Comentários são bem-vindos .
____________________________________________________________________________________________
“E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarice sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem” – Clarice, Legião Urbana.
_________________________________________________________________________________________
Eu tossia, enquanto a fumaça e a poeira lutavam para invadir meus olhos. A ardência era incômoda, mas eu não podia deixar que aquilo me atrapalhasse. Prendi a respiração, sacudi a poeira e apaguei o cigarro. Pisquei algumas vezes, deixando as lágrimas rolarem e lutanto para estabilizar a respiração. Enquanto isso, a fumaça se dissolvia pelo porão escuro das Gemialidades Weasley. Na verdade, já tem algum tempo que esse lugar já não é mais tão "gemial" assim. Precisamente, faz exatamente dez anos que a Gemialidade deste lugar morreu. Morreu como tantos outros morreram na Batalha que ocorreu a dez anos, na qual meu cunhado, Harry Potter, derrotou a causa da morte de muitos, inclusive a do meu irmão, Fred Weasley. E é por isso que no momento me encontro no porão da minha loja, casado com a ex do meu gêmeo, com os olhos irritados e procurando um baralho.
Era apenas um baralho qualquer, que ele me dera antes de morrer, e do qual eu me lembrei esta noite, enquanto sonhava. No sonho, estávamos apenas eu e ele, sentados em cadeiras invisíveis, enquanto jogávamos uma partida de Snap Explosivo. O estranho foi que nós não trocamos palavras, simplesmente não nos comunicamos de qualquer forma, apenas jogávamos. Garanto que você não pode achar isso mais estranho do que eu acho.
O baralho que eu procurava não era um de Snap Explosivo, e sim um baralho comum. Um baralho dos trouxas. Ele amava o baralho, e o usava para impressionar garotas com truques de mágica dos trouxas. Nem eu sei o motivo dele ter me dado este baralho, ele simplesmente me deu, e eu lembro exatamente o que ele falou: "Apenas quero que você fique com isso". Ele morreu uma semana depois, enquanto lutava.
Finalmente o encontrei. Estava muito empoeirado, mas, fora isso, estava inteiro. Nem as traças que infestavam aquele lugar foram capazes de estragar o velho baralho. Foi, de certa forma, um alívio.
Então, eu já podia ir. Hoje, apesar de ser uma data triste - pelo menos para mim -, era uma data bastante especial. Provavelmente deve ter uma festa em cada casa de bruxo do mundo a esta hora. Inclusive na Toca, para onde cada Weasley ou parente próximo está indo neste momento. Mas não eu. Não hoje.
Olhei para o cigarro apagado em minha mão. Que desperdício! Não havia chegado nem na metade. Soltei um palavrão baixo, joguei a guimba do cigarro de qualquer jeito, apanhei o maço em meu bolso e acendi mais um. A fumaça desceu queimando pela garganta, invadindo os pulmões de forma quase violenta, e entorpecendo os outros sentidos.
Prendi a fumaça por cinco segundos e a soltei em uma baforada só, de forma que uma grande quantidade de fumaça pairou junta no ar, começando a se dissipar em forma de esfera.
Propositalmente, aproximei meu rosto do globo de fumaça e respirei fundo, inalando a névoa do cigarro e sentindo o cheiro ardido da nicotina tornar a invadir meus pulmões. O efeito foi tal que um arrepio percorreu toda a extensão de meu corpo, fazendo com que eu quase deixasse o baralho escapar da minha mão.
No começo, este era o único motivo que me fazia fumar: respirar a fumaça. O cheiro incômodo e ardido eram a única coisa que me interessevam quando eu colocava um cigarro na boca. Um motivo? Fred Weasley.
Cerca de uma semana após abrirmos a "Gemialidades Weasley", Fred havia começado a fumar. Quando vi ele colocando aquele pedaço de papel enrolado na boca, não soube o que pensar:
"- O que você pensa que tá fazendo?
