vez, Black, e não ponha tudo a perder definitivamente.
Antes que Sirius pudesse responder a isso, fez a contagem. Todos tocaram o vaso ao mesmo tempo, partindo num flash azul.

===============

como eu disse, foi curtinho, mas só pra vocês não ficarem pensando que vai demorar muito pras coisas se resolverem...

prometo que posto mais uma parte antes do fim do ano... e vai ser um capítulo longo, já que é... bem, não vou estragar a surpresa.
Obrigada a todos vocês que continuam com a paciência de ler essa fic pra lá de enrolada...

Beijos a todos!
Regina McGonagall
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Post by Belzinha »

OMG! OMG! Como não vi este capítulo antes? Mil desculpas, Regina (bem, vc está em férias, de qualquer forma só vai saber do meu deslize quando voltar... *risinho envergonhado*).

ADOREI O TÍTULO! Estou com um sorriso idiota nos lábios desde que o vi, hihii. Perfeito. Aliás, o título e o capítulo. Nem preciso dizer o quanto adorei esta volta do Sirius, e ainda por cima interagem o Alan e o Snape!

Mal posse esperar para ver o resultado dessa viagem!
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Regina McGonagall
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

Um pé Um pé… Um pé de quê? Pé de Saci… Pererê Pererê Pererê

Quando Sirius abriu os olhos na manhã seguinte, sua primeira impressão foi de confusão: o que ele fazia no mesmo quarto que Snape? O outro homem ainda dormia, ou fingia fazê-lo só para não conversar com ele, provavelmente, mas Sirius não ligou.
Levantando-se com uma disposição de causar inveja, saiu do quarto rapidamente, sem dar chance para que Snape resolvesse lhe dizer alguma coisa.
No corredor, ficou momentaneamente perdido, mas os sons vindos da cozinha o guiaram até lá.
Serenna – Sarah, ele lembrou seu pedido – já estava lá, preparando o café da manhã. Ao contrário da cozinha do Lar de Elizabeth, esta tinha todos os aparelhos trouxas possíveis, a maioria desconhecida para ele, que mal distinguia fogão, geladeira e, no máximo, um liquidificador elétrico. Por um momento, ele quis saber como ela conseguia conviver com tanto barulho… eram zumbidos de diferentes tons, e luzinhas piscando e apitos estranhos. Sarah percebeu sua chegada e lhe deu um grande sorriso, murmurando “bom dia!”, antes de continuar seu trabalho, transportando jarras de suco, travessas de bolo e outras coisas para a mesa.
- Quer ajuda? – ele perguntou, sabendo que ela preferia não usar magia o tempo todo e oferecendo suas mãos com um sorriso.
- Ah, sim, obrigada! A Lucy se ofereceu, mas achei melhor ela ir arrumar suas coisas. O nosso mensageiro logo chegará com a chave de portal e não quero que eles saiam apavorados, sem comer direito.
- Você às vezes fala como a Molly Weasley.
- Vou considerar isso um elogio. – ela piscou. E entregou-lhe uma tigela com o que lhe pareceu pãezinhos redondos.
- O que é isso? – ele perguntou, não reconhecendo o aroma convidativo.
- Pães de queijo. Os meninos adoram.
Ele tinha certeza disso, arriscando-se a pegar um, mesmo ainda quente. O gosto era realmente maravilhoso. Já estendia a mão para pegar outro, mas um leve tapa o impediu.
- Espere até estar tudo pronto, seu guloso! – o sorriso desmentia o tom zangado, e Sirius fitou-a com um misto de surpresa e encantamento.
Mas não conseguiu dizer nada, pois neste momento, um verdadeiro bando invadia a pequena sala de jantar, ou copa, como Sarah chamara, simplesmente. Seus filhos e sobrinhos logo encontravam seus lugares ao redor da mesa, seguidos por André, Susan e finalmente, Snape. A ele, Sirius sobrou somente uma opção, ao lado de Sarah, e ele pensou que não devia ser inteiramente por acaso. Ela não pareceu se dar conta disso, enquanto lhe perguntava por sua preferência para o café.

Quando ele percebeu que os meninos riam, após observarem que comera quase toda a tigela de pão de queijo, ele tentou se desculpar.
- Não se preocupe com isso, é natural. Todos se apaixonam por esse trem na primeira mordida. Devem ter enfeitiçado a receita. – ela disse, enquanto se erguia para buscar mais na cozinha.
Ao seu olhar intrigado, André comentou:
- É brincadeira dela, não tem nada enfeitiçado não. Mas todo mundo gosta de pão de queijo, principalmente por aqui. Somos mineiros, uai!
Os meninos riam e até Snape parecia sorrir, que coisa estranha de se ver. Ao seu olhar intrigado, este respondeu:
- Você vai descobrir logo, Black, que é impossível passar impune por uma casa Laurent. Eu descobri isso em minha primeira vinda aqui. E, acredite, minhas vestes não era mais tão amplas quando voltei para casa…
- Sério? – foi Sarah quem perguntou, fitando o irmão com expressão curiosa. – Não me parecia que você comia tanto assim…
- Porque você não via todos os lanchinhos que sua mãe me trazia. – ele replicou – Ainda bem que sempre fui comedido, ou teria voltado do tamanho do Hagrid.
Os meninos riram a essa afirmativa, talvez imaginando a figura que seria um Snape tão grande quanto Hagrid, mas Sirius preferiu evitar tal choque. E o café continuou com brincadeiras entre os meninos e conversa amena entre os adultos.

Eram quase oito horas, eles já haviam terminado e Sarah retirava a mesa, quando um fino assobio se fez ouvir.
- Ah, não! Ele está chegando. – Sarah exclamou, enquanto sacava a varinha, lançando um feitiço fixador sobre tudo que ainda estava sobre a mesa.
Sirius e Snape não entendiam o que estava acontecendo, mas Susan também sacara sua varinha, usando o mesmo feitiço em tudo que poderia ser movido na sala, enquanto os filhos de Sarah pulavam e batiam palmas felizes. Um redemoinho surgiu do nada, enquanto o assobio se intensificava. Quando parou, uma voz infantil e brincalhona se fez ouvir:
- Feliz em me ver, tia Sarah? – um garoto estranho, de pele escura e roupas vermelhas, um grotesco gorro na cabeça e um sorriso largo de dentes muito brancos estava agora parado em cima da mesa, tornando notório a todos que ele mantinha-se sobre uma única perna.
- Ficaria mais feliz se você descesse da mesa, Serelepe. – ela soltou um breve suspiro de impaciência, enquanto a estranha figura tomava um impulso e pulava para o chão, caindo em perfeito equilíbrio entre Leonardo e Aline, que o aplaudiram com entusiasmo.
- Muito bem, agora que você já fez o seu show do dia, onde está a encomenda do Prof. Paulo?
- Aqui. – ele estendeu a mão deixando ver um estranho utensílio de cerâmica
Sarah pegou o utensílio de sua mão e perguntou:
- O Prof. Paulo confirmou o horário de ativação?
- Sim. Às oito horas como combinado. Ele os receberá em pessoa. Agora… - o garoto deu uma piscadela travessa – Posso fazer uma boquinha?
- Claro… - Sarah deu um suspiro que tencionava ser de resignação, mas sorria divertida.
O garoto estranho sentou-se sem cerimônia e começou a comer, enquanto Aline voltava com alguns itens da cozinha.
- Hei, não tem pão de queijo? – ele parecia perplexo.
Antes que Sarah pudesse responder, Leo apontava para Sirius:
- Foi ele! O tio Sirius comeu tudo!
Sirius mal teve tempo de registrar o tratamento, pois já pulava para evitar o estranho menino de uma perna só, sacando sua varinha instintivamente, mas Sarah interveio antes que algo acontecesse.
- Serelepe, eu fiz mais, só para você. Ainda estão no forno, aguarde, sim?
- Ah, bom. Mas a chave já vai acionar. Vocês vão demorar muito?
Snape ia replicar, mas Sarah já o empurrava em direção ao quarto, dizendo que o Saci tinha razão, que estavam atrasados. Enquanto Alan, Peter e Lucy tratavam de buscar suas coisas também, Sirius indagou:
- Saci? O que é isso?
- Eu sou simplesmente uma criatura mágica excepcional, reconhecida por bruxos e até pelos trouxas como o mais fantástico ser mágico do país, representante de toda a classe mágica e até do que eles chamam de “folclore"…
- Com o talento único de causar confusão por onde passa.- Sarah retrucou, voltando à sala.
- Isso também. – o Saci ria, fingindo-se encabulado.
Sarah ergueu a mão em direção á sua cabeça, ao que ele reagiu pulando para trás, segurando o gorro:
- Tentando me pegar desprevenido? Tem que ser melhor bruxa do que isso!
- Eu não me chamo “Pedro Encerrabodes de Oliveira”! Só ia lhe fazer um “cafuné”, seu bobão! (1)
Mas o Saci não se deu por vencido e, perguntando pelos pães de queijo prometidos, aguardou que Sarah lhe entregasse seu precioso pacote e então sumiu num novo redemoinho.
- Eu nunca vou me acostumar com isso! – ela afirmou para os outros, enquanto o grupo de Hogwarts voltava de seus quartos, devidamente uniformizado.
Sirius observou logo que não estavam ali todas as casas.
- Se é uma delegação de Hogwarts – ele indagou – por que não vejo nenhum grifinório?
- Porque esta é uma viagem particular minha, não oficial. Eu convidei os meninos que, como meus tutelados legais, não precisavam de nenhuma autorização especial para esta viagem. Atualmente, não há moradores do Lar de Elizabeth na Grifinória.
- Por enquanto, tio Sev! Espere até chegarmos lá! – Leo afirmou, convicto, embora sua irmã não estivesse tão certa de ir para a casa que abrigara Harry Potter e seus melhores amigos. Intimamente, ela gostaria de estar com Lucy, na Lufa-Lufa, mas não ia dizer isso a ele, por enquanto. Não queria ferir seus sentimentos, ele ainda era tão criança!
Sarah interrompera qualquer discussão, despedindo-se dos três jovens e do irmão, apenas segundos antes do pequeño vaso de cerâmica começar a piscar em azul.
- Está na hora! Boa viagem.
- Não pegue muito pesado com o Black, dê uma chance ao homem, pelamordemerlin! – a voz de Snape ressoou em sua mente, e ela sorriu, ao retrucar.
- Por que eu seria dura com ele?
Mas ela não obteve resposta a esta pergunta, e talvez fosse melhor mesmo não saber o que seu irmão quisera dizer.
Já era difícil suficiente lidar com a presença de seu hóspede sem dar bandeira…
- Peraí! Dar bandeira de quê? – ela perguntou a si mesma, uma leve memória flutuando na superfície, a costumeira fincada na testa vindo novamente.
Só que, desta vez, pareceu mais fraca e, até… de certa forma, agradável, como um sinal de um amigo que chega. Sim, suas memórias seriam mesmo muito bem-vindas.
- Principalmente se esse homem estiver nelas, não é mesmo?
- Ora, cale-se!
Sarah retrucou em voz alta, fazendo todos a fitarem com estranheza.
- Err… desculpem, eu estava pensando alto.
Ela voltou para cozinha, resmungando algo sobre limpar toda a bagunça antes que já fosse hora de começar de novo.
De longe, Sirius a observava com uma expressão curiosa. Alguma coisa lhe dizia que ela começara a se lembrar… e que isso era muito bom.
Pela primeira vez, ele reconheceu, teria que agradecer a Snape. O Ranhoso realmente acertara, trazendo-o para a casa da irmã.

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(1) – “Pedro Encerrabodes de Oliveira” é o nome completo do Pedrinho, do Sítio do Pica-pau Amarelo, criado pelo Monteiro Lobato. Ao conseguir roubar a carapuça do Saci, faria dele umseu escravo, mas devolvendo-o, ganhou um amigo muito especial.

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Gente, fico feliz que vocês continuam conferindo a fic e gostando. desculpe a demora.
talvez eu poste uma prévia do próximo capítulo no meu Multiply, se for demorar mais, ok?
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Regina McGonagall
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Belzinha »

*Suspirante e com aquele sorrisinho bobo de que tá adorando a confusão* :lol:

Regina, mal posso esperar pelo restante desta fic. E que ela venha logo! [-o< Entre os pontos que mais me impressionaram, é o Snape e o Sirius não terem se matado ainda. Tô imaginando cada um dormindo com um olho aberto, vigiando o outro. :lol: :lol: :lol: Mas essa viagem ao Brasil está encantadora! (Desculpe o trocadilho).

Agora... Não faz o Cachorrão (e a gente) sofrer muito mais, não... [-X É maldade! :? Ai, meus sais! O que será que a Regina está preparando? Socorra-me Prof. Trelawney! Veja aí na sua bola de cristal! Er... Pensando bem, não olhe não. Conhecendo a Trelawney como nós conhecendo, é capaz dela prever a morte de um ou de outro, ou dos dois! :roll: E nós queremos os dois bem... Vivinhos! :lol:
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Tina Granger »

maravilhoso!
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

mais fics? olhe no fanfiction.net...

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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Belzinha »

Uéeeeeeeeeeeee


Vim aqui ver se tinha atualização.

Cadê? Cadê?
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

Belzinha wrote:Uéeeeeeeeeeeee


Vim aqui ver se tinha atualização.

Cadê? Cadê?
É que eu postei no FeB primeiro... lá deu o maior tabalho editar, e aqui também... aff... acabei de ter que fazer tudo de novo!

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Na teia... com o ficante (1)

O filme de animação – como as duas crianças lhe explicaram – era interessante e engraçado, mas Sirius estava inquieto. E o motivo de sua inquietação estava em algum lugar do amplo apartamento. Jogando às favas os pedidos de Snape para ser cauteloso, ele levantou-se e foi à sua procura, sem notar que a menina acompanhara sua saída da sala com um sorriso malandro e um olhar sonhador.
Ele encontrou-a trabalhando no computador, assim como naquela manhã em que saíram juntos para buscar um bebê bruxo num orfanato trouxa. A diferença é que agora, ela não estava em um escritório de trabalho, mas… em seu próprio quarto.
Ele logo notou o seu perfume impregnado no ambiente, parado à porta, sem coragem de dar um passo, até que Sarah notou sua presença e, sorrindo, convidou-o para entrar.
- Pensei que tinha saído com André. Não foi por isso que você veio da Inglaterra? Para treinar com ele?
- Não, eu… quer dizer, sim, mas acho que ainda não me adaptei à diferença de clima. Era suposto estarmos no inverno…
- Sei. Entendi. – ela não parecia convencida, e sirius respondeu ainda vacilante:
- Eu preferi ficar com os seus filhos, vendo um filme.
- O dos pingüins surfistas?
- Sim, esse mesmo! – Sirius sorriu, mais descontraído – é mesmo muito engraçado, e muito bem feito. Até senti saudades do tempo que andei me escondendo. Passei por algumas praias.
- Acho que li algo a respeito de Harry recebendo mensagens suas através de aves exóticas. – ela comentou, esfregando a testa inconscientemente – O que me lembra de uma coisa…
- Sim? - Sirius não pode conter a ansiedade. Ela estava se lembrando! Mas suas palavras seguintes o desiludiram completamente.
- Só depois que Severus partiu com os meninos que eu notei. Você não trouxe nenhuma bagagem.
Sirius sentiu-se irremediavelmente perdido, sem nenhuma idéia de que desculpa dar. Agira impulsivamente à sugestão de Snape, como iria pensar em algo tão prosaico como… bagagens?
- Bem… é verdade. – ele admitiu com um sorriso encabulado.
- Estou aguardando um contato com Remus. Talvez ele possa lhe enviar algumas de suas coisas.
- Remus? Como? – ele olhou em volta, confuso, mas depois de lembrou da outra sala – Ah, a lareira!
- Não. – Sarah ria, divertida. – A Internet.
Ao seu olhar intrigado, ela apontou para o computador.
- Estou ensinando Remus a lidar com a tecnologia “trouxa”, e combinamos um contato para daqui a pouco.
-E como isso funciona?

Em Londres…

- Pai, você vai sair? Está quase na hora do almoço.
- É rápido, meu filho. Vou ao Lar de Elizabeth. Preciso me comunicar com a Serenna.
- E você não pode fazer isso daqui, pela lareira?
- Não, não posso. – Remus Lupin sorriu para seu filho – Vou fazer isso do modo “trouxa”, usando a Internet. Você sabe o que é?
Hector balançou a cabeça afirmativamente, enquanto recordava as conversas de seus amigos “nascidos trouxas”, conversas das quais ele sempre ficava de fora por não ter nenhuma idéia do que fossem todas aquelas coisas que eles diziam. Lembrou-se da cara que a Mel, sobrinha da tia Ana, fazia cada vez que ele cometia alguma “gafe” a respeito do mundo trouxa, e uma idéia cruzou a sua mente. Então, ele perguntou:
- Posso ir com você e ver como é?
- Claro, só avise sua mãe primeiro.
Os olhos do Novo maroto brilharam de antecipação e ele já corria ao encontro da mãe para dizer que acompanharia seu pai.

Em poucos minutos, eles atravessavam pela Rede Flú para seu destino, Hector tentando não se lembrar a todo instante que aquele lugar era simplesmente a casa do Professor Snape.
- O escritório de Serenna é por aqui. É onde ficam todos os aparelhos trouxas. Computador, telefone, fax…
O jovem olhava tudo com curiosidade, enquanto seu pai apontava para algo que parecia a TV que ele vira na casa dos Potter.
- Este é o monitor de vídeo. Está vendo aqui? – ele apontava um papelzinho colorido colado na beirada do tal monitor. – São as instruções para ligar. Quer tentar?
Hector aproximou-se, um pouco nervoso. Seu pai queria que ele ligasse o tal computador! Mas já ouvira falar que a tal de eletricidade podia provocar choques, que eram bem desagradáveis, e se sentiu inseguro. Mas o pai não o exporia a um perigo eminente.
- Veja, ela deixou um “passo-a-passo”. É realmente muito simples.
Hector sentou-se na cadeira indicada pelo pai e olhou para o papelzinho amarelo. Lá, estavam todas as instruções, numeradas e com um pequeno desenho mostrando o que fazer.
Quando a tela à sua frente se iluminou em azul, para logo depois aparecer uma imagem de Stonehenge, ele sorriu, enquanto seu pai o cumprimentava, entusiasmado:
- Parabéns, filho. Acho que vocês jovens pegam isso com mais facilidade. Agora, o próximo passo é conectarmos com a internet. – Remus apontou para o outro papelzinho, um azul. Lá dizia o que fazer, mais uma vez, e ele seguia as instruções com cuidado (esse negócio de “clicar duas vezes no rato” era muito estranho…), quando ouviram o que parecia a voz de Harry Potter, vinda da lareira na outra sala.

Remus foi até lá, enquanto seu filho olhava maravilhado a nova tela “abrir”. Ele seguira todas as instruções, e agora, exatamente como dizia o papelzinho azul, uma nova “janela se abria, e ele podia ver e ouvir Serenna Snape, em algo semelhante a uma foto bruxa colorida e… viva! Ela explicava a alguém que o rapaz não via no momento, exatamente cada passo que ele havia seguido para “se conectar”.
- Oi. Serenna Snape? – ele disse, timidamente, sem ter certeza de que ela o ouviria como se falasse pela lareira, chegando instintivamente o rosto mais próximo da tela.
- Sim, meu querido, mas chegue um pouco para trás, não posso vê-lo bem. Quem é? Pensei que Remus estivesse aí.
- Ele está. – o menino sorriu, meio tímido, voltando à posição normal, mais confiante – Desculpe, eu sou o Hector. Meu pai estava me mostrando como funciona.
- Ah, sim. Hector! Que bom! E aí, alguma dificuldade em seu primeiro contato pela net?- Er… não… quer dizer… - O garoto hesitou, confuso. Do que ela estava falando exatamente? O que "teias de aranha" tinham a ver com isso? Alarmado, olhou em volta, como se estivesse prestes a enfrentar uma acromântula. Mas a voz de Serenna fez com que ele voltasse a olhar para seu rosto sorridente na telinha.
- Tudo bem, não é qualquer bruxo que consegue na primeira tentativa. Você foi muito bem. E não se assuste. Este monitor tem a câmera e o microfone embutidos, assim como o que eu estou usando em casa. Mas, onde está seu pai?- Ele… - Hector ia explicar, mas seu pai já voltava para a sala, acompanhando um agitado Harry Potter.
Antes que o rapaz entendesse o que acontecia, Harry já estava chegando o rosto para o monitor e praticamente gritando, muito nervoso:
- Muito bem, Serenna, onde está ele?
- Harry, que surpresa! – ela tentava ignorar sua descortesia – Tudo bem com você? Mas, o que aconteceu? Onde está quem?
- O Snape! Preciso falar com ele. Ele me deve explicações! Ele não vai se safar dessa vez!
- Se safar do que? Não estou entendendo. Ele já partiu para…
- Ele foi o último a falar com meu padrinho. Ninguém mais sabe do Sirius, desde que ele foi visto em Hogwarts, falando com… seu irmão. – Harry tentava se acalmar, Serenna não tinha culpa de nada, ele tinha certeza. – Preciso saber o que ele fez pro Sirius.
- Sirius? Ah, então é isso! – Serenna não conseguiu conter uma gargalhada, deixando Harry confuso. Então, ela pareceu olhar para o alto e para trás, e ele ouviu-a perguntar a alguém – Você quer falar com ele, antes que eu receba a primeira maldição imperdoável transmitida pela internet?
Antes que Harry entendesse o que estava acontecendo, Serenna se levantava e dava lugar para um homem, que sentou-se hesitante. Seus olhos verdes se arregalaram de espanto e alegria, quando o rosto de seu padrinho apareceu na “janela”.
- Oi, Harry. Tudo bem por aí?
- Sirius! Você… O que você está fazendo aí? No Brasil? Vocês estão no Brasil, não?
- Claro que estamos no Brasil! Esqueceu que a Sarah veio pra cá se recuperar?
- Sarah? – Harry repetiu, mais surpreso.
- Sim. É… bem, ela me pediu que a chamasse de Sarah, aqui. Sua família, seus amigos, estão mais acostumados com este nome. – Sirius respondeu, sorrindo ao afilhado.
- Você… está na casa da irmã do Snape? Mas como? Então… está tudo certo de novo, entre vocês?
Sirius pareceu constrangido e Harry viu que tinha falado alguma besteira.
- Sirius? Está tudo bem?
- Sim, tudo bem, Harry. – ele parecia aliviado e chegou um pouco mais perto da tela, falando mais baixo – Ela não te ouviu, ainda bem. Estava me dizendo que ia espiar os filhos, ou algo parecido.
- Mas, qual o problema? Se você está aí…
- Foi idéia do Snape, Harry. Ele achou que minha presença iria acelerar o processo de cura.
- E isso está acontecendo? – foi a voz de Lupin, ao lado de Harry, preocupado.
- Parece que sim. Ela às vezes tem um flash de lembranças, que lhe causa um incômodo físico.
- Como assim? – Remus abaixou-se mais ao lado de Harry para ver melhor o amigo.
- Ela sente dores de cabeça, e esfrega a testa, sempre que alguma memória parece emergir. Até me faz lembrar de sua cicatriz, Harry.
- Isso é freqüente? Aumentou com sua chegada?
- Isso eu não sei ao certo, mas… - ele olhou para o lado – Ela está voltando.
Harry e Sirius se despediram, o Auror bem mais tranqüilo, e Serenna conversou brevemente com Lupin, felicitando-o pelo seu primeiro contato sem qualquer ajuda e ainda dizendo que ele e Hector podiam se aventurar um pouquinho pela net, se quisessem. Então, pediu a eles que aguardassem só um instante.
Remus Lupin ainda de despediu de seu velho amigo e olhou para Harry, que parecia bem mais tranqüilo do que quando chegara.
- Quem poderia imaginar?Almofadinhas no Brasil… - ele sorria.
- Sim, por essa eu não esperava… Mas vou investigar sobre essa dor que a Serenna está sentindo, se é bom ou mau sinal. Qualquer coisa, eu aviso você.
Harry aparatou, deixando Remus, que continuava pensativo.
- Pai? – o garoto chamou num sussurro.
- Sim, Hector.
- Será que desta vez eles se acertam?
- Espero que sim. Está passando da hora de um certo Maroto ter a vida que merece…

Sarah voltara da sala trazendo seus dois filhos. Novamente, chamou Hector pela conexão, e disse a ele que os meninos lhe dariam algumas dicas, assim ficaria mais fácil para ele “navegar”. E deixou-os sozinhos, puxando Sirius pela mão.
- Vamos deixá-los se divertir um pouco. Venha comigo.

***

- Oi, Hector. Lembra-se de mim? Sou a Aline. E este é o meu irmão Leo. – ela apontou para o irmão que se encostara nela para ter seu rosto abrangido pela webcam.
- Oi, Aline. Oi, Leo – Hector respondeu, meio vacilante – Sua mãe disse que vocês podiam me ajudar.
- Ah, sim! Se os outros meninos estivessem aí, seria melhor. O Arthur conhece muitos jogos legais, mas eles foram para o campo com a vovó Marjorie. Então, o que você quer saber primeiro?
Hector tentou se lembrar de tudo que já ouvira Mel e Felipe comentarem, pensando no que o deixara mais curioso.
- Bem, eu queria ver um desses jogos com bastante ação, fortalezas, lutas com inimigos muito poderosos, salvando o mundo, essas coisas…
- Ah, deixa comigo! – Leonardo tomou o lugar da irmã – Eu sei de um muito legal!

***

- Poxa vida, acabamos esquecendo! – a exclamação de Sarah o fez levantar os olhos de seu prato. Estavam almoçando, rindo do relato de Aline e Leo sobre seu contato com Hector Lupin.
Eles só desligaram o computador para almoçar, e Sirius teve que segurar o riso ao ver suas caras amuadas quando a mãe disse que haviam “estourado o tempo” e ficariam sem computador no dia seguinte.
- O que “esquecemos”? – ele perguntou, pousando o garfo.
- Sua bagagem. Esquecemos de pedir ao Remus para mandar para cá.
- Por que você não leva o tio Sirius ao shopping, mamãe? – Aline perguntou.
- É. – atalhou Leonardo – Não foi o que você fez com o Tio Severus?
Sarah olhou para seu hóspede por um momento, antes de voltar seu olhar para a cara lavada de seus filhos.
- Claro, seria uma ótima idéia, e eu poderia levar vocês dois comigo, para escolherem alguns ovinhos de Páscoa, “né”?
- Nossa, é mesmo! Nem tinha pensado nisso – a cara lavada de Aline desmentia suas palavras, e Sarah começou a rir.
- Menina, menina, esqueceu que, quando você vem com o milho, eu já “tô” voltando com a broa pronta?
O sorriso envergonhado não enganava ninguém, mas Sarah balançou a cabeça, dizendo:
- Está bem, vamos ao Shopping.
- Oba! – os dois começaram a pular.
- Mas… - ela retrucou, e eles silenciaram, atentos – Sem loja de games, sem cinema, sem correria. Ou vou ter que colocar um feitiço de contenção em vocês?
- Claro que não, mãe.
- Isso. Vamos nos comportar.
- Sei… como se vocês pudessem fazer isso. Mas, está certo. Vou ligar pro seu tio André e ver em que shopping ele foi com a Susan, e encontramos com eles lá.

Algum tempo depois, Sirius estava na seção masculina de uma loja no tal shopping. Lembrava-se vagamente de Snape lhe dizendo algo sobre a irmã fazê-lo passar por algum tormento. Sem dúvida, ele se referira a isso. Sirius com certeza nunca estivera em um lugar tão cheio de gente, na maioria trouxas, ele presumia.
Os garotos até que tentavam, mas a promessa feita antes de saírem parecia agora muito difícil de ser cumprida. Eles queriam correr por aí, com certeza. André e Susan estavam nesse momento encarregados da dupla, enquanto Sarah se dedicava exclusivamente à sua missão de vesti-lo de acordo com o clima e a moda local… e ele estava se sentindo cada vez mais tonto.
Neste momento, após verem calças, camisas, camisetas e bermudas, eles estavam na seção íntima, pelo menos foi o que pareceu a Sirius.
- Aquilo são… calções de banho? –ele apontou para uma arara, onde via peças coloridas.
- Não. São cuecas mesmo. É moda agora, pelo menos para galera mais nova, a barra da cueca aparecendo, a calça ou bermuda mais larga, como se fosse cair a qualquer momento… Por isso, essas cores diferentes, mais vibrantes. Quer levar algumas?
- Eu – ele a fitou, em dúvida se deixava seu lado “Maroto” falar mais alto, mas decidindo pelo bom senso – Eu acho que prefiro algo mais… tradicional. – Ele apontou para outra arara um pouco mais distante, onde via alguns exemplares em preto ou azul, com listras brancas nas laterais.
- Ah, mas aqueles são calções de banho! – Sarah respondeu, sorrindo.
- E onde estão os sarongues? – Sirius perguntou, levantando uma sobrancelha.
- Sarongues?
- É. Nós não vamos para a praia na semana que vem? Vou precisar de um sarongue.
Sarah balançou a cabeça, em dúvida. Uma imagem invadiu sua mente, daquele homem nu, com uma toalha envolta em sua cintura, balançando os cabelos molhados ao sair de um banho.
- Sarah, você está bem? – a voz de Sirius pareceu vir de muito longe, e Sarah piscou, confusa. A imagem sumiu de sua mente, e ela sorriu, disfarçando o súbito embaraço.
- Sim, estou bem. Vamos, ainda temos que ver um tênis e sandálias. Você não vai querer andar na praia de sarongue e botas, vai?
Sirius continuou a segui-la pela loja, escolhendo peças ou deixando que ela o fizesse para ele. Tivera a nítida impressão de que ela se lembrara de algo, mas preferiu não comentar. Ao invés disso, tentou se lembrar se fizera referência a sarongue alguma vez… e então, foi sua vez de parar, fitando um ponto indefinido à sua frente.
Ele se lembrava da manhã que acordara ao seu lado…

Sirius lembrou-se de quando a deixara em sua cama para tomar um banho, e de quando voltara ao quarto, enrolado em uma toalha, sacudindo os cabelos, rindo de seu olhar apaixonado.
- Eu não sabia que me casara com um deus havaiano… É o que você parece, neste “sarongue”…
- Sério? – ele olhou para si mesmo, a toalha amarela enrolada em sua cintura, a barriga lisa ainda salpicada da água do banho – Na verdade, eu passei mesmo algum tempo no Havaí e também na Austrália, logo depois que fugi de Hogwarts. O costume de vestir sarongue era uma das coisas mais agradáveis por lá. Também… com aquele calor… Mas, o que você achou? Estou bonito assim?
- Lindo… e muito atraente também. – ela se erguera, segurando o lençol na frente do corpo com ar displicente e aproximando-se com um sorriso sedutor – Dá vontade de descobrir o que ele esconde…



- Merlin! – ele passou as mãos pelo cabelo, aflito – Tenho que parar com isso!
- O que foi, Sirius? – ela se voltara e agora o fitava, curiosa e preocupada.
- Nada. Vamos lá, o que mais você pretende que eu experimente? – seu sorriso era desafiador e seus olhos brilhavam de súbita malícia, e Sirius notou, satisfeito, que ela corara. Isso estava começando a ficar… interessante!

***

- E aí, gata? Vocês vêm ou não? – Murilo insistia através do celular.
- Murilo, não dá. Chegamos agora do shopping. “Tá” todo mundo “pregado”.
- Ah, deixa de moleza! Deixa eu falar com o “Scooby”.
- Quem?
- O Black. Deixa eu falar com ele.
Estranhando o pedido e o apelido – embora Murilo fizesse isso o tempo todo com todo mundo – ela passou o celular para Sirius Black, perguntando a ele se entendia o funcionamento do aparelho.
- Claro. – ele respondeu, embora um pouco inseguro. Conhecia telefones, mas os usara muito pouco em sua vida, uma ou duas vezes, se sua memória era correta. E um daqueles não estava incluído, embora nesses dois dias tivesse observado os irmãos Laurent usando-os diversas vezes.
Ela ouviu-o conversar com seu velho amigo, intrigada com a familiaridade que percebia entre eles mais uma vez, mas não disse nada.
Quando Sirius lhe devolveu o celular, foi apenas para que ela concordasse com Murilo de que estariam lá em pouco tempo.
Sentindo-se pega em uma armadilha, ela achou melhor se trocar para sair. Afinal, nem a desculpa das crianças ela teria: Berenice se encontrara com eles no Shopping, sugerindo que dormissem em sua casa, coisa que eles concordaram em um minuto, só restando a ela, a mãe, uma permissão “pro forma”.
Quando voltou à sala, tentou não ficar vermelha com o olhar que recebeu de Sirius. Afinal, ela própria não vira nada demais em seu vestido de malha fria, estampada em tons de vermelho, roxo e laranja, ou no fato de ter mantido os cabelos soltos. Fizera de tudo para parecer casual, não alguém que se vestia para um encontro especial. Afinal de contas – repetia insistentemente para si mesma – ia apenas para ver seus velhos amigos, o fato de estar acompanhada não queria dizer nada.

Fizeram o percurso até o carro em silêncio.
Sirius Black – vestido em suas novas roupas, uma calça jeans e uma camisa cor de terra, mas sem dispensar seu paletó de veludo – estava um charme e se portou como um perfeito cavaleiro, mas ainda assim, mantiveram-se em silêncio, mesmo depois que ela estacionou o carro em uma rua arborizada, e caminharam até o tal “clube”, um lugar aconchegante cheio de pessoas conversando e rindo enquanto comiam e bebiam.
O som de uma música cantada por várias vozes acompanhadas por violão vinha de uma mesa ao fundo, e foi para lá que Sarah se dirigiu, instintivamente puxando-o pela mão, o que estava se tornando um hábito, mas Sirius não iria reclamar, de forma alguma.
- “O olhar que prende anda solto, O olhar que solta anda preso…Mas quando eu chego, Eu me enredo Nas tranças do teu desejo.”
- “Ê, Minas, ê, Minas. É hora de partir, eu vou…Vou-me embora pra bem longe.”
(2)
As vozes pararam assim que Sarah foi reconhecida, e logo, eles foram envolvidos pelo grupo, que se erguia para abraçá-la e beijá-la, demonstrando saudade e alegria.
Sirius cumprimentou Murilo, tentando ignorar os olhares curiosos da roda predominantemente masculina.
Um dos homens, entretanto, pareceu mais curioso do que os demais e perguntou à queima-roupa:
- Branca, você não vai nos apresentar o seu ficante?
Sarah fitou o amigo, perplexa, enquanto Sirius, que ouvira a pergunta feita em tom de brincadeira e desafio, olhava de um para o outro e, não conseguindo se conter, indagou:
- O que quer dizer exatamente “ficante”? – ele perguntou devagar, um forte sotaque arrastado - Não consegui entender a aplicação do termo...
O outro homem olhou para ele com ar de quem viu um extraterrestre e, depois de alguns segundos, caiu na gargalhada, seguido pelos demais, fazendo Sarah ficar ainda mais vermelha do que já estava.
- Ninguém merece! –ela exclamou, deixando escapar um longo suspiro.
- “Ficante”, meu amigo – Murilo interviu, tentando não rir enquanto falava – Isso é coisa dos garotos de hoje: é quando alguém fica com alguém, mas só fica, tipo assim... está, mas não está, sem compromisso... Nem sei se a palavra ainda é essa... Estou desatualizado das gírias da galera. Já estou tempo demais na Inglaterra...
Mas Sarah já recuperava o controle e sorria pro amigo com doçura, que o olhar assassino desmentia.
- Valeu, Murilo.
- Disponha, Bananinha.
Os outros estranharam o apelido, mas Sirius não podia deixar passar essa:
- É o que quer que eu seja? Seu ficante? – ele perguntou em uma voz sedutora, sem se importar de ter uma platéia atenta.
- Claro que não! Eu... – ela olhou para ele e esqueceu as palavras, frente a olhar tão intenso.
O mundo parecia ter parado. Aliás, parou mesmo, porque ninguém na mesa parecia ao menos respirar, atento ao confronto do casal.
- Você…? – ele insistiu, docemente.
- Eu... Não quero nada de você, Sirius Black – porque doeu tanto dizer isso? Sarah baixou o olhar, confusa. Aquele homem era mesmo impossível... Porque tinha a impressão de que isso já acontecera antes?
- Nada? Que pena, porque eu adoraria ter você de todas as maneiras possíveis dentro da minha vida.
- Uau! – alguém exclamou, e outro assobiou fortemente.
- Menina, esse cara arrasta um bonde por você, “tá” na cara!
Sirius o fitou, confuso, mas depois sorriu e disse:
- Quanto a arrastar, isso eu não digo... mas posso fazê-lo se erguer no ar... ou qualquer coisa que ela quiser.
- Dong Kong um, Banana zero! – Murilo disse baixinho, rindo pra si mesmo, mas os outros ouviram. Então, como se tivesse uma súbita inspiração, ele jogou-se de joelhos em frente a Sarah, cantando com os braços erguidos:
- “Exagerado! Jogado aos seus pés, eu sou mesmo exagerado!”
- Murilo, que é isso? – Sarah conseguiu perguntar, assim que se refez do espanto.
- Simplesmente, acabei de descobrir a trilha sonora ideal para vocês dois… – ele piscou para Sirius, enquanto continuava a cantar. - “Amor da minha vida, Daqui até a eternidade, nossos destinos foram traçados na maternidade...” (3)
- Como se eu gostasse de Cazuza… - ela tentou desmenti-lo, mas foi um “tiro n’água”, como diria seu velho pai.
- Não gosta, é? Como se eu não conhecesse seu olhar perdido quando ouvia algo como... “Vago na lua deserta das pedras do Arpoador! Digo 'alô' ao inimigo. Encontro um abrigo no peito do meu traidor… Faz parte do meu show…
Enquanto Sarah o encarava, furiosa, Sirius fazia o mesmo, perplexo. Como Murilo podia ser tão perceptivo e ao mesmo tempo tão isento de sutileza? O homem era pior do que… ele mesmo, concluiu com assombro, lembrando-se de todas as vezes que importunara Thiago com causa de Lilly. Quantas vezes Remus fora um verdadeiro malabarista para minimizar os estragos? E quem seria a fazer este papel nesta roda de pessoas completamente desconhecidas para ele?

Merlin provavelmente ouviu seu apelo silencioso, pois o homem com o violão já dizia com ar magoado:
- E eu aqui pensando que você era minha fã incondicional, Sarah. Não acredito que prefira as músicas do Cazuza às minhas!
- Claro que não, Celso! Que tal cantar minha favorita? Você sabe qual, certo? – Sarah sorria para o amigo, que não se fez de rogado, e enquanto ele cantava uma música doce e suave, as indiscrições de Murilo foram esquecidas. Pelo menos, assim pareceu.

- “Bem sozinho de manhã, fico pensando a boa forma de viver. Não me assusto, Não me acanho, tenho sempre um ganho se eu sei aprender…”(4)

Sarah ouvia a música, sorrindo, mas pensativa. Já estava acostumada desde muito jovem com a “falta de tato” dos amigos. Sofrera muito com eles na adolescência, afinal, quem mandara andar com garotos tão mais velhos? Era um grupo essencialmente de homens, que não ligavam para o fato de uma garotinha estranha acompanhando-os por todo lado.

Ao contrário do que poderia parecer, nunca fora popular nos tempos de escola. Sempre arredia, deslocada, se integrara mais facilmente ao grupo de amigos do irmão mais velho do que às turmas da sua idade, ao contrário da irmã Berenice. E acostumara-se desde cedo a se fazer de desentendida quando faziam alguma tirada irônica ou mais maldosa.
Agora, entretanto, sentia-se exposta como jamais se sentira antes. Tudo por causa de... Sirius Black! A cabeça começava a latejar em um ponto fixo na testa, que ela massageou, automaticamente, fechando os olhos por um segundo.
Um dos amigos, preocupado, perguntou:
- Está tudo bem, Sarah?
- Sim... está – ela sorriu– Só essa impressão ... às vezes... de que tem um trem querendo romper meu cérebro, só isso. Desculpem, gente, é só uma dorzinha irritante toda vez que eu… - ela perdeu as palavras novamente e sacudiu a cabeça – Não é nada. Estou bem. Então, Toninho, quando sai o novo disco?

A conversa voltou ao curso normal, e as tiradas irônicas foram deixadas de lado. Sarah tentou aproveitar a noite ao lado de amigos queridos, dos quais realmente sentira muita falta, e ignorar a presença marcante do homem ao seu lado, que não vacilara em admitir sua atração por ela na frente de todos eles.
Sarah sabia que também estava atraída, mas ainda não estava pronta para admitir isso.

Mais tarde, quando voltaram ao seu apartamento, ele fez questão de acompanhá-la até a porta de seu quarto, para dizer boa noite.
Por um segundo, Sarah pensou que ele fosse beijá-la, mas ele apenas sorriu, agradeceu pela ótima noite e se despediu, caminhando para seu próprio quarto sem olhar para trás.
Ele fingiu não ouvir o suspiro que parecia decepcionado. Se ele a beijasse agora, não conseguira sair de seu lado esta noite. Mas sabia que seria precipitado. Tinha que acatar o conselho de Snape e ser cauteloso, conquistando-a de novo e aos poucos.

“Vago na lua deserta das pedras do Arpoador! Digo 'alô' ao inimigo. Encontro um abrigo no peito do meu traidor… Faz parte do meu show…”

Snape. O inimigo, de quem agora, ouvia conselhos para conquistar a mulher que amava. Sua irmã.
O homem que o odiara a vida toda, mas doara uma gota de seu sangue para tirá-lo do véu. O homem que abrira caminho para que ele a reencontrasse agora.
Pelo amor dela, pela sua felicidade, eles haviam se tratado decentemente, se aliado. Haviam até… dormido no mesmo quarto, sem se matarem de madrugada. Ele tinha que acatar a opinião do outro, pelo amor de Merlim, e esperar!
Seria difícil dormir esta noite, mas… seria por pouco tempo.

===========

(1) Não riam, o título saiu de uma conversa com Belzinha pelo msn, então, já viu, né?
A idéia foi um trocadilho com o sentido da palavra, na cabeça de um bruxo que não sabe nada das coisas de trouxas.

(2) Desenredo – música que eu adoro, de Edu Lobo, Dori Caymmi e Paulo C. Pinheiro, foi cantada na novela “Desejo Proibido” por Boca Livre e Roberta Sá.

(3) Claro, "Exagerado", de Cazuza. O Murilo pode ser louco, mas acho que ele está certo. Cazuza é a cara desses dois… hihi…

(4) A letra completa dessa música, eu coloco depois, porque ela vai voltar lá no final, ok? O nome também vou deixzar pra depois, e quem conhece não diga! Vai estragar uma surpresa boa!

==========

Vocês precisam ver os comentários da Belzinha, quando me devolveu o capítulo…será que vocês acertam onde foi cada um?


- Ui, que senti um calor subindo... Hehehe

- (Feitiço de levitação na frente de trouxas não vale, Sirius!).

- (credo, menina, vc tem mesmo amigos malucos assim? Hehehe)

- (Belzinha levanta a mão, com cara de menininha CDF que sabe a resposta e está frenética para dizê-la: “É o Expresso de Hogwarts, é o Expresso de Hogwarts!!!)
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Belzinha »

Adorei, adorei, adorei!!!!

As modificações ficaram perfeitas, amei tb!!!!

Ah, vc me dedou... Hehehe (meus comentários ficaram hilários assim, vamos ver se o pessoal sabe onde eles foram feitos).
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Regina McGonagall »

Novo capítulo gente, desculpem a demora!

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O Primeiro Segredo dos Laurent

Sirius soltou um suspiro de conformação. Estava apenas na companhia das duas crianças, na sala de uma casa trouxa, ao sabor das circunstâncias.
Nos dias anteriores, ele acompanhara os irmãos Laurent à capoeira e visitara vários locais da cidade, trouxas obviamente, embora Sarah tivesse aproveitado que apenas André e Susan os acompanhavam para mostrar aos meninos – e a ele, naturalmente - a passagem para a plataforma do Expresso Rio Negro, no prédio principal da Praça da Estação. Era difícil, principalmente por causa da efusividade natural das crianças, mas estavam conseguindo manter os outros membros da família Laurent ignorantes de sua condição “diferente”.
Também voltaram ao shopping, para comprar ovos de páscoa para toda a família e os amigos que passariam os feriados em conjunto. E esta fora uma experiência bem mais agradável que a anterior para Sirius, e ele se perdeu nas próprias lembranças por algum tempo, enquanto Aline e Leonardo continuavam concentrados em um daqueles filmes estranhos que gostavam de ver.

***

Sirius provara deliciosos chocolates em forma de garrafinhas de licor, claro, recheados com o próprio – seu favorito fora o de licor de aniz…
Sarah até que tentara disfarçar, mas ele notara a expressão de irritação e algo mais – ciúmes, talvez? – enquanto a vendedora conversava com ele, um pouco mais atenciosa do que deveria.
- Será que não percebeu o quanto esse chocolate me lembra o seu perfume? Claro que não, ela não sabe o quanto eu sinto falta dele… - ele pensou, sorrindo para si mesmo.
As crianças estavam agitadas, querendo ver (e também comer, claro) os ovos, mas Sarah fora categórica: era para a Páscoa, eles teriam que esperar como todo mundo.
Depois, haviam passeado por uma praça muito arborizada e florida. Enquanto os filhos corriam, Sarah apontara para as árvores que circulavam praticamente toda a praça, dizendo:
- Você precisa vê-las daqui a alguns meses. É lindo! Tudo coberto de cor de rosa. Com exceção daquela – ela apontara para uma das maiores, na extremidade oposta da praça – Aquele é um ipê amarelo, o único aqui da praça.
- Mas… - ele indagara, confuso – Não vai ser inverno? Elas dão flores no inverno?
- Sim. São flores do inverno. O ipê rosa floresce primeiro, geralmente de junho para julho. O amarelo floresce um pouco mais tarde. Mas, do jeito que anda chovendo, o frio deve chegar mais cedo. Então, poderemos ver um ou dois floridos ainda em maio. – Sarah sorria ao responder – Não estranhe tanto! Na maior parte do país, temos clima tropical. Inverno com frio intenso e às vezes neve, só no extremo sul, mesmo. Eu acho que tenho umas fotos em casa, você vai ver como são lindos!

Sirius concordou, mais tarde, ao ver as magníficas copas recobertas de flores, nas fotos que Sarah encontrara em seu computador. Por um momento, ao ver seu entusiasmo com as coisas de sua terra, receou que ela não quisesse voltar para Inglaterra e não conseguiu deixar de perguntar:
- Você ama essa cidade, não é? Pretende ficar aqui?
- Não, claro que não. Tenho um trabalho à minha espera em Londres. Ou você acha que o Lar de Elizabeth vai deixar de existir só porque quase todas as crianças já estão em Hogwarts? Temos um projeto para ele, pode ter certeza. Talvez… - ela o fitou por um longo momento, como se estivesse insegura do que iria sugerir – Vamos precisar de mais gente, e talvez você queira ajudar.
- Se estiver ao meu alcance. – ele respondeu automaticamente, quase se arrependendo em seguida. Ele estava mesmo se oferecendo para trabalhar na casa de Snape?
Sarah sorriu, antes de explicar:
- Eu e Remus já conversamos muito a respeito. Claro, nem todas as crianças órfãs ou abandonadas com “potencial bruxo” que encontramos são imediatamente colocadas em novas famílias, então, essa característica da casa sempre vai existir. Mas pensamos que é preciso abrir novas frentes de trabalho. Acompanhamento de famílias dos nascidos trouxas, para não se sentirem tão ameaçados pelo mundo desconhecido que seus filhos ingressam ao receber a carta de Hogwarts, é nosso primeiro foco. Depois, pensamos em ampliar nossa escola fundamental, para que qualquer criança bruxa possa estudar sem receio de explosões de magia espontânea. Isso reduziria em muito a atuação dos departamentos de controle, não é mesmo? Menos trouxas para serem obliviados…
Sirius teve que concordar, a idéia era excelente. Ainda mais que Remus já concordara com ela.
Feliz por ter um ponto a mais para se aproximar de sua bruxa, ele afirmara com convicção que faria todo o possível para colaborar com o projeto, ainda mais que recursos financeiros era o que não lhe faltara.
- Oh, Sirius, que maravilha! – em sua empolgação, ela lhe beijara o rosto, um sorriso imenso iluminando seu rosto. – Assim que voltarmos, depois da Páscoa, temos que nos reunir para discutir isso. Pesquisei bastante enquanto estava aqui. Claro, antes de vocês chegarem, não tive muito tempo depois disso.
- Sinto muito… não imaginei que me hospedar aqui lhe traria problemas com seu trabalho…
- Não, nada disso. Tem sido ótimo, acredite. Os meninos estavam até reclamando que eu nem saía com eles. Eu precisava mesmo de uma pausa e fiquei muito feliz por você ter vindo.
- Mesmo? – ele perguntou, os olhos brilhando de esperança.
- Mesmo. – ela respondeu, mas o sorriso sumiu, dando lugar a uma expressão embaraçada. – Bem, acho que é hora de ver o que tem na cozinha. Tenho a impressão de que algumas pessoinhas logo vão começar bater na mesa gritando “comida, comida”!
Ela se afastou em direção à cozinha, deixando-o sozinho, mas feliz.


***

As lembranças daquela tarde ainda lhe povoavam a mente, quando a voz de Leonardo lhe chamou a atenção.
E Sirius se viu de novo na sala da grande casa em que vivia Berenice Laurent. Uma casa numa região privilegiada, próxima a uma praça de onde podia avistar grande parte da metrópole, uma vista muito bonita, que justificava o nome da cidade – “Belo Horizonte”. Mas o que intrigava o bruxo era a grande montanha de minério de ferro, do outro lado da avenida. Ele podia sentir a forte emanação de magia da montanha, tão forte quanto o cheiro do mato trazido pela brisa. A casa, de tijolos aparentes e madeira em sua maior parte, era aconchegante e confortável – tinha até uma lareira que provavelmente nunca era acesa - e as irmãs Laurent quiseram passar o dia juntas, por isso ele também estava ali, com os garotos.
Claro, não deixava de ser uma situação favorável para ele. Nos poucos minutos de conversa, descobrira que os filhos de Sarah estavam tão ansiosos quanto ele para que ela se lembrasse “das coisas”. Era notório que eles estavam satisfeitos com o fato de agora pertencerem a uma grande família – tanto a brasileira quanto a inglesa – mas queriam mais que tios e primos. Eles já tinham uma parte do que sempre sonharam, e queriam o resto: queriam um pai!
Era o que explicavam a Sirius neste exato momento.
- Veja bem. – o tom e o rostinho sério de Aline quase o faziam sorrir, mas ele sabia que isso magoaria a menina, então apenas aquiesceu, atento. – Ela ama você, “tá” na cara. E já se lembra de alguma coisa, ou não ficaria tão nervosa quando está perto de você.
- Mesmo? – ele indagou, olhando seriamente para os dois irmãos.
- Mesmo. – Aline reforçou, enquanto Leo agitava a cabeça, concordando – E olha, desde o Natal, dava para perceber que era só falar seu nome para ela ficar toda “sem rosca”, e depois, ficava um tempão no quarto, ouvindo aquela caixinha de música…
Sirius ia agradecer a informação, quando ouviu gritos vindos da cozinha. Preocupado que Sarah estivesse sob algum tipo de ataque, ela e a irmã sozinhas na cozinha, sacou a varinha e correu para lá, enquanto ordenava aos garotos que ficassem na sala, escondidos se possível.
Mas ele não estava de forma alguma preparado para o que encontrou na cozinha…

****

Sarah e Berenice sempre foram irmãs muito unidas, que falavam de tudo e trocavam confidências. Mas passaram praticamente dois anos afastadas, então, era muita conversa para colocar em dia.
A solução para isso, sem a interferência dos filhos e do “hóspede”, fora inventarem alguma coisa para fazerem juntas na cozinha, a la Beatriz Laurent…
Então, enquanto Berenice preparava a massa para os pães de queijo, Sarah se aventurava em um belo bolo de chocolate, batido à mão, sem esforço ou preocupação, mas alívio por não ter nenhum barulho irritante para atrapalhar a conversa. Que estava ficando… quente.
Berenice não era cega. Ninguém explicara de forma adequada o “acidente” que sua irmã sofrera na Inglaterra, nem porque ela viera para o Brasil “se recuperar”… Sarah não fora a nenhum médico desde que chegara, disso ela tinha certeza, apesar de umas saídas sem explicação convincente.
Então, seu irmão legítimo chegara com alguns jovens e aquele homem estranho, que dava bandeira a cada momento, principalmente quando tentava disfarçar sua notória atração por ela.
E Berenice ficara “encafifada” com essa história. Sarah agia de forma incomum com ele, sem a naturalidade com que tratara até mesmo “John Smith”, um completo desconhecido e ainda por cima desmemoriado, em sua breve estada (o fato de terem descoberto que ele era seu irmão de verdade ainda era coincidência demais para a esperta mulher).
Por isso, Berenice resolveu fazer a irmã “soltar a língua”…
- Esse cara é um gato, mesmo, hein? Onde o achou?
- Er… sim, ele é um gato mesmo. – Sarah concordou, relutante. – Ele é… amigo dos meninos, está estudando com o André. – como “meninos”, ela se referia a seu irmão adotivo e a Murilo.
- Sei. – Berenice a observava de forma displicente, como quem não quer nada. – E como os meninos o conheceram?
- Ah… acho que temos amigos comuns na Inglaterra. Na verdade, um de seus melhores amigos é meu colega direto de trabalho.
- O professor de quem as crianças falaram?
- Sim. – Sarah não tinha certeza do que os filhos tinham falado sobre Remus, então, preferiu não dizer mais nada.
Mas Berê tinha outras idéias.
- E vocês já dormiram juntos, depois que ele chegou?
- Berê! Que abusrdo! De onde você tirou isso?
Berenice ria da cara vermelha da irmã, mas alguma coisa estava esquisita.
- Olha, não nasci ontem, “tá”? Vocês quase se beijaram aquele dia, brincando de “Batatinha Frita”, que eu vi. O pessoal estava todo atento, e até o Murilo, um sem noção por completo, pareceu desiludido quando nada aconteceu.
Sarah parou de mexer a massa, limpando as mãos nas pernas, num gesto nervoso que sua irmã conhecia bem e que encheu sua roupa de farinha.
Mas Berenice ainda não se dera por vencida e voltou à carga.
- Maninha, querida, está na cara que vocês tiveram algum problema, antes de você vir da Inglaterra. Vocês brigaram, foi isso? Você queria dar um tempo, mas ele deve ter achado que estava longo demais e veio atrás, não foi isso?
- Berenice, você anda bebendo? Eu, hein, que idéia maluca!
- Maluca, eu? Minha filha, me poupe! Vocês dão bandeira o tempo todo, e todo mundo em volta fica com uma cara, como se esperassem algo acontecer a qualquer momento… Será que só eu vejo isso?
- Não sei do que você…
- Mas você ainda não respondeu: já dormiram juntos de novo ou não?
- Não, claro que não! E como assim, de novo? Eu nunca…
- Não? Vou fingir que acredito. Eu te conheço melhor do que ninguém, mana. Sei que já rolou…
- Se tivesse acontecido algo assim, acho que eu me lembraria, né?
- Concordo. Não daria para esquecer um homem como esse. Nem que me caísse um raio na cabeça… - a piscadinha de Berenice passou despercebida a Sarah, porque uma imagem surgia em sua mente, nebulosa e confusa… ela o via dormindo e também via a si mesma admirando seu rosto adormecido, sua mão correndo pelas tatuagens em seu peito nu.
- Ele tem mesmo aquelas tatuagens… Cuáron…
- O que foi que disse? – Berenice perguntou, confusa, enquanto observava a irmã franzir a testa, esfregando-a como se tivesse uma enxaqueca – Sarah, algum problema?
- Não… quer dizer, eu… – Sarah reagiu rapidamente, balançando vigorosamente a cabeça.
Então, com um sorriso travesso, levou as mãos à farinha, fazendo um grande monte, enquanto dizia:
- Eu acho que tem uma crioula aqui precisando aprender uma liçãozinha! – e atirou a farinha sobre a irmã.
- O que? – Berenice gritou, soprando a farinha fora do rosto – Sua branquela metida, você que está precisando de uma cor melhor. – ela avançou para a caixa de chocolate em pó pegando por sua vez uma grande quantidade nas mãos e atirando sobre Sarah.
Em poucos segundos, elas riam e gritavam, reeditando as velhas guerras de farinha que deixavam sua mãe maluca, quando eram crianças, repetindo aos gritos os xingamentos que as divertiam quando usados entre si, mas sempre feriam quando vindos de pessoas de fora.
Foi nesse momento, que um homem entrou na cozinha, vindo da sala, seguido de perto por duas crianças curiosas que não lhe atenderam à ordem de permanecerem seguros.
Assustando com a nuvem de pó que não lhe permitia ver nada e com os gritos e risos histéricos que ainda ouvia, Sirius reagiu por instinto: apontou sua varinha e gritou:
- Evanesco!
Por alguns segundos, após o instantâneo sumiço da nuvem de pó, só o que se viu foram duas mulheres cobertas de uma mistura de farinha de trigo e chocolate em pó, olhando abismadas para um homem imóvel, empunhando uma varinha mágica.
De repente, as gargalhadas das duas crianças cortaram o ar. Os dois riam tanto que se dobravam, segurando a barriga, lágrimas já se formando os olhos apertados. Aline exclamou, de repente:
- Acho melhor você fazer um feitiço de limpeza nessas duas, antes que elas virem biscoitos…
As palavras da filha libertaram Sarah de seu estupor, que logo repreendia Sirius por seu ato impulsivo, enquanto Berenice demonstrava seu espanto ao mesmo tempo:
- Por deus, Black, você tinha que fazer…
- Minha nossa, você é…
- Vamos ter que…
- … bruxo também?
-… obliviá-la… - mas Sarah pareceu registrar a última palavra da irmã e voltou-se para ela -O que? Como assim, “também”?
Depois de olhar de um para o outro, e dando uma piscadinha matreira pras duas crianças, Berenice enfiou a mão no bolso de sua ampla saia estampada – agora coberta de farinha – e sacou de lá uma longa varinha.
Pó um segundo, ela e Sirius se encararam, varinhas em riste. Então, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ela apontou a varinha para si mesma e murmurou um feitiço de limpeza.
Sarah arregalara os olhos, incapaz de falar. Sua irmã ainda a encarou por alguns segundos, já livre de toda a farinha, e depois perguntou, levantando a sobrancelha e usando um tom irônico que deixaria Snape no chinelo:
- E aí, maninha? Precisa de ajuda com a sujeira?
Sem dizer nada, Sarah sacou a própria varinha do bolso, e fez sua própria limpeza.
Enquanto as crianças literalmente rolavam de rir, os três adultos se olharam, sorrisos crescendo em seus rostos.
- Acho que..
- Parece que…
- Eu penso… - Sirius olhou para as duas mulheres que interromperam o que iam dizer. – Uma explicação está em ordem, mas permitam-me.
Ele acenou sua varinha para a mesa e, com um gesto elegante, limpou toda a bagunça.
- Eu acho melhor vocês se sentarem e conversarem.
As duas se olharam, obedecendo a sua sugestão de forma imediata, sentando-se ali mesmo, no chão da cozinha, como se ainda fossem as crianças que haviam crescido juntas aprontando pela casa.
- Você… é uma bruxa!
- Você… também!
Agora, foi a vez delas. Ante o olhar divertido, mas ainda um pouco atônito de Sirius Black, as duas se abraçaram, ali mesmo, caindo na gargalhada.

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Isso aí, gente. Aguardem: o próximo capítulo guarda novas surpresas pras irmãos Laurent!
Regina McGonagall
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Re: Close to you - Sonho de um Maroto

Post by Tina Granger »

Ai... to comecando a ficar com medo de ler a tua fic... kkkkk mas tirando isso.... :palmas


outra coisa. Sabe que sei que tem algumas pessoas que fazem isso todo dia > [-o< Paizinho do ceu, fazei que um anjinho da guarda ilumine a cabeca da regina, que a inspiracao nao lhe falte, que eu possa ver logo o proximo capitulo? [-X estou :^o
BEIJOS ATÉ O PROXIMO CAPITULO!
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

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