[Long-Fic] Tigres e Dragões

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[Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by danona23 »

Como eu sei que é muito chato abrir uma fanfic e já ir direto ao primeiro capítulo sem nem ter uma idéia do que se trata, farei uma pequena ficha (incluindo a sinopse) para que vocês não entrem completamente no escuro! \o

Ship: Harry/??
Gênero: Mistério
Classificação: Livre
Sinopse
A Guerra entre Lord Voldemort e o Ministério da Magia começou violenta e sangrenta. Mas apesar das muitas baixas do Ministério, o Lorde das Trevas está perdendo muito mais. Quando todos estão dando glórias com a iminente derrota de seu maior inimigo, Lord Voldemort adquiri um novo e estranho comensal que muda o placar radicalmente. No entanto, ele é um completo mistério, até para os próprios comensais.

Após um ano, ele consegue dominar Hogwarts e ali prende seu maior inimigo, Harry Potter. Para o azar, ou sorte, de Harry seu cárcerer é esse estranho comensal que perambula igual uma sombra.

Mas quem ou o que será esse novo trunfo que Voldemort retirara simplesmente do nada? Será que Harry descobrirá os segredos por debaixo da capa?

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"Desde tempos antigos, o dragão era a única besta que poderia se igualar com um tigre.

Agora eu me tornarei um dragão, para ficar ao seu lado." - Trecho retirado do anime Toradora.

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Links do post de cada capítulo postado aqui, para que não tenha o transtorno de ficar procurando pelas páginas aleatoriamente:

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Last edited by danona23 on 06/05/11, 15:54, edited 2 times in total.
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*~ "Desde tempos antigos, o dragão era a única besta que poderia se igualar com um tigre.

Agora eu me tornarei um dragão, para ficar ao seu lado." - Trecho retirado do anime Toradora. ~*

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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by danona23 »

Tigres e Dragões – Capítulo 01


Sob a luz de uma Lua Vermelha, uma silhueta negra parecia olhar as margens plácidas de um lago. Um vento cortante fez as árvores e arbustos agitarem-se freneticamente, agitando inclusive a capa da pessoa ali parada a observar a paisagem. Uma capa negra lhe encobria todo o corpo. Ela abaixara levemente a cabeça e algo caiu de dentro do buraco negro produzido pelo capuz que encobria seu rosto. Algo que brilhou momentaneamente contra a luz do luar e sumiu ao impactar-se com o chão.

Um dos mais novos e misteriosos comensais de Lord Voldemort finalmente virou-se em direção ao castelo, analisando-o por alguns momentos. Finalmente, começara a caminhar em sua direção. Seus passos eram normais, enquanto se dirigia a uma majestosa porta, um pouco surrada pela recente batalha que havia tido. Havia quatro comensais ali, mas estes não usavam capuzes sobre as cabeças, deixando seu rosto à mostra, sem medo, apesar de estarem atentos, pro caso de mandarem reforços. De algumas janelas do castelo se via outros rostos.

Assim que foi se aproximando, os comensais ficaram levemente perturbados, mas tentando disfarçar. Subiu os degraus e prostrou-se em frente à porta, pois, dali para dentro, se tornaria sua mais nova prisão. Logo atrás, pôde ouvir os sussurros dos comensais comentando.

- Como o Lacbel conseguiu sair?

- Não sei... Mas não é à toa que é um dos melhores comensais do Lorde das Trevas...

- Mas dá medo... Parece uma criatura maligna que ele conjurou.

Os comensais não sabiam quem era, nem como era. Aparecera entre o exército de comensais fazia um ano, através do Lorde das Trevas. Não falava, nunca se revelava... Nem mesmo sabiam se era jovem ou velho, mulher ou homem. A única coisa que sabiam era que seu nome provavelmente era Lacbel, como o Lorde chamava aquela silhueta enigmática. E as outras duas únicas coisas que sabiam era que era muito forte e de extrema confiança dele. Era assim que o Lorde queria que fosse. Uma incógnita ambulante.

Abriu a porta, não querendo ouvir mais sobre as possíveis cogitações acerca de onde surgira. Pensava em dar uma volta pelo castelo, a fim de achar algum lugar onde pudesse esconder-se, mesmo que em síntese fosse inútil. Não enquanto estivesse com...

Mas seus pensamentos foram interrompidos.

Notou, assim que chegara aos pés da escada, na qual tinha a intenção de colocar o pé no primeiro degrau, que três comensais o observavam lá de cima. Reconhecia o do meio... Era o comensal de quem mais queria correr, toda vez que aparecia. Não por causa dele, mas pelo que sempre vinha fazer. Sempre era ladeado por outros dois, não sabia exatamente o porque... E não queria ter certeza se queria descobrir.

- Lacbel. - ele chamara, mas sua voz tinha um leve tom irritado. Provavelmente era o único comensal que tinha coragem de falar com ele. Ou era obrigado a isso, não poderia garantir, só se lesse os seus pensamentos. A vontade que tivera em subir a escada, antes de saber que eles estavam ali, fora extinguida - Não fico admirado por não ter te encontrado em parte alguma do castelo.

"Imagino." foi o que pensara Lacbel, ainda parado como uma estátua no pé da escada.

- Vamos, o Lorde das Trevas pediu sua presença imediatamente. Há quase uma hora. - ele falara com os olhos sobre ele. Havia um quê perverso e era como se estivesse subentendido na frase: "Você está extremamente encrencado".

Era justamente por causa desse comunicado que ele gostava de evitá-lo. Mas fugir dele estava fora de cogitação. A única coisa que fez foi simplesmente um sinal afirmativo rápido, começando a subir as escadas até os três comensais e, assim que chegou à eles, o que havia falado saiu na frente e os outros dois ladearam-no. Sentia-se um pouco encurralado, provavelmente era essa a sensação que o Lorde queria impor a ele todas as vezes que era levado até sua presença.

Caminharam minutos e minutos em silêncio pelos corredores. Os corredores, antes iluminados, alegres... Agora eram silenciosos, escuros e até mesmo tristes. Dirigiam-se ao escritório do antigo diretor de Hogwarts... O escritório de Dumbledore, que o Lorde das Trevas tomara agora para si.

Finalmente, após alguns minutos de caminhada, pararam os quatro à frente de uma gárgula em particular. O comensal que liderava foi quem falou, provavelmente, a nova senha para seguirem em frente.

- Ilirea.

A gárgula deslizara para o lado e a parede logo atrás também, revelando uma escada que subia em espiral, provavelmente para alguma das torres. Era onde antes o diretor da escola se encontrava. Subiram, tendo o líder do grupo na frente, a silhueta negra logo atrás e os outros dois comensais mais atrás. Após alguns minutos de subida, chegaram a um hall que dava numa porta de carvalho sólido. O líder bateu levemente na porta três vezes. Passos rapidamente pareciam atravessar a sala e a pessoa abrira a porta com rudeza. Através dela, havia um Lorde extremamente furioso.

- Encontraram-no? - foi a pergunta imediata, fazendo todos se encolherem... Apenas Lacbel havia simplesmente estremecido levemente, quase imperceptivelmente, mas seu coração estava aceleradíssimo.

- Si... Sim, Milorde! - dissera o líder, dando um passo para trás e indo para o lado, para mostrar Lacbel, que se encontrava logo à frente da porta.

- Ótimo, podem ir. Lacbel, entre. Já. - ele dissera rispidamente, agora com a ira um pouco mais aplacada por ver a figura negra à sua frente. Mas ainda demonstrava seu rancor por seu desaparecimento.

- Sim! - disseram os três comensais, saindo dali o mais rápido possível.

Lacbel andara com calma para dentro do escritório, mesmo que não estivesse exatamente calmo. Preparava-se para um castigo iminente. Provavelmente, pela fúria com que ele atendera os comensais, ele devia tê-lo convocado há muito tempo. O comensal não parecia ter mentido. Se voltassem sem ele, o Lorde iria procurá-lo e receberia outro dos piores castigos por tentativa de fuga. Ele jamais conseguiria fugir dele... Jamais. Assim que havia adentrado, ele fechara a porta logo atrás de si, sem nenhuma delicadeza, caminhando vagarosamente até ficar à sua frente.

- Onde estava, Lacbel? - veio a pergunta ríspida.

- Nos jardins, Milorde. - a voz saíra rouca e baixa. Não podia mentir, se ele já ia ser castigado por não obedecer a uma das ordens dele, seria pior se mentisse.

- Eu te proibi de sair das paredes desse castelo após a vitória da batalha. - os olhos dele se estreitaram ameaçadoramente, sua voz perigosamente baixa - Talvez eu não tenha sido claro quando ordenei isso. - a voz calma só fazia-o ficar mais apreensivo. Parecia que seus ouvidos percebiam seu coração bater mais rápido.

- Suas ordens foram muito claras. - a única pessoa que ele falava era com o Lorde. Mas nunca dizia grandes frases. Sua garganta não aguentava, tão desacostumado estava a manter-se em silêncio absoluto por longos períodos de tempo.

- Não o punirei dessa vez, Lacbel, mas a próxima em que me desobedecer valerá por duas. - ele dissera de modo ameaçador, apesar de ter um tom completamente calmo em sua voz.

- Não o desobedecerei mais. - não saíra nem um milímetro do lugar enquanto conversavam.

- Assim espero, Lacbel. - nesse momento, ele se virou para o fundo do escritório, antes de movimentar a cabeça para o lado e olhá-lo de soslaio - A propósito. Sua proibição continua.

- Como desejar, Milorde. - ele dissera, abaixando um pouco mais a cabeça com ar submisso.

Parecendo finalmente satisfeito, deu-lhe as costas, indo um pouco mais para o fundo do escritório. Sabia que havia um motivo para o Lorde estar sendo tão gentil daquele jeito com ele. Jamais perdia uma chance de puni-lo, para lembrá-lo sempre de quem estava no comando. Gentileza gratuita não existia no vocabulário dele.

Um pouco mais ao fundo do escritório, observou três pessoas. Duas delas eram comensais e a outra... Um jovem. Devia ter em torno de 20 e poucos anos e devia ser um prisioneiro pelas cordas que prendiam seus braços, ladeando o corpo magro. Os comensais o seguravam pelos ombros, mantendo-o ajoelhado. Estava em um estado lastimável. Roupas rasgadas, semi-chamuscadas. Usava um óculos com o aro bem surrado, o que indicava que era bem antigo. Reconhecia-o de algum lugar... Mas a pergunta era: por que ele estava ali, ao invés de nas masmorras, onde todos os professores e adultos estavam sendo mantidos prisioneiros?

Ele encarava diretamente o Lorde das Trevas com os olhos de um verde vivo e intenso. Eram inteligentes, mas ousados e desafiadores. O sorriso em seu rosto enfatizava a falta de medo que ele tinha na presença do Lorde das Trevas, irritando-o, obviamente.

Por um breve momento, sentiu aquele sorriso aquecendo-o por dentro, incentivando-o a sorrir também, e uma crescente onda de sufocamento. Mas isso fora logo apagado quando a voz do Lorde ecoou pela sala, apagando aquela pequena chama que se iniciara e a sensação indo embora junto com ela.

- Lacbel, você deverá vigiar esse prisioneiro. Reservei uma cela especial para ele. Desejo que ele mantenha-se isolado de todos os outros prisioneiros até quando eu desejar. E você deverá mantê-lo lá dentro até esse dia. Quero que suas chances de fuga sejam... Nulas. - ele dissera e do olhar dos dois pareciam sair faíscas enquanto se encaravam.

Logo após isso, os comensais o levantaram com rudeza.

- Acompanhe-os até a cela dele. - ele encarou Lacbel enfaticamente, mas recebeu apenas um sinal afirmativo de cabeça enquanto começava a seguir os três, que já saíam.

Os passos eram os únicos sons que ouviam. Já estavam adentrando as masmorras naquele momento. Os dois comensais, cada um de um lado, e Lacbel logo atrás do prisioneiro.

- Vocês não se incomodam? - o jovem falou, recebendo apenas uma tapa na cabeça.

- Silêncio, insolente. - dissera o que havia batido.

- Que mal humor... - ele resmungara, com ar debochado, irritando-os.

- Só vai piorar sua situação se continuar a nos irritar. - ameaçara um dos comensais, os dois continuando simplesmente a seguir caminho.

- Mais do que já está? - ele perguntara com ar debochado. - Duvido.

Nesse momento, o comensal ao lado direito virou-se e ficou bem na frente dele, com ar bem aborrecido, com um dedo apontado bem na sua cara com a mão que não segurava a varinha...

- Sem... Mais... Gracinhas! - ele falara de modo muito aborrecido.