- Relaxa, Jorge! Sou um homem de negócios agora, e como todo bom homem de negócios, vou apreciar a arte de soltar baforadas de fumaça pela boca. Aliás, 'somos' homens de negócios agora, não concorda, Jorge? - ele me ofereceu um maço.
Olhei para o maço por alguns segundos: - Finalmente discordamos em algo, Fred... - respondi, recusando."
À partir desse dia, o cheiro de cigarro se tornou o perfume de Fred. Eu era capaz de senti-lo mesmo antes dele chegar no lugar onde eu estava.
E eu odiava o cheiro.
Mas após a morte dele, as coisas mudaram um pouco. O cheiro de cigarro era uma das coisas das quais eu mais me lembrava dele, e cada vez que eu o sentia, era como se Fred estivesse andando ao meu lado.
Não demorou até eu começar a fumar apenas pelo cheiro. E do cheiro, para a sensação perfurante que ficava na garganta. E depois, para o entorpecimento que a fumaça deixava no cérebro. Quando dei por mim, estava viciado.
Olhei no relógio. Meio-dia. Eu já devia ir.
Saí do porão em direção ao meu escritório e me fitei no grande espelho que lá estava, suficiente para que eu pudesse ver todo o meu corpo. Estava elegante, com as vestes formais dos trouxas de cor preta e o cigarro na boca, que desprendia uma fumaça leve que subia como uma cobra pelo ar. Mas foi o meu rosto me chamou a atenção.
Era para as rugas chegarem tão cedo? Tudo bem que eu já havia feito trinta anos, mas nessa idade era para as rugas estarem começando a aparecer, e não tão bem definidas como estavam agora. Eu parecia cinco anos mais velho.
- Você está elegante, querido! - o Jorge do espelho me disse.
- Obrigado. - respondi automaticamente, após dar uma grande tragada.
Como não tinha mais nada o que fazer ali, resolvi me despidir para ir logo. Me certifiquei de que estava tudo no seu devido lugar e fui até o atendimento, onde estava Angelina.
A loja estava apinhada de gente, na maioria comprando Fogos Espontâneos Weasley para comemorar a data, e uma mulher alta e negra, com os cabelos longos muito bem-cuidados, atendia a todos de forma frenetica. Da distância que eu estava, eu pude ouvir tudo que ela dizia - ou melhor, gritava - para os clientes:
- Por favor, gente! Eu sou a única atendente hoje e logo vamos fechar, então vocês poderiam se organizar? Seria de grande ajuda se isso acontecesse!
Me esgueirei atrás dela e perguntei:
- Ocupada?
Ela se virou, o rosto com uma expressão um pouco brava:
- Você nem imagina o quanto!
- Você não deveria se esforçar, sabia? É a sua segunda gravidez! - coloquei a minha mão sobre o ventre dela, tentando sentir algum chute ou coisa parecida.
- E você não deveria fumar perto de uma grávida! - ela retrucou, se afastando um passo de mim.
Tentei mudar de assunto: - Onde está o Fred?
- Na ala dos Kit Mata-aulas.
Suspirei, soltando uma grande quantidade de fumaça: - Você não deveria deixar ele sozinho naquela área...
- Ele sabe que não deve mexer em nada! - Angelina respondeu, enquanto atendia um senhor enrugado - E, Jorge, você não vai mesmo à Toca hoje?
- Você sabe que não. Mas quero que você e Fred vão. Tiago estará lá, e você sabe que Fred ama o primo!
- Gostaria que você fosse... - ela disse, sem me olhar.
Eu amava Angelina. Amava o jeito como ela me olhava no começo do namoro, como ela ria das minhas piadas, como ela concordou, com um sorriso, se casar comigo, como ela apoiou a escolha do nome do nosso filho, e como ela suportava as constantes baforadas de fumaça que eu soltava nela, sem querer, é claro.
Então, sempre que eu achava que a magoava de alguma maneira, eu sempre me sentia mal, exatamente como agora.
