Close to you - Sonho de um Maroto

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Tina Granger
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Post by Tina Granger »

Regina McGonagall wrote:
CarpeNocten wrote:Snape dançando frevo..
kkkkkkkkkkkkkkkkk

q imaginação viu
auheuehauheaea
Porque todo mundo encafifou justamente com esse trecho? :shock:
foi só... um desvario momentâneo da Ana! :lol:

ah, mas um desvario que poderia render um capitulo inteiro do tio Sev sendo... hum... bem visto pela sociedade brasileira?
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

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Regina McGonagall
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Post by Regina McGonagall »

Sally, tudo bem, sem problema algum, depois do seu capítulo que acabei de ler... :palmas


Tina, sossegue! hihi... como se isso fosse possível! :?
("em outras plavras, o mesmo que pedir a macaco pra não querer banana"... - ops, deixei escapar uma fala futura do Murilo... :lol: )
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Tina Granger
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Post by Tina Granger »

ah, mas sonhar podemos... rsrsrs

(e imaginar os detalhes :oops: :oops: :oops: :oops: :oops: :oops: :oops: :oops: )
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

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Post by Regina McGonagall »

humm... sei não, Tina...

mas tudo bem.

apaguei meu post anterior... :mrgreen: porque só queria contar pra vocês que...

segunda, sem falta, tem capítulo novo, ok? :D

(e um certo personagem rindo todo feliz porque parei de "gelar" ele sentado aqui na minha frente... :roll: )
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Post by Tina Granger »

E devo acrescentar que não é apenas ele!!
VALEU antecipado!!
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

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Regina McGonagall
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Post by Regina McGonagall »

Gente, demorei mas tá aí!

espero que você não se assustem muito...

===================================

Primeiro Natal de uma velha casa bruxa

Naquela noite, o vento parecia bater mais impiedoso contra as velhas janelas que um velho elfo tentava inutilmente fechar com sua magia.
- Deixe, Elber, deixe ficar. Pelo menos o vento vem nos visitar. – a voz rouca vinda da poltrona fez o pequeno ser se virar e respeitosamente retrucar:
- Minha senhora, não podemos deixar assim. O vento está frio, podes adoecer novamente. E Elber sofrerá muito, sofrerá sim, se isso acontecer.
- Meu bom amigo... – a velha sorriu, enquanto o elfo dava um pulinho assustado – Sim, é verdade. Você e os outros elfos são meus únicos e verdadeiros amigos, depois de tudo. Às vezes penso que devia dar-lhes roupas e deixá-los procurar novas vidas.
- Não, minha senhora! Isso não! Não nos obrigará a abandoná-la! – o elfo parecia agora terrificado, mas sua veemência a fez sorrir mais largamente.
Estava prestes a dizer mais alguma coisa, quando uma batida diferente foi ouvida: alguém estava á porta da casa.
- Por Merlim, quem será?
O elfo já sumira dali, para voltar pela porta dali a instantes, trazendo consigo um homem enrolado em uma capa negra.
- Preciso... imensamente... de um favor. – ele disse com voz seca, como se isso fosse adverso à sua personalidade.
A senhora aproximou-se, espantada ao reconhecer o visitante: o neto de seu marido trouxa, de quem não tinha notícias desde a morte de Alvo Dumbledore. Disseram que ele fora seu assassino...
- Severus? O que houve? Pensei que estivesse...
- Em Azkaban. – ele sorriu, melancólico – Não, não estou. Estou ajudando na captura de meus... antigos companheiros, e por isso estou livre... ainda.


***

- Venha, sei de um lugar onde ele não vai nos achar! – um garotinho magro de pele morena e cabelos encaracolados puxava outro mais claro e gordinho
- Mas... e se ele usar a varinha pra nos localizar? – o outro perguntava, em tom aflito, mas sussurrado.
- Mamãe “mata” ele! Esqueceu? Ele ainda não tem 17 anos...
- Ah, é mesmo! – o garoto bateu na testa, como que chamando a si mesmo de burro, e os dois se desceram a escada escorregando pelo corrimão e sumiram logo depois em uma das portas laterais do vestíbulo.
Não haviam percebido uma velha senhora que surgira no topo da escada e os acompanhara com um olhar divertido. E começou a pensar em quantos anos haviam se passado desde a última vez que vira crianças descer pelo corrimão...
- Vovó, pra onde foram aqueles dois? – Alan Snape interrompeu o curso de suas lembranças, parado ao seu lado, vindo do andar superior.
- Hein? Ah, foram para a estufa, querido.
Ele correu atrás dos garotos menores, enquanto a velha sorria, antes de também acabar de descer as escadas e tomar caminho oposto ao das crianças.
Na sala de estar vitoriana, um grande pinheiro brilhava, enfeitado por luzes enfeitiçadas e guloseimas coloridas brilhava intensa e intermitentemente, enquanto aguardava os pacotes de presentes de Natal.
Elfos domésticos haviam se esmerado para deixar a casa limpa e acolhedora, por puro gosto. Também haviam sofrido como sua senhora os longos anos de silêncio e solidão na velha morada e se sentiam felizes por poderem novamente fazer o que consideravam sua obrigação: manter a casa limpa, preparar refeições quentes e apetitosas, arrumar a bagunça das crianças. Sim, porque novamente, havia crianças correndo pelos corredores, descendo as escadas, brincando no jardim.
Lady Marjorie viu o homem sentado na poltrona próxima ao fogo acolhedor da lareira e sorriu. Ele estava muito diferente do homem amargurado que lhe procurara quase uma década atrás em uma noite de vento frio e cortante...
Snape lhe procurara pra pedir um estranho favor: cuidar de uma criança, caso lhe acontecesse alguma coisa em sua nova e mais uma vez perigosa missão.
E ela o fizera, com imensa satisfação, assim que conseguira ir atrás de notícias. Ficara com Alan em sua companhia, brigando com os burocratas do Ministério que insistiam em colocar o garoto em uma “família bruxa de respeito”, como se ela não fosse respeitável...
Ora, só porque tivera um irmão preso em Azkaban – claro, merecidamente, pois era um pilantra inveterado – e um “neto por afinidade” que fora um comensal e assassino perigoso, não queria dizer que não fosse respeitável! Era viúva de um grande bruxo... claro, ele também não fora “flor que se cheire”...

Sua risada baixa chamou a atenção do ex-comensal, que levantou os olhos do livro que lia apens o suficiente para ver de onde viera aquele som incomum. Vendo que era “apenas ela”, voltou sua atenção para o livro.
Snape não queria se preocupar com nada, apenas gozar suas férias de fim de ano com sossego suficiente, coisa que não pudera fazer em muitos anos.
Na verdade, desde o fim da guerra, vira apenas um Natal – o que passara com a família Laurent, já que a rápida visita que fizera à Toca no ano anterior não podia ser considerada como tal– então, ainda se sentia estranho àquilo tudo.
Mas deixara sua irmã e Lady Marjorie convencê-lo de que seria bom passar o Natal no campo, onde as crianças poderiam brincar na neve. Afinal, aquele seria o primeiro Natal com neve para os filhos adotivos de Serenna.
- Crianças... – Snape murmurara, ao observá-los da janela da sala de estar, poucos minutos antes. Sorrira e se acomodara em sua poltrona favorita, para ler um livro trouxa que Serenna lhe trouxera.
Enquanto isso, sua irmã discutia com as meninas a melhor maneira de pendurar as meias na lareira e a dúvida agora era se penduravam ou não uma para Severus.
- Não achei nenhuma com desenho de morceguinhos pra comprar, acreditam? Não que servissem pra seu tio.
- Por que morcegos, tia Serenna? – Lucy perguntou, curiosa.
- Ah, é que... os fãs trouxas de Harry Potter associam Severus a esse animal... – ela olhou o irmão na poltrona, aparentemente concentrado, e resolveu provocá-lo um pouco – Por que será, Severus?
- Porque são uns idiotas. – ele respondeu sem ao menos levantar os olhos do livro, não estava com humor pra discutir as suposições de trouxas malucos...
Serenna deu uma risadinha e respondeu:
- Deve ser por esse seu humor tão inconfundível... além da forte imagem da capa esvoaçando pelo corredor... Ainda é assim em Hogwarts, Lucy?
- Bem... – a garota olhou de esguela para ele – Eu acho que...
- Pode dizer, Waters, não vou tirar pontos da Lufa-Lufa por sua resposta sincera.
- Ah, Professor! – ela ficou vermelha e murmurou alguma coisa, fazendo Serenna cair na gargalhada, antes de retrucar:
- Ei, estamos em casa. E em famíla! Nada de sobrenomes ou títulos por aqui!
- Ok, “mamãe” – Snape zombou e ela lhe deu um sorriso de escárnio.
Lady Marjorie os observava em silêncio, contente por ver que tudo havia realmente mudado. Ninguém diria que aquela família de formação tão fora do comum fosse uma família realmente feliz, mas ela apostaria todos os seus velhos galeões de que faltava pouco para isso ser totalmente verdade. Pelo menos para uma parte daquela família.
Ela observou sua afilhada com atenção. Sim, era a madrinha de Serenna e ficara muito feliz em saber que Severus conseguira encontrar e trazer a irmã de volta.
Elber, o velho e risonho elfo, veio avisar que o almoço seria servido, e Serenna emitiu com a varinha um chamado para todos os garotos – um pequeno lobo prateado (ou seria uma raposa?) se projetou para fora ao encontro de cada um deles - que vieram correndo em poucos minutos.
Snape a olhou pelo canto do olho, antes de comentar:
- Pra quem tinha tanto medo de cães... seu patrono é interessante.
- Não é um cão! – Serenna respondeu com voz suave, disposta a não acatar a provocação. – É um lobo guará. E nunca tive medo de cães!
- Não, realmente. Só dos que pareciam ursos ou lobisomens...
Ela soltou um breve suspiro, negando-se a discutir com o irmão:
- Mamãe adoraria poder fazer isso! –comentou, sorrindo, lembrando-se de sua mãe adotiva, Beatriz Laurent – Às vezes, chamar todo mundo pro almoço de domingo era uma verdadeira aventura!
Snape desta vez fitou a irmã por alguns momentos, como se esperasse que ela fosse chorar, mas Serenna lhe sorriu e, abraçando os filhos com animação, foi levando-os para mesa enquanto perguntava do que brincavam naquele frio lá fora.
- Ela só quer uma chance de ter uma vida como a deles, não é? – Lady Marjorie perguntou.
Snape deu de ombros, como se não tivesse entendido, mas a velha bruxa explicou:
- Ela ainda não assumiu esse “compromisso” com o Black porque não quer começar a vida com uma imposição. Quer um lar como o que conheceu, com laços de afeto real, porque as pessoas querem estar juntas, não porque são obrigadas por um juramento de sangue.
- Eu sei disso. Por isso não interfiro nesse assunto. – ele respondeu, secamente.
Lady Marjorie parecia querer dizer mais alguma coisa, mas desistiu. Talvez fosse melhor achar um momento para conversar abertamente com Serenna, como uma mãe faria.
- Faça isso. – a resposta curta e seca aos seus pensamentos não a espantou, e ela respondeu simplesmente:
- Farei isso, hoje mesmo.

As crianças estavam agitadas. A perspectiva de acordarem na manhã seguinte e encontrarem seus presentes parecia excitante demais para que conseguissem dormir.
E não eram apenas os mais novos, embora Leonardo e Aline fossem os mais ansiosos e comandassem os outros quatro agitadíssimos companheiros de quarto. Os adolescentes também não conseguiam disfarçar sua curiosidade.
Peter e Lucy quase chegaram a comentar que parecia que estavam em Hogwarts, tendo a mesa do jantar comandada por seu “temível professor de poções”, mas desistiram a um sinal sugestivo de Alan, temendo que ele lhes negasse seu presente tão esperado.
Não. Não poderiam estragar sua primeira tentativa de ser um “Papai Noel” legítimo... e se limitaram a dizer que os elfos de Vovó Marjorie não perdiam para os da escola. O jantar de véspera de Natal fora maravilhoso, e eles nem conseguiam imaginar o que lhes esperava para o dia seguinte.
Enquanto os mais velhos tomavam uma última xícara de chocolate quente, Serenna subiu para dar um jeito nos terríveis diabretes da Cornualha que pareciam ter sido soltos no andar superior.

Em cada uma das três grandes camas de dossel, duas crianças se aconchegavam sonolentas, e Serenna foi a cada uma ajeitando suas cobertas e beijando seus rostinhos risonhos e ansiosos, chegando finalmente ao seus dois filhos.
- Se vocês não dormirem, Papai Noel não vem. – ela disse, carinhosa.
- Como ele faz, mamãe? Ele existe mesmo, né? Se existem bruxos, então... ele também existe. Deve ser um bruxo, para vir pela lareira e deixar os presentes.
- Eu nunca tinha pensado nisso. – ela respondeu. – Só o que sei é que ele não vem enquanto tem criança acordada, portanto: dormindo já! Todos vocês!
- Canta pra gente dormir, mãe! – Aline pediu.
- É, isso mesmo. Mas eu quero música de Natal! – Leo ajuntou.
Serenna olhou para eles, e depois para os demais. Os olhinhos pesados teimavam em ficar abertos, valentes guerreiros contra o sono eminente. Uma canção de ninar poderia ajudar.
- Você pode cantar uma canção de Natal pra nós, mamãe? – A voz doce de Aline fez coro ao pedido do irmão.
Ela olhou para as crianças, pensando em como seria doloroso relembrar uma das velhas canções que seu pai cantava com sua voz forte de barítono. Não. Definitivamente, não conseguiria cantar uma das canções que seu pai gostava tanto. Seria demais pra seu coração repleto de saudade! Mas... o que poderia cantar pra elas?
Lembrou-se do ano anterior, do momento em que desembarcara em Londres, pensando no que encontraria pela frente. E de como a cena de um filme viera à sua mente, junto a um rosto que no momento não reconhecera: o rosto de seu irmão gêmeo, que reencontraria dali a alguns dias para sua grande surpresa. Então, soube o que cantar, afinal. Não era exatamente uma canção de Natal, a letra fora alterada para parecer que sim, mas era essencialmente uma canção de amor, e ao cantá-la, Serenna tentou não pensar no rosto de um certo bruxo a lhe sorrir maroto:
- I feel it in my fingers, I feel it in my toes,
well Christmas is all around me and so the feeling grows
It´s written on the wind, it´s everywhere I go
so if you really love me, come on and let it show.
You know I love you, I always will
my minds made up by the way that I feel
there´s no beginning, there´ll be no end
cause on my love you can depend.
I see your face before me as I lay in my bed
I can not get to thinking, of all the things you said
You gave your promise to me, and I gave mine to you
I need someone beside me in everything I do.


Ela cantara a canção num ritmo bem lento, numa voz tão suave que a última frase soara quase como um sussurro. Enquanto cantava voltara a fazer um carinho em cada um, um gesto sutil de suas mãos estimulando o sono a chegar mais rápido, uma velha magia impregnada em sua voz.
Sorriu, ao ver que todos dormiam, e deixou o quarto em silêncio, indo se juntar aos demais ao lado da lareira, tomando também um delicioso chocolate quente.
Passou pelos três jovens na escada, que se despediram com um beijo no rosto e foi ao encontro do irmão e da velha senhora, que descobrira recentemente ser sua madrinha.
Snape lhe deu aquele meio sorriso com que já se habituara. Ele não era mesmo um homem de sorriso largo ou escandaloso. Lady Marjorie lhe estendeu uma xícara e ela aceitou, sentando-se na poltrona em frente à do irmão.
A noite estava tranquila, até que uma cabeça apareceu na lareira: Sirius Black.
Serenna quase se engasgou com o chocolate, ao ouvir sua voz chamando por ela. Desconcertada, levantou-se da poltrona e foi até lá.
- O que foi, Black? – ela perguntou, ajoelhando-se sem disfarçar a irritação.
- Calma, mulher! Só queria lhe desejar um “Feliz Natal”! – ele sorria com aquele olhar de cachorro perdido inconfundível mesmo nas chamas verdes.
Serenna respirou fundo, antes de responder mais controlada:
- Ah, sim... obrigada! Feliz Natal pra você também.
- Sim. Seria mais feliz se você... se nós... você sabe.
A falsa timidez dele não a convenceu, mas Serenna apenas sorriu, rezando para que seu rubor momentâneo não fosse percebido atráves das chamas ou fosse atribuído ao calor do fogo (embora chamas verdes não queimem).
- Eu não conseguia pensar num presente pra você que não parecesse pretensioso ou exagerado, mas... espero que goste do que eu mandei.
Serenna corou mais fortemente. Não tinha pensado nisso. Pensara em presentes para todos menos para ELE. Que vergonha...
- Olha... se você não me mandou nada – ele pôs o dedo na ferida – Não se preocupe. Você já me deu o maior deles: minha liberdade, minha vida de volta. Sou eternamente grato.
- Hã... tá, tudo bem. – ela gaguejou inconscientemente em português.
Sirius ficou sério por um minuto, e ela pode sentir uma leve decepção em sua expressão. Como se ainda abrigasse a esperança de que ela se preocupasse com ele pelo menos o suficiente para mandar um presente de Natal. O animago soltou um leve suspiro que confirmou suas suspeitas e, depois de estender a Snape e a toda a família os votos de feliz natal, despediu-se, mandando-lhe um beijo travesso.