Foi quando aconteceu. O comensal paralisou quando as cordas que o prendiam simplesmente sumiram, e fora esse tempo que o prisioneiro utilizara para tomar a varinha dele à força e desacordá-lo, fazendo o mesmo com o outro, que não tivera tempo de reagir. Mas, antes de se virar para o terceiro, sua varinha fora retirada de sua mão. Seus olhos eram destemidos, o que Lacbel sabia o que significava. Mesmo desarmado, iria tentar lutar. Sabia por experiência própria.

Quando o comensal ficara de frente com ele, vira que ele tocara levemente a varinha do comensal distraído, e provavelmente produzira um feitiço para as cordas sumirem. Ele vira, mas não fizera nada, até o prisioneiro acabar com os dois comensais. Só depois disso reagira, desarmando-o. Depois, com a varinha do comensal em mãos, levitou-o, enquanto com a própria varinha acordou os comensais.

Ele o amarrou, como antes, apenas adicionando cordas em seus pés, para que ele não pudesse fugir. Pousou-o no chão e então escreveu uma frase no ar, com sua varinha, enquanto jogava a que fora roubada pelo prisioneiro para o legítimo dono.

"Não irei responder pela incompetência de vocês. Digam onde fica essa cela e eu levarei o prisioneiro." as letras eram amareladas, como se escritas em fogo. O prisioneiro observava, estranhando a maneira com que se fizera "ouvir", pois os comensais estavam morrendo de medo.

- No... No fim do corredor, sr Lacbel. Do corredor à esquerda. - respondera um com ar temeroso.

Lacbel fizera um movimento de cabeça indicando concordância, enquanto levitava o prisioneiro e começava a caminhar. Mas parara, simplesmente indicando, com ar rude, a saída das masmorras com o dedo indicador. Usava luvas negras, não deixando que vissem nada, nem um milímetro de seu corpo. Os comensais saíram correndo.

Assim que recomeçaram a caminhada, o prisioneiro, agora completamente imobilizado, retornara a falar.

- Lacbel... Ah, você é o comensal que desequilibrou a guerra. Que fez o lado de Voldemort voltar a ganhar. - ele falara suspirando. - Decepcionante.

- Silêncio. - sua voz saiu rouca e baixa, mas com um tom óbvio de ordem.

- Ué, achei que fosse mudo. Por que falou com os comensais através de frases escritas no ar? - ele perguntou, parecendo ter ignorado o que falara.

- Silencio. - ele dissera, mas dessa vez era um feitiço, que o fizera perder a voz. - Não é da sua conta.

E, com aquilo, finalmente o resto da caminhada se prosseguiu no seu mais completo silêncio. Colocara-o na tal cela especial. Não fora rude, apesar de ser considerado um comensal. Deitara-o delicadamente no chão, fechando a porta da cela e, depois disso, tirando as cordas e o feitiço de silêncio. Logo ele se levantou, encarando a cela onde fora colocado. Havia um buraco que parecia ser onde se fazia as necessidades e uma madeira que era pregada em um dos lados na parede. Noutro tinha correntes que se prendiam a mesma, para mantê-la paralela ao chão. Aquele banheiro parecia ter bem pouca privacidade. E aquela "cama" parecia pouco confortável. Mas, talvez, mais confortável que nada.

- Que privacidade... - ele observou, ao verificar o buraco e depois as grades que davam uma visão completa da parte externa... Obviamente podiam fazer a mesma coisa de quem estava fora para a parte de dentro.

Observou-o explorar a cela, completamente em silêncio. Depois que o prisioneiro terminou suas observações, foi sentar-se na tábua, onde parecia verificar alguma coisa.

- Levemente confortável. Achei que fosse pior. - ele parecia nem notar que continuava ali, mas uma hora virou-se em sua direção, focando-se no buraco negro que seu capuz deixava.

E o silêncio prolongou-se por longos períodos. Ele não se importava, se acostumara com o silêncio, mesmo estando com outra pessoa. Não se incomodava em nada. Mas finalmente aquilo fora quebrado pelo prisioneiro, que já estava perto das grades, ainda olhando fixamente para o buraco negro do seu capuz.

- Então, seu sobrenome é Lacbel... Não me é estranho. De qualquer forma, você deve ter se unido à Voldemort não faz muito tempo, já que o placar dessa guerra mudou não faz muito tempo, não é mesmo, sr Lacbel? - ele perguntou, sorrindo, aquele sorriso acalorado e genuíno.

Durante alguns segundos, houve silêncio. Deixava-o falar sozinho ou respondia? Mas, como um pouco antes, quando o trazia, falou. Não precisava erguer muito a voz ali, naquele lugar desolado, para que ele o ouvisse.

- Talvez. - fora o que falara, sua voz sem um pingo de emoção. Saíra grossa... Só notara agora como sua voz era grossa, nas raras vezes que falava. Por causa de sua garganta. Parecia até um velho.

- Hum, que humildade. Estranho. - ele dissera, se escorando nas grades, encarando-o levemente intrigado, mas após um tempo formou um ar despreocupado. Passou-se alguns segundos enquanto olhava as próprias mãos e, então, voltou a encarar bem o capuz com ar sério - Parece que não tem problemas por mencionar o nome de Voldemort... Não se irrita, não estremece... Mas, no entanto... Você o teme.

Parecia que não era só ele que observava as pessoas.

- Esse nome não me diz nada para temer... - porque o estava respondendo? Poderia ser rude, poderia deixá-lo falando sozinho ou até mesmo retirar-lhe a voz novamente... Mas ele respondia. - Sua presença, sim. - ele tossiu, pois sua garganta ficara irritada com a quantidade de palavras proferidas em tão pouco tempo.

- Está doente? - ele perguntara, erguendo uma sobrancelha.

- Não. - ele respondera, assim que parara de tossir.

- Droga. Mas esperança é a última que morre, não é mesmo? - ele dissera com aquele sorriso malicioso.

- Mas morre. - ele dissera ríspido. Não gostava daquela frase... Tinha repulsa dela.

- Hum... - observava-o intensamente, parecendo mais sério, mas repentinamente mudara de assunto - Será que você escreve frases porque não aguenta falar muitas coisas? Ou porque não gosta que outros o ouçam?

- Deduza por si mesmo. - Lacbel já estava recostado na parede. Isso não significava que estava relaxado.

- Você não é muito de papo... - ele comentou, com certo sorriso. Ele suspirou, olhando para o teto e finalmente voltou-se, recostando a cabeça na grade de frente com o seu cárcere. - Porque não tira esse capuz? Todos já tiraram.

- Eu não sou todo mundo. - sua voz saíra insensível, mas dava para notar uma mínima conotação irritadiça.

- Tem vergonha do seu "grande" feito? - o riso debochado ecoou pelo corredor desolado.

- Talvez. - sua voz retornara a indiferença anterior. Pelas feições dele, ele ficara levemente frustrado.

- Hum... Você é um comensal estranho... Seus companheiros não te estranham? - não falava, andava igual uma sombra pra cima e pra baixo... Qualquer um na Ordem da Fênix notaria algo assim. Bom, mas ali não era a Ordem da Fênix.

- Talvez. - ele voltou a dizer, parecendo-o deixar ainda mais frustrado. Provavelmente, porque não estava dando as respostas desejadas.

- Preciso admitir... Dessa vez, Voldemort se superou. Nunca imaginei que conseguisse finalmente um comensal como você. Sente medo de Voldemort, mas seu nome não significa nada, não tem orgulho e arrogância. É forte e não se ofende facilmente. Além de ser bastante inteligente e fiel... O que é mais raro ainda. Afinal, quem é você? Qual seu nome?

- Já sabe meu nome. É tudo de que precisa saber. - falara simplesmente, tossindo, sua garganta ainda mais ruim. Do jeito que ele falava, parecia que era o comensal estrela, que todo grande vilão sonha em ter. Mas, precisava admitir, do jeito que o qualificou seria o sonho de qualquer um, mesmo, um servo assim.

- Sei seu sobrenome. - ele o corrigira.

- E só precisa saber isso! - dissera mais alto, forçando sua garganta, sua rouquidão piorando, começando a tossir ainda mais. Obviamente, parecia ter se irritado. Porque ele insistia em querer saber sobre ele!?

- Será que toquei em um assunto proibido? - o prisioneiro falava, enquanto ouvia-o tossindo, sorrindo maliciosamente - Sim... Claro que sim! Nosso jovem e perfeito comensal, afinal, tem medo de se revelar. Será que Voldemort sabe sua identidade?

Lacbel só conseguiu responder após alguns segundos, quando parou de tossir. Depois de respirar, respondera, de modo bem seco e ríspido.

- É o único.

- Realmente... Não há muitas coisas ultimamente que ele não saiba. Será que ele usou o seu medo de se identificar para chantageá-lo e apoiá-lo nessa guerra? - seu tom não era debochado, era algo como se estivesse pensando e deduzindo com as poucas informações recebidas.

- Talvez. - a resposta normal que sempre dava quando ele fazia perguntas sobre si. Novamente, ele ficou perdido com aquela resposta que lhe deixava em um beco sem saída. Nunca dava respostas certas, apenas uma resposta incerta, não deixando-o saber se aquilo era a verdade ou era mentira. E, pelo pouco conhecimento do prisioneiro sobre ele, ficava ainda pior para ter noção de quando falava talvez querendo dizer sim, e o talvez querendo dizer não.

- Consegui descobrir alguma coisa. Você não gosta ou tem medo de se revelar. É duro arrancar algo de você, sabe? Isso me deixa entusiasmado... Nos últimos momentos de minha vida, consigo achar algo interessante em que me concentrar. Primeiro comensal do qual eu tenho interesse em conhecer!

- Isso não me parece um elogio. - Lacbel falou e, como sua garganta estava inflamada, isso saiu bem baixinho, mas naquele silêncio dera para ouvir bem.

- Pois é um elogio! - ele dissera, sorrindo genuinamente de uma felicidade esquisita. Que felicidade se tinha em estar preso, falando ser os últimos momentos de sua vida, sendo vigiado por um alguém desconhecido e, quase que obviamente, inimigo?

- Isso NÃO É um elogio... - dissera enfaticamente as palavras mais importantes, para não arrebentar mais com sua garganta. Precisava beber alguma coisa, mas não poderia sair dali. Que insistência da parte dele...

- Percebo que isso produziu finalmente certa irritação. Interessante... - ele dissera enquanto o encarava, parecendo pensativo - Mas vou te deixar em paz, provavelmente eu tenho muito no que pensar sobre os seus "talvez" e você precisa descansar essa garganta inflamada. - ele sorrira de um modo bem significativo. Como se estivesse ganhando alguma coisa ou tivesse algum trunfo.

- Como queira. - Lacbel simplesmente respondera, continuando no mesmo lugar.

Ele foi deitar-se na tábua, encarando agora o símbolo dourado em seu pescoço. Parecendo um medalhão com o símbolo do Dragão. Nunca vira aquele broche antes em loja alguma, o que poderia ajudá-lo a identificar o ser misterioso que o vigiava.

Ambos permaneceram em silêncio durante um bom tempo, algumas vezes parecendo "se encarar" outras vezes olhando um para cada lado.

Finalmente, passos foram ouvidos até ali. O prisioneiro, do qual Lacbel tentava se lembrar ainda de onde reconhecia, levantou-se da tábua, indo ver quem era, através das grades.

Um comensal vinha com uma bandeja com dois sanduíches e dois copos de suco, se aproximando. Ele parecia diminuir os passos conforme se aproximava, fixando cada vez mais seu olhar na silhueta negra, que parecia estar encarando-o.

- Algum problema com o prisioneiro? - foi o que ele disse, enquanto entregava a bandeja para Lacbel.

Houve um sinal negativo por parte dele. O comensal só fez outro sinal, indicando que entendia, deu as costas e saiu dali com ar apressado.

- Os comensais não parecem gostar de você. - ele comentou, enquanto o via se abaixar com a bandeja. Fez isso logo depois.

- Têm medo. - dissera simplesmente, enquanto empurrava aos pés dele um copo de suco e pegava um dos sanduíches e entregava a ele.

- Você usa luvas... - ele comentara, enquanto pegava o sanduíche, ainda observando o outro pegar o outro lanche com o suco. - Erm... Vai comer o mesmo que eu? - pela voz que ele denotara, aquilo era completamente estranho.

- Vou. - nunca dava muitos rodeios. Suas respostas eram sempre diretas. Sendo elas incertas ou certas.

- É, parece que não fazem muita diferença entre você e eu. - debochara com um sorrisinho, enquanto dava uma mordida em seu lanche.

- Notou? - ele disse de um modo irônico, enquanto começava a comer. Droga, não devia ter dito isso...

Aquilo provavelmente o pegou de surpresa, fazendo-o olhá-lo de um modo esquisito. Como se estivesse assimilando sua ironia ainda.

- Não acha... Humilhante? Está comendo igual a um prisioneiro! - ele dissera, meio incrédulo. Aquele comentário tinha sido atirado com a intenção de irritá-lo, não de adquirir informações.