Tirei o cigarro da boca, me aproximei por trás de Angelina e a beijei no pescoço. Depois, sussurrei no ouvido dela: - Eu realmente lamento, querida! Juro que vou te recompensar, mas eu sinto que eu devo ir até aquele lugar hoje. Me desculpe!
Ela se virou e me beijou: - Não estou zangada com você, Jorge. Sei que a perda dele foi horrível para você. Entendo que tenha que ir vê-lo hoje. - e me beijou novamente.
Senti que já era hora de ir. Não queria ficar mais tempo que o necessário. Me despedi brevemente de Angelina e caminhei até a ala dos Kit-Mata aula, onde eu me despediria de meu filho, Fred Weasley II.
Não foi difícil encontrá-lo. Um garoto de quatro anos, pele morena e cabelos escuros e encaracolados segurava nas mãos uma caixa aberta de Vomitilhas. Eu pude ver o estrago antes que se formasse:
- Fred, não! Me dê isso aqui!
Fred se virou, seus olhinhos castanhos apertadinhos de forma brincalhona:
- Não são para mim, papai! São para o Tiago! Quero pegá ele com isso!
Não pude deixar de sorrir. Tiago e Fred tinham mentes parecidas com as minhas e de Fred quando tinhamos a idade deles. Já cheguei até mesmo a pensar que eles herdariam a minha loja, junto com todas as filiais, mas, como Angelina e Gina já haviam me dito, eles eram apenas crianças:
- Ok, mas por favor, não deixe a sua mãe ver isso. E nem pense em dar isso ao Alvo, entendeu?
- Entendi, papai! - respondeu ele, um pouquinho malicioso.
Fitei o rosto de meu filho por um momento. As semelhanças que ele tinha comigo eram implícitas no rosto dele. O formato do nariz, dos olhos e das orelhas eram os mesmos que os meus. "Bem, pelo menos de uma orelha", pensei, enquanto levava a mão ao lado da cabeça, onde deveria haver uma orelha.
- Eu vou sair, Fred. Cuide de sua mãe enquanto eu estiver fora, entendeu?
- Tá bom, papai! - respondeu ele, me abraçando. Dois segundos depois, Fred recuava, tossindo.
- Droga! - eu disse, quando percebi que o cigarro era a causa da tosse do meu filho. - Me desculpe, Fred, tenho que ir. - beijei o alto da cabeça dele e andei até a saída da loja.
- Tchau, papai! - ouvi o grito de Fred.
Sorrindo comigo mesmo, coloquei o cigarro na boca e traguei. Já não restava muita coisa, nem papel, nem nicotina.
O tempo estava nublado, com nuvens um pouco escuras demais. Mas o Sol brilhava por entre os espaços que uma nuvem e outra deixavam. Segundo o Profeta-Diário, choveria um pouco à tarde, mas a noite seria clara. Me concentrei um pouco no meu destino e girei no mesmo lugar. A última coisa que vi foi o letreiro brilhante das "Gemialidades Weasley" antes de entrar no limbo escuro e apertado entre a aparatação e a desaparatação.
Subitamente, o aperto parou. Agora eu me encontrava em frente a um portão de um cemitério, onde se lia "Cemitério Brompton". Entrei sem hesitar.
Porcaria! O limbo da aparatação havia apagado meu cigarro! Já era o segundo desperdiçado hoje, mas este, pelo menos, já estava quase no fim. Busquei o maço no bolso enquanto andava pelo cemitério, ziguezagueando entre as lápides.
Assim que acendi outro cigarro, encontrei a lápide de Fred. Era a mais fácil de se achar, devido a um pequeno detalhe: borboletas vermelhas. Sempre que eu ia visitar o túmulo de Fred, essas borboletas estavam lá. Mas não eram borboletas nada comuns.
Borboletas de sangue. É óbvio que a forma material delas não é sangue, o motivo do nome é completamente diferente. Toda vez que uma dessas borboletas pousam em pele humana, o nariz deste humano começa a sangrar. Não é um animalzinho muito famoso, nem popular, mas foi de total importância na criação do Nugá Sangra-Nariz. Asas de Borboleta de sangue são o principal ingrediente.
Mamâe arrumou Fred para o funeral. No entanto, ela chorava tanto que os olhos inchados dela foram incapazes de enxergar o pacote de Nugá no bolso interno do paletó dele. Eu sabia do Nugá, mas, sinceramente, no funeral do meu gêmeo, eu quase não estava consciente.
Apesar disso, o cheiro no Nugá atraiu essas borboletas para o túmulo. Elas começaram a aparecer por volta de uma semana após o funeral, e, até onde eu sei, sou o único a saber o motivo delas se sentirem atraídas para aquele lugar. Mas me surpreendeu saber que, mesmo após dez anos, o Nugá ainda as atrai.
O número de borboletas era baixo, tinham por volta de cinco. Mas fui calteloso ao me postar de frente para a lápide de mármore, e ler as palavras ali escritas:
Frederico Weasley
1º de abril de 1977
2 de maio de 1998
O melhor filho que uma mãe louca de preocupação pode ter.
1º de abril de 1977
2 de maio de 1998
O melhor filho que uma mãe louca de preocupação pode ter.
Dei uma tragada profunda. O corpo de Fred - ou o que havia sobrado dele - estava à alguns metros de distância abaixo de mim. Era quase insuportável a idéia de que ossos ou pó eram a única coisa que sobrara do meu irmão. Soprei a fumaça para baixo e disse:
- Sempre que venho aqui, a única coisa que eu faço é chorar. Mas acho que você já está cansado de ver as minhas lágrimas, não é, Fred? Acho que eu devo falar um pouco.
Me mexi um pouco, apenas para espantar uma borboleta que estava voando muito próxima, e, em seguida, comecei a falar:
- Acho que você gostaria de saber que eu me casei. Com Angelina. Sair com ela me lembrava quando vocês dois costumavam sair juntos. No começo, era só isso, mas depois eu me apaixonei. Temos um filho lindo, chamado Fred. Em sua homenagem, cara!
Eu estava consciente de que era incomum conversar com uma lápide, ainda mais chamá-la de "cara", mas eu não estava ligando. Eu me sentia tendo um monólogo com Fred:
- Agora ela está grávida de novo, e anda dizendo que senti que é menina e que o nome será Roxanne, mas isso ainda está sendo pensado.
"Quase todo mundo criou uma família, menos o Carlinhos. Acho que aquele lá gosta mais de Dragões do que de mulheres. Gui teve duas meninas e um menino, mas o garoto é tão afeminado que não faz muita diferença, e olha que ele só tem quatro anos. Rony casou com Hermione, e tiveram uma garota, Rose, e Hermione está grávida de novo. Rony disse que se dependesse dele, ele teria dezenas, mas, de acordo com a cara da Hermione quando ele disse isso, acho que eles vão parar por aqui mesmo."
Dei outra tragada. Era extremamente fácil falar, agora que eu havia começado:
- Percy encontrou o amor da vida dele, e você tem sorte de nunca ter visto ele tão meloso. Ele é tão puxa-saco que batizou a primeira filha de Molly. E Harry entrou oficialmente para a família agora. Gina se casou com ele, e ele se tornou auror. O trabalho dele pode até ser movimentado, mas eles não devem ter muito o que fazer em casa, pois Gina já está grávida pela terceira vez. Eles procriam como papai e mamãe.
Traguei novamente:
- O negócio deu muito certo, Fred. Temos filiais das Gemialidades até no Brasil! No momento, sou o Weasley mais rico, mas eu estou pouco ligando para esses detalhes. Falando em detalhes, você deve ter notado o cigarro na minha boca. Sem querer te culpar, mas a culpa é toda sua. Tiago, o filho mais velho de Harry e Gina, me chama de "tio chaminé" por causa da fumaça. Pode ficar com o último trago. - me inclinei e coloquei o cigarro suavemente sobre o túmulo de Fred, aonde ele continuou imóvel e desprendendo uma leve fumaça.