Depois de alguns minutos de silêncio, em que ela voltara a se sentar e fingia saborear o chocolate já frio, Snape alfinetou:
- Um ponto pro Pulguento.
- Ah, não enche, Severus! – sua resposta irritada o fez levantar a sobrancelha, divertido.
- Esse rapaz é muito sensível – Lady Marjorie interveio, sem ligar para o fato de que um homem de quarenta anso não fosse exatamente um rapaz – Meu primeiro marido não era tão compreensivo....
Ante o silêncio dos dois irmãos, ela continuou..
- Meu primeiro casamento foi um contrato mágico, em que estavam em jogo apenas interesses de meu pai, um velho bruxo de uma velha dinastia esquecida que ainda tinha sonhos de poder e viu no interesse de um bruxo poderoso por mim o caminho para sua própria glória... coitado! – ela suspirou, antes de continuar – os três passos do contrato mágico foram firmados numa mesma noite.
- Três passos? – Serenna indagou.
- Você completou apenas dois – Snape esclareceu.
- Como assim, apenas dois? Quando eu selei algum contrato mágico?
- Por Merlim! – Lady Marjorie exclamou – Severo, ela não sabe?
Serenna observou o irmão sacudir a cabeça em negativa. Depois, fitou a bruxa que fingia uma expressão de quem tinha deixado escapar um grande e perigoso segredo.
- Ok. O que eu ainda não sei? – ela continuava olhando de um para o outro.
- O ritual que permitiu a você alcançar Black e trazê-lo de volta. Eu expliquei a você que permaneceriam ligados para sempre, não se lembra?
- Claro, me lembro disso, mas... – Serenna parou, pensou, então, levou a mão à boca, abafando uma exclamação de espanto. Finalmente, caíra a ficha?
- Minha querida... – Lady Marjorie se aproximou e pegou suas mãos. – Sim, aquele era um ritual muito antigo, quase esquecido, atualmente. O sangue derramado e o beijo selam o compromisso
- Você deve se lembrar de que Lupin explicou a necessidade de um vínculo forte e verdadeiro para obter sucesso naquele resgate. Apenas uma esposa o retiraria do véu. – Snape elucidou.
- Mas eu pensei... quer dizer... eu estou casada com Sirius Black? É por isso que ele não larga do meu pé?
Lady Marjorie sorriu com a expressão, mas balançou a cabeça, dizendo:
- Não inteiramente. Vocês realizaram os dois primeiros passos, mas o casamento ainda não pode ser considerado “completo”. E percebo que este jovem deseja que isto aconteça, mas respeita a sua decisão. Você teve sorte, apesar de tudo.
O sorriso triste não passou despercebido a Serenna. Depois de alguns instantes, Lady Marjorie continuou sua própria história:
- Após o registro legal no Ministério da Magia, meu ilustre marido não quis saber de minha inexperiência por ser tão jovem ou de minhas expectativas quanto a um casamento romântico e um marido gentil... – ela se interrompeu demonstrando dor no olhar distante – mas o terceiro passo do ritual, a consumação, foi realmente inesquecível, mas não exatamente algo que eu possa me lembrar como a mais bela noite de minha vida...
- Sinto muito – Serenna sussurrou, enternecida, ao mesmo tempo que corava violentamente por entender “o que faltava” ao seu próprio contrato mágico.
Snape se moveu, desconfortável. Confidências femininas não eram algo que gostasse de ouvir. Mas entendera o objetivo da sábia mulher e ficou calado, como se nem estivesse ali.
- Não, minha querida, não sofra por acontecimentos tão antigos e que já perderam sua importância. Minha vida foi um inferno, realmente, até que mãos gentis me libertassem desse fardo... Meu marido foi morto em uma batalha pelo poder bruxo, em que lutava do “lado errado”. O bruxo que o matou me prestou um favor inestimável!
Ela se perdeu em suas próprias lembranças por alguns instantes, antes de continuar num tom mais ameno, menos sofrido:
- Depois de alguns anos, eu me casei novamente, com um trouxa, julgando que assim seria mais feliz. Bem... a vida foi mais tranquila, durante algum tempo, mas quando ele descobriu minha verdadeira condição, não foi nada fácil também. Fui excluída do seio da família, expulsa com violência. O engraçado é que... – e ela fitou os dois irmãos com um sorriso estranho – a vida tem realmente caminhos muito estranhos. O filho de meu ex-marido conheceu uma jovem e se casou, sem saber que ela era como a madrasta que ajudara a expulsar do lar: uma bruxa.
Os dois irmãos se entreolharam, antes que ela continuasse.
- Sim, não é engraçado? A jovem Eileen, filha de uma querida colega de escola, me mandou uma carta contando que se casara com meu enteado, e me chamando para ser madrinha de um de seus filhos gêmeos, uma bela menina. E eles tiveram que aceitar minha presença em sua casa novamente.
- Mas nós não a víamos muito – Snape atalhou.
- Não, claro. Depois do rapto de sua irmã, só ocasionalmente eu conseguia burlar o cerco de seu pai e visitar sua mãe. Pobrezinha... Desfaleceu aos poucos, de dor e saudade, esquecendo-se de que você ainda estava ali, precisando dela.
- Isso não tem importância – Snape replicou, irritado.
Lady Marjorie o olhava, penalizada, e Serenna teve um lampejo do que teria sido a vida do irmão. Estendeu a mão, pegando a dele e apertando carinhosamente. Era para ele odiá-la, já que seu desaparecimento acarretara na depressão da mãe e no abandono que provavelmente era a raiz de toda a sua amargura.
Ele lhe sorriu, dizendo através de sua “luz roxa” que isso não era verdadeiro, pois ela o conquistara pelo carinho incondicional ao conhecê-lo e lhe dera outra família, a sua própria.
Lady Marjorie acompanhou o entendimento mudo dos irmãos, sorrindo.
- Creio que agora sim, somos uma família... Embora alguns membros estejam fora... – de repente, ela fitou Snape de forma estranha, antes de perguntar – Você se importaria se eu chamasse meu irmão para o almoço de Natal?
Snape desta vez largou o livro. Olhou para a mulher à sua frente como se ela tivesse dito uma insanidade... Mas respirou lentamente, antes de responder:
- Se você acha que ele não vai fazer nenhuma bobagem... Não por mim, mas pelas crianças.
- Ah, quanto a isso, fique tranqüilo. Ele está bem mais controlado ultimamente.
- Se você tem certeza, por mim, tudo bem.
Serenna olhou de um para o outro, sem entender de quem falavam.
- De quem vocês estão falando? Quem... é seu irmão?
Lady Marjorie a fitou por alguns instantes, antes de pensar um pouco e responder, meio vacilante:
- Acredito que você ainda não conheça... Mundungo Fletcher.


=======

Isso aí, gente! Finalmente, a Serenna entendeu tudo!
(meio precipitado, o que vocês acham? hihi...)

Ah, a música, é de "Simplesmente Amor", claro que vocês reconheceram.

E o parente novo na área... era uma idéia da outra fic não publicada, que achei divertido usar aqui... Snape parente de Mundungo... quer coisa mais insana? hihi...

Sou um caso perdido...

pra quem não entendeu ainda (mesmo já tendo sido falado em capítulos anteriores) como o Snape foi parar em Hogwarts novamente, aguardem o capítulo novo da Belzinha!

a segunda parte... bem, vou tentar não demorar tanto... mas a Serenna está recebendo corujas com sugestões de presentes pro Almofadinhas... hihi!
Last edited by Regina McGonagall on 02/07/07, 16:06, edited 1 time in total.
Regina McGonagall
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Post by Sally Owens »

Tudo de bommmmmmm!!!! Mas ela vai ter de ceder um dia, não vai?
Beijos querida :palmas :palmas :palmas :palmas
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Post by Danna O'Brien »

reginaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!

ai que saudadeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!

sumida eu?maginaaaaa!!!

tava devendo uma visita e tu nem sabe a falta q eu senti disso aqui!!!!
adorei as 'novidades' e como sempre a fic tah maravilhosa!!!!

tem tanta coisa p comentar e au msm tempo nao acho palavras...

mas tenho que deixar registrado que adoro sua fic!!!!esta exelente!!!!

POSTA MAIS!!!!!!!!!!!!!

bjuxcheios de saudades!!!!!
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Post by Regina McGonagall »

Grazy, que bom te "ver"!
tô sem msn por enquanto, então... fica mais difícil a gente se falar.

===

Galera... foi necessária uma pequena edição no capítulo 4 (Capoeira no Beco), em virtude da atualização da Belzinha (cap. 17 do "Segredo de Corvinal")

faltava um personagem muito importante e... muito fofinho! :mrgreen:

O Lipe! :D

===

o próximol cap. está praticamente pronto, só que... no papel... :roll:
como fiquei sem pc, e depois, com um pc sem word por dois dias... ainda não consegui digitar... :lol:
Regina McGonagall
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Post by Regina McGonagall »

Hehe.. cheguei!

não tão cedo como prometi ontem pra algumas pessoas, porque precisei mudar meu horário de entrada hoje, por questões de trabalho.

e quase arrependida... porque esses novos capítulos alteraram profundamente o rumo dos psoteriores... que já estavam prontos...

o que a JK não deve ter sofrido pra terminr os 7 livros... :roll:

===============

Anatomia de um, ou melhor, de dois presentes

Na penumbra do quarto, o silêncio era absoluto. A chama de uma única vela projetava sombras imóveis no quarto quieto. E, embora igualmente imóvel, a ocupante da antiga e rebuscada cama de dossel interiormente estava inquieta.
A jovem mulher sentia tudo neste momento, menos o sentimento que seu nome inspirava.
Não. Serenna Snape, definitivamente, não dormia, nem se tranqüilizava.
As revelações da noite haviam confundido seu coração, um pouco mais do que já estava.
Sim, soubera que o laço de sangue selaria uma espécie de compromisso entre ela e Sirius, mas quando aceitou faze-lo, só conseguia pensar que era o que fora destinada a fazer desde a infância e que negar este fato seria responsabilizar-se por sua perda definitiva.
E este peso, ela não quisera carregar consigo.
Por meses, vinha se esforçando, estudando e praticando feitiços, azarações, poções, tudo que fosse necessário para tornar-se uma bruxa, verdadeiramente.
Pagara um preço alto por seu teimoso apego ao modo “trouxa vivendi”, negligenciando medidas de segurança e causando com isso o que considerava uma tragédia, por mais que Snape afirmasse ter sido falha dele – e não dela – não haver um feitiço nas portas de entrada que impedisse alguém de sair sem sua autorização. (1)
Por isso, não hesitara ante o plano de Lupin. Não queria ser a culpada por Sirius perder sua única chance de voltar.
Então, cortara seu pulso oferecendo seu sangue, declamara o feitiço e o selara com um beijo, sem pensar em nada além de que era o que deveria ser feito e ela a pessoa destinada a fazer….
E agora, isso! Entendia, por fim, porque os amigos agiam tão estranhamente quando ela e Sirius se encontravam. Era como se todos ficassem em suspenso, aguardando que ela se definisse pelo óbvio.
Tinha que reconhecer, Lady Marjorie estava com razão. Sirius poderia ter se imposto, exigindo a conclusão do ritual, mas ao invés disso tentava apenas se aproximar, enquanto ela continuava evitando-o sistematicamente.
Mas… do que tinha medo, afinal?
Relembrou seus relacionamentos passados e pensou que só não queria se arriscar. Afinal, nem conhecia o homem! Como poderia aceitar estar casada com ele?
- Se não deixá-lo se aproximar, como vai conhece-lo o suficiente para saber se vale a pena tentar? – uma vozinha insistente soou em sua mente.
- “Tá”… tudo bem. Vou tentar – pensou em resposta a si mesma. – Vou tentar conhecê-lo melhor. E, para começar, acho que vou ter que retribuir seu presente de Natal, seja lá o que for. Amigos fazem isso. E posso ser amiga de Sirius Black, como sou amiga de Remus ou Harry…
Ignorando a vozinha que voltava para lhe dizer que dificilmente Sirius aceitaria ser “apenas amigo”, jogou longe as cobertas e saltou da cama.

- Severus? – chamou mentalmente.
- Sim? Algum problema? – ele respondeu em sua mente, no mesmo instante, sinal de que ainda não dormira também.
- Não. Apenas… queria saber uma coisa… Porque você não me disse…
- Sobre o voto de sangue? Não achei necessário afligi-la.
- Sei que você não gosta dele, então…
- O que há entre mim e Black é apenas entre nós dois. Você não tem não tem nada a ver com isso, assim como não vou interferir em sua história com ele.
- Nem ajudar.
Ele não respondeu a isso.
Depois de alguns minutos, ela perguntou:
- Alguma sugestão de um presente de Natal?
- Uma poção mata-pulgas, talvez?
- Você não presta! – ela o xingou, rindo para si mesma ao imaginar sua expressão irônica ao pensar nisso, e sua risada ecoou pelo quarto – Hum… vou ter que pensar em alguma coisa, sozinha…
- Use o que sabe fazer, talvez fique mais fácil.
Enquanto pensava no que ele quisera dizer com isso, Snape lhe informou que fora chamado para uma emergência da Ordem, mas que voltaria logo.
Serenna se sobressaltou. Emergência em noites de Natal não costumava ser coisa à toa, sabia disso desde sua infância, tendo um pai bombeiro. Lembrou-se do ano anterior, das crianças desaparecidas e de como fora complicado resgatá-las … (2)
- Pode deixar, tomarei cuidado. Mando notícias assim que possível.

Quando a conexão mental se quebrou, ela deixou escapar um grande suspiro. Continuava na mesma, sem qualquer idéia do que poderia fazer.
Andou de um lado para ou outro pelo quarto, tentando pensar em algo, até que uma idéia lhe ocorreu. Usar o que sabia fazer! Claro, era tão simples! Mas precisaria voltar para casa!

****

Serenna apertou a tecla enter , sorrindo satisfeita. Após quase seis horas – metade delas viajando no tempo, graças ao seu próprio viratempo que finalmente aprendera a operar – o presente para seu “esposo” estava quase pronto.
Enquanto a impressora fazia seu trabalho, recordou divertida sua aventura em busca de um presente.

Usando seu pendente, voltara para dois dias antes do Natal, indo encontrar Tonks na saída de seu treino de capoeira, e pedindo-lhe alguns minutos para uma conversa muito importante.
Diante de uma cerveja amanteigada no Caldeirão Furado, ela expôs suas dúvidas para a auror, que a fitava entre a diversão e o espanto.
- Tonks, por favor! Preciso de uma sugestão, urgente!
- Sugestão? – Tonks piscou, incerta.
- Por Merlim, você não ouviu nada do que eu disse? – Serenna indagou, aflita. Depois, baixando os olhos, murmurou – eu sei que Sirius vai me dar um presente de Natal… Preciso retribuir de alguma forma… mas o que? Não quero dar bandeira e...
- Humm… - Tonks pareceu estranhar a preocupação dela, mas sugeriu com um sorriso – Que tal um kit canino?
- Kit canino? – Serenna a fitou assustada – Ah, não! Já chega o Severus com aquela história de poção!
- Poção? Que poção?
- Mata-pulgas!
As duas se encararam por alguns instantes, antes de caírem na gargalhada.
Quando conseguiram se controlar, ante o olhar curioso de alguns frequentadores do bar, Tonks explicou com expressão maliciosa:
- Olha, o Remus a-do-rou quando eu lhe dei um em nosso primeiro ano! Era um kit completo, com uma almofada em forma de osso e uma coleira em que mandei gravar: “Propriedade da Tonks
Serenna a fitou, olhos arregalados de espanto, o rosto vermelho:
- Tonks… - ela perguntou por fim – que parte de “não dar bandeira” você não entendeu?
- Não dar bandeira? O que significa isso?
Serenna revirou os olhos, sem acreditar no que ouvia. Não acreditava que a expressão fosse um puro “brasileirês”…
- Veja bem. Preciso dar um presente a um homem com quem compartilhei um ritual de sangue que ao que parece nos ligou num laço inquebrantável de casamento. Acontece que ainda não sei bem se devo… ou quero… consolidar formalmente este laço… e você vem me sugerir que dê a ele uma coleira? O que sugere que eu grave nela? “Propriedade de Serenna”? Se isso não significar “Almofadinhas, olha aqui seu osso”… não sei o que significaria!
Tonks voltou a rir, até seus olhos encherem-se de lágrimas.
- Às vezes, você é pior do que a Ana. Deve ser a convivência com o Ranhoso.
Serenna a fitou, muito séria, e Tonks ergueu as mãos, desculpando-se:
- Perdoe-me, eu não resisti. Mas, o que você quer dizer com “ainda não sei bem se quero”?
- Bom… - Serenna corou intensamente – Ainda é estranho saber que uma paixão imaginária, baseada em um sonho de infância, é alguém real, ali do lado. Principalmente porque sei que estamos ligados para sempre…
- O Remus me explicou essa parte, é um feitiço muito antigo. Menina, você teve muita coragem aceitando fazer isso, para começar! E meu primo será grato a você pelo resto da vida, mesmo que fique como está. Mas eu tenho certeza de que não é o que ele quer. Quer dizer, ele está amarradão em você, de verdade! Por ele, vocês acabavam de formalizar isso hoje mesmo!
Serenna se mexeu na cadeira, sem jeito. Esquecera-se da franqueza da amiga, e escutar de alguém próximo a Sirius a confirmação de sua suspeita não era nada fácil.
- Olha, eu… sei lá, eu mal conheço o cara! É como pular no escuro!
- Faça um “Lumus”, ora!
Serenna rolou os olhos mais uma vez, aturdida, mas Tonks continuou:
- Dê uma chance ao meu primo. Deixe-o chegar perto de você. Ele não morde…. – Tonks piscou, maliciosa – Mas aposto que se resolver fazer isso, você pode até gostar!
- Tonks! – a outra gritou, chocada. Depois balançou a cabeça. A quem queria enganar? Devia ser evidente até para uma criança o quanto a presença de Sirius a perturbava, o quanto seu olhar ou seu sorriso bastavam para ela se sentir derretendo.
Lembrou-se do dia em que ele a acompanhara como “seu marido”, a sensação da aparatação conjunta, o hálito dele em seu rosto, a vontade súbita de repetir aquele beijo…
- … mas algo trouxa talvez fosse legal.
- O que? – Serenna se assustou – Desculpe-me, o que disse?
- Tudo bem. – Tonks sorriu, pensando em como seria difícil não mencionar essa conversa ao primo – Eu dizia que algo trouxa, talvez alguma coisa sobre o que os trouxas pensam do padrinho de Harry, seria legal!
Serenna riu, satisfeita . Claro, agora sabia exatamente o que fazer, e como. Fora o que Snape quisera dizer, afinal.
Quando se despediu da auror, seguiu direto para o Lar de Elizabeth, que já estaria vazio a esta hora – ela e as crianças já teriam partido para casa de campo de Lady Marjorie.
Caminhando pelas ruas de Londres, envolvida com sua idéia, nem pensou em aparatar. Se tivesse feito isso, não teria passado por aquela pequena joalheria, e não teria visto algo tão interessante, que lhe dera uma nova e divertida idéia. Não seria exatamente o que Tonks sugerira, mas…

****

Agora, ali estava ela, sorrindo para si mesma, admirada com sua própria audácia.
A impressora deu sinal do fim do trabalho. Serenna recolheu as páginas impressas e recortou as “fotos”.
Pegou o velho álbum que guardara por tantos anos sem uso, usou alguns feitiços para dar uns toques especiais em seu visual e colar as imagens como se fossem fotos antigas e admirou o resultado de seu trabalho por algum tempo. Ficara perfeito. Só faltava serem fotos bruxas e se mexerem, mas esse era um feitiço mais complicado e ela não quis se arriscar.
Após a última “fotografia”, fixou seu “presente especial”, com um sorriso divertido.
Embalou o álbum em um belíssismo papel com figuras caninas, que a princípio achou meio infantis, mas depois pensou que seria divertido, e despachou o presente pela lareira, como Lady Marjorie lhe ensinara a fazer um pouco antes do jantar.
Sirius Black teria uma bela surpresa!

******

Enquanto Serenna volta para a casa de campo e se prepara para dormir na já alta madrugada de Natal, vamos por nossa vez “pegar emprestado” seu viratempo particular e, como ela, voltar alguns dias ao mesmo cenário: o Caldeirão Furado.

Vamos encontrar um homem de cabelos semi-longos, negros, sentado em uma mesa solitária, os olhos claros fixos em um objeto à sua frente: uma caixinha toda entalhada e pintada com motivos florais e pequenos anjos. Notadamente, um objeto delicado e… feminino. Ou, pelo menos, destinado a impressionar um coração de mulher.
Três homens acabavam de entrar no bar, vindo pela passagem do Beco Diagonal. Com certeza, eram músicos, pois traziam seus instrumentos. Um deles, loiro, cabelos lisos caindo até os ombros, roupas “quase normais” – na visão de um trouxa, claro – levava um violão e sorriu, ao ver e reconhecer o homem sozinho na mesa do canto.
Falou algo à guisa de despedida para os dois amigos e foi direto até lá, sentando-se sem esperar convite do ocupante da mesa.
- “E aí, mano?” – cumprimentou-o em português, observando-o curioso.
- Oi, Murilo – o outro respondeu em tom desanimado, sem tirar os olhos do objeto, o que despertou ainda mais a curiosidade do recém-chegado.
- O que é isso? Algum objeto enfeitiçado?
- Sim, é uma caixa mágica. – Sirius Black olhou para o amigo pela primeira vez. – O que você está fazendo por aquí?
- Tivemos um ensaio – ele apontou para o violão – Cara, esse show vai ser demais!
Sirius olhou do amigo para o violão e de volta para o rosto loiro à sua frente, pensativo. Então, de repente, batendo em sua própria testa, exclamou algo que o outro não entendeu e disse:
- Claro! Como eu fui esquecer disso? Você é músico!
- Sim, eu sou. – o outro riu como um menino, mas ainda sem entender nada.
- Você é a pessoa ideal. É exatamente quem eu precisava ver!
- Sério? É para ficar lisonjeado ou preocupado com isso? – seu sorriso divertido fez o outro apenas balançar a cabeça e acenar com a mão, enquanto explicava, inclinando-se para a frente:
- Essa é uma caixinha mágica de música. Mas ainda está sem a música, eu preciso colocar a música nela. Mas não pode ser qualquer música. Tem que ser “A Música”!
A ênfase chamou a atenção de Murilo, que piscou várias vezes, até que finalmente, “caiu a ficha”.
- Ah! É um presente para… “você-sabe-quem”?
- Sim, isso mesmo. – Sirius sorriu a tranquilidade com que o outro – um trouxa - usava a expressão que tantos bruxos tiveram medo até de sussurrar por tantos anos.
Mas Murilo já se levantava e pegava o violão, chamando-o:
- Então, vamos lá para casa. Tenho tudo que vamos precisar. Mas… vamos de carro, cara! Esse negócio de aparatação conjunto é muito perigoso. Você pode quebrar meu violão.
A piscadinha marota foi acompanhada por uma gargalhada canina, e logo depois eles atravessavam a cidade no pequeno carro de Murilo.

Murilo tinha um pequeno estúdio em casa, e foi para lá que ele Sirius seguiram sem vacilar.
O cômodo não muito grande era cheio de aparelhagens trouxas que fariam os olhos de Arthur Weasley brilharem de antecipação. Ao fundo, uma porta dava acesso a uma sala que era vista através de uma ampla janela de vidro reforçado – uma sala de gravação.
Depois de acomodar-se numa confortável poltrona e apontar outra para o amigo fazer o mesmo, Murilo perguntou:
- O que você tem em mente? Uma música clássica, romântica, uma daquelas baladas melosas?
- Eu… não faço idéia – Sirius passou a mão pelos cabelos, fitando a caixinha que colocara na mesa ao lado. – Você já me falou muito sobre Serenna, mas… continuo não conhecendo muito dos gostos musicais dela, além das músicas dos Bee Gees…
- Já é um começo. – Murilo sorriu, tranquilizador – “How deep is your love” pode ser uma boa idéia. Se bem que… - ele sacudiu a cabeça.
- O que?
Murilo balançou a cabeça. Conhecia o gosto de Serenna, mas sabia que o amigo precisava de algo especial, que não fizesse Serenna se lembrar de outra coisa ou… outra pessoa.
Num lance de ironia, cantarolou:
- “Eu não sou cachorro não”…. – e ante o olhar espantado do outro, levantou os braços e disse – Esquece, eu estava só brincando. É que eu sei exatamente do que você precisa: de uma canção que seja só de vocês, que fale de um momento único para vocês dois. Mas vocês não tiveram muito disso ainda, não é?
- Não mesmo. A única coisa que tenho, além da saída do véu, é o sonho…
- Sonho? – Murilo puxou sua poltrona até mais perto – que sonho?
- Quando eu ainda estava em Hogwarts, sonhava com uma garota... com ela. Nós dançávamos e…
- Dançavam? – Murilo o interrompeu, afoito – Então, tinha música! Você pode cantar um trecho? Quem sabe é alguma que eu conheça.
Sirius o fitou por alguns momentos, depois balançou a cabeça.
- Era… não sei. Eu nunca ouvi aquela música fora do sonho…
- Uma frase que seja. Esforce-se, homem! – Murilo agora estava aflito, ansioso.
- Só sei que… nós repetíamos um para o outro o que parecia o verso final.
- e como era?
- Algo como estar sempre perto.
- Perto… perto… - Murilo pensava – Não dá para lembra de algo mais exato? Há zilhões de músicas românticas falando de ficar junto para sempre, essas coisas.
Ele já se sentara à frente do computador, abrindo “sites” de busca.
- Eu lembro que era uma mulher que cantava, e que tinha um coro.
- Mas não consegue cantar nem um pedacinho? Com uma dica dessas, nem Ronnie Von no “Qual é a música?”
- O que?
- Esquece. – Murilo balançou a cabeça, divertido, enquanto digitava freneticamente, ante o olhar desanimado de Sirius.
- O que está fazendo? - Ele perguntou, por fim
- Estou pesquisando letras de música com as expressões “sempre perto”.
- Não era “sempre perto”. Era “perto de você”.
Murilo parou o que estava fazendo e o fitou, como se não acreditasse no que ouvira.
- Você tem certeza disso? Não pode ser… - de novo, ele digitou, fixando a tela com atenção, e de repente abriu um sorriso imenso. – Venha cá, veja isso.
Sirius aproximou-se e olhou para a tela que o outro lhe apontava. Mesmo não estando familiarizado com tudo aquilo, sabia que aquela caixa lhe mostraria imagens como numa TV.
A princípio, identificou apenas o nome em destaque – youtube – mas Murilo apontou um espaço em forma de quadrado na tela, todo preto. Ele fez alguma coisa que Sirius não conseguiu identificar, e esse quadrado mudou. Uma imagem começou a se formar, enquanto os acordes iniciais de uma melodia se faziam ouvir. A princípio espantado, Sirius logo sorria, reconhecendo a música e a voz suave que a cantava.

- Why do birds suddenly appear
Every time you are near?
Just like me, they long to be
Close to you…


- É essa! – ele gritou.
- Eu sabia! – Murilo respondeu, igualmente entusiasmado. – Só podia ser!
- Por que? – Sirius indagou, curioso e apreensivo – Você sabe se ela…
- Se Sarah gosta desta música? – Murilo ainda a chamava assim, como a conhecera, afinal – Vou contar para você, ela ama esta música! Era uma de suas favoritas quando era ainda uma garotinha! Uma vez… - ele se interrompeu e olhou para Sirius, preocupado repentinamente.
- O que?
Murilo pensou, alisando o queixo, onde a barba loira começava a despontar. Será que deveria contar algo tão íntimo de sua tão querida amiga? Uma fantasia de sua juventude? Quase deixou para lá, mas vendo como o amigo ficara aflito, resolveu contar.
- É que… uma vez, fomos a uma festa, um desses bailes de debutantes, sabe?
Sirius não fazia idéia do que o outro falava, mas não disse, como medo de que ele se desviasse do assunto.
- Era o baile de uma amiga das garotas, aliás… era a namorada do Felipe, irmão de Sarah. As meninas estavam todas de verde, a cor favorita da aniversariante. Você tinha que ter visto, a Sarah era com certeza a mais bonita, tão novinha, parecia uma dessas princesinhas de contos de fadas…
- Verde? Você tem certeza?
- Claro que tenho! Dancei com ela, oras!
Sirius o olhou, entre entristecido e enciumado. Ainda não se acostumara com a idéia de que o outro conhecia muito bem sua Serenna. Mas Murilo apenas riu, recordando o baile.
- Essa foi uma das músicas tocadas, o conjunto – ele apontou para a tela que ainda mostrava os Carpenters cantando – era famoso na época. Só que eu logo notei que havia alguma coisa errada com a Sarah. Ela parecia distante, como se sonhasse, e de repente começou a chorar baixinho. Eu chamei seu nome, e ela me olhou como se nem me visse. Quando pareceu acordar daquele transe estranho, murmurou algo como “Ele não era você” e saiu correndo pro jardim.
- Então é mesmo verdade que ela sonhava também.
- O que disse? – Murilo por fim entendeu – O sonho que você me disse ter com ela… era parecido com esse?
- Sim, ao que parece, sonhávamos um com o outro, mesmo tendo um oceano inteiro e um desvio de tempo a nos separar. Foi o que o Remus me contou, foi quando soube dos sonhos dela comigo, que ele resolveu arriscar o ritual para me tirar do véu. Mas não pensei que nossos sonhos fossem praticamente iguais.
- Caramba! Que coisa de doido! – Murilo coçou o queixo novamente e então disse, resoluto – Não pode ser outra, cara. Essa é “A Música”! Vamos ao trabalho! O que precisa ser feito?
Sirius o fitou ainda por alguns instantes e depois, concordando, sacou sua varinha de pegou a caixinha. Era hora de começar a fazer alguns feitiços, ou seu presente para Serenna nunca ficaria pronto.

E quando Maggie chegou do trabalho, encontrou os dois envolvidos na difícil tarefa de transformar um video do Youtube em um feitiço para caixa de música.

***************
(1) – Sally Owens, “Harry Potter e o Retorno das Trevas”, cap. 33.
(2) – Idem, capítulo 25
===================

Gente, aqui está.
Claro, os presentes não estão descritos na íntegra... vocês vão ter que esperar mais um pouco...
(hehe... podem me chamar de malvada!)

ah, claro, o link do video que o Murilo mostrou pro Sirius;
Close to you

A Maggie, vocês lembram dela, né? é somente citada lá na fic "O paciente inglês".

E quanto à saída do Snape para uma emergência na noite de Natal... isso é lá com a Belzinha...
(pequeno spoiler de "Harry Potter e o Segredo de Corvinal")
Last edited by Regina McGonagall on 06/07/07, 10:12, edited 1 time in total.
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Post by Tina Granger »

bom....só digo uma coisa. dá esse pulguento para mim?
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

mais fics? olhe no fanfiction.net...

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Regina McGonagall
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Post by Regina McGonagall »

Galera, cheguei!
Pelo menos o presente do Sirius pra Serenna vocês vão poder ver agora...
hehe... não fiquem bravas pela demora. Afinal, a "Brigada AntiSpoilers" trabalha demais da conta, mas deu um tempinho de escrever um novo capítulo.

Belzinha deu o ok dela, então... acho que tá valendo. :D

vamos ao que interessa:


========================
Manhã de Natal (dela)

Naquela manhã, Serenna não precisou conjurar seu patrono para tirar algum distraído da cama…
Na verdade, todos pareciam ter acordado antes dela e descido esbaforidos para a grande sala de estar, rodeando a grande árvore de Natal ainda vestidos em seus pijamas e usando pantufas engraçadas.
Observava divertida a animação das crianças com seus presentes, quando Leo, pegando um embrulho, correu até ela, dizendo:
- Mãe! Olha, um presente para você! Vou abrir!
- Claro que não! É meu, não seu! – ela o repreendera docemente, ele fizera uma carinha de desculpas, mas Serenna entendia sua ansiedade infantil.
Esperou que ele voltasse a dar atenção a seus próprios presentes, para só então, com uma calma fingida, abrir o pacote. Sabia que era o presente de Sirius, mesmo sem reconhecer a letra do pequeno cartão (ou talvez por isso mesmo).
A caixa de madeira entalhada, notadamente muito antiga, era encantadora. Depois de admirar os detalhes graciosos, abriu a tampa devagar.

“Why do birds suddenly appear
Every time you are near?
Just like me, they long to be
Close to you”


Serenna quase fechou a caixa, tamanho o susto. Correndo os olhos pela sala, viu que nem mesmo Lady Marjorie prestava atenção – pelo menos ostensivamente – e então, permitiu-se ouvir atentamente a música, enquanto as imagens do velho sonho invadiam sua mente. Contudo, estava diferente…Não era mais a garotinha, era ela, a Serenna atual, a dançar com Sirius Black no mesmo salão iluminado por velas suspensas. Salão que ela reconhecia agora ser o de Hogwarts, pois já estivera lá. (1)

“Why do stars fall down from the sky
Every time you walk by?
Just like me, they long to be
Close to you…”


Serenna deixou-se levar pela melodia, esquecida de todos à sua volta. Era tão bom aquele sonho, e ela não queria que ele terminasse.
- Querida…
A voz de lady Marjorie a despertou, e ela fechou a caixinha, instintivamente.
- Desculpe-me – a boa senhora falou – Mas você parecia tão longe, que os meninos se assustaram.
Serenna olhou em volta. Seu filho a fitava com olhar preocupado e até mesmo os adolescentes a observavam de cenho franzido, inquietos. Notou inclusive que Alan sacara discretamente a varinha, provavelmente pronto a lançar um feitiço sobre a caixa, julgando-a em perigo.
- Está tudo bem, gente. Eu só… me emocionei com o presente, só isso.
- É de quem, mamãe? – Aline não conteve a curiosidade.
- É do… Sr. Black. Lembram-se dele? Esteve lá em casa uma vez, com o professor Lupin.
Aline a fitou como se dissesse: “Claro, né?”, enquanto Leo fazia um cara engraçada e perguntava à queima roupa:
- Vocês estão namorando? Ele vai ser nosso pai?
A espontaneidade da pergunta a fez corar e sorrir, enquanto balançava a cabeça, incerta, gesto que o garoto interpretou como negativa.
- Ah, que pena, eu gostei dele. Ia ser legal ele ser nosso pai.
Serenna olhou o filho se afastar, novamente distraído com seus presentes, e olhou para sua madrinha, que continha o riso e comentou:
- As crianças sabem das coisas, mais do que pensamos que sabem.
Serenna se viu forçada a sorrir, mas pediu licença e foi para seu quarto, ante o olhar compreensivo de sua madrinha.

Sozinha e na segurança das quatro paredes, sentou-se na cama e abriu novamente a caixa, ouvindo a canção e permitindo-se sonhar novamente.
Só não conseguia entender porque era tão fácil pensar nele quando estava sozinha, e tão difícil até mesmo falar com ele quando estavam juntos.
Por que seu jeito de ser a incomodava? O que a fazia afastar-se sistematicamente dele?
-Você é uma medrosa! – falou para si mesma, enquanto notava que no fundo da caixa havia um anel e um pequeno pergaminho.

- “Gostaria que aceitasse como um agradecimento por me trazer de volta.” – dizia o bilhete assinado simplesmente “SB”.

Serenna riu. Pegou o anel e avaliou-o com cuidado, principalmente a parte interna, onde as mesmas iniciais estavam gravadas. Curioso isso, pensou. Mas gostou da jóia, que entrou perfeitamente em seu dedo e pareceu cintilar quando ergueu a mão para ver o efeito.
- Será que… - pensou, mas deu de ombros.
Se Sirius Black lhe aprontara alguma com aquele anel, ela não poderia reclamar… Afinal, não preparara para ele uma surpresinha também?
Rindo – e pensando que se pareciam mais do que supunha – deitou-se na cama, continuando a admirar o anel e ouvir a música, como se fosse uma adolescente apaixonada.
E este pensamento a fez rir ainda mais de si mesma.

E pensar que há pouco mais de seis meses nem imaginaria uma coisa dessas… receber um presente de Natal de um bruxo com quem estava…
Bem… ela ainda não assimilara aquela história toda, para falar a verdade.
Sua ânsia em aprender magia o mais rápido possível – provocada pelas constantes alfinetadas de Snape quando teimava em fazer as coisas ao modo trouxa e pela iminência de um perigo maior - a tinham feito se esforçar em praticá-las, mas não fizera dela uma “discípula da Granger”, como Draco Malfoy ironizara uma vez ao encontrá-la enfiada num livro de feitiços tarde da noite. (2)
Pensou em Ana Weasley. Sua amiga brasileira era sempre um apoio quando precisava, teria que falar com ela a respeito, assim que fosse possível visitá-la.
As coisas não estavam fáceis para Auror, além de toda aquela confusão com sua amiga Luiza, ela era uma mãe “ainda fresca”, com um pequeno bebê para cuidar.
Sorrindo, Serenna se lembrou do dia em que a pequena Lizzy nascera e que fora também o dia em que ela pisara os chãos de Hogwarts pela primeira vez.
Um dia cheio de sobressaltos, emoções, descobertas…

***

Serenna caminhava pelos corredores, observando cada detalhe. Os filmes eram bem fiéis, mas nada se comparava a estar ali de verdade, e ela estava muito agradecida por Minerva McGonagall permitir que ela fizesse esse pequeno “tour”.
Alguns dos integrantes dos quadros cumprimentavam-na, outros mal notavam sua passagem. Os alunos que passavam por ela a olhavam com estranheza, e ouviu um pequeno grupo cochichar:
- Dizem que é a irmã do Prof. Snape.
- Mas ela é tão bonita! Será mesmo verdade?
Serenna riu, pensando em quantos pontos seu irmão descontaria da casa de ambos por essa indiscrição, enquanto chegava finalmente às portas do Salão Principal.
Respirando fundo, ela deu um passo à frente e entrou.

O impacto foi maior do que previra. O salão era muito mais do que imaginara ou vira nos filmes, com certeza. A Atmosfera mágica em volta talvez fosse responsável por essa impressão, mas ela não cogitou nisso. Apenas caminhou silenciosa e respeitosamente entre as mesas, fitando uma a uma, indo para em frente à mesa dos professores.
Perguntou-se em qual daquelas cadeiras seu irmão se sentaria em todas as refeições partilhadas com a escola, enquanto contemplava a cadeira que sem dúvida fora ocupada por Dumbledore e agora era usada por McGonagall. Intimamente, lamentou não tê-lo conhecido, alguém que fora capaz de confiar e dar uma chance ao seu irmão, apesar de todos os argumentos que todos tiveram por anos. Claro, apenas aquele homem soubera seus segredos, sua dor, seus sonhos. Snape o via como a um pai, e Serenna sentiu-se reconfortada por pensar que ele também tivera alguém em quem se apoiar, como ela tivera a Martinho Laurent.
Sem disfarçar um suspiro de saudade, ela olhou para o teto. O famoso teto encantado de Hogwarts. E, então, teve um choque: já conhecia aquele teto mágico.
Mas não era dos filmes da Warner, com certeza!
Uma imagem distante pareceu emergir de sua mente. Um sonho infantil, há muito esquecido. Um sonho… e um pesadelo, que frequentemente haviam se misturado, fazendo-a acordar triste ou apavorada, conforme a ordem em que ocorriam.
Viu-se dançando naquele salão, sem mesas ou cadeiras, apenas o teto mostrando o céu e as centenas de velas suspensas, acesas à sua volta.
Viu de novo o sorriso doce do garoto que cantarolava em seus ouvidos a canção que tanto gostava quando não era mais que uma garotinha de 12 anos de idade:

“Why do stars fall down from the sky
Every time you walk by?
Just like me, they long to be
Close to you…”


Serenna não conseguia acreditar que estava finalmente no mesmo lugar do sonho. O que será que isso significava? Será que o jovem algum dia passara por aquele salão? Será que seu velho sonho era uma conexão com o mundo em que seu irmão vivia, e ao qual também deveria ter pertencido?
Tinha certeza de que aquele rosto emoldurado por cabelos negros e brilhantes olhos claros não era o de seu irmão… Quem seria então?
Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz que a chamava, insistente:
- Serenna? – a voz de Ana pareceu um pouco ansiosa – Está tudo bem?
- Hein? – Serenna fitou a amiga, por um minuto esquecida até de porque estava em Hogwarts até aquele momento. – Desculpe. Não estou sendo uma acompanhante vigilante, não é mesmo? Que vergonha!
Elas riram e Ana disse:
- Ah, não se preocupe. Eu e Lizzy estamos bem. Ela mamou bastante e dormiu agora. Então, achei que poderia caminhar um pouco, afinal, não estou inválida só porque tive um parto um pouco mais difícil, não é?
- Não mesmo! – Serenna riu com gosto – Se tivesse sido uma cesariana trouxa…
A frase a fez se lembrar do comentário de Snape sobre sua ignorância quanto às questões bruxas. Ana parecia ter passado por uma transição mais fácil, talvez por já ter pelo menos um conhecimento inicial de tudo, como fã da série criada por JK, ao passo que ela apenas lera os livros para ajudar Severus a se lembrar…
Só percebeu que dissera isso em voz alta, quando Ana lhe respondeu:
- Mas eu tive muita ajuda do bracelete de Helga.(3). Se bem que, depois, tia Agatha teve que me dar umas aulas especiais sobre etiqueta bruxa e essas coisas.
- Mas você pelo menos sabe mais das coisas, eu me sinto uma completa ignorante…
- Está assim por causa do que Snape disse? Esquece isso. Eu sei muito sobre o Mundo Bruxo “daqui”, não sei praticamente nada do Brasil, pois não fui educada como bruxa ”lá”. E você também não, oras! Nem ao menos sabia que era bruxa, como pode conhecer escolas bruxas ou qualquer outra coisa de lá? Além disso, o que eu sei é por causa de minha sobrinha.(1)
- É, você tem razão. – Serenna sorriu. – Mas eu sinto que preciso estudar mais. Desenvolver mais meus poderes de bruxa, afinal de contas. E evitar talvez um novo desastre…
- Você ainda está preocupada com aquela história do Draco?- Ana fitou a outra, perplexa.
- Bem… um pouco. – Serenna olhou em volta, tentando mudar de assunto, pois aquilo ainda a incomodava, principalmente porque Draco Malfoy nunca deixara de chama-la de “trouxa”, e o que antes para ela era motivo de orgulho, agora transformara-se em prova de ignorância.
Claro, continuaria a fazer as coisas que gostava de fazer como aprendera a fazer, manual e prazerosamente. Mas precisava reconhecer que isso não significava ignorar como fazer do modo bruxo. Ainda mais se queria ensinar corretamente às crianças sobre como valorizar os dois lados do conhecimento.
- Você sabe quais são as mesas, não?
- Ah, claro! – Ana sorriu, enquanto indicava cada uma pelo nome, deixando a da Lufa-Lufa por último, acariciando a mesa levemente – Eu teria me sentado aqui… se tivesse estudado em Hogwarts. – ela disse, sonhadora.
- Sua mãe também era Lufa-Lufa, não era? – Serenna perguntou. – E eu? Seria Sonserina como Severus?
- Não, com certeza! – Ana riu com gosto. Serenna podia ser tudo, menos uma Sonserina – quem sabe, você seria da Grifinória ou Lufa-Lufa, e provavelmente amiga de Lílian ou… de minha mãe?
- É… quem sabe… - ela murmurou, perdida de novo em pensamentos, e por um segundo, um quadro diferente veio à sua mente. Via o garoto do sonho, agora sentado ali, na mesa que Ana apontava como sendo a mesa da Grifinória. Confusa por não entender a razão disso, não ouviu o que Ana dizia, até que ela a sacudiu levemente. – Desculpe, o que você dizia?
- Eu dizia que pude experimentar o chapéu. Talvez você também possa.
Serenna a fitou por um momento, depois abanou a cabeça negativamente.
- Não, acho melhor não. Vai alimentar ainda mais caraminholas na minha cabeça… Já tenho muito com que me preocupar.
- Tudo bem. – a auror deu de ombros e começou a caminhar em direção à porta. – Vou lá ver minha garotinha. Você vem?
- Daqui a pouco. Prometo não me perder.
Ana lhe sorriu dizendo um “não seja boba” e saiu, deixando-a só novamente.
Serenna caminhou por cada uma das mesas, sentando-se por alguns minutos e tentando se sentir uma “aluna” e imaginar se teria realmente feito amigas como Lilian ou Elizabeth. E se teria conhecido pessoalmente o rapaz dos seus sonhos…sentado em uma daquelas mesas, olhando para ela e sorrindo todas as manhãs…
Com um longo suspiro, ela decidiu que já era tempo de parar de tolices, e voltou para a enfermaria, ao encontro de Ana e seu lindo bebê.
Mas, intimamente, levara uma certeza: começaria a se dedicar mais aos estudos, e também pesquisaria sobre a Magia em “seu país”. Severus não perdia por esperar…


***

Serenna sorriu, lembrando-se de quanto tempo dedicara a estudar, mais do que já fazia até então, pois era bem verdade que fizera um julgamento muito rígido de seus progressos, que não eram de modo algum insignificantes. Em pouco mais de um mês Lupin já a considerava apta a praticar feitiços de defesa mais elaborados, ficando bastante satisfeito com seu desempenho.
Ao mesmo tempo que ela se inquietava pela repetição agora sistemática de seu sonho e também do pesadelo – ambos fundidos em um só.
E então, toda aquela confusão de descobrir que sonhava com Sirius Black, e a tentativa de decifrar o ritual do Livro de Fausto, e toda aquela loucura…

E de novo, ela estava no ponto de partida: entender porque não percebera o quanto entrava em um caminho sem volta, assumindo compromisso que não queria.

- Será mesmo?

Uma vozinha insistente lhe perguntou em seu coração. Por quanto tempo negaria para si mesma que sentira mais do que compromisso de fazer o que tinha que fazer para ajudá-lo? Até quando lutaria para negar que aquele homem era sim, importante para ela?
Fitou por um longo tempo o anel, e abriu mais uma vez a caixinha de música, concluindo que tinha o direito de “fazer de conta que estava namorando com Sirius Black”… como quando era apenas uma garota que sonhava com um menino bonito.

“On the day that you were born
The angels got together
And decided to create a dream come true
So they sprinkled moon-dust
In your hair of gold
And starlight in your eyes of blue

That is why all the girls in town
Follow you all around
Just like me, they long to be
Close to you”



===========================

as referências de sempre:
(1) Harry Potter e o Segredo de Corvinal
(2) Harry Potter e o Retorno das Trevas
(3) Harry Potter e o Segredo de Sonserina
Last edited by Regina McGonagall on 03/08/07, 16:49, edited 1 time in total.
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Post by Tina Granger »

hi... To começando a achar a Serena uma boba. Pra que ela vai sonhar que namorava com o Sirius, se ela pode.... :oops: :oops: *cala-te pensamento*


Bom...muito bom o capitulo! :palmas :palmas :palmas :palmas :palmas
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

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Belzinha
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Post by Belzinha »

ADOREIIIIII!!!!!

Se bem que eu já tinha te dito isso quando li (morram de inveja: eu li primeiro!!!). Adorei o Sirius sondando a Serenna; a Serenna pensando nele...

Ah, e o “tour” por Hogwarts! Gostei muito da conversa dela com a Ana (estou preparando muitas reuniões entre as mulheres para que todas possam paparicar a Lizzy, a Serenna TEM que estar lá, não acha?).

O natal com o Snape lendo, calmamente, com um monte de... – Céus, será mesmo o Morcegão? – Crianças? Quem é você e o que fez com Severo Snape? Hehehe. Adorei o clima de natal na casa da Marjorie.

Mais detalhes e cometários, via MSN... Hhehehe.
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Post by Regina McGonagall »

nossa, quase te alcanço... mas fui postar no FeB primeiro... porque lá dá mais trabalho editar...

Bem gente, como eu disse lá:
Essa fic NÃO CONTÉM SPOILERS do Livro 7, nem mudou seu rumo por nada que a JK tenha dito ou feito em sua obra final.

Um beijo grande a todas vocês por estarem acompanhando e um super beijo pra Belzinha, que acaba virando betha da coisa toda, e pra Ana, pois sem seu apoio a Serenna não iria tão longe...
E ela que se prepare, porque Serenna vai ter uma coleção de dicas mineiríssimas pra dar... hihi...

mas vamos ao que interessa: o capítulo.
e me desculpem, caso persista alguma dúvida sobre o presente... mas vai demorar um pouquinho pra descobrirem o que ficou pra trás...
(regina sai correndo)


=====================

Manhã de Natal (dele)

Siris tirou a cabeça das chamas, mas permaneceu agachado em frente à lareira, pensativo e triste, o que não passou despercebido de seu velho amigo maroto.
- O que aconteceu, Almofadinhas? – ele perguntou.
- Nada… - Sirius respondeu, dando de ombros, enquanto se erguia finalmente e caminhava até o sofá, onde se deixou cair, num desânimo indisfarçável.

Seu olhar correu pela sala, observado a cena familiar que lhe fora estranha a vida inteira, exceto claro, nos tempos em que viveu na casa de James, após terminar a escola.
Mas, lá, por mais que fosse acolhido como membro da família Potter, ainda era apenas o “amigo de James”. Agora, entretanto, estava em casa. Era seu primeiro Natal, com a sua família. Bem, pelo menos era o que restara da família Black, e pelo menos era a “parte boa” da família…

Andromeda e Ted saboreavam uma taça de hidromel e conversavam alegres no sofá em frente, Tonks dava palpite no jogo de xadrez que seu marido e seu filho tentavam terminar no meio do tapete, e agora era repreendida tanto pelos dois quanto pelas peças indignadas no tabuleiro bruxo.

Fingindo-se ofendida, mas rindo, ela foi sentar-se ao lado do primo. Ele tentou sorrir, mas não foi feliz.
- Hei, cara, o que é isso? É Natal!
- Eu sei. Ele tem esse efeito sobre mim. – ele respondeu com ar dramático.
- Ele… ou “ela”? – Tonks indagou, astuta – O que foi? Sua conversa com a Serenna não foi legal?
Sirius a fitou de forma tão amargurada, que Tonks quase se arrependeu de ter tocado no assunto. Quase, para desespero dele.
- Olha, não se preocupe. Isso vai se resolver mais cedo do que você pensa. Ela gosta de você, só não está preparada ainda para admitir.
- Gosta de mim? E nem ao menos se preocupou em me mandar um cartão de Natal?
- Quem disse? – Tonks se sentou ereta, fitando-o com ar surpreso.
- Ela deu a entender que não se lembrou, quando falei com ela ainda há pouco.

Sirius não ia falar do sentimento de exclusão que sentira, ao ver a outra sala pela lareira: Snape lendo tranquilamente, indiferente aos garotos ruidosos que corriam à sua volta. Até ele, o Ranhoso, estava lá, compartilhando uma noite de Natal com uma família. E Sirius teria dado tudo para ouvir a sugestão de apanhar um pouco mais de pó de flu e atravessar a lareira de uma vez.