Lacbel simplesmente começou a comer, como se tivesse ignorado a última coisa que ele falara.

- Eles sempre te tratam assim? Ou é só porque estou aqui? - ele perguntou, ainda inconformado. Só podia ser brincadeira.

- Porque está aqui. Muitas vezes é pior. - dissera com ar natural, dando de ombros. Não tinha mais nem como esconder aquilo e, provavelmente, não era grande coisa. Ele acabaria por ver sua "dieta diária" mesmo, então ele ia ter de se acostumar que comia igual à ele, ou, como ele dissera, à um prisioneiro. Como não estava forçando sua garganta, ela não estava se inflamando tão rápido. E com o suco ela melhorou bastante, como se fosse hidratada.

- É assim que tratam os melhores comensais? Achei que o egocentrismo de Voldemort fosse mais sensato. - ele comentara, enquanto o encarava e comia, como se agora ele fosse algo muito, muito mais interessante que antes.

Simplesmente suspirou, parando de comer por alguns segundos, enquanto olhava o lanche. Fazia um bom tempo que não comia algo bom daquele jeito. Terminou sua refeição rapidamente e se levantou, dando-lhe as costas. Sentia os olhos do prisioneiro sobre ele... Agora sentia que havia uma troca de papéis, onde o cárcere virava o prisioneiro vigiado e o prisioneiro se transformava no cárcere. Não precisava manter vigília, já que agora ele estava preso pela curiosidade de descobrir os segredos por debaixo da capa do mais fiel comensal de Voldemort. Que até mesmo retirara Belatrix do posto de braço-direito.

Segredos que ele não podia descobrir...

- É, parece que estamos fadados a ter de nos aturar até quando seu Mestre decidir que eu deva morrer. - ele comentara, enquanto suspirava alto e se jogava na tábua, fazendo certo barulho.

- Não vai tentar fugir? - Lacbel perguntou só por perguntar, achando estranho como ele se conformara tão rápido. Sua curiosidade era tão grande assim que se conformara tão rápido a manter-se preso ali?

- Verdade, não é mesmo? Mas acho que, se Voldemort colocou seu braço-direito para me vigiar, quer dizer que isso vai ser bem complicado. Provavelmente foi pelas dificuldades... Ele sabe que todos os outros comensais são burros o suficiente para cair em minhas armadilhas... Mas você parece ser mais inteligente. O que eu não entendo é porque te trata tão mal, sendo a melhor arma que tem. - ele falara, observando-o atentamente.

- Ele tem seus próprios motivos. - simplesmente respondera. Não devia ter dito aquilo... Precisava começar a deixar de respondê-lo, ou acabaria alguma hora falando a coisa errada. Bom, de que ia adiantar? Ele só acharia que era uma brincadeira, ou que estava brincando com a cara dele.

- Sei... - ele falou, olhando-o pensativamente. Próprios motivos... - Mas, me diga, que dia é hoje? - ele queria ver quanto tempo ia durar naquela prisão.

- Não sei com exatidão. - falara simplesmente, enquanto voltava a ficar de costas para a grade, olhando o corredor vazio.

- O que exatamente você sabe? - ele perguntou curioso. Não pretendia adquirir uma resposta. - Sabe, do dia, tempo, semana, sei lá...

- Que hoje deve ser... A primeira terça-feira do mês... - dissera lentamente, abaixando a cabeça. Não gostava de alguns dias da semana e de um dos dias do mês. Ele foi até a parede, se recostando e começando a deslizar por ela lentamente, até sentar-se no chão.

Lacbel parecia ter desanimado estranhamente, foi o que observou o prisioneiro. O que poderia ter naquelas palavras para desanimar alguém daquele jeito?

- Achei que você não guardasse dias da semana, nem em que semana está. Método incomum este de guardar dias da semana, mas não os dias em si. - ele falara, olhando-o atentamente. Pelo que conseguia ver, usava calças negras, com meias e sapatos também. Não dava para ver praticamente nada de seu corpo, mesmo com a capa e as vestes que vestia logo abaixo para o lado. Provavelmente, a única parte visível seria sua cabeça se não houvesse o capuz!

- Gostaria de não guardá-los. - dissera rispidamente, enquanto colocava os braços retos sobre as pernas, deixando as duas mãos pegando a varinha e os cotovelos, que se apoiavam aos joelhos.

- Então, porque os guarda? - ele perguntou - É fácil se perder no tempo... Já se perdeu até no calendário, porque não se perdeu nos dias da semana? E na semana que estamos... - realmente era bem esquisito alguém guardar o dia da semana, mas não guardar realmente o dia em que estava.

- Ele não deixa. - por baixo do capuz, ele fechou os olhos, sentindo o coração apertado. Provavelmente, não era porque estava vigiando o prisioneiro mais importante dele que o Lorde iria esquecê-lo. Não iria retirá-lo da rotina que o tinha submetido.

- Voldemort? - ele perguntou, com ar estranho - Pra alguém tão fiel, você não parece nada satisfeito em servi-lo. Ah, é... A chantagem. - ele falou, voltando a olhar para o teto - Ter medo de ser revelado... Que tipo de chantagem estranha. - ele comentara, provavelmente pro vento, porque para Lacbel que não era.

- Você fala demais para um prisioneiro. - dissera calmamente. Ele era muito paciente... Ou carente, talvez. Fazia muito tempo que não conversava com alguém daquele jeito... Talvez por isso ainda não houvesse dado o gelo nele.

- E você fala de menos para um cárcere. - ele comentara, sorridente - Você nunca ficou de vigia a um prisioneiro, não é verdade? - ele perguntara, virando-se na tábua, apoiando a cabeça na mão e o cotovelo fazendo apoio sobre a tábua.

- Eu... - ele parou, olhando para o corredor, percebendo que ia falar uma idiotice. Se falasse aquilo, ia dar praticamente uma revelação - Nunca vigiei um prisioneiro. - foi o que ele finalizara, após um segundo, como se processasse alguma coisa. Depois pensou que, mesmo que tivesse dito, ele não acreditaria e qualquer outra resposta o satisfaria.

- Você ia dizer outra coisa. - ele dissera, com ar concentrado.

- Não te importa. - dissera simplesmente, aborrecido com a própria burrice. Devia ter dito aquilo, antes de parar para pensar.

- Era algo sobre você. Vamos, porque não quer se revelar para um prisioneiro condenado como eu? - ele perguntou, olhando com um ar reprovativo.

- Só acredito nas coisas que acontecem, e não nas que deduzem que irá acontecer. - Lacbel dissera simplesmente, continuando a olhar os braços esticados sobre os joelhos, novamente com a voz levemente irritadiça.

- Bem radical... - ele comentou, olhando bem para seu cárcere - Bem, sr Lacbel... - ele dissera, enquanto se virava para a parede - Vou dormir e te deixar em paz... Boa vigília. - ele dissera silenciando-se, finalmente.

Após algumas horas, um comensal aparecera, novamente carregando uma bandeja com os lanches e os sucos característicos. Do mesmo jeito que antes.

- Problemas com o prisioneiro? - ele perguntou, olhando para as grades, vendo-o deitado na tábua.

Fez um sinal negativo, enquanto pegava a bandeja e entregava a que servira de almoço. Então, o comensal olhara novamente para a tábua, como se verificasse realmente se ele estava adormecido.

- O Lorde das Trevas mandou-me avisá-lo que hoje é a primeira terça-feira. - ele dissera de um modo nervoso, enquanto saía de lá o mais apressadamente possível.

Ele engoliu em seco e estremeceu levemente, após o comensal ter sumido. Infelizmente, o suco era sensível a qualquer estremecimento e logo a água se agitou levemente. Quando se virou para a cela, o prisioneiro estava levantado, próximo às grades, de braços cruzados, com ar meio acusador e intimidador.

- Não devia ter ouvido o que o comensal falou. - Lacbel avisara, enquanto se sentava e colocava a bandeja no chão.

Ele tinha seguido, também sentando e observando a comida.

- É assim que você nunca perde o tempo durante a semana... Os dias da semana são ameaças. Mas porque ele fala em qual semana do mês essa terça-feira está? - ele dissera para si mesmo, sua testa franzida, como se aquilo o deixasse furioso. Mas confuso, ao mesmo tempo.

- Aconselho a não descobrir mais nada sobre mim. - dissera simplesmente, mas com um leve tom de aviso, enquanto dava o lanche e empurrava o copo através das grades.

- O que pode acontecer comigo? Ser torturado? Morto? - ele riu a essa última palavra - Não sei nem como estou ainda vivo... Eu deveria ter morrido assim que Voldemort colocou as garras em mim. - mas ele ficou levemente intrigado sobre a preocupação do cárcere em "aconselhá-lo".

- O comensal que conseguiu desapareceu repentinamente... - Lacbel dissera, como um aviso. O Lorde não queria nem que seus próprios comensais soubessem, muito menos um prisioneiro que devia ser seu pior inimigo. Sentia que sua garganta estava bem melhor, sua rouquidão não estava inflamando sua garganta. Agora simplesmente fazia sua voz ficar volátil.

- Deve ter sido morto. - ele dissera dando de ombros – Agora, me diz, por que usa todas essas roupas? Não sente calor?

- Isso não importa. - respondera, sentindo-se estranho. Nunca ninguém tinha perguntado isso a ele. - Preciso usá-las, só isso.

- Para se esconder melhor? - ele perguntou, enquanto começava a comer, como se estivessem conversando algo fútil.

- Por favor, não pergunte mais. - Lacbel falou, ficando apreensivo. Se o Lorde das Trevas descobrisse que estava conversando com ele, ficaria furioso. E ainda que estava descobrindo cada vez mais coisas por causa das perguntas que insistia em fazer.

- Você poderia me silenciar, poderia me ignorar, ou simplesmente me desacordar, para não ficar te irritando com perguntas. Sou um prisioneiro, alguém inferior, um capacho... Mas, ainda assim, você me atura. Mesmo podendo fazer tudo isso. - ele olhou o teto, enquanto tinha as mãos sobre o suco, seu lanche terminado.

Lacbel sentiu cada vez mais medo, conforme ele falava. Realmente, poderia fazer tudo aquilo, mas não o fizera... Não conseguia, ou simplesmente não queria. Precisava, mas, ao mesmo tempo, não podia. Seus conflitos eternos. Rezava para o Lorde simplesmente perguntar se não houve alguma tentativa de fuga ou simplesmente nem se ligar a esse fato.

Após aquele último pensamento alto dele, o silêncio tomou conta novamente. Os dois simplesmente ficaram calados, um em cada canto, com seus próprios pensamentos. Ele parecia ter voltado a dormir na sua tábua, após duas ou três horas. Era uma questão de espera até aparecerem...

Como havia pensado, após algumas horas, o comensal portador oficial dos comunicados do Lorde para ele chegou, com mais 7 outros comensais. Provavelmente, 2 eram para ficar ao lado dele e os outros 5 no posto de vigília enquanto... Precisava continuar sua rotina.

- Vamos, Lacbel. O Lorde das Trevas o espera. - dissera o comensal, já virando as costas, sem nem esperá-lo.

Foi caminhando, sendo ladeado pelos dois comensais, deixando a cela do prisioneiro e os outros 5 comensais para trás. Estava de cabeça abaixada, enquanto andava com ar conformado ao seu destino. Ao encontro... Dele.

Caminhou sem olhar para onde o levavam. Preferia ignorar o caminho, afinal, sempre existiria os guias e não precisava ficar relembrando o ocorrido toda vez que passasse por ali em dias normais. Finalmente pararam, depois do que pareceu uma eternidade de caminhada.

- É aqui, Lacbel. - falara o comensal, então ele dera um sinal para os outros para irem embora e ele foi junto.

Assim, foi deixado sozinho, em frente à uma porta. Tomou coragem, respirando bem fundo. Terça... Feira. Sentiu vontade imensa de chorar. Um choro silencioso, desesperado, pedindo por socorro... Protestando com o que estava por vir, sabendo que não podia mudar o que sofreria.
__________________________________________________________________________________

Primeiro capítulo está meio grande, eu acho que só ele ficou tão grande assim. Não se intimidem, sim? :mrgreen:
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Agora eu me tornarei um dragão, para ficar ao seu lado." - Trecho retirado do anime Toradora. ~*

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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by Perséfone »

Aviso para futuros leitores: eu sou a beta da twin.
Eu tenho posse do Lacbel.
Não abro mão para ninguém u_u"
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só para deixar bem claro (Y)
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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by Severus A. »

Pers é muito controladora pessoas, nn liguem :roll:

Enfim, capitulo lindo *_*
Eu já tinha lido, mas tem um ar de mistério lindo *_*

Adoro o capitulo terminando com asensação de quero mais
*_______*
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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by Chronos W. »

*esperando ansiosamente pelo próximo capítulo*

Fic muito perfeita, tá de parabéns!
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Temos que pegar
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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by Severus A. »

Danona, posta logo o próximo capitulo uú
Estou lendo por aqui a fic e já tem tempos desde o ultimo capitulo U_U
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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by danona23 »

Desculpa, cunhado, é que tava procurando o arquivo aqui na bagunça que eu fiz. Fiz apressado tudo quando fui viajar e esqueci de organizar. Mas prometo que hoje eu posto x:

HOJE *suando pra encontrar o arquivo*

Ah, respondendo aos comentários.