Olhei para o céu. Vai chover, me disseram as nuvens mega-carregadas lá de cima. Deixei minha mente vagar um pouco pelas boas lembranças que eu tinha de Fred. Seria insanidade minha deixar de ir a uma festa quase tradicional da minha família apenas para conversar com a lápide de meu irmâo gêmeo? Talvez. A morte de Fred mexeu comigo de uma forma que eu não consigo descrever. Foi como separar unha de carne à força, deixando ferimentos incuráveis. O hábito de fumar foi uma das sequelas.
Apanhei outro cigarro e acendi. No momento em que eu soprava a fumaça para cima, uma gota d'água raspou em minha bochecha, deixando um rastro nela. Logo depois, gota após gota caía, e em questôes de segundos, a chuva já havia se estabilizado. O cigarro que jazia sobre o túmulo de Fred boiou para fora, indo parar em uma poça recém formada. As borboletas, porém, agiam como se nada tivesse mudado, voavam calmamente ao meu redor, e o cigarro em minha boca não havia apagado, muito embora eu estivesse completamente encharcado.
Choveu por muito tempo. Eu não calculava o tempo pelo relógio dourado em meu pulso, e sim pelo número de cigarros que se consumiam enquanto eu olhava para a lápide e pensava sobre a minha sanidade. Sei que a chuva passou no momento do pôr-do-sol, quando o sol dividia seu brilho com as estrelas.
Só aí percebi o sangue escorrendo do meu nariz. Uma borboleta provavelmente havia pousado em mim sem que eu percebesse. Genial...
Tirei um lenço do meu bolso e limpei meu rosto, que estava encharcado de água, sangue e poucas lágrimas. Era difícil não chorar quando eu visitava este lugar. Tentando resistir a tentação de chorar mais um pouco, olhei para o céu.
Estrelas-cadentes caíam a intervalos de dez segundos. Não era uma surpresa para mim, pois nesta data estrelas-cadentes eram sempre comuns. Bruxos que bebiam um pouco mais de uísque-de-fogo do que o normal, e comemoravam com mais animação, erguendo a varinha e traçando rotas para que estrelas-cadentes passassem. Não era um feitiço trabalhoso, mas também não era aconselhável usá-lo, quando trouxas poderiam enxergar estrelas-cadentes tão bem quanto os bruxos.
Pus à mão no bolso que notei que todos os cigarros já haviam acabado. Droga, á vontade de fumar estava grande! Tão grande quanto a vontade de ir para à Toca.
Percebi que embora eu precisasse de Fred, eu também precisava de Angelina e Fred II, de Gui, Carlinho, Percy, Rony, Hermione, Gina e Harry, bem como todos os meus sobrinhos. E notei também que eles eram, de alguma forma, prioridade. Fred nunca gostaria de me ver assim. Ele gostaria de me ver rindo, alegre, com a minha família. E, se eu o amasse de verdade, eu tinha que satisfazer á vontade dele.
Me agachei próximo à lápide de Fred e sussurrei:
- Nos encontraremos novamente um dia, Fred. Pode ter certeza disso. Mas acabo de perceber que não posso me lamentar até que esse dia chegue. Tenho que viver, até morrer. Eu te amo demais, cara...
Tirei o baralho do bolso e coloquei sobre o túmulo dele:
- Até lá, Fred, se divirta com as cartas.
Me levantei calmamente, meus cabelos pingando e achatados tapavam minha visão. Joguei-os para trás e avistei o alaranjado pôr-do-sol. O cheiro de nicotina agora parecia fazer parte daquele lugar, e aplacou minha vontade de fumar. Andei alguns passos para trás, enquanto a minha mente se concentrava em um destino: à Toca.
Um sorriso brincava nos meus lábios, quando eu girei no mesmo lugar e sentia meu corpo entrar no vácuo. A última coisa que vi foi o túmulo de Fred, com um baralho colocado sobre, e, talvez fosse efeito da aparatação, mas algumas cartas no baralho pareceram virar para mim, antes de tudo escurecer.