Mas Tonks o despertou de seu triste devaneio.
- Ela estava planejando algo especial, tenho certeza!
- O que?
- A Serenna! Ela me procurou outro dia. Estava completamente perdida sobre o que te dar de presente. Uma pena que não tenha aceitado minha sugestão… - a auror deu um sorriso malicioso, olhando de lado para onde o marido estava.
Remus pareceu ter percebido algo em sua fala, porque perguntou de lá:
- O que você andou aprontando, Dora?
- Eu? Nada…. Só sugeri que ela lhe desse uma coleira gravada com o nome dela, como a que te dei, lembra, amor?
Remus ficou ligeiramente vermelho, enquanto seu filho olhava de um para o outro. Afinal, eram raras as vezes que se esqueciam de que tinha “uma criança na sala” e tratavam o que parecia ser “assunto de adulto”.
- Sério? – Sirius sorriu pela primeira vez, desde que tinha se sentado ali. – E o que ela achou?
- Que ia “dar bandeira”… - Tonks respondeu, revirando os olhos. – Ficar na cara, entende? Ela queria uma coisa especial, mas que não fosse interpretada por você como sendo, sei lá, uma confirmação.
- Claro. Ela não quer nada comigo mesmo. – ele novamente estava acabrunhado.
- Bem se vê que você passou muito tempo longe de tudo, principalmente mulheres, primo. – Tonks ria da sua cara confusa.
- Mas não foi o que você acabou de dizer? Que ela não queria que eu pensasse que…
- Ela não queria dar bandeira, ou seja, “se entregar”. Entendeu agora? Para mim, ela até já sabe que o contrato mágico entre você é mesmo para valer e só falta… - Tonks se interrompeu de repente e olhou para o filho, como se só agora se lembrasse de sua presença – Bem, você sabe, o terceiro passo.
- Que terceiro passo, mãe? – pronto, Hector agora ficara curioso.
Tonks pareceu desconcertada, por um minuto, mas depois respondeu, com voz séria:
- O feitiço que trouxe Sirius de volta era um feitiço de contrato mágico, muito antigo. Mas outra hora seu pai explica isso para você. Agora, já para cama!
Ela se erguera do sofá, para falar com o filho, que a fitava indignado, enquanto Remus os olhava com expressão divertida, e Sirius segurava uma risada.
Será que ninguém ainda tinha dito à Tonks que garotos de 13 anos já sabiam de “certas coisas”?

Mas Hector não estava preocupado mais com os detalhes do feitiço, e sim com a ordem aparentemente absurda da mãe, numa noite como aquela.
- Pra cama? Agora? – ele olhou para o relógio na parede – Mas, mãe, ainda é cedo! E nem falei com o Andy ainda!
- Então, chame-o agora e conversem o que seja lá que tenham para conversar e depois vá dormir. Ou Papai Noel não traz seus presentes e…
- Mãe, não sou criança! Tenho 13 anos! Sei que essa história de Papai Noel não existe.
- Meu Merlim, onde nós estamos? Um bruxo afirmando uma barbaridade dessas? – Tonks ensaiou uma cara de terror.
- Crianças ou não, todos nós queremos presentes embaixo da árvore amanhã cedo, não? – Andromeda sorria para o neto – então, acho melhor nós nos recolhermos. Está mesmo muito tarde, ou então estou ficando demasiado velha.
- Que velha que nada! Você é uma flor que desabrocha com os raios da manhã, minha querida. – seu marido exclamou, aproximando-se de forma galante e depositando um beijo estalado em sua face.
- Ted, as crianças! – ela retrucou, subitamente enrubecida.
- Onde? – a expressão cômica dele despertou risadas de todos, mas foi Sirius quem pôs fim à discussão em família.
- Andromeda tem razão. – ele disse, espreguiçando-se ostensivamente – estou cansado e, claro, espero mesmo que tenham muitos pacotes embaixo dessa árvore. Aliás, vocês ainda estão me devendo presentes dos anos em Azkaban e dos anos atrás daquele véu…
Seu olhar se tornou tristonho por uma fração de segundos, mas ele sacudiu a cabeça de um jeito charmoso e foi beijar as primas, desejando boa noite.
- Você me acompanha, “Novo Maroto”?
- Claro, tio Sirius! – Hector sorriu, fazendo a mãe olhar para ele desconfiada – Boa noite, mãe. Boa noite papai.
- Boa noite, filho. E Feliz Natal. – eles responderam praticamente em uníssono.
- Boa noite, vovô. Vovó.
- Boa noite, querido.
- Feliz Natal!

Logo, apenas o casal Lupin permanecia na sala, Remus tentando guardar as peças de xadrez que se recusavam a deixar o tabuleiro sem o jogo estar terminado.
Quando terminou, Tonks estava praticamente colada a ele, e disse, envolvendo sua cintura:
- Não temos nenhum visgo aqui… mas acho que quero um beijo de Natal assim mesmo, Sr Lupin.
- Seu desejo é uma ordem, Sra Lupin. – Remus a enlaçou também e eles se beijaram longamente, sem perceber que alguém que pensara em voltar à sala parou de repente, e sem qualquer ruído que denunciasse sua presença, permaneceu alguns segundos olhando-os com um misto de admiração e inveja.

***

Embora pensasse que não conseguiria fazê-lo, Sirius dormiu como uma pedra assim que encostou a cabeça no travesseiro. E, quando acordou, demorou alguns minutos até que se localizasse, afinal aquele não era seu quarto no Largo Grimmauld, mas o quarto de hóspedes da casa de sua prima Andromeda Tonks.

Mas um sorriso ainda rondava seu rosto. Sonhara com ela.
Sim, o velho sonho, que agora não se transformava mais em um pesadelo ridículo no final. Pesadelo era ter acordado, ele pensou, porque queria que a sensação boa daquele beijo durasse um pouco mais.
Então, lembrou-se da caixinha de música, que àquela hora já deveria ter chegado ao seu destino. Mas… e quanto a ele? Receberia alguma coisa de sua amada indecisa? Teria algum pacote com seu nome sob a bela árvore ao lado da lareira?

Impaciente como um garoto, pegou seu robe e vestiu displicentemente sobre o pijama, deixando o quarto com os pés descalços, sem ao menos perceber isso.
Já amanhecera, mas nem mesmo Hector parecia ter acordado. Claro, pensou, apenas crianças acordam praticamente de madrugada para conferir seus presentes, e Hector não era mais uma criança. Quanto a ele, não se importava nem um pouco de ser considerado com tal, se fosse pego nesse momento.
Atravessou a casa em silêncio, e em poucos instantes estava ao lado da árvore, mas ainda sem coragem para verificar os inúmeros pacotes que já podia ver.

Intimamente, receava que Tonks estivesse errada, afinal. Mas a curiosidade foi mais forte, e ele acabou abaixnado-se, ficando de joelhos em frente aos presentes, e conferirndo um por um como se fosse um menino de seis anos.
Encontrou vários com seu nome: dos primos, de Lupin, de Harry e até o que parecia o infalível pulover de Molly Weasley. Sorriu, imaginando que ela finalmente teria vencido a antiga animosidade contra ele, mas continuou procurando.

Quando já pensava em desistir, viu o pacote diferente, um papel com estampas infantis representando cãezinhos, e sorriu, satisfeito e divertido. Apenas uma mulher escolheria um papel como aquele.
Aflito para ver o que era, mas não querendo dividir a descoberta com ninguém por enquanto, fez o caminho de volta para seu quarto, onde finalmente pode fazer luz e, sentado sobre a cama, abrir o pacote.

O belo papel logo era apenas uma lembrança, completamente rasgado por mãos impacientes.
Sirius revirou a broichura em suas mãos, intrigado. O que era aquilo? Um livro? Ela lhe mandara um livro?
Abriu-o, meio contrafeito, e seu espanto foi imenso, logo na primeira página:

“Sirius,

Acho que já lhe disse uma vez o quanto você e o grupo conhecido como “Marotos” era querido pelos fãs de Harry Potter.
Mas acredito que você não entendeu bem isso, então, tentei encontrar uma maneira de lhe mostrar que você é sim muito querido.
Essas ilustrações, conhecidas como “fanarts” são feitas por fãs do eterno Maroto conhecido como “Almofadinhas”. Espero que você aprecie.

Ah, não são fotos bruxas, não se mexem.

Feliz Natal!
Serenna”


Admirado, ele passou as folhas vagarosamente, vendo uma sequência de desenhos de vários estilos, representando o grupo dos quatro amigos ou apenas ele, Remus e James, ou então ele sozinho. A última, mostrava uma cena de Natal, onde ele identificou Lilian e Tiago rindo, enquanto ele e Remus brincavam com o pequeno Harry.

Ficou longo tempo admirando esse desenho, pensando em como os tais fãs conseguiam imaginar como poderia ter sido, quando nem mesmo eles se arriscavam a isso. Uma lágrima se formou, e Sirius se permitiu chorar, pela nostalgia do que não havia vivido, se isso fosse possível de alguma forma.

Passou a página, pensando encontrar uma nova foto, mas elas haviam terminado. Na última página, apenas o desenho de uma caixinha dourada. Ao tocar o desenho, entretanto, Sirius descobriu que era uma caixa real, enfeitiçada para ficar contida no papel.

Abriu-a, curioso, encontrando uma fina corrente de ouro em seu interior. Ergueu a corrente, percebendo um pingente também de ouro: uma pequena e quadrada placa, presa na corrente por um dos vértices, onde ele pode ver gravadas as suas próprias iniciais: SB.

Revirou a placa entre os dedos, analisando-a com cuidado, mas não encontrou nenhuma outra inscrição. Pensara, por um momento, que ela tivera talvez a mesma idéia que ele e, como Tonks dissera, acabara “dando bandeira”… mas era apenas as suas iniciais, ou seja, “Sirius Black”.

Ele lhe mandara um anel com as mesmas letras gravadas, mas um olhar mais apurado teria distinguido dois “S” praticamente superpostos. Alguém menos atento talvez apenas pensasse que o “S” fora gravado com um pouco mais de força, quando na verdade, a inscrição simbolizava o casal “Sirius e Serenna Black

Mas não era esse o caso. Não, ela não fizera isso. Mas, pelo menos, era uma peça muito bonita e que realmente significava mais do que ela gostaria de admitir.
Sirius permitiu-se sentir que vencia essa guerra, afinal. Serenna começava a encontrar maneiras de dizer que o queria perto dela, que em breve estaria sempre perto, como lhe prometera ao tirá-lo do véu.

Satisfeito, colocou a corrente no pescoço, disposto a não tirá-la novamente, sem perceber o pequeno lampejo dourado ao prender o fecho, e caiu sobre o travesseiro, sorrindo feliz.

Adormeceu novamente, murmurando os versos da canção, a mesma canção que, em outra casa, em outro quarto, alguém escutava com ar sonhador, tocando em uma pequena caixa de música.

“On the day that you were born
The angels got together
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Post by Tina Granger »

ai que cachorrão fofo! Sera que o SB da corrente não tem o mesmo valor do SSB? bem, se eu disser que o capitulo tá maravilhoso, vou estar implorando para ver mais um capitulo.


ESTÁ MARAVILHOSO!!!
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

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Post by Regina McGonagall »

Gente, um pequeno aviso: acredito que só as mais corajosas vão conseguir ler este capítulo... porque tá a mais pura viagem na maionese... mas peço que tentem ler até o fim. no final eu explico o que foi isso... :lol:

===================

Dois Amassos e um Gato

Snape não sabia de quem fora a idéia infeliz de fazer um jantar dançante de fim de ano... Só o que sabia era que teria que ir, acompanhando a irmã.
Em momentos como aquele é que se recordava do principal motivo para continuar solteiro, mesmo não sendo mais um espião: mulheres sempre demoram séculos para ficarem prontas para qualquer evento… e nunca parecem satisfeitas com o resultado das horas infindáveis que gastaram se arrumando…

Just like me, they long to be
Close to you…


Serenna fechou a caixinha, deixando assim de ouvir a música, e colocou no dedo o anel que tirara de dentro dela. Olhava-o atentamente, como se procurasse algum detalhe que lhe escapara à primeira análise, no dia em que o recebera – a manhã de Natal – vindo de Sirius Black.

- Você vai usá-lo esta noite? – a voz de Snape despertou Serenna de suas lembranças. Ele não resisitira à impaciência e fora logo atrás dela, encontrando-a sentada em frente à caixinha de músia, com expressão sonhadora.
- Sim. – respondeu simplesmente.
Snape sorriu. Serenna sorriu em resposta, tranquila. Já havia se decidido a não ficar tanto na defensiva com Sirius Black e deixar que as coisas acontecessem naturalmente, para ver no que dava.

De braços dados, eles deixaram o quarto, encontrando Lady Marjorie que os aguardava, sorridente.
- Minha filha, você está linda! – ela exclamou, emocionada. Mais que sua afilhada, Serenna se tornara a filha que queria ter.
Serenna sorriu, encabulada, sacudindo a cabeça.
- Seu irmão concorda comigo. Não é mesmo, Severus?
- Claro que concordo. Você está linda, Serenna. Não vai dever nada a ninguém, se é isso que te preocupa. E vai partir corações esta noite.
- Engraçadinho... – ela lhe fez uma careta, mas não pode deixar de admirar seu irmão, que estava lindo em sua veste a rigor toda negra, só pra variar um pouquinho...
- Então? Aparatamos juntos, ou você já conseguir ir por conta própria? –indagou ele.
- Não sei... ainda estou meio insegura. E se eu chegar lá toda descabelada?
- Mulheres... – Snape retrucou e, abraçando a irmã, aparatou com ela para o hall do Ministério da Magia.

- Pronta? – ele perguntou, antes de entrarem no salão de festas.
- Sim. – ela respondeu, procurando sorrir com segurança.
- Então vamos aos lobos!
- Não brinque com isso! – ela ralhou com ele, mas sorriu. Não era nenhum trocadilho, era seu debut oficial no Mundo Bruxo.

***

Serenna teve que admitir. Não era tão ruim... nem tão diferente assim das festas oficiais a que comparecera em vários anos no serviço público em “sua terra”. Apenas mais pessoas reparando em sua presença do que estava acostumada.
E tinha que concordar que eles chamariam a atenção de qualquer forma. Severus Snape, o famoso bruxo que fora comensal da morte e matara Dumbledore – independente do porque disso – estava na companhia de sua suposta irmã, pois Serenna sabia que muitos duvidavam da história, preferindo versões “mais picantes”, e também de outro casal igualmente inusitado: um trouxa e sua esposa bruxa, a sobrinha da famosa Amélia Bones, assassinada pelo próprio Voldemort quando de seu retorno.
André Laurent sorria feliz, indiferente a mexericos, enquanto Susan comentava algo sobre um ou outro convidado, informando-o sobre cargos ou histórias curiosas.

Serenna acompanhava suas observações com atenção, ela também aproveitando para saber um pouco mais das autoridades presentes. E já se habituara aos gostos bruxos para vestes, então não se assustava com nenhum chapéu extravagante, nem mesmo o de Augusta Longbottom, que trazia um urubu empalhado.
- Não fale nada a respeito – Snape a advertiu mentalmente
- Ah, mas eu estava tão curiosa em saber se foi esse o chapéu que “você” usou... – Serenna lhe respondeu, também mentalmente, no instante em que a avó de Neville os cumprimentava, gentil mas formal como toda dama inglesa. – Não sei se o do filme lhe fez justiça...
- Ele está na mesa de Potter, mas não tira o olho de você
– Snape comentara enquanto sorria docemente. Se a irmã podia provocá-lo, ele podia fazer o mesmo jogo.
- Deve ser por isso que sinto frio nas costas... – ela não conseguiu deixar de comentar, sarcástica, o que provocou uma risada alta de Snape, que espantou os companheiros de mesa.
- Pra quem não liga pra um homem, você “sente” muito sua presença...
Serenna limitou-se a fitá-lo ameaçadora, mas ele apenas comentou que não tinha medo de cara menos feia do que sua própria e lhe sorriu novamente. Conseguira passar todo o maldito jantar sem se preocupar com Sirius Black, não ia começar a fazer isso agora.

Uma voz ao microfone chamou a atenção de todos para o fundo do salão. As mesas dispostas em semicírculo, deixando um espaço que seria usado possivelmente como pista de dança.

No palco agora iluminado, o vocalista das Esquisitonas falava ao microfone, anunciando um grupo que, a seu convite, tocava pela primeira vez em público. Então, com entusiasmo, anunciou o nome do conjunto, que foi recebido com palmas discretas: “Dois Amassos e Um Gato”.

André pareceu entusiasmado, enquanto Snape batia palmas por questão de cortesia, e Serenna fez o mesmo, reparando nos trajes “anos 60” dos cantores que entravam no palco. Riu, divertida, afinal os bruxos não eram conhecidos por se preocuparem com a moda fashion em vigor no mundo dos trouxas.
Um dos integrantes da banda agora chegava ao microfone e falava em um bom inglês que tocariam músicas antigas, originalmente cantadas pelos trouxas, embora algumas fossem bruxas com certeza.
Serenna franziu o cenho. Aquela voz - lhe soara vagamente familiar, mas eles já começavam a tocar uma música que logo reconheceu:

- You never close your eyes anymore
When I kiss your lips
And there's no tenderness
Like before in your fingertips
You're trying hard not to show it, baby
But baby, baby
I know it…


- André, lembra dessa música? – Serenna perguntou ao irmão.
- Claro que sim! É inesquecível! – o irmão respondeu e ambos começaram a rir.
- O que é tão engraçado? É uma música romântica! – Susan indagou, perplexa, enquanto o conjunto cantava o refrão, e os dois irmãos repetiam, cheios de cara, bocas e risos.

You've lost that lovin' feeling
Whoa, that lovin' feeling
You've lost that lovin' feeling
Now it's gone, gone, gone, whoa...


- É que – André tentou parar de rir pra contar – Nós tínhamos um amigo, o Renato, que era fã de um ator que canta essa música num filme, para conquistar uma garota. E ele tentou fazer a mesma coisa, no meio de uma feira do colégio… mas não funcionou tão bem quanto no filme.
- Claro, né? – Serenna atalhou – fazer a garota pagar um mico desses? Ela ficou possessa, ainda mais que ele chamou logo quem para ajudar na “serenata”? O Murilo!
- Murilo? – Susan arregalou os olhos – Não é ele que…
- Vamos dançar, querida? – André perguntou, levantando-se de repente e puxando a esposa pela mão sem esperar sua resposta.

Serenna observou o casal se afastar – quer dizer, André arrastar sua esposa para pista – e sorriu. Snape, que seguira o olhar da ex-aluna até a banda, observava agora os cantores atentamente, mas sua atenção foi desviada para alguém que se aproximava da mesa.
- Quero ver agora se você falava sério quando decidiu dar uma chance ao Pulguento. –ele sussurrou para irmã, que o fitou meio confusa, até que reconheceu a voz ao seu lado:
- Boa noite. – Sirius Black exclamou, sorrindo, ignorando os olhares que convergiram para a pequena mesa.
Snape respondeu com um simples aceno e fitou a irmã. Serenna respirou fundo, antes de se virar e erguer o rosto para olhar o recém-chegado com um mínimo de compostura.

- “Now there's no welcome look
In your eyes when I reach for you
And now you're starting to
Criticize little things I do
It makes me just feel like crying, baby
'Cause baby,
Something beautiful is dying”


- A Senhorita poderia me dar a honra desta dança? – seu sorriso cativante a fez estremecer por dentro, mas Serenna sorriu em resposta e estendeu-lhe a mão, erguendo-se com graça e acompanhando-o até a pista de dança, ignorando o olhar divertido de Snape, sobrancelha levantada de forma irônica.

O casal caminhou calmamente, e Sirius enlaçou sua cintura com suavidade, começando a conduzi-la lentamente pela pista.
Eram quase da mesma altura, mas Serenna ainda tentava se acalmar interiormente para poder levantar os olhos e fitá-lo sem constrangimento.
- Já disse que você fica linda de verde? – Ele sussurrou no seu ouvido.
- Não me lembro… - ela respondeu, e ele sorriu.
- Ah, no meu sonho, sempre lhe digo isso. – ele sorriu daquele jeito que fazia ela pensar que sorrisos como aquele deveriam ser proibidos.

- “You lost that lovin' feeling
Whoa, that lovin' feeling
You've lost that lovin' feeling
Now it's gone, gone, gone, whoa”


O conjunto continuava cantando, e Sirius comentou:
- Sei que essa não é a nossa música… Quer que eu peça a eles para mudar?
- Não , claro que não! – Serenna retrucou rapidamente. Por um momento, a cena que visualizara ao ouvir “Close to you” veio à sua mente, e ela não conseguiu encarar os olhos claros que a fitavam intensamente.

Baixando os olhos, notou a fina corrente de ouro que ele usava sobre a camisa escura, mesmo estando de gravata, e riu. Reconheceu-a, claro, assim como o pequeno pingente: uma plaquinha quadrada de ouro, pendurada por um dos ângulos, onde se viam as iniciais “SB” gravadas.
- Você o está usando! – exclamou sem querer, corando em seguida.
- Claro. Devo admitir que me surpreendi com seu presente, mas gostei muito, obrigado. Vejo que também apreciou o meu. – ele meneou a cabeça em direção à mão dela pousada em seu ombro.
- Sim, eu gostei muito, obrigada.

- “Baby, baby,
I get down on my knees
And pray to you
If you would only love me
Like you used to do
We had a love, a love,
A love you don't find everyday
So don't, don't, don't
Don't let it slip away...”


Eles continuaram dançando em silêncio, indiferentes ao fato de que vários pares de olhos os observavam agora.
De sua mesa, Lupin e Tonks sorriam, esperançosos. Harry e Gina também.
A música terminou, alguns casais voltavam para suas mesas, mas Sirius e Serenna simplesmente pararam, se olhando em silêncio.

André Laurent os observou por um momento, depois olhou para a banda. Um dos músicos piscou, divertido, enquanto começava outra canção.

“- I can think of younger days
when living for my life
Was everything a man could want to do.
I could never see tomorrow,
but I was never told about the sorrow...


Aquela voz… Serenna tinha a impressão de conhecer, pelo menos agora que a música lembrava-a nitidamente dos tempos em que seu irmão Felipe tentara ser cantor profissional. Aquela era uma das suas preferidas no repertório do conjunto estudantil…
- Tem esta música naquele… dvd? – Sirius franziu o cenho, como se tentasse se certificar de estar usando o termo certo – Quando eu a ouvi, naquela tarde na casa de Harry, parecia ter sido feita para mim…
Serenna o fitou, alarmada. Ele sorriu de forma encantadora, depois fez uma expressão de sofrimento, enquanto cantarolava em seu ouvido, sua voz sedutoramente sussurrante:
- And how can you mend a broken heart? How can you stop the rain from falling down?
Serenna fechou os olhos por um segundo. Aquilo não podia estar acontecendo... Neste momento, passavam perto da banda tocando. Ela abriu os olhos e fitou o vocalista, que piscou para ela e sorriu. Não podia ser! Estava tendo alucinações!

- Sirius... por favor, podemos parar um pouco? Não estou me sentindo bem...
Sirius fitou-a, agora preocupado. Não podia nem mesmo se alegrar com o fato dela tê-lo chamado pelo primeiro nome, ao invés do constante “Sr. Black”. Ela estava pálida de verdade. Talvez a brincadeira tivesse ido longe demais... e ele olhou preocupado para o cantor, que franziu a testa em resposta, observando-os de longe.
Resignado por ter perdido a chance de tê-la mais um pouco entre os braços, mas pensando feliz que ela se abalara por sua causa, interrompeu a dança e conduziu-a para fora da pista.

Em algum momento, os Potter, os Lupin e os Weasley presentes haviam formado uma grande mesa, e era para lá que Sirius conduzia sua acompanhante, ao invés de voltar para a mesa de Snape e dos Laurent.
A banda tocava outra música dos Bee Gees, mas Serenna não prestava mais atenção, tentando se concentrar nos amigos que lhe sorriam.
Carlinhos e Ana também voltavam da pista de dança, quando um casal se aproximou deles, ao mesmo tempo que alcançavam Sirius e Serenna perto da mesa.

Serenna logo notou que Ana não gostara da chegada dos outros, e tocou o braço da amiga num gesto de cumplicidade e apoio para o que desse e viesse.
Carlinhos apresentou o Sr. Althorp e sua filha Felícia a Sirius e Serenna. Esta já não gostou de cara do jeito da outra mulher, e trocou um breve olhar com Ana, que apenas Sirius percebeu.

Felícia não notara nada, claro, mais preocupada em avaliar o belo exemplar de bruxo à sua frente. Sirius Black era famoso, por várias razões, e o fato de ser um homem bonito e até o momento “disponível” tornava aquele encontro ainda mais singular… até seus olhos se fixarem em algo espantoso, a julgar pela expressão de surpresa e desagrado que assumiu de imediato. Sem que ninguém entendesse o motivo, comentou:
- Não sabia que era casado, Sr. Black. Não vi nenhuma notícia a respeito. Onde está a Sra Black?
- Como? – Sirius pareceu confuso, por um momento. Apenas aqueles que haviam participado do seu resgate sabiam ou faziam idéia do verdadeiro significado do ritual de sangue, que só seria comunicado oficialmente às autoridades bruxas após sua “consumação”… Como aquela mulher sabia?

Antes que alguém pudesse dizer algo a respeito, Felícia continuou:
- Ela pode saber escolher um homem, mas tem um mau gosto indiscutível para jóias. – o tom mordaz não passou despercebido desta vez – Sinto dizer mas… essa Serenna Black, ela é mesmo uma bruxa? Ou você foi enfeitiçado e casou-se com uma elfa doméstica sem perceber?
Ana já abria a boca para protestar pelo que parecia um insulto, quando Serenna se manifestou, já que a mulher a encarara de forma maliciosa e avaliativa, tentando descobrir se sua observação atingira o alvo certo:
- Olá, creio que não ouviu quando Carlinhos nos apresentou. Sou Serenna Snape. – um sorriso cativante desmentia o olhar quase assassino dela ao estender a mão para a bruxa que agora a fitava perplexa.
- Snape? – Felícia pareceu confusa, mas depois sorriu mais maliciosa ainda – Ah, agora entendo. Se você é parente dele…e é a responsável por isso… já entendi tudo.
Snape se levantara de sua mesa e viera até eles, surpreendentemente, trazendo consigo André e Susan. E foi ele quem respondeu:
- Serenna é minha irmã, Srta Althorp. Algum problema?
Felícia arregalou os olhos, ao encarar o recém-chegado. Tonks e Lupin também haviam se aproximado, assim como Harry e… bem… todos os Wealsey presentes, o que formava uma massa compacta e hostil aos olhos da “pobre ”mulher.

A roda já começava a despertar atenção do restante do salão, enquanto no palco o conjunto terminava sua apresentação.
Vendo que a situação se tornara cosntrangedora e sentindo que ascoisas poderiam ficar muito delicadas, Ana puxou outro assunto:
- O que vocês acharam do conjunto? Ótimo, não?
- Eu gostei bastante deles. E você viu, Ana? É o marido de O’Connor que toca na banda. – Tonks estava dizendo pra amiga.
- Aquela sua colega do curso de aurores? – Ana perguntou, voltando o olhar para o palco, de onde os músicos já começavam a sair, e identificando o vocalista que Tonks apontava, que agora parecia estar vindo para onde eles estavam.
- Sim, ela mesma. Perdemos o contato por alguns anos, porque ela esteve trabalhando pelo Departamento de Relações Internacionais e estava em missão num país estrangeiro.

Aproveitando o momento, o Sr. Althorp se despedia sem demonstrar ter acompanhado o diálogo estranho da filha, que se viu arrastada por ele até um outro grupo aparentemente mais agradável e receptivo.
Sirius acompanhara a saída deles em silêncio, cismado com o que a bruxa dissera. Encontrou o olhar de Snape, que desceu até seu peito e voltou a fitá-lo.
Sirius baixou os olhos, mas via apenas a corrente que Serenna lhe dera, e seu pingente delicado, sem entender porque a outra dissera ser de mau gosto. Era uma bela jóia, elegante e discreta o suficiente para ser usada por um homem, bruxo ou não. Pior, porque perguntara por “Serenna Black”? Curioso, pegou o pingente, tentando ver algo além das letras gravadas, e pela primeira vez, percebeu traços de alguma magia ali… Mas não poderia examinar o objeto naquele momento, nem perguntar a Serenna sobre isso, assim na cara dura, na frente de todo mundo.
Discretamente, puxou Lupin para o lado, e disfaraçando sua fala com um sorriso aberto para que todos julgassem que ele apenas falava da festa, perguntou-lhe me voz baixa:
- O que você andou ensinando para a irmã do Ranhoso?
- Se está se referindo ao feitiço nesse colar… - Lupin sorriu, demonstrando que também percebera alguma coisa – eu sinto muito, mas não posso ajudá-lo. Tonks?
A auror atendeu ao chamado do marido, ainda acenando para a colega que encontrava alguma dificuldade em atravessar os vários grupos conversando para chegar até eles.
- Bem… - ela deu uma olhada de esguela para a amiga, e depois falou bem baixinho – Se você quer saber como ela conseguiu gravar esse aviso aí… não faço a mínima idéia.
- Que aviso?
- “Tira o olho que ele já tem dona.” E depois tem o nome “Serenna Black”. Interessante, não? E você pensando que ela não estava nem aí…– ela respondeu com uma piscadinha. – Hei, não adianta, só mulheres conseguem ler, claro, se estiverem… digamos… interessadas.
- Como você leu, então? – Remus agora ficara realmente curioso.
- Ah… eu simplesmente li. Talvez tenha sido por ter achado que você estava um gato, hoje. Com todo o respeito, primo, brincadeirinha. Ah, a O’Connor está vindo aí! – ela falou mais alto, dirigindo-se ao grupo e escapando de responder aos dois homens que agora olhavam dela para Serenna, boquiabertos, enquanto Snape sorria, pois fora o único a conseguir acompanhar a estranha conversa. Sua irmã estava conseguindo surpreendê-lo a cada dia.

- Conheci uma O’Connor no Brasil... era sobrinha de nossa professora de inglês, fazia intercâmbio. – Serenna estava dizendo, com ar saudoso e pensativo. – Ela casou-se com o…
Contudo, não pode continuar, pois mãos masculinas tamparam seus olhos inesperadamente, ao mesmo tempo que Snape lhe dizia mentalmente pra não se assustar com brincadeiras infantis de velhos amigos.
- Mas... – ela disse, contrafeita – faça-me o favor, quem é o “sem noção” que ainda pensa que tem dez anos de idade?
- Não é possível que você não reconheça as mãos que te acordaram por dois anos seguidos. – uma voz macia e velha conhecida falou num inglês quase irrepreensível, com um ligeiro sotaque à brasileira.
- Murilo! - ela exclamou, vermelha como um pimentão, enquanto levava as mãos até as que tampavam seus olhos e as baixava, virando-se para o homem ainda vestindo estilo anos 60, mas já tendo sua aparência “normal” – cabelos loiros repicados e chegando até os ombros, olhos risonhos de um tom inconfundível de verde e que sorria fingindo-se envergonhado. Então, ela entendeu porque a voz do cantor parecia familiar: era ele!
- Pelo que me lembro, era eu que quase tinha que mandar um balde de água fria em você, pra não perder o café nem a hora na faculdade! - ela retrucou, zangada com ele, que nem se deu por achado - E, porque diabos não contou que estava em Londres e... – ela olhou para o irmão caçula que viera cumprimentar o amigo, mas parara o gesto a meio caminho, e de novo para o homem à sua frente, enquanto todos à sua volta observavam o diálogo com interesse – Como é que você pode estar cantando numa banda bruxa?
- Oi, Sarah – a voz feminina desviou sua atenção, e ela reconheceu a mulher ao lado de Tonks:
- Maggie! Você... meu Deus!
- Sou bruxa? Sim, eu sou. Mas, você sabe, Lei de Sigilo, essas coisas. Não pude falar nada, mesmo desconfiando de que você era uma também.
- Você... desconfiava?
- Sim. Mas não éramos exatamente melhores amigas, você tinha bons motivos pra me evitar, e Tia Anne me proibiu de falar algo a você. Ela sabia que você não fazia nem noção de que era uma bruxa, afinal foi sua professora por vários anos. Lembra como os gatos dela gostavam de você?
- Sim... – Serenna riu ao se lembrar dos animais estranhos da velha professora que, por mais que ela os evitasse, vinham sempre rodear suas pernas.
- Eram meio-amassos... – Maggie riu.
- Mas porque você a evitava? – Rony perguntou, sem conseguir frear a curiosidade e fazendo Serenna rir do olhar envergonhado de Hermione. Ele não tomava jeito mesmo.
Entretanto, foi André quem respondeu:
- Você não adivinhou, cara? A Maggie tirou o Murilo dela.
- Não foi bem assim... – Murilo se mexeu sem jeito, e as duas mulheres o fitaram por um segundo. Depois, olharam uma para a outra e começaram a rir...
- Homens... – Serenna comentou – Nunca crescem, isso é uma verdade universal.
- Pois é – Maggie respondeu.

O rápido diálogo e o sorriso descontraído de ambas quebrou o clima de tensão do grupo, que parecia esperar que ambas sacassem a varinha e duelassem ali mesmo...
Serenna, vendo que os outros estavam ainda mais curiosos, explicou:
- Murilo foi... meu primeiro namorado, como meus irmãos presentes já sabem... Severo o conheceu quando esteve lá em casa.
- Claro! – Murilo virou-se para Snape, como se apenas nesse momento percebesse sua presença – Olá, John! Tudo bem, cara?
- John? – os outros disseram em uníssono.
- Sr.Murilo, como vai? – Snape retribuiu, seco, sem se dar ao trabalho de explicar o nome diferente por que fora chamado, enquanto Murilo o olhava de sobrancelhas erguidas e ar de troça, pelo tratamento formal.

Serenna fitou o casal, perdida no meio de um vendaval de lembranças que vieram à tona. Mas sorriu e explicou:
- Conhecemos Maggie, quando eu estudava inglês com a tia dela. Eu já tinha terminado com Murilo, então... ela não tirou ele de mim! – Serenna enfatizou as palavras. No verão que passamos em Londres, eles se reencontraram e firmaram o namoro... Mas... que história é essa de “Dois Amassos e Um Gato”? – perguntou, desviando o rumo da conversa.
- Bem... – Murilo sorriu – São dois bruxos e um trouxa... a idéia do nome foi da Maggie. O que achou?
- Ficou interessante... Mas você podia ter escolhido outro repertório!
- O que me faz lembrar... André, ganhei a aposta! – ele exclamou de repente.
- Que aposta? – Serenna já conhecia aquela sensação de “aí vem coisa” e os fitou de olhos estreitados.
- Eu apostei com ele que você não me reconheceria, mesmo usando o velho visual de “cover” dos Bee Gees... Mas quem paga a aposta é você.
André tentou se esconder atrás da esposa, pois Serenna o encarava com fúria assassina no olhar. Harry e seus amigos, e até mesmo Snape, acompanhavam o desenrolar da conversa com atenção. A informalidade e descontração do grupo era novidade para quase todos, com exceção talvez de Carlinhos, que já convivera bastante coma família Anhanguera e sabia do jeito brasileiro de fazer as coisas.

Entretanto, Sirius era o mais curioso. Os dois brasileiros – principalmente Murilo – não haviam lhe contado tudo. Claro, se soubesse que Murilo era mais que “seu melhor amigo”, não teria se sentido tão à vontade nos vários encontros que tiveram nos últimos dias, para conversar sobre ela, sobre seus hábitos, idéias, preferências...

Enquanto Serenna discutia acaloradamente com o irmão adotivo e o ex-namorado sobre algo que queriam que ela fizesse, ele preferiu pensar nos momentos em que haviam dançado, agradecendo mentalmente por não terem lhe “entregado”.
Ele tinha a nítida impressão de que Serenna não reagiria muito bem quando soubesse que andara se encontrando com seu irmão caçula e seu “velho amigo”…

Luiza e Zacharias Smith haviam acabado de se juntar ao grupo e, ao se inteirar do motivo da discussão, Zach provocou Luiza com um sorrisinho irônico:
- Sem dúvida, um desafio e tanto, você não acha?
Luiza, sentindo o sangue ferver, exclamou, decidida a apoiar Serenna:
- Você chama isso de mico? Menina, depois daquele ovo frito, nada pra mim é mico suficiente... Isso é café pequeno! Quem vai transfigurar minha roupa?
Ana olhou incrédula para a amiga, depois para Serenna. As duas pareciam dizer uma pra outra: "Estamos desencaminhando a garota!"
Mas a adesão de Luiza àquela loucura significava que ela também teria que fazê-lo, não poderia deixar as duas sozinhas nessa...
- Pena que Berenice não está aqui... – Serenna balançou a cabeça, dando uma risadinha nervosa. – Ela ia ficar perfeita, e sempre adorou esse tipo de performance...
- Você está enrolando, Sarah! – Murilo ria, maldoso – Essa apresentação sai ou não sai?
- Que é isso, mana? Não vai amarelar, “né”? – André também a atiçava – Afinal, pra quem fez uma roda de capoeira no Beco Diagonal, isso é “fichinha”!
- Ela fez isso? – Murilo agora é que se espantava, enquanto André lhe contava o ocorrido e a repercursão que tivera.

Serenna examinou o salão. A maioria dos que estavam ali, além do grupo formado pela família Weasley – que por si só já era uma quantidade razoável – haviam sobrado alguns casais de aurores e outros funcionários das gerações mais novas. Afinal, era praticamente fim de festa já. Seu único receio era ter sua pequena performance registrada por quem não deveria...
Snape a tranqüilizou mentalmente. Não tinha idéia exata do que pretendiam, mas podia ficar tranqüila, Rita Skeeter não estava por ali, nem mesmo em sua forma animaga.

Com um suspiro de alívio, ela olhou para Murilo e sorriu, dizendo:
- Está bem, seu maluco. Mas só se a Maggie topar também, senão ficamos muito desfalcadas. – Vendo que a outra estava relutante, insistiu – Vamos lá, Maggie, você já fez isso antes! E já está cansada de saber que, se está casada com um do “Bando”, tem que participar das “loucuras do Bando”!
- Bando?
- Era o nome do nosso conjunto… - Murilo piscava, divertindo-se por antecipação.

Depois de sua esposa acabar concordando, ele sorria ainda mais satisfeito, parecendo uma criança se vangloriando de uma travessura das boas, mas Serenna retrucou:
- Agora, você vai ter que se virar é para conseguir o playback.
- Tudo arranjado, gracinha. Tudo arranjado...
Sentindo-se vítima de uma armadilha premeditada, mas não podendo voltar atrás, ela chamou as amigas para trás do palco.

Depois de alguns minutos, estavam prontas. Murilo tomou a palavra ao microfone e anunciou um cover novo das famosas cantoras bruxas brasileiras (“de onde diabos ele tirou isso?” – pensaram elas): As Frenéticas!

E a introdução vibrante de “Dancing Days” invadiu o salão, enquanto as quatro mulheres entravam no palco, timidez esquecida em algum lugar distante dos vestidos justos pretos e dos boás coloridos, bijouterias extravantes e óculos enormes, para o que seria o mico em conjunto mais inesquecível da temporada.

Mas não cantaram sozinhas por muito tempo. A alegria contagiante da música, cuja tradução foi projetada magicamente em algo semelhante a uma tela, atingiu praticamente a todos, e agora o que se via era o grupo mais estranho possível numa pista de dança dos inesquecíveis anos 80... mas nada deixando a dever a meias de lurex em sandálias de tirinha...

****

hehe... pra quem não se lembra, olha a letra:

Abra suas asas, solte suas feras, caia na gandaia entre nessa festa
E leve com você seu sonho mais loouuco
Eu quero ver esse corpo, lindo, leve e solto
A gente às vezes, sente, sofre, dança, sem querer dançar
Na nossa festa vale tudo pode ser alguém como eu, como você
Dance bem, dance mal, dance sem parar
Dance bem, dance até sem saber dançar


============

Gente, este foi um capítulo intensamente musical… e absurdamente viajado na maionese, mas, fazer o que?

Sou mais sonoplasta do que escritora, mais maluca do que normal, hehe… e este capítulo era para ser só divertido… claro, foi modificado trocentas vezes…

Por mais que achasse delirante, morri de dó de excluir, e acabou sendo o lugar ideal para descrever a “bandeira” da Serenna…
Quanto ao “mistério do ovo” isso é lá com a Belzinha (hihi… um pequeno spoiler…)

Levaram muito susto?
Prometo que… ah, não vou prometer o que não posso cumprir, hihi…

Só peço que não desistam da fic por causa desse meu pequeno surto a la Lockhart. :lol:

ah, claro, a primeira música é aquela de Top Gun, que o Maverick (Tom Cruise) canta no bar com a galera toda fazendo o refrão. linda, ela.

o grupo: The Righteous Brothers

aqui o link pro video
http://www.youtube.com/watch?v=7827EMkm5ko

Regina McGonagall
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Post by Tina Granger »

MILAGRE! ALGUEM CONSEGUIU COLOCAR UMA COLEIRA NO SIRIUS! BOM...tinha que ser uma Snape mesmo pra isso... rsrs Beijos!
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Duas mulheres - A um passo - A irmã da Serpente

mais fics? olhe no fanfiction.net...

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Post by Regina McGonagall »

Gente, depois de um capítulo viajado na maionese mais do que assumido...

um capítulo sério (como se eu escrevesse alguma coisa séria...)
bem, ele já estava escrito há um tempão, esperando as coisas avançarem um pouco, então... sofreu algumas edições após os últimos capítulos...

eu tinha criado uma situação nesse capítulo que estava meio... estranha, mas a Sally acabou criando uma situação semelhante na dela e aí... como foi publicada primeiro, criou um "precendente" que me ajudou aqui... vocês vão entender quando lerem (nem deu tempo de falar com ela a respeito)

espero que gostem do capítulo e, claro, do novo personagem (sim, tem personagem novo!)


=================================

Um remanescente da família Black

Serenna encarou o chefe do Departamento. Era sua primeira missão “solo” como representante do Ministério da Magia junto a uma família trouxa cujo filho de onze anos receberia a carta de admissão em Hogwarts para setembro próximo. Estavam ainda em fevereiro, mas ultimamente o Ministério passara a contatar mais cedo as famílias de nascidos-trouxas.
Abriu sua agenda e, ante o olhar assombrado do velho bruxo por usar artefatos trouxas, - uma caneta esferográfica – pôs-se a anotar as informações que recebia.
- Quer dizer que ele é um “nascido-trouxa” completo?
- Na verdade, não. De acordo com nossos registros, sua bisavó materna era...
- Bruxa?
- Não. – o bruxo não pareceu satisfeito por ser interrompido, mas continuou – Ela era um aborto. Sua mãe, uma bruxa, casara-se com um trouxa e não teve filhos bruxos. É a primeira vez que a magia eclode na família.
- Após três gerações. O gene escondido finalmente vem à tona – Serenna murmurou para si mesma, maravilhada – Como os sobrinhos da Ana.
- O que disse?
- Ham? Desculpe, Sr. Atkinson. Estava me lembrando dos sobrinhos de uma amiga minha. Ocorreu um fato semelhante na família.
- Sim, claro. – o velho balançou a cabeça. – Sei a quem a senhorita se refere. Os “sobrinhos” de Agatha Smith.
- O garoto já apresentou algum... episódio de magia?
- Ao que parece, deu sinais de animagia espontânea. Isso é muito raro. Nos dias atuais, só há registro de um caso. (1). Um garoto que está cursando Hogwarts, atualmente.
- Verdade?

***

Meia hora depois, Serenna descia na estação de metrô e consultava um mapa, para certificar-se da localização exata da casa dos Thompson.
Caminhava tranqüilamente pela calçada quando, ao virar a esquina, reconheceu o homem encostado displicentemente no poste a seguir, como se esperasse por ela: Sirius Black.

- Mas será possível? – ela resmungou, contrafeita.
- É realmente um prazer revê-la também, minha querida.
- Não.
- Não... o quê? – seu sorriso irônico e as sobrancelhas erguidas a irritou profundamente, mas não ia dar sinais disso.
Não estava num de seus melhores dias, e o bruxo logo descobriria isso, se insistisse em continuar acompanhando-a para todo canto, como vinha fazendo desde aquela festa de confraternização do Ministérrio. Fora assim em cada reunião da Ordem em que ela participara – sendo que em uma delas ele atravessara a lareira para buscá-la apenas para provocar Snape. (2). E ficara ainda pior depois do que acontecera em Glastonbury...(3)
- Não sou sua querida. E não. Não é um prazer revê-lo.
Ele arqueou um pouco mais a sobrancelha, visivelmente divertido.
- Ora, pra quem fez tanto empenho em me trazer de volta daquele véu, você tem se mostrado muito fria e distante.
- Olha, era minha tarefa. Eu tinha prometido aos outros.
- E me prometeu – ele a cortou com voz suave – que ficaria ao meu lado...
- Foi necessário, para convencê-lo a me seguir pra fora.
- Que pena... Pensei que tinha sido sincera. E que tinha resolvido me dar uma chance de te mostrar que podemos nos dar bem, juntos. – seu tom desalentado quase a balançou, mas ela não ia se deixar levar.
- Eu não devia ter ouvido a Tonks! – ela respondeu, voltando a caminhar e fingindo ignorar o homem que caminhava ao seu lado.
- Por falar em Tonks – Sirius sorriu de forma perigosamente charmosa – ela me disse o que está gravado nesse colar…
Serenna estacou, pálida de susto. Então ele já sabia! Com um suspiro, murmurou alguma coisa, enquanto o observava buscar dentro da camisa a corrente que usava desde o Natal e ficar brincando com a plaquinha de ouro entre os dedos.
- Desculpe, não ouvi bem. – Sirius parecia disposto a aproveitar bem sua vantagem no jogo.
- Eu… aquilo… isto – ela apontou para a placa entre os dedos dele - foi só uma brincadeira, já que você posa por aí de “eterno cão sem dono”…
- - Sem dona… até conhecer você. E você gostou da idéia de me colocar uma coleira, mesmo que não quisesse… como ela disse mesmo? “Dar bandeira”?
- Ela te contou! – Serenna ficou tão rubra como Rony Weasley quando pego em uma falceta.
- Sim, contou. – Sirius deu uma gargalhada, ao ver a cara embaraçada dela – “Tira o olho que ele já tem dona”… - ele repetiu devagar, olhando para a placa de ouro como se pudesse ler algo ali.
- Desculpe… eu… - Serenna não sabia o que dizer e tentou se afastar, mas ele a puxou de volta.
- Hei, calma! Eu não fiquei bravo, eu gostei de saber que, mesmo não se decidindo claramente, você não quis correr o risco de me perder… E, afinal, você também está usando o presente que te dei. E eu também fiz algo especial nele. – ele pegou sua mão, erguendo-a até perto do rosto, tocando o anel que ela usava., retirando-o com delicadeza de seu dedo. – Está vendo?
Ele soprou suavemente sobre a inscrição interna do anel e, como se fossem folhas superpostas, as letras se afastaram, fazendo com que ela pudesse ler: o “S” transformara-se em dois, e em seguida, “Sirius e Serenna” e o “B” formou o nome “Black.”
Ela fitou-o, admirada, e ele retrucou:
- Estamos quites, princesa. - Então, num gesto repentino, depois de recolocar o anel em seu dedo, beijou a palma de sua mão, que Serenna puxou rapidamente, provocando nele um olhar triste de cortar o coração.
– Você é mesmo pior do que imaginei. – ela retrucou, desconversando e se afastando. Não queria demonstrar o quanto seu gesto, ainda mais que a inscrição no anel, a abalara.
- Humm… com certeza, sou muito mais charmoso do que você imaginou. – Sirius respondeu suavemente.
- Arrogante! – ela retrucou, voltando a caminhar, não querendo dar o braço a torcer.
- Lindo...
- Presunçoso!
- Adorável...
- Insuportável!
Sirius sorriu.
- Confesse, vamos! Aposto que você já era louca por mim, desde que viu aqueles filmes de que falou.
- Já que você tocou no assunto... – ela parou, de repente, e ele estacou a seu lado, teatralmente.
- Sim? – Ele agora estendera tanto o sorriso, que Serenna imaginou um cão aflito por correr atrás de um pedaço de madeira atirado pelo dono, e seria ótimo se pudesse fazê-lo, pensou.
- Você, realmente, não é lá um Gary Oldman....- ela sorriu, debochada.
- Claro que não! Pelo que sei, ele não é tão bonito quanto eu!
- Ah, mas tem um charme... que você é incapaz de superar. Acredite, eu vi todos os seus filmes, quer dizer... menos um. Sei do que estou falando. Ele é... maravilhoso!
- Tem certeza?
Serenna ia retrucar, mas desistiu de continuar uma batalha verbal que só estava distraindo-a de seu objetivo. Sirius pareceu interpretar seu balançar de cabeça e revirar de olhos como um gesto de derrota, porque exclamou:
- Touché!
- Você é incrível, tenho que admitir – ela sorriu com falsa doçura – mas não vai me tirar do sério Sr. Sirius Black. – ela consultou o número da casa em frente à qual tinham parado. – Chegamos. Pode ir embora.
- De jeito nenhum! Não vou deixá-la enfrentar esses trouxas, sozinha. Algo me diz, digamos que seja meu faro canino, que são piores do que aquela família da Lily.

Como para confirmar suas palavras, assim que se aproximaram da porta, ouviram os sons de uma acirrada discussão, pela janela aberta da sala de estar.

- Meu filho é um garoto normal. Não é nenhuma dessas aberrações! – um homem esbravejava.
- Ninguém disse isso. Ele apenas pode fazer coisas que os outros não podem – outra voz masculina respondera com tranqüilidade, era a voz de um velho.
- Papai, Brian, por favor! – uma voz feminina interferia – Os vizinhos vão acabar ouvindo.
Um silêncio seguiu-se a essas palavras, até que o homem retrucou, em tom amargo:
- Então, peça ao seu pai pra não ficar colocando besteiras na cabeça do garoto!
-Só tento ajudar meu neto a entender o que aconteceu. – o velho parecia divertido.
- Dizendo a ele que é normal poder se transformar em cão? Grande ajuda!

Sirius piscou, surpreso com o que acabara de ouvir, e cochichou no ouvido de Serenna:
- Acho que vou te ajudar mesmo. Mas não como estou. – ele ergueu a mão imitando o juramento dos escoteiros – Juro solenemente que vou me comportar.
E antes que ela pudesse dizer alguma coisa, ele já se transformara em um cão grande e preto, sentado ao seu lado.
- Black! – ela gritou, assustando-se. – Ah, meu Deus. Por favor, diga que não está acontecendo!

Ela já tentava puxá-lo dali, quando a porta se abriu.
Desconcertada, fitou o garoto prestes a sair, com uma mochila jogada no ombro e expressão aturdida. Parecia estar saindo sem querer ser visto, e parou, olhando interrogativamente para ela. Tinha os cabelos negros e arrepiados, e olhos azuis piscando por trás dos óculos redondos. Ele lembrava-lhe alguém... Instintivamente, olhou para sua testa e constatou, aliviada, que não havia ali nenhuma cicatriz em forma de raio.
- Ufa, que susto! – ela tentou disfarçar – Já ia tocar a campainha. Você deve ser Daniel, não é? Daniel Thompson.
- Sim, sou eu. Como sabe? E quem é você?
- Sere... Sarah Laurent – ela se corrigiu a tempo, e o cão virou a cabeça para ela. Mas não usava seu nome bruxo nesse tipo de visita. Sabia o que o sobrenome “Snape” poderia causar às pessoas, principalmente trouxas com conhecimento da saga potteriana.
Como o garoto continuasse a fitá-la com dúvida, completou:
- Sou representante de uma escola do norte do país – ela observou o garoto levantar a sobrancelha – Vim falar com seus pais sobre sua possível inscrição. Espero que sua mãe não tenha problemas com cães... porque não tive como deixá-lo em um canil, meu apartamento está sendo dedetizado... – Serenna se recriminou intimamente por desculpa tão fraca… Quem em sã consciência dedetizaria o apartamento ainda no inverno?
O menino olhou para o cão, que virou a cabeça de lado, observando-o com igual curiosidade.
- Sem problemas, eu acho...
- Quem está aí, Daniel? – a mãe do garoto viera até a porta e parou, confusa, olhando da mulher estranha para o cão.
Ela tratou de sorrir e se apresentar novamente:
- Bom dia. Sou Sarah Laurent, venho da Escola... – ela se interrompeu. Não podia falar o nome da escola, por enquanto.
Sirius deu um latido baixo, providencialmente, e a mulher olhou para ele.
- Ele é completamente manso, mas se a senhora preferir, eu o deixo aqui fora.... a coleira se partiu, há pouco, mas acredito que não fugirá, nem será roubado.
Seu tom intencionalmente vacilante e receoso foi corretamente interpretado pela mulher, que murmurou um “sem problema” e se afastou para que ela entrasse, seguida pelo cão que se comportava admiravelmente, caminhando suavemente e indo deitar-se aos seus pés, quando ela tirou o casaco e sentou-se na poltrona que lhe foi indicada, sob o olhar curioso de toda a família, agora.
O menino tentara sair despercebido, mas o pai o chamara.
- Daniel, aonde vai? O que leva aí?
- Eu... – ele olhou para o avô, e depois para “Sarah”. Parecia pedir ajuda. – Vou à casa do Fred, entregar-lhe umas coisas que me emprestou.
- Que coisas? – o pai pareceu desconfiado. – Me dê essa mochila, vamos!
- Querido... na frente da visita... por favor!
O Sr. Thompson olhou da esposa para Sarah, que sorriu sem jeito. E ficou vermelho como um tomate.
- Desculpe, senhorita. É que meu filho está com alguns hábitos um pouco...nocivos. Temos que ficar atentos, acho que entende.
- Ler não é nocivo! – o velho retrucou.
- Depende do que se lê, meu caro.
- Eu... – Sarah resolveu intervir – Eu acredito que seria bom que Daniel ficasse, durante nossa conversa. Afinal, é do interesse dele. Garanto que ele vai querer saber algo sobre a Escola.

O garoto sorriu, agradecido, indo sentar-se ao lado do avô, enquanto o pai, um homem de rosto redondo e cabelos claros respirava fundo, como se buscasse uma tranqüilidade que não sentia. Então, ele disse:
- Acho que não ouvi o nome da escola que a senhorita representa, Srta...
- Laurent. – Sarah sorriu. Instintivamente, fez um carinho no cão, coçando atrás de suas orelhas, procurando saber por onde começar, o que fez com que ele encostasse a cabeça em sua perna, com um latidinho satisfeito, e ela soube que teria que agüentar as conseqüências desse gesto de intimidade mais tarde.

Mas o casal continuava a esperar que ela dissesse o nome da escola.

Por que, das outras vezes, sempre parecera mais fácil? Por que casos difíceis nunca aconteciam quando se estava acompanhado de um monitor, aprendendo o serviço? Sirius deu um latido baixo, como se a incentivasse, e ela sorriu para o cão, despertando a curiosidade do velho.

Serenna, ou melhor, Sarah, achou que não deveria aumentar a ansiedade do grupo, por isso respirou fundo e disse:
- O Daniel completou onze anos há pouco tempo, não é certo?
- Sim, na semana passada. – ele próprio respondeu. – E vou para Eton, em setembro.
- Assim como o Justino Finch-Fletchley... – Sarah murmurou, fazendo o menino ficar mais atento. – Mas ele também recebeu a carta de nossa escola, e decidiu-se por ela, o que foi muito bom pra ele, apesar das dificuldades do primeiro ano.
- Eu também não gostaria de ser petrificado – ele retrucou, sorrindo, e Sarah percebeu que ele já entendera. O velho também mostrava um sorriso de reconhecimento.
- Ah, não há mais perigo, certo? Hogwarts ficará feliz em receber você.
O menino agora sorria de orelha a orelha, enquanto o avô murmurava um “eu não disse que eles viriam?” que não passou despercebido ao Sr. Thompson.
- Espere aí um momento... Hogwarts... Que escola é essa? Nunca ouvi falar.
- Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, responsável pela educação dos maiores e melhores bruxos da Grã Bretanha, senhor. Atualmente sob a direção de Minerva McGonagall.

- Uau!
- Minha nossa!
- Não é possível? Que brincadeira é essa?

Todas essas exclamações soaram de uma só vez. Mas o Sr. Thompson se erguera do sofá, com expressão ameaçadora, fazendo Sirius se erguer sobre as quatro patas e rosnar, em represália.
- Quieto, Black, você jurou se comportar! – Sarah o puxou de volta. O cão a encarou por alguns instantes e sentou-se, alerta. Ela continuou a falar:
- Desculpe-me, Sr Thompson. É de praxe que um funcionário do Ministério da Magia venha à casa de um nascido trouxa, para explicar pessoalmente as circunstâncias... especiais em que funciona a escola.
- Nascido trouxa? Que baboseira é essa?
- Desculpe, um nascido não-mágico. Apesar desse caso ter algumas particularidades.
- Perdoe-me a intromissão, mas... – o velho sorriu – de que foi mesmo que você chamou o cão?
- Black. É o nome dele. Combina, o senhor não acha? Embora também goste de ser chamado de “Almofadinhas” pelos amigos.
- Como no livro? – Daniel indagou, retirando da mochila um livro de capa colorida, que Sarah reconheceu imediatamente: “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”.
- Bem, parece que você terá que passar pelo escritório de Ernest McMillan, Daniel. Nascidos trouxas que já conhecem Harry Potter precisam de um feitiço inibidor, pra não saírem contando sobre os livros para os bruxos. Sabe, nem tudo que está nos livros é de conhecimento deles.
- Espere um pouquinho. Agora eu entendi tudo. Que brincadeira é essa? Bruxos e todas essas coisas não existem!
- Brian, por favor – a Sra Thompson pareceu acordar e segurou o marido pelo braço. – Ela pode estar dizendo a verdade!
- Posso, não. Estou! O que preciso fazer para acreditarem que seu filho é um bruxo? – ela foi até o garoto, ajoelhando-se para ficar praticamente da sua altura – Daniel, me conte. Qual foi mesmo o poder mágico que você manifestou espontaneamente? Pode falar.
- Eu... – ele olhou para o pai, que parecia prestes a explodir, depois para o avô, que lhe sorria encorajador, depois para o cão, que latiu no que parecia ser também um incentivo. – Eu me transformei num cão, quando pensei que a casa havia sido invadida por um ladrão e quis averiguar. Isso acontece desde que eu era pequeno, sabe?
- Isso é loucura. Foi só um sonho. Sempre foram apenas sonhos idiotas! Homens não se transformam em cães!

- Tem certeza?

A voz rouca assustou a todos, que olharam para onde anteriormente estava um cão preto, e agora viam um homem moreno, de cabelos soltos caindo até quase os ombros, que ele afastava dos olhos com um gesto displicente, e roupas um tanto fora de moda. Olhos claros como os do velho que agora o fitava, admirado. Mas Sirius se aproximou de Sarah, que se erguera também, e lhe disse em um tom de voz que a fez arrepiar-se involuntariamente – Você não sabe que sensação boa que deu aquela coçadinha atrás das minhas orelhas... Vai ter que fazer isso mais vezes!
- Só em seus sonhos, Sirius Black! – ela retrucou, nervosa, e a risada que ouviu em resposta a fez entender que não teria escapatória.
- Sirius Black? Mas você... morreu! – o garoto exclamou – Meu amigo Fred já leu a Ordem da Fênix, e lá diz que você morreu!
- Bem... – Sirius deu uma piscada marota – Foi isso que todos pensaram. Só que uma bruxa maravilhosa conseguiu atravessar o véu e me buscar de volta... mas você não poderá contar isso ao Fred.
- Não, claro que não! – Daniel sorria.
Marta Thompson segurava o peito, prestes a desmaiar. Somente um forte alto controle a impedira de gritar, ao ver a transformação bem à sua frente.
Brian Thompson olhava de um para o outro, ainda sem acreditar no que estava acontecendo. Depois de alguns segundos, deixou-se cair ruidosamente no sofá.
- Bruxo... – ele murmurava – Querem agora me convencer de que bruxos existem...
- Ora, Brian, como você explica o fato de um cão virar homem, se não for magia?
- Ora, cale-se, Alphard!
- Alphard? – Sirius agora demonstrou sua curiosidade – Tive um tio com esse nome.
- Eu sei. – o velho sorriu – Ele nos visitou quando eu era criança. Soubera que a prima distante pusera seu nome no filho.
- Quer dizer... – Sirius olhou do velho para Sarah, que sorria, como se tivesse lhe dado o troco.
- Quero dizer que sou neto de Isla Black, renegada pela família por ter se casado com ...
- Bob Hitchens – Sarah completou por ele.
- Você sabia disso? – Sirius olhava para Sarah com expressão quase assassina.
- Claro. Está na ficha de Daniel. Tataraneto de Isla Black. Na verdade, ele não é nascido trouxa. É que, por quatro gerações, só nasceram abortos.
- Sério? Nós somos parentes? – Daniel não conseguia acreditar – Eu sou um Black?
- Pelo visto, sim. E também parece que animagia é um traço de família. Como era o cão em que você se transformou?
- Ah, eu não lembro. Como era, mamãe?
Marta olhou para o filho, e depois para aquele homem que dizia ser parente de sua bisavó esquisita. Lembrava-se ainda das histórias que sempre pensara serem inventadas pela bondosa senhora para diverti-la.
Mas Sarah já perguntava para o avô de Daniel:
- O senhor, então, conhece a história da família de sua avó?
- Sim. Conheço. Minha mãe ficava muito triste por não conseguir fazer magia, mas vovó sempre a consolava dizendo que não se incomodasse, pois era amada da mesma forma. Nunca chamou a filha de “aborto”. De tempos em tempos, tinha contato com alguns parentes. O primo Alphard foi o último a nos visitar, logo após sua morte. Ajudou-nos com alguns recursos, minha mãe já era viúva na ocasião e eu era muito pequeno.
- Então não foi apenas por me ajudar que minha mãe o detonou da árvore da família. – Sirius comentou, rindo.
Os dois se encararam e, de repente, estavam abraçados no meio da sala.
- Andrômeda ficará feliz por saber disso. – Sirius disse, quando se separaram do forte abraço. – É a que mais sofre com o afastamento e desmantelamento da família.
- Ei! E eu? Como é que vou pra Hogwarts? Tenho que esperar até julho pela carta de material para ir ao Beco? E eu vou poder conhecer Harry Potter? Ele não morreu ao derrotar Voldemort, né? O livro sete... ninguém me contou ainda...eu quero saber o que aconteceu!
Todos olharam espantados para Daniel. Seu pai, com um suspiro, pareceu finalmente entender que não poderia fazer mais nada para impedir o filho de ser um bruxo. Isso era... “mal de família”...

Enfim, tudo tinha dado certo com a família Thompson.
Daniel lhes contara, depois que todos haviam se acalmado, que nunca se interessara pelos livros, mesmo com os colegas sempre falando de sua semelhança com o Harry dos filmes. Simplesmente, não era o seu tipo favorito de histórias, até o dia em que “sonhara” de novo que podia se transformar num cão, e contara isso a Fred, seu melhor amigo. Foi assim que recebeu de Fred o primeiro livro, e depois os dois seguintes. Acabara de ler na véspera o “Prisioneiro de Azkaban”.
- Será que o seu amigo me empresta esse? – Sirius perguntou, cheio de esperança, mas Sarah bateu em sua mão, repreendendo-o. Todos riram, enquanto saboreavam o chá da Sra Thompson, e ficou combinado que, na época de ir ao Beco Diagonal, o casal acompanharia o garoto. Claro, era função de Sarah, como representante do Ministério, mas Sirius foi categórico ao dizer que não deixaria um primo se aventurar sozinho pelo Beco. Teria que ir junto, pra mostrar-lhe os melhores lugares. E piscara, maroto, sofrendo mais uma vez a repreensão de Sarah e rindo com gosto.
Alphard então comentara em tom distraído, dando uma piscadela para Sirius:
- Vocês formam um casal muito bonito, vê-se logo que foram feitos um para o outro.
- Foi o que eu senti desde o primeiro minuto em que a vi... nos meus sonhos! – Sirius respondera, olhando-a com tanta intensidade que ela corara, engasgando-se com o chá.

A despedida fora alegre e descontraída, como se todos fossem amigos de muito tempo. Após prometer-lhe notícias por uma coruja, Sarah beijara o rosto do jovem Daniel e apertara a mão dos adultos.
Sirius despedira-se do garoto dizendo que ele era mais feliz, pois merecera um beijo dela. Ele próprio, depois de meses, só conseguira dela aquela coçadinha maravilhosa nas orelhas. E correra dela, para evitar levar um novo tapa, ao som das risadas de Alphard.

***

Agora, caminhavam em silêncio, até que ele perguntou:
- E aí, Sarah? Ou é Serenna? Qual você prefere?
- Minha família e meus amigos antigos ainda me chamam de Sarah, por isso não faz diferença. Mas para você, Sr. Black, é Srta Snape, como sempre. Não me recordo de ter-lhe permitido me chamar pelo primeiro nome...
- Pensei que tivéssemos passado desta fase, depois dos últimos acontecimentos...
- Eu não sei o que você quer dizer com “últimos acontecimentos”, Sr. Black, mas se isso vai significar que vou ser menos incomodada por você, pode me chamar de Serenna. Satisfeito?
- Serenna... – ele repetia o nome devagar, como se saboreasse o som.
- Olha, Black...
- Sirius. Por favor, me chame de Sirius. Custa tanto assim?
Ela revirou os olhos, soltou um longo suspiro, olhou para o rosto risonho à sua frente e decidiu que isso não seria a morte, afinal. E uma vozinha bem sua conhecida se fez ouvir em sua mente, lembrando-lhe que recentemente havia decidido sair da defensiva e deixar as coisas acontecerem… Se era capaz até de colocar uma “coleira” nele… porque não chamá-lo pelo nome?
- Está bem... Sirius. Agora, obrigada pela ajuda. E também, fico feliz por você ter encontrado novos membros da família Black. Acredito que isso vai diminuir essa sua impressão de “ai, meu Deus, estou sozinho no mundo” e você poderá, finalmente, me dar um pouco de paz.
- Diga de novo!
- O que? Que eu espero que você agora me dê um pouco de paz?
- Não. Diga meu nome.
Havia chegado à mesma esquina onde se encontraram horas antes, e Serenna parou, olhando para o chão. Não queria fitá-lo, não se sentia capaz de fazer isso e sair impune.
Mas ele segurou seu braço com uma das mãos e com a outra levantou seu queixo.
- Diga meu nome. – ele a fitava, sério – Não... o primeiro nome – ele completou quando a viu mover os lábios de forma a articular o “B” de Black.
Serenna o encarou, os olhos negros inquietos, até murmurar:
- Sirius.
Ele sorriu.
- Está vendo? Não foi tão difícil. Você não sabe o quanto tenho esperado por isso. Ouvir você falar meu nome de novo.
- Só isso? – ela soltou-se de suas mãos e voltou a caminhar – Você se contenta com pouco, como um...
- Sim? – seu tom era um pouco mais rouco do que o normal. – Como um... o que?
- Como um cão querendo um osso. – ela explodiu.
Sirius soltou uma risada, aquela tão parecida com um latido, depois a abraçou novamente e, verificando que a rua estava deserta, disse em seu ouvido.
- Na verdade, eu queria mais do que isso, sim. E fique sabendo que não sou o tipo de cão que larga seu osso. E, também... acho besteira você perder horas voltando de trem, quando podemos voltar... imediatamente.
E, sem esperar por uma reação dela, aparatou, levando-a consigo.

=================

(1) Harry Potter e o retorno das trevas – Sally Owens
(2) Harry Potter e o segredo de sonserina - Belzinha
(3) Idem
Last edited by Regina McGonagall on 10/10/07, 16:26, edited 1 time in total.
Regina McGonagall
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Post by Sally Owens »

Ehhhhhhhhhhhhhhhhh

Capítulo novo, capítulo novooo!!!!
O detalhe era animagia espontânea? Rsrs... Bem, se existem metamorfogos, porque não animagos naturais, não é?

Amei o capítulo e tb o Dani hehe. Beijos! :palmas
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