Pers, não assuste os leitores assim. HAUSHUSHAUSHUSHAUSH Eles já tem que ler algo quilométrico, ainda pra ler esse singelo "aviso".

Own, cunhado, você vai ler tudo de novo por mim? *----* Apesar que você não terminou de ler antes, parou alguns capítulos antes do último que produzi ii Mas assim você segue butinin agora ;D

Próximo capítulo ainda hoje, Chronos \o espero que ela continue boa enquanto você esteja lendo xD

E aos leitores anônimos que não postam comentários, mas ainda assim querem acompanhar a fic, obrigada por lerem e terem paciência ;D
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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by danona23 »

Tigres e Dragões – Capítulo 02


Seu sono fora interrompido por barulho de passos. Harry abrira levemente os olhos, encarando as paredes cinzentas de sua cela. Parecia vir uma tropa de pessoas chegando ao corredor, pelo barulho ecoado de seus passos nas paredes daquele corredor lúgubre e solitário. Apesar da única e mísera tocha que havia frente a sua cela, dava para ver uma movimentação de sombras difusas, já que várias pessoas tinham as varinhas acesas com o feitiço de Luz, Lumus, dificultando uma projeção clara e direta dos acontecimentos externos.

- Vamos, Lacbel. O Lorde das Trevas o espera.

A sombra de Lacbel era a única reconhecível, pois não saíra do lugar nem um momento, enquanto as outras se mostravam irrequietas. Até um pouco perturbadas, ele diria. Lacbel movimentou-se em direção à turba desconexa de sombras e, então... As sombras se agitaram, como se estivessem se organizando.

Parecia, através das sombras, que o grupo se dividia em dois, deixando metade para trás, vigiando a cela, e outro indo embora, provavelmente com Lacbel. Para que trazer tanta gente, se Lacbel obviamente devia ir sozinho ao lugar esperado? Após essa organização, os passos começaram a se afastar e diminuir gradativamente de som. Seu cárcere, que era penas um, virara, pelo menos, mais de dois. Continuava deitado, de costas para as grades de sua cela, pensando se deveria se virar e verificar quantos havia ficado de verdade.

No entanto, não o fizera. Apenas ouvia os passos irem sumindo, até finalmente o som se extinguir completamente, tornando o corredor silencioso como antes. Ficara mais alguns segundos esperando, controlando sua curiosidade quando, finalmente, alguém havia falado.

- Horrível. - falara um comensal, com um tom baixo e atemorizado.

- Não gosto do Potter, mas sinto pena por ficar o dia inteiro perto dele. - falou um outro, parecendo compartilhar do mesmo sentimento do anterior.

Harry não entendera o que o comensal havia falado. Qual era o problema de ficar perto de Lacbel? Não havia nada de errado... Só era um pouco maçante quando não conseguia as respostas que queria, admitia, mas, em síntese, não via problema nenhum com ele para ser tão aterrorizante. Não, via só um problema! Lacbel era tão paciente e calmo que chegava a ser gentil, nada característico de um comensal, muito menos de um cárcere. De resto, era completamente... comum.

- Concordo... - falou um outro, ouvindo-se nitidamente que suspirava com ar contrariado - Mas isso, de certa forma, é bom.

- Por quê? - pelo coro de vozes, não deu pra definir exatamente quantos haviam perguntado isso.

- Não veem o óbvio? O Ministério já deu Hogwarts por perdida enquanto Lacbel estiver aqui. Se o Lorde das Trevas está dando uma ordem tão fútil à Lacbel, quer dizer que ele não espera ataques vindos do inimigo. Na verdade, ele deve estar recrutando para mais um ataque em massa. - o comensal dizia aquilo com ar lógico, racional e bem firme. Convincente, realmente.

Naquele momento, Harry decidiu "se ajeitar" em sua tábua que servia como cama, a fim de ter uma visão dos comensais que conversavam. Sua curiosidade finalmente vencera. Mesmo sabendo que eles parariam de falar momentaneamente, para verificarem se estava dormindo, o que ele pretendia dar uma resposta positiva a essa analise, para que sua presença não mudasse o curso dos relatos.

- Que susto. - havia falado um dos comensais, que se aquietaram por alguns instantes, meio apreensivos. - Achei que, por um minuto, Potter estivesse acordado, nos escutando.

- Deixe-me ter certeza. Lumus! - e Harry sabia que, naquele momento, devia ter uma luz sobre si, tentando identificar se estava acordado. - Adormecido... Completamente. - sentenciou o comensal, que logo apagou sua varinha.

- Não sei como ele consegue dormir com Lacbel tão perto. - comentara um comensal aos sussurros e, quando Harry abrira minimamente um dos olhos, observou-o apreensivo.

- Criatura Lacbel... - debochou o comensal mais cético, usando um tom de correção enquanto olhava para os outros, que retornaram seu olhar, apavorados. Ao todo, eram apenas 5 comensais. Seria fácil de fugir, se quisesse...

- Você é doido? Não fale isso ou vai chamar o demônio! - o que parecia ter mais coragem dissera, apesar de ainda parecer apavorado.

- Parem de fazer superstições idiotas, seus covardes. Mesmo que Lacbel seja realmente uma criatura maligna conjurada do inferno, como tantos acreditam, vai obedecer apenas ao Lorde das Trevas. Acha que só por chamá-lo, de um modo nada delicado, claro, vai aparecer aqui com um toque de mágica? - falou o comensal, parecendo ainda mais cético. - É só lerem os livros certos, incultos.

Harry achou realmente muita falta de delicadeza da parte deles chamarem-no assim. O que estava pensando? Defendendo um comensal de seus próprios companheiros? Por Merlin, onde iria parar o mundo? Mas não podia negar que o comensal fora de muita ajuda...

Mesmo que ele não tivesse a intenção, Harry tivera uma idéia extremamente perversa em sua mente quando ele falara "vai aparecer aqui com um toque de mágica". Seria realmente muito divertido fazer uma imagem de Lacbel e vê-los correndo apavorados iguais a mulheres histéricas. Mas ainda era apenas uma ideia, que não podia colocar em prática sem uma varinha.

- Sabe-tudo... - resmungou um deles, que recebeu um olhar fulminante do mesmo que fora "insultado", fazendo Harry ter de segurar o riso.

Eles acreditavam MESMO em toda aquela idiotice que falavam? Esse era o motivo de terem tanto medo de Lacbel? Não fazia sentido nenhum.

Após um momento de silêncio, recomeçaram a conversar, mas acerca de eventos recentes de fora do castelo, colocando Harry à par dos acontecimentos. A coisa estava realmente feia para o lado do Ministério, que tinha poucos lugares onde se esconder agora. Eles produziam a tática de atacar os lugares mais "indefesos" de Voldemort, para tentar ganhar terreno, o que estava funcionando, em realidade. Mas não significava que eles ainda não estivessem perdendo. Mas o que mais o assustou foi que os principais lugares, Ministério da Magia, Hogwarts, Beco Diagonal e Hogsmeade, estavam completamente dominados. Tudo, pelo que entendera, porque Lacbel estava no meio do exército de comensais. Os próximos locais a serem dominados eram locais trouxas, para começar a mostrar a guerra para eles.

Ao ouvir isso, Harry pensou se não deveria deixar sua missão principal de lado para ter de descobrir os pontos fracos de Lacbel. Talvez pudesse inutilizá-lo, matá-lo, persuadi-lo, sabe-se lá. Qualquer coisa! O objetivo principal, caso percebesse ser importante mesmo, era que ele não ficasse mais ao lado de Voldemort, e isso já era o suficiente para recomeçarem a ganhar. Nem precisavam realmente de sua ajuda, apenas sua ausência. E talvez nem fosse tão difícil, pois ele não parecia satisfeito em servi-lo. Parecia uma missão simples. Quem sabe uma proposta melhor?

Quando Harry decidiu parar com suas cogitações, voltara a prestar atenção à conversa. Mas tornara-se desinteressante e fútil, o que o fez voltar a dormir, após um tempo. Harry estava tendo um sono perturbado por uma capa negra, da qual surgia um demônio vermelho, com chifres e cuspindo fogo. Mas, assim que acordou, suando, viu apenas uma sombra negra, encolhida no canto, próximo às grades. O medalhão do Dragão indicava nitidamente quem era. Lacbel voltara ao seu posto, o que indicava que devia ser de manhã. Ou noite? Quem sabe tarde? Era difícil ter certeza estando lá dentro.

Lembrou-se da noite anterior, do que ouvira falar sobre Lacbel. "Criatura conjurada do Inferno", ele pensou sorrindo. Sério, aquela era a piada do ano para ele. De todos os "demônios" que conhecera, Lacbel devia ser o mais calmo e educado. Isso era verdade. Nem mesmo parecia um Comensal da Morte.

Mas, em pouco tempo, descobriu que Lacbel se encontrava num estado... Esquisito. Ficara curioso, aproximando-se calmamente. Observando, não conseguia saber exatamente o que ocorria.

Passou as mãos pelas grades e acenou à frente do capuz, mas não houvera nenhuma reação. Sua primeira idéia fora tentar retirar o capuz de sua cabeça. Mas alguma coisa, um instinto próprio adquirido para sobreviver, dizia que não era a hora disso. Mas não conseguia admitir o fato de seu cárcere simplesmente ignorá-lo, quando era seu trabalho ter de vigiá-lo.

Durante um bom tempo, ele não soube o quanto, fizera muitas coisas. Balançara as grades, arrastara os pés, fazendo a borracha de seu sapato trouxa fazer um terrível som, tentava fingir que tinha saído da prisão, produzia ruídos, como se tentasse arrombar a cela. Mas nada parecia tirar Lacbel daquele canto. Encolhido como se quisesse sumir. Desaparecer. Desistiu, finalmente, percebendo que, o que quer que Lacbel estivesse fazendo, pensando, sentindo, estava tomando toda a sua atenção.

Finalmente, sua última tentativa. Fez um comentário alto.

- Terra chamando Lacbel. Responda! - Sem reações, como todas as outras vezes. Seus pensamentos ficaram intrigados com esse fato.

Ficou olhando-o por um longo tempo, agora sem fazer nada. Apenas se sentou na mesma parede que Lacbel, um pouco mais para dentro da cela, olhando-o de soslaio algumas vezes. E, praticamente, o dia transcorreu assim. Apenas na hora das refeições é que Lacbel dava "sinais de vida", mesmo que ele soubesse que, na verdade, parecia mais um zumbi do que realmente um ser vivo, e, logo após a refeição, entrava na letargia. O que Voldemort fizera com ele naquela terça-feira!? Mas, após a segunda refeição, ele decidira fazer, finalmente, algo extremamente perigoso.

Tentaria roubar-lhe a varinha.

Bem sorrateiro, mas imaginava que, mesmo que fizesse extremo barulho, Lacbel não iria reagir de qualquer forma. Lentamente, tentou tocá-lo. Fora, provavelmente, o único teste que não realizara. Tocou o ombro, delicadamente e bem de mansinho, para não "assustá-lo". Sólido, isso indicava que pelo menos Lacbel era um demônio sólido. Conteve o riso, tinha de fazer algo perigoso e não era tempo de piadinhas. Depois, com um dedo, fez uma parte da capa cair para o lado, mostrando a varinha que segurava na mão.

Agora vinha a parte mais difícil da história. Pegar a varinha da mão dele. Isso requeria coragem, cara-de-pau e muito sangue-frio.

Engolindo em seco, rezando fervorosamente e tentando manter a concentração, movera suas mãos até a ponta da varinha, começando lentamente a puxá-la.

A mão de Lacbel estava vindo junto com a varinha, mas não parecia ainda reagir. Foi retirando, com o coração acelerado. Então, com a outra mão, lentamente, começou a retirar dedo por dedo da varinha. Será que estava dormindo? Pra um comensal, parecia ter um sono bem pesado! Finalmente, retirara o último dedo e sua mão voltara novamente ao lugar.

Tinha conseguido? Observou o fruto de seu roubo, com ar incrédulo, olhando para Lacbel espantado. Não podia ser verdade. Estava sonhando, era isso... Beliscou-se várias vezes para ter certeza. Não, não era sonho. Era a completa realidade. Acabara de roubar a varinha do melhor comensal de Voldemort. Devia ser uma armadilha... Então, iria fingir que não havia roubado. Devia ter um bando de comensais esperando lá fora. Mas e se a varinha fosse falsa? E se, na verdade, nem mesmo fosse Lacbel que estava ali!?

Mil cogitações se fizeram na cabeça de Harry enquanto observava a varinha, com o coração aos pulos de tanta emoção. Decidira fazer um teste. Sussurrara o feitiço de luz sobre suas vestes muito surradas. A varinha era verídica.

Então, fingiria que não pegara a varinha daquele boneco. Isso, era isso, obviamente! Um boneco com a forma de Lacbel, para servir de isca. Voldemort devia estar brincando com a sua cara, mas ele tinha de ser mais esperto que isso.

Mas uma hora perceberiam que pegara a varinha e iriam atrás dele. Por isso, precisava tomar cuidado com aqueles 5 comensais que ficariam no lugar de Lacbel. Iria ter de espantá-los, antes de comunicarem que a armadilha tinha funcionado, em parte. Harry pegara a varinha, mas se fingia de desentendido. É... Obviamente era isso!

Deitou-se na sua tábua, de frente às grades, para ter a visão dos comensais, fingindo dormir, mas, mesmo que quisesse, não conseguiria de tanta adrenalina. Colocara a varinha entre as vestes, próxima de sua mão, para que pudesse utilizá-la em casos de emergência, e mesmo furtivamente.

No entanto, para seu completo espanto, horas depois chamaram Lacbel e este simplesmente fora, como se estivesse normal. Lacbel retornara ao seu estado normal! Mas, afinal, o que era normal pra ele? Mas a melhor notícia... Ele não havia reparado que havia sido roubado. Seu coração batia ferozmente... Agora ele entendia que não fora uma armadilha. Devia ter tido alguma coisa errada com Lacbel. Aquela chance era mais que perfeita. Sua fuga praticamente estava dada pelo destino que o amava, só podia! Será que Lacbel, no fim das contas, queria ajudá-lo? Com certeza, o ocorrido era muito impossível para não ser isto.

Assim que os 5 comensais foram deixados sozinhos, esperou mais um pouco, até se distraírem dele. Sua ideia perversa do dia anterior não se esvaíra de sua mente... E, dessa vez, ele tinha uma varinha disponível. Era sua chance... Agora ou nunca! Eles haviam parado de falar momentaneamente, como se tivessem perdido o assunto.

Bem lentamente, tocara na varinha e murmurara um feitiço de ventriloquismo, visando um dos comensais. O alvo: o comensal que debochara dos outros no dia anterior.

- Criatura Lacbel... Que baboseira... - foi o que sussurrou Harry e sua voz saiu igualzinha a do comensal.

Os outros quatro viraram-se para este.

- O que você disse? - eles falaram, mas até o "dono" da fala estava assustado.

- Nada... Eu juro. - ele dissera, com espanto em sua voz.

Mas Harry já começara a conjurar a imagem de Lacbel. A capa negra com o medalhão de dragão em seu colarinho, deixando todos paralisados. Nisso, fez ventriloquismo mágico novamente, para parecer uma voz diabólica.

- Quem me chamou?

- Disse, sim! - falou um comensal, choramingando, todos encolhidos.

- Eu não disse! - ele falara, todos brancos como neve.

- Isso não importa... Eu vou matar a todos, do mesmo jeito! - e Harry rira diabolicamente, fazendo o seu "teatro" rir também, fazendo com que as "luvas" de sua imagem saíssem, mostrando mãos envoltas em chamas e, do capuz, olhos flamejantes os encaravam. Fora o suficiente para os comensais saírem correndo, apavorados demais para notarem ser uma imagem. E, só de perverso, ainda fez a imagem correr atrás deles por algum tempo, para mantê-los correndo.

Infelizmente, Harry não poderia curtir o momento. Com todo o pavor provocado nos comensais, eles iriam acordar todo o castelo com a gritaria histérica. Abriu sua cela, começando a correr pelo mesmo corredor. Mas com uma varinha... Ninguém ia segurá-lo. Ou, pelo menos, era isso que pensava...





Onde estava? Ah sim... Era só mais um dia, dava para ouvir pelos ruídos do ambiente. Naquele lugar escuro. Úmido. Frio. Então, havia luz. Traziam comida, mas não estava sozinho... Havia alguém com ele. Dividia sua comida, de bom grado, e, então, voltava à escuridão. Sentia-se ruim, sentia-se... Um ninguém. Tinha uma varinha, mas não a utilizava. Porque não? Não lembrava... Então, sentiu alguém tentando pegá-la. Delicadamente... Sim, era sempre assim. Não podia reagir, precisava ficar esperando... Ficar indefeso. É só isso que deveria fazer... Não deveria questionar, apenas cumprir. Mas não queria. Mas quem disse que tinha escolha? Faria, sendo do jeito fácil ou do difícil, mas ia fazer, no final...

De repente, havia acordado com a voz do comensal que o chamava para trocar de posto, para ir dormir. Levantara-se de seu canto. Aquela Terça-feira fora ruim. Tivera pesadelos durante a noite e não dormira. No entanto, agora, não se sentia cansado. Estranho... Cochilara? Era provável. O prisioneiro estava na cela ainda, adormecido, como deveria. Mas, estranho... Sentia algo faltando. Mas não conseguia saber o quê. Mas não pensou muito, apenas seguiu o comensal que o chamara.

O Lorde das Trevas esperava no alto da escada, dispensando os comensais que o guiavam logo que o avistou. Foi caminhando até ele, com resignação, enquanto tomavam o caminho para um dos aposentos do castelo... Precisava dormir. Mas o Lorde não queria que fosse em qualquer lugar. Tinha de ser nos mesmos aposentos que ele. Porque tinha de ser no mesmo aposento que ele? Como se não soubesse a resposta...

No entanto, quando estava para subir para o primeiro andar, uma gritaria alta e histérica se ouviu, vinda do Hall de Entrada do castelo, fazendo Lacbel e o Lorde olharem para trás, com ar confuso.

- Vá verificar o que é, Lacbel. - ele ordenara.

Mas, quando foi pegar sua varinha...

Cadê a varinha? Estremeceu ao perceber o que faltava. A SUA VARINHA! Olhou aterrorizado na direção do Lorde, que o fuzilava.

- Você deixou que Potter pegasse a SUA varinha, Lacbel!? - ele falara extremamente furioso, fazendo-o encolher-se.

- Vou recuperá-la, Milorde. - sua voz saíra num fio, completamente aterrorizado.

- Se ele escapar... - ele falou ameaçadoramente e com a voz tentando controlar a ira - Eu não terei piedade. Nenhuma. - ele enfatizara, fazendo o estomago de Lacbel praticamente congelar.

Com essa ameaça nas costas, saiu correndo em direção ao Hall de Entrada, sem dizer mais nenhuma palavra. Quando chegou, percebeu que a gritaria, na verdade, saía do corredor das masmorras e, de lá, os 5 comensais que deveriam estar vigiando o tal Potter estavam saindo desesperados, como se vissem a própria morte. Pior, quando simplesmente viram a sua silhueta no topo da escada, os 5 desmaiaram no mesmo instante.

- O que...? - ele sussurrara, sem entender e foi quando viu o prisioneiro sair das Masmorras portando a sua varinha.

Lacbel sabia que, mesmo que o recapturasse, o pior dia do mês seria duplicadamente pior. Se ele escapasse, não sabia se sobreviveria. Precisava fazer algo urgente. Tomara a primeira atitude, começando a descer as escadas em direção aos comensais desacordados. Precisava de apenas uma varinha e já seria suficiente.

Mas, sem varinha, tudo ficava realmente mais difícil, fora o que pensara, com a lerdeza de descer aquela gigantesca escada.

O Potter, que já estava praticamente na porta, simplesmente o observou correndo escada abaixo, com ar incrédulo de sua coragem de tentar capturá-lo, mesmo desarmado. Isso deixou-o levemente incomodado pelo que iria fazer. Lutar com um inimigo desarmado lhe parecia extremamente injusto. Então, como sinal de respeito, apenas o deixaria desacordado. Além disso, Lacbel fora extremamente gentil com ele enquanto estava de vigília e, mesmo por isso, sentia-se mal por tê-lo roubado. Então, não fá-lo-ia desacordar com algo brutal.

- ESTUPEFAÇA! - aquele feitiço de iniciante iria servir aos seus propósitos.

Mas, para seu horror, o feitiço não fizera efeito. Fora como se simplesmente tivesse sumido no ar quando chegara ao alvo, que não se dera ao trabalho nem de desviar! Lacbel continuava a corrida pela escada. Mas que diabos...?

Tentara outro feitiço, dessa vez.

- IMPEDIMENTA! - um mais forte, com certeza ia fazer efeito.

Como anteriormente, não produzira qualquer efeito em Lacbel. Harry estava perplexo. Que porcaria de feitiço dava efeito naquele monstro!? Mas, então, Lacbel chegara aos pés da escada, onde ele reparara apenas naquele momento que os 5 comensais desacordados estavam ali, portando varinhas. Lacbel pretendia pegar uma delas para vir em direção a ele!

Agora ele percebeu o motivo de dizerem que Lacbel era uma criatura. A coisa mais óbvia que pensou foi em correr para mais longe possível daquilo, rápido e desesperadamente. Porque quem iria encarar um duelo com aquele monstro? Só um louco!

Abriu as portas do castelo, correndo o máximo que conseguia. Nem mesmo notara os comensais de vigília na porta, de tanto desespero. Mas estes também não fizeram nada, assustados pela repentina aparição. E se pretendiam fazer alguma coisa, paralisaram ao ouvir a voz furiosa do Lorde no alto da escada.

- PEGUE-O, LACBEL!

E, como num toque de mágica, Lacbel estava à sua frente, fazendo-o frear. Como uma sombra. Por Merlin, agora ele estava mesmo aterrorizado! Tentara atacá-lo com um feitiço Bombarda, mas Lacbel tinha aparecido em outro lugar, como se aparatasse. Mas não tinha como, aquele lugar era protegido, além disso, o estralo característico não se era ouvido. Como se fosse um fantasma... Então, ele teria de usar feitiços mais fortes.

Tentara se defender, mandando de tudo, um mais forte que os outro, para todas as direções. Incendiara, explodira, tentara até mesmo mandar feitiços letais, azarações, maldições. Chegou ao cúmulo do desespero de usar feitiços de magia negra. E, horrivelmente, nada funcionava. Lacbel era muito mais rápido. Quando ele decidiu parar para respirar... Percebeu que ele estava nas suas costas.

- Desculpe. - ouvira um sussurro ao seu ouvido, quando sentiu seus pés perderem o chão.

Havia acabado de levar uma rasteira e, para o seu completo horror, antes de chegar ao chão, Lacbel já apontava a varinha que ele havia lhe roubado para seu peito. Ele usara um monte de magias para acabar sendo derrotado por uma rasteira! Isso fazia-o lembrar-se de uma frase de Rony que jamais esquecera, quando fora de encontro ao primeiro duelo de sua vida.

"Se nada funcionar, joga a varinha fora e mete um soco na cara dele!"

Ele devia ter usado aquilo, provavelmente seria mais funcional na situação!

Mas, naquele momento, caído aos pés de Lacbel, nem mesmo tinha coragem de respirar direito, com medo de que qualquer movimento brusco fosse o último que faria. Sentia-se paralisado enquanto encarava com os olhos arregalados a silhueta negra em contraste com a lua do céu noturno.

Harry, naquele dia, descobrira o que era sentir realmente medo de alguma coisa.

Já enfrentara muita coisa pela sua vida, que fora eternamente feita para "ficar por um fio". Logo em seu primeiro ano de vida, Voldemort iria matá-lo. Depois de 10 anos, quando fora para seu primeiro ano em Hogwarts, tivera de enfrentar um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, bem mais experiente. Pensando que não poderia existir coisa pior, em seu segundo ano fora obrigado a enfrentar um basilisco, uma das criaturas mais letais que existia no mundo mágico. Depois, em seu quarto ano em Hogwarts, enfrentara o próprio Voldemort e sobrevivera! Depois disso, ele achava que praticamente era abençoado por continuar com vida. Mas aquilo... Era ridiculamente pior que tudo isso junto. Aquilo era invencível! Imune aos feitiços e ainda nem se dera ao trabalho de usar magia contra ele.

Ele precisaria rever seus conceitos de piadinhas. Agora achava que os comensais falaram muito sério a respeito de Lacbel e aquilo não era tanta idiotice assim. Na verdade, aquilo parecia o mais próximo do real possível.

- Gostou de conhecer meu novo discípulo, Potter? - perguntou a voz fria de Voldemort, que se aproximava de ambos. - Creio que seu isolamento não o tenha deixado a par... De seus feitos. - ele dissera enquanto dava a volta nele, sorrindo maliciosamente, tomando o lado de Lacbel, colocando a mão extremamente branca em um de seus ombros.

- Ele parece... Interessante. - falou Harry, ainda muito apavorado. Como Voldemort conseguia controlar aquilo? Obviamente que era muito mais forte que ele! Porque Lacbel não se rebelava? Tudo o que os comensais falavam pareciam as únicas respostas possíveis para aqueles enigmas...

- Lacbel, faça as honras e retorne nosso querido hóspede aos aposentos dele... - ele falara com uma voz mansa e viperina.

- Eu acho que posso fazer isso sozinho... - ele falou, se levantando de mansinho, com os olhos grudados na sombra que ainda lhe apontava a varinha.

- Eu insisto, Potter. - falara Voldemort, com os olhos pregados nele.

- Já que insiste... - ele falou, dando as costas, mas sentindo-se agora extremamente indefeso e não parava de olhar para trás, querendo manter os olhos na sombra que o seguia. Não queria perdê-lo de vista e até mesmo esqueceu-se de andar.

- Comece a andar. - ordenara Voldemort e foi imediatamente atendido por Potter, que nem mesmo cogitara não obedecer.

Harry só olhava para frente, suando frio, com o estômago retorcido. Observou os comensais da porta se encolherem um pouco, o que indicava que ainda estava sendo seguido pela silhueta negra. Sim, ele estava mais preocupado com Lacbel do que com Voldemort.

- Continuem em seus postos. - ordenara Voldemort rispidamente enquanto passavam, fazendo os comensais pararem de olhar a procissão que retornava ao castelo.

Adentraram o castelo e Harry viu os comensais desacordados. Sentiu pena pelo que fizera com eles agora. Fora extremamente cruel. Se estivesse na situação deles, sabendo o que eles sabiam, também entraria em pânico e sairia correndo histericamente para salvar a própria vida. Esperava sinceramente que eles não descobrissem que ele foi quem havia produzido a imagem de Lacbel na frente deles.

- Pare, Potter. - ordenara, novamente, Voldemort. Nunca imaginaria que um dia iria atender às ordens dele tão imediatamente, mas isso era menos pior do que ter que enfrentar aquele monstro atrás de si.

Voldemort fora até os comensais desacordados.

- Enervate! - ele pronunciara isso cinco vezes seguidas, acordando cada um dos comensais.

Eles acordavam sem entender o que acontecia e, quando se viraram, vendo Lacbel atrás de Harry, encolheram-se choramingando e implorando por perdão.

A cena não fora tão engraçada quanto Harry gostaria que tivesse sido. Voldemort produzira um feitiço do sono, pois eles não estavam em condições emocionais para voltarem a vigiar. Precisava, agora, de outros 5 comensais.

Naquele momento, sua cabeça virou-se, olhando para Harry de soslaio, com um brilho maligno de ira. Harry não soube como conseguira dar aquele sorriso forçado em sua direção.

- Lacbel, leve-o até a cela de onde saiu e fique de vigia até eu encontrar outros comensais para tomar seu lugar. - falara finalmente, levando consigo os 5 comensais desacordados.

Achou que Lacbel ia dizer um "Sim, Milorde", mas isso não ocorreu. Em sua espera, simplesmente não andava, então, Lacbel apenas bateu com um dos pés um pouco firme no chão, para fazê-lo começar a andar em direção às masmorras. E ele sentia que dali ele não sairia mais. Pior, tinha quase certeza que Lacbel estava irado com ele por ter-lhe roubado a varinha sem notar. Ambos andavam em completo silêncio, agora já pegando o corredor onde estava sua cela, e Harry não soube como conseguia continuar a caminhar. Sozinho com Lacbel, o momento oportuno para ser massacrado. Durante todo o percurso, Harry sofrera mais esperando receber algum feitiço do que se tivesse recebido algum, talvez. E, finalmente, aquela caminhada eterna chegara ao seu destino.

Adentrou a cela, ouvindo a porta sendo fechada logo atrás de si e sendo trancada. Ele virou-se automaticamente para encarar a silhueta negra e, caminhando de costas, foi até um canto e ali se encolheu, os olhos arregalados encarando seu cárcere, com medo de dormir e receber sua vingança. Seus pensamentos estavam irracionais.

Via aquele "novo discípulo" com novos olhos. Simplesmente não era possível haver um bruxo como ele, principalmente Voldemort tendo simplesmente aparecido com ele num momento oportuno demais. Sim, os comensais pareciam cobertos de razão...

Era impossível que Lacbel fosse um humano. Isso era quase certeza.

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Desculpe a demora gente ¬¬ é que estou viajando e tem tanto arquivo aqui que mandei apressado que não encontrava o certo. Desculpe, desculpe u.u
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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by danona23 »

Tigres e Dragões – Capítulo 03


Lacbel percebia o pavor de Potter ao observá-lo, mesmo agora, que retornava ao seu posto pela manhã. "Mais um." fora o que pensara, suspirando.

Por mais que tivesse tentado, acabara dando uma péssima impressão. A única pessoa com quem conversava acabava de se esvair entre seus dedos. Era como se todas as situações se fizessem visando ser sempre contra ele. Já se acostumara a manter-se eternamente naquele isolamento imposto.

Potter... Lembrou-se vagamente desse sobrenome. Alguma coisa muito distante, esquecida. Provavelmente, algo anterior àquele maldito Natal. Harry Potter... O-menino-que-sobreviveu. Sentiu-se sufocar quando vagas lembranças de seu rosto, muito mais jovem, mas com os mesmos óculos... Os cabelos, no entanto, eram rebeldes, mostrando nitidamente a cicatriz de um raio em sua testa. Fora longe demais, seu corpo estava quase praticamente estático, precisava colocar aquela lembrança de lado. Além de serem poucas, eram doloridas e sufocantes.

Não tinha se recordado imediatamente dele no momento que o vira, pois sua cicatriz havia sido encoberta pelos cabelos que pareciam ter crescido descuidadamente. Agradecia, no entanto, que este fato tivesse ocorrido, ou teria variados problemas. Pois, afinal, quem não conhecia Harry Potter e sua fantástica cicatriz? Teria Harry a mesma imunidade que a sua? Mas porque havia uma cicatriz no lugar onde fora atingido?

Mas ao menos lembrou-se que já havia conhecido Harry Potter há anos. Mas duvidava, no entanto, que fosse reconhecido por ele, principalmente sem poder mostrar seu rosto.

Aquele dia passara silenciosamente. Quando entregaram o almoço, Potter continuava enclausurado naquele canto, travado, seus olhos perseguindo-o como se fosse uma máquina. Quando pegou a varinha, para levitar o almoço dele até onde estava, este conseguiu parecer se encolher ainda mais naquele canto. Faltava pouco para ele se tornar a própria parede de tanto que se grudava nela.

Ao observar que apenas estava levitando a comida até onde estava, este conseguira, com muito esforço, esticar minimamente o braço, pegar o sanduíche e voltar a posição inicial, como se sua vida dependesse disso.

A pior parte não era receber aquele olhar aterrorizado. Era não poder fazer nada para que ele mudasse de idéia. Virou-se de costas, tocando levemente no medalhão de dragão, fechando os olhos. Nada seria diferente... Suas esperanças foram depositadas, novamente, no lugar errado. E o pior... Pouco sobrava dela para ficar se equivocando. Esperava que Ele não percebesse que havia desobedecido a uma das várias ordens perenes que pairavam sobre sua cabeça.

Foi nesses termos que se passou aquele dia e o próximo. Potter não saía daquele lugar, nem para dormir, e Lacbel ficava de pé, ora observando-o, ora absorvido em seus próprios pensamentos. E, pelo que percebia, não sabia exatamente o motivo, Potter não dormia nem quando era substituído pelos 5 comensais. Seu pavor quebrou as fronteiras...

Mas, quando estava no terceiro dia, Potter dera finalmente sinal de mover-se, logo de manhã. Ele já tinha olheiras enormes em seus olhos e parecia já não mais aguentar aquela vida de "adrenalina" constante e eterna. Ele começara a se arrastar para a sua tábua, ainda olhando para Lacbel, que começou a seguir o movimento com ar intrigado, apesar de Potter não saber isso por não ver suas expressões.

Assim que chegara, finalmente, fez um ato que, na sua opinião, era de extrema coragem. Virou as costas para Lacbel e fechou os olhos. Sentia em sua nuca os olhos que continuavam sobre si, mas permanecia firme no lugar, com os nervos à flor da pele.

Mas nada ocorrera, simplesmente ouvira um suspiro e... Mais nada.

Depois de algum tempo, virara a cabeça, para olhar onde estava seu cárcere. No mesmo lugar, virado de costas. Voltara a encarar a parede, depois de ver isso. Só conseguira dormir, pois seu cansaço era grande demais. Grande o suficiente para não ter sonhos, para seu alívio. Pensar em sonhos também o perturbava na hora de dormir, pois imaginava ter pesadelos horríveis com Lacbel o perseguindo, torturando das formas mais horrendas e com todo tipo de atrocidades.

Quando acordara, uma bandeja com dois lanches e dois copos de suco estava aos pés da tábua e Lacbel continuava de pé, olhando para o corredor, como se nada tivesse ocorrido. O pavor de Harry havia amenizado bem mais, agora que sentia-se mais "descansado"... E percebia, quando olhava o copo de suco, que provavelmente estava fazendo tempestade em copo d'água. Mesmo tendo roubado sua varinha, Lacbel continuava calmo como um lago. E até mesmo agradeceu por não ter mandado a comida de volta, pois acordara faminto.

Da tábua, fora direto ao chão, sentando-se ao lado da bandeja e pegando um dos lanches. Olhava para a capa negra e depois para baixo. Sentia que devia falar, mas, ao mesmo tempo, não sabia o quê. Tudo era tão confuso e estranho. Ele realmente não entendia porque Lacbel tinha tanta paciência! Além de deixá-lo perturbado, fazia-o sentir-se ainda pior.

Desabafou, após um tempo.

- Deve estar bravo comigo. - falou assim que terminara o primeiro lanche.

Lacbel, que estava de costas, voltou-se na direção dele, que sentiu seu estômago ficar revirado de medo.

- Por que deveria? - a voz gutural, meio rouca, chegava a ser estranhamente feminina...

- Porque... - ele sentia seu coração acelerado. Não podia acreditar que estava fazendo aquilo, mas estava argumentando o porque Lacbel deveria ter raiva dele - Eu roubei sua varinha. Usei-a contra você... Além de, provavelmente, ter piorado sua situação com seu Mestre.

- Hum... - mas Lacbel simplesmente virara-se de costas, voltando a olhar para o corredor - Se estivesse em seu lugar, eu teria feito a mesma coisa.

De tudo que esperava, era a última coisa que poderia ouvir em sua vida. Um comensal dando-lhe razão? Seu coração estava aos pulos. Seus dedos pressionavam o lanche que tinha na mão com um pouco mais de firmeza, quando voltou seu olhar para o que segurava, ainda chocado.

Só conseguiu voltar a raciocinar coerentemente depois de alguns segundos. E foi bom, pois várias perguntas lhe atingiram ao mesmo tempo, exigindo respostas.

Eram imagens tão contraditórias! Ele não conseguia conciliá-las! Em uma imagem, era seu cárcere. Calmo e paciente, chegava até a ser gentil com ele... Em outra, era a imagem do terror, aparecendo em sua frente como uma sombra, seguindo cada ordem de Voldemort com, imaginava, ferocidade. Ou seja, em uma imagem, era uma pessoa completamente comum, em outra, era um demônio. E, no final das contas, Lacbel não parecia se encaixar em nenhuma delas.

Havia alguma coisa tremendamente errada ali, que ele não estava entendendo seu significado. Seja lá o que Lacbel fosse, demônio, humano ou uma criatura, todos tinham alguma personalidade e a de Lacbel era extremamente confusa. Não entendia suas atitudes de jeito algum. E, agora que dominara seu medo, e não o contrário, iria tentar chegar ao fundo desse mistério. Mesmo porque ele não tinha a mínima chance de sair dali, estando Lacbel no seu pé, conforme as ordens de Voldemort. Sua missão precisaria esperar... Se sobrevivesse para conseguir.

Levantou-se pegando a bandeja, tentando parecer bem calmo, chamando a atenção de Lacbel. Fora sentar-se naquele mesmo lugar que era onde eles comiam em seu primeiro dia, e segundo, por conseguinte. Mas decidira ficar quieto, observando Lacbel por alguns dias. Até porque ele ainda não estava totalmente à vontade na presença dele ainda.

No entanto, no dia seguinte, ficara tentando repassar sua fuga com calma. Lembrava-se vagamente que acontecera algo incoerente durante sua fuga, mas seu pavor o tinha cegado. No entanto, ainda se lembrava de alguma coisa que lhe incomodava insistentemente.

Foi quase no fim do dia que lembrou-se, assombrado, qual fora a situação contraditória.

Estava atirando feitiços para todos os lados, mas nada parecia acertar Lacbel. Assim que parara, para tomar fôlego e começar novamente, imaginando se desse tempo de atirar feitiços e sair correndo, sentiu um frio na espinha ao perceber que Lacbel aparecera em suas costas. No entanto, não o atacara imediatamente, mas iria demorar para Harry se virar de qualquer jeito e também de se livrar do choque da aparição repentina.

- Desculpe. - soara a voz rouca em um sussurro em seu ouvido e perdera o chão, logo após.


Lacbel havia se desculpado antes de derrubá-lo e deixá-lo completamente indefeso. Qual era o propósito dessa desculpa, se estava cumprindo uma ordem direta, clara e audível - afinal, ele berrara - de Voldemort para capturá-lo? Teria mesmo Lacbel tentado ajudá-lo a fugir, quando lhe roubara a varinha?

Pronto, tudo que ele sabia sobre Comensais da Morte preferidos por Voldemort fora por água abaixo! Como Voldemort decidira trocar Bellatrix - uma comensal de família puro-sangue, que desprezava trouxas, mestiços e nascidos-trouxas, extremamente fiel e fanática por ele - por Lacbel - um comensal esquisito, que tinha atitudes suspeitas e era assustadoramente mais forte?

Droga, não fazia sentido nenhum, era a única resposta que ele tinha! Pois, em si, Lacbel parecia fidelíssimo à Voldemort, visto que, onde Voldemort o mandava, ele ia e fazia o que era ordenado, sem questionar nada. Mas, ao mesmo tempo, não era tão fiel assim se o havia ajudado a fugir e depois pedira desculpas por ter de recapturá-lo.

Seu cérebro fritava de frustração por não saber se Lacbel era ou não o vilão tão perverso quanto todos o pintavam. Então, percebeu que só havia um método de ele descobrir a resposta para essa pergunta.

Teria de se aproximar de Lacbel.

No dia seguinte, estava decidido. Tentaria fazer as "pazes" com seu cárcere, e sua primeira atitude fora ir se sentar próximo às grades, onde normalmente Lacbel sempre estava de vigília. Ainda não se manifestava, mas já era algum começo, pois Lacbel parecia ter se intrigado com a sua atitude. Estava meio nervoso, mas fora a única coisa que pensara como uma aproximação. Mas pareceu não surtir algum tipo de efeito além da curiosidade inicial. Fora, então, se sentar na tábua, pensando. Tinha de pensar.

Quando veio o almoço, como ele imaginava por ser a primeira refeição que recebia, Lacbel levitara a bandeja até onde estava.

- Obrigado. - falara ao pegar a bandeja nas mãos, olhando-o naquele momento, esperando a reação. Fora algo que lhe passara pela mente assim que recebera a bandeja.

Lacbel parecia não ter escutado quando voltou-se para seu próprio almoço. Um lanche com suco, igual ele.

- De nada. - foi a resposta antes de ele começar a comer, o que o animou um pouco.

Durante o almoço, ficou pensando como se aproximar dele. Mas sabia que, pelo menos, ele não estava propenso a ser rude. Assim que terminara, tivera uma ideia que colocara em prática já naquele momento, enquanto se levantava e ia até próximo às grades, colocando a bandeja pela portinhola da porta da cela. Sentou-se, recostando-se na parede, olhando para a silhueta negra.

Fizera o melhor possível um ar relaxado, enquanto colocava as mãos embaixo da nuca e dava um ar sorridente para Lacbel, mesmo que seu coração estivesse aos pulos de agora ter de encara-lo sabendo do que era capaz. Agora, ele entendia o que queria dizer "A ignorância é uma benção". Mas, já que descobrira, ele ia até o fundo. Até porque não haveria mais nada de interessante a ser feito até o dia em que Voldemort se cansasse de mantê-lo ali e o matasse.

- Deveria relaxar. - dissera sorridente. Sua mudança fora repentina? É, com certeza, pra alguém que ficara dois dias sem dormir, pensando que seria atacado, e mais dois dias em completo silêncio...

- Talvez. - respondera a voz rouca, ainda de pé, agora observando-o.

- Ah, espero um dia me conformar com essa sua resposta. Estou pensando seriamente em te apelidar de "Talvez". Parece a única resposta que sabe me dar, em grande parte das vezes. - ele sorrira mais, tentando deixar o ambiente menos tenso.

- Seria algo diferente. - comentara, voltando-se para o corredor, talvez com ar desinteressado.

- Diga-me, tem um método para conseguir te irritar, tirar do sério, deixá-lo fora de si? - ele perguntou, os olhos verde vivo encarando-o veementemente, e parecia estar falando sério.

- E você quer que eu fique assim? - rebatera, sem virar-se para ele.

- Não, só queria saber se há, porque daí eu não terei medo de falar bobagens para você. - ele respondera, sorrindo.

- Entendo. - fora a resposta única.

- Então, há? - perguntou novamente, mais direto.

- Creio que você não possa fazer isso. Mas há. - fora a resposta. Harry ficou levemente pensativo com aquilo. "Creio que você não possa fazer isso."?

- Estou impressionado. - ele dissera, observando as costas da silhueta negra à sua frente - Achei que ia receber outro "talvez"!

A resposta demorou a vir, mas quando veio...

- Talvez. - a voz de Lacbel mudara, havia, sim - ele não podia crer, mas tinha certeza ter ouvido - que aquele talvez fora dito com senso de humor.

- AAAAAAAH! - ele dissera, colocando as mãos na cabeça, com ar dramático, fazendo Lacbel se virar para ele, observando a cena exagerada.

Pelo movimento dos ombros e o leve movimento da capa, ele soube. Lacbel tinha segurado um riso e o barulho, que parecia ter sido um espirro, era o inicio dele. Ele sorrira, satisfeito. Conseguira ultrapassar a barreira da calma.

O que quer que fosse que tivesse dentro da capa tinha sentimentos humanos. O que simplesmente ficava pior para se explicar o porque continuava a servir Voldemort. Não se esquecera, ainda, da primeira conversa - se aquilo poderia dizer-se assim - e de como não parecia satisfeito por servi-lo. Haveria algum tipo de Pacto, algo do gênero?

Mas, antes de pensar na próxima pergunta, ou puxar assunto - o que já estava acostumado - fora Lacbel quem falara, virando-se para ele, deixando-o até surpreso pela sua atitude.

- Você gosta de falar com qualquer um? - fora a pergunta, da qual ele olhou, levantando uma sobrancelha. Se estava surpreso por ter começado a conversa, ficara ainda mais com a pergunta feita.

- Não, exatamente. - ele respondera e rira - Draco Malfoy não é a pessoa que eu gostaria que fosse meu cárcere nesse momento.

- Draco Malfoy? - repetira Lacbel, em tom intrigado.

- Achei que o conhecesse... Ele é um comensal também. Nossa relação, desde a escola, não foi exatamente a mais amigável. - respondera, sorrindo com ar perverso.

- Hum... Na verdade, eu não conheço nenhum comensal. - respondera, fazendo-o ficar realmente intrigado com aquilo.

- Muito novo no "ramo"? - ele perguntara levemente sarcástico.

- Não, prefiro manter-me na ignorância, mesmo. - a resposta fora tácita. Como assim, Lacbel preferia manter ignorância dos seus companheiros?

- Mas eles são seus companheiros, não?

- Deduz-se que sim. - respondera, sacudindo os ombros, como se aquilo não importasse - Então, você não gosta de conversar com comensais? - falara, com certo suspiro. Parecia querer trocar do assunto que estava levando a conversa.

- Não com os comuns. - respondera, olhando-o incisivo, fazendo Lacbel simplesmente virar-se de costas, com ar desentendido. - Mas e você? Não deve gostar de conversar com prisioneiros atrevidos, certo?

Naquele instante, Lacbel sentara-se ao seu lado, do outro lado da grade, fazendo seus cotovelos repousarem sobre os joelhos, mantendo os braços levemente esticados, segurando a varinha com as suas mãos. Aquela conversa era muito estranha, admitia, mas o que se poderia esperar?

- Não com os comuns. - respondera numa imitação, fazendo-o dar um pequeno riso. Mas, antes que pudesse pensar em dar uma resposta, havia voltado a falar - Diga-me, que tipos de pessoa você gosta de conversar? - Lacbel tossira naquele instante, levando a mão que carregava a varinha até sua garganta. Parecia se incomodar quando sua voz ficava fina demais por causa da rouquidão. Harry queria que a conversa parecesse mais séria.

- Ah, existem muitos tipos de pessoa com muitos estilos de conversa diferente... Não sou muito restrito. Mas e você? - ele perguntara, rebatendo a pergunta, mesmo que não tivesse esperanças de que isso surtisse uma resposta satisfatória.

- Eu converso com ninguém. - falara naturalmente.

- Apenas comigo. - ele corrigira, sorrindo, fazendo o capuz de Lacbel se voltar para ele.

- Exatamente. - concordara, fazendo Harry sentir-se um pouco mais confiante. - Por isso, converso com ninguém.

"O que?". Provavelmente, não era só o cérebro de Harry que pensou nessa pergunta, mas suas feições o demonstraram. Lacbel tinha problemas de lógica, ou era impressão? Se Lacbel conversava com ele, então, obviamente, conversava com alguém!

- Mas você... Acabou de concordar que conversava comigo. - Harry dissera, sem entender. Será que sou tão ínfimo que sou um ninguém na opinião dele? Seria por isso... E uma luz brilhou em sua mente. - AH! Por isso conversa com Ninguém. - ele dissera, sorrindo, percebendo qual fora o sentido da frase. Ninguém era como se o chamasse.

- Lembre-se de responder isso, acaso perguntem sobre mim. Que eu converso com Ninguém. - Lacbel dissera com ar de importância. Estranho, porque Lacbel se preocuparia de falar a verdade por palavras que significavam praticamente o contrário?

- Tudo bem. Mas não entendo, não seria mais fácil mentir? - ele perguntara, com ar intrigado de toda aquela preocupação. Sentia que Lacbel queria criar um laço.

- Depende da veracidade com que se diz a mentira. - respondera de modo enigmático.

- Você vive em um mundo muito complicado! - desabafou Harry, frustrado, pois não entendera o que havia falado.

- Mas eu sei que você quer tentar ver o meu mundo. - respondera Lacbel, deixando-o levemente envergonhado.

- Erm... Privacidade é bom e eu gosto! - ele dissera, esquecendo-se completamente da sua Oclumência enquanto se entusiasmava em conseguir dar um passo que percebera ninguém ter dado para dentro da mente de Lacbel. Tirando Voldemort, claro.

- Desculpe. - dissera Lacbel, um pouco mais encolhido.

- Não, tudo bem... - ele dissera, com medo de fazê-lo se fechar novamente naquela carapaça de mistérios – Mas, fale... Na primeira vez em que conversamos, eu notei que você não gosta de servir ao Voldemort. Mas, então, porque o serve? Obviamente, deve ter consciência de que é muito mais forte que ele. - não custava tentar, não era mesmo? Vai que ele estava mais solícito em responder-lhe as perguntas.

- Tem muitas coisas que eu sei das quais você não sabe, e muitas coisas que você sabe das quais eu não sei. - havia um ar enigmático em sua voz ao responder essa pergunta. Não entendera exatamente em que sentido ele lhe falara isso. Afinal, não parecia ter nada a ver com a sua pergunta! Será que estava mandando-o calar a boca e não tocar mais no assunto?

E ele lá ia ouvir isso?

- Diz sobre os segredos que você e Voldemort escondem de tudo e todos? - dissera, se fazendo de desentendido, mesmo que soubesse que aquilo não parecia ter nada a ver com a frase.

- Se você descobrir o significado disso, você terá a resposta que me perguntou. Ao menos uma ideia dela. - Lacbel estava enigmático, mas, por alguma razão, ele entendia que isso devia ser alguma ajuda. Como na outra frase. A verdade deve estar em algum lugar, era só preciso procurar algum sinônimo. Mas, daquela vez, estava mais difícil. Mas sentia como se Lacbel quisesse lhe deixar pistas.

- Eu não entendo o que você quer... - ele começara a dizer, olhando bem para Lacbel - Mas sinto que, de alguma forma, algo o proíbe de fazê-lo mais diretamente, para utilizar tantos subterfúgios.

- Só o que peço é nunca desistir. - ele falara, mudando sua posição. Agora, ele estava com a perna que estava ao lado da grade ser abaixada para frente.

- Um Grifinório não desiste de um desafio proposto. - ele falara, com um sorriso determinado, abaixando também a sua perna que estava próxima da grade. Ele erguera a mão até próximo desta, abrindo-a em palma. - O que eu ganho, quando vencer esse desafio?

- Infelizmente, eu não tenho nada para dar. Nem mesmo uma dívida com você. Apenas minha eterna gratidão pelo que fará por mim. - falara, abaixando a cabeça.

- Aceito! - ele falara, ainda com a mão levantada - Toque aqui e iremos selar o contrato de nosso desafio.

Lacbel provavelmente estava assustado ao ver que, mesmo tendo oferecido tão pouco, como imaginara, ele aceitara. Levantou sua mão vagarosamente em direção a de Potter, fazendo ambas as palmas se colarem. Potter sorrira. Um passo estava feito. Ganhara um pouco da confiança de Lacbel. Isso já era o melhor prêmio que poderia ganhar.
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Mais um capítulo \o Voltei, infelizmente, das minhas férias ;-; Espero que gostem e tenham bastante paciência para ler ._.
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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by danona23 »

Tigres e Dragões – Capítulo 04


Apesar do acordo recém estabelecido, Harry se isolara um pouco, apenas para pensar. Se ficasse desviando seus pensamentos com conversas fúteis ou com mais informação do que sua cabeça podia guardar, iria endoidar e não descobrir nada. Ele precisava caminhar devagar, mas constantemente, já que não tinha a mínima ideia de quanto tempo teria para descobrir o que era necessário.

De certa forma, era esquisito Lacbel estar pedindo para que descobrisse sobre si, se tinha medo de se revelar. O que descartava a ideia de que fosse medo. Tinha outro porquê... E ele ia ter de descobrir. Mas ele não sabia nem mesmo por onde começar. Literalmente, ele ia ter de fazer aquele trabalho por caridade, pois Lacbel não podia lhe dar absolutamente nada. Mas por que ele não tinha como lhe dar nem mesmo um favor? Era comum, em meio bruxo, haver dívidas, mesmo entre inimigos declarados.

Havia ainda mais coisas estranhas. Ele era um inimigo, ele deveria ser a última pessoa a quem pedir essa ajuda. Ou era a pessoa mais indicada por não ter escolha sobre o que fazer, além de jogar conversa fora o dia todo? Afinal, pelo que notara, nenhum comensal se atrevia a chegar minimamente perto sem ter ótimos motivos para fazê-lo e, mesmo assim, contra a vontade.

Obviamente, porque deviam ser uns covardes. Lacbel era uma pessoa legal. Esquisita, mas legal. Mas isso não vinha ao caso, ele tinha coisas mais importantes para pensar!

Por que seus feitiços não fizeram efeito em Lacbel? Simplesmente não haviam feito efeito nenhum, tinha completa certeza. Olhou de esguelha para a capa. Com certeza devia ser a capa... Devia ter algum tipo de feitiço... E aquele medalhão esquisito...

Harry olhava desconfiado para aquela capa e para o dourado chamativo em seu pescoço. Logo, levantou-se da tábua onde estivera sentado, pensativo, e começou a andar de um lado para o outro da cela. Quantos feitiços de proteção poderiam ser usados para tornar um objeto indestrutível e intransponível? Em sua jornada à procura das Horcruxes - e que, ironicamente, o fizeram parar ali - lera muitos livros sobre proteções. Poderia haver qualquer feitiço naquela capa... Ou até mesmo nas roupas.

Roupas. Lembrava-se que Lacbel tinha comentado que apenas precisava usá-las. Seria as roupas a solução do mistério? Mas e quanto a aparatação sem barulho que produzira? Não, na verdade, para aquilo havia uma explicação. Um feitiço denominado de Passos Etéreos que o fazia andar rápido como a luz. Mas era uma magia extremamente complicada de se dominar e avançadíssima. Exigiria um controle absoluto de magia para poder fazê-la com tanta naturalidade quanto Lacbel fazia.

Não sabia exatamente quantos bruxos conseguiram dominá-la. Dumbledore e Voldemort talvez tivessem conseguido. Lacbel era a sua única prova viva. Isso tornava fácil vencer qualquer batalha, se seus oponentes não conseguiam nem mesmo te enxergar. Agradecia por Dumbledore ter-lhe emprestado aqueles livros, tinha várias noções de feitiços, aprendera muito.

Talvez os poderes de Lacbel com Voldemort pudessem ser igualados. Estava ficando tonto de tanto andar em círculos, mas estava entretido demais em seus pensamentos engajados em tentar desvendar aquelas teias para notar que começava a pender lentamente para o lado.

Poderia haver um elo entre eles? Espere, já não começava a viajar demais nas suas hipóteses? Nesse momento, ele sentiu uma dor terrível no joelho ao bater com ele contra a sua tábua.

- Ai! - ele exclamara, começando a pular com uma perna só, ouvindo uma tosse seca das grades. - Não ria! - ele reclamou, de mal-humor, enquanto se sentava e massageava o joelho, fazendo com que a tosse ficasse cada vez mais forte.

Quando conseguiu enxergar, Lacbel estava com uma das mãos dentro do capuz, obviamente tampando a boca. Suspirou. Demorou um pouco até Lacbel tirar a mão de lá, finalmente voltando a sua posição normal.

-----------------------------------------------------------------

Percebera que dera muitas coisas para ele pensar, pois, após algum tempo, ambos estavam em seus próprios cantos. Estava pensando ainda se ele cumpriria sua palavra. Necessitava urgentemente dela, nem que fosse mínima. Apesar de ser teimoso, todo metal ainda podia enferrujar e dobrar. Tocava distraidamente o medalhão em seu pescoço. Já virara um hábito, como se ainda tivesse esperanças de que aquilo não estivesse ali, algum dia.

Mas sempre estava.

O prisioneiro começou a se mover. Lacbel olhara-o, intrigado, percebendo-o começar a se empolgar com seus próprios pensamentos. Seus passos eram um pouco rápidos e viravam com brusquidão quando estava para chegar à parede. Ficara a observá-lo, percebendo que aquele movimento poderia não dar muito certo. Mas apenas observou, sem interrompê-lo.

"Mais um pouco." pensava, quando o joelho passou de raspão pela tábua. "Quase, acho que na próxima." continuava, enquanto observava-o cada vez mais próximo da tábua. "É agora!" havia pensado, logo se ouvindo um "Ai" sonoro, e colocou as mãos diretamente na boca, abafando um riso.

Dor. Maldita dor, mas não conseguia parar de rir da cena, disfarçando-a em tosse. Estava paralisado, de novo. Demorou para conseguir se controlar e readquirir seus movimentos, retirando a mão do lugar.

Algumas vezes se perguntava quando sofria menos, mas sempre caía em um paradoxo inexplicável. Que, consequentemente, o fazia perguntar-se por quanto tempo ainda conseguiria suportar aquele sofrimento sem fim determinado.



Acordara bem disposto naquele dia, mesmo com seu joelho ainda latejando um pouco de dor. Se não estivesse naquela cela fria e desolada, ele poderia dizer que o céu estava límpido e ensolarado. No entanto, o céu de Lacbel estava parecendo estar bem nublado e tempestuoso, pois não parava de andar de um lado para o outro, apreensivo. Nada característico de Lacbel ficar tão agitado assim. Ou esta seria uma resposta positiva de que, lentamente, Lacbel estava "relaxando" perto dele?

- Algum problema? - perguntara após muito tempo à Lacbel, pois este não parava de se mexer. Andava de um lado para o outro sem parar.

- Segunda Terça-feira. - respondera simplesmente, deixando-o encucado. Mas que raios! Por que Voldemort dera à Lacbel a tarefa de contar as Terça-feiras do mês?

- Que droga que acontece na Terça-Feira? Qual a distinção de ser a primeira, segunda ou terceira? - ele perguntara, simplesmente sem compreender nada.

- Ele precisa fazer a "manutenção". - dissera enquanto continuava a andar, sem nem se dar ao trabalho de olhá-lo para isso, continuando a se mover incessantemente.

- Manutenção? - Harry perguntara, sem entender. Como assim, Voldemort precisava fazer a manutenção? Será que fazia diferente dependendo da Terça?

O capuz virara-se para ele e Harry compreendera. Ele ia ter que também descobrir o que significava aquilo, se quisesse saber a resposta. Pelo visto, ele teria muito trabalho pela frente. Bom, já era um grande passo. Recebia charadas ao invés de nenhuma resposta!

No entanto, vê-lo daquele jeito agitado fazia-o ficar também apreensivo, como se ele mesmo estivesse esperando pela tal da "manutenção". Não dava para saber o que devia ser isso. Será que Voldemort tinha de renovar os contratos com o demônio para manter Lacbel ao seu lado? Não seria mais fácil fazer um contrato mais longo a semanalmente? Ou o preço era muito alto? Mas espera... Ele estava partindo de uma premissa preconceituosa. E se Lacbel fosse uma criatura que precisava de um certo... Alimento um pouco não característico e por isso estava agitado? Mas, no entanto, se fosse um outro ser, vindo de outro plano, provavelmente precisava de algo ainda mais esquisito. Mas e se não fosse nada disso? Era um ritual para manter sólido um espírito dentro daquela capa? Todas as suas hipóteses anteriores iriam por água abaixo! Todos os feitiços que tinha pensado simplesmente não precisariam nem existir!

Harry não aguentava aquela dúvida. Lacbel era o que, na realidade? Existiam milhões de possibilidades, entre as quais ele não conseguia se decidir no que pensar, e a "manutenção" poderia ser qualquer coisa. Decidira tentar sanar sua dúvida do modo mais fácil. Perguntando.

- Diga-me, você é algum tipo de criatura? - Dependendo da resposta, seu cérebro poderia se focar em alguma coisa.

- Não posso responder à isso. - fora a resposta quase imediata. Harry estava quase querendo implorar para que parasse de caminhar.

No primeiro instante, Harry teve certeza de que era. Mas depois, pensando melhor, poderia ser que não fosse. Não dava para ter certeza de nada com as informações que tinha. Eram apenas cogitações que se encaixavam mais do que coincidentemente e ele não sabia se era um jogo ou a verdade com as situações apresentadas. Na verdade, aquelas situações eram genéricas, dando para encaixar-se de várias formas na mesma figura negra.

Voldemort foi esperto ao não revelar absolutamente nada sobre Lacbel. O medo do desconhecido e as cogitações que poderiam fazer iriam aumentar o medo de quem encarasse o tão temido Comensal da Morte. Eu mesmo não tenho a mínima noção do que pensar sobre ele, mesmo convivendo com ele diariamente.

Se ele fosse uma criatura, Lacbel não responderia sua pergunta, temendo um afastamento...

Se ele não fosse, Lacbel também não responderia, talvez por ordens de Voldemort.

De todo o jeito, ele ia ficar sem respostas. Frustrante!

Trabalhar com incógnitas não era exatamente o forte de Harry... Nunca fora muito bom em matemática. Por que a vida não poderia ser mais simples, com respostas diretas, sem dubialidade, sem segredos...?

Vida mais simples? Segredos? Olha quem estava falando. Harry, mesmo sendo filho de pais bruxos, havia sido obrigado a morar em uma casa onde não existia magia e seus habitantes o odiavam. Sua vida era um inferno. Quando finalmente foi para Hogwarts, quando seus problemas diários não eram ter de aturar seus tios intragáveis, mas sim ter aventuras fantásticas e tornar sua vida realmente emocionante, foi quando começou a viver. Uma vida complicada, cheia de segredos e suspeitos. O único problema... Harry sempre indicava a pessoa culpada para confiar e a pessoa inocente para suspeitar.

E agora? Será que estava confiando na pessoa certa? Lacbel era de confiança mesmo? Mas Voldemort sendo o inocente? Brincou, né?

Mas, em um choque elétrico, assim que observou a capa que perambulava de um lado pro outro, aquela resposta-enigma lhe veio a mente. "Tem muitas coisas que eu sei das quais você não sabe, e muitas coisas que você sabe das quais eu não sei.". Vida? Era isso mesmo que ele estava pensando? A resposta era Vida?

Se fosse pensar assim, fazia muito sentido mesmo. Dumbledore era a prova disso! Ele nunca havia contado sobre sua vida – a única coisa que sabia com certeza era a luta dele com Grindelwald – e ele jamais imaginaria todas aquelas coisas. Sua irmã aborto, a briga entre irmãos, o porque de Aberforth não se dar bem com ele... Tudo porque ele não sabia o que ele tinha vivido. O mesmo, obviamente, acontecia com ele. Muitas pessoas só viam que ele havia derrotado Voldemort com um ano, mas não sabiam todo o inferno que passara na casa de seus tios trouxas.

E, no caso de Lacbel, ele pensou com o coração aos pulos, só sabiam que mudara o curso da Guerra, para fazer Voldemort vencer e nada mais.

Era coincidência demais para não ser a resposta certa!

- Vida? - ele falou, fazendo Lacbel parar e olhá-lo. - "Tem muitas coisas que eu sei das quais você não sabe, e muitas coisas que você sabe das quais eu não sei.". É vida, não é? - ele falou, com os olhos arregalados ao perceber a resposta.

- Isso mesmo. - respondera Lacbel, sentindo certa satisfação ao fazê-lo. - Você compreendeu o enigma, mas tem mais coisas em que você precisa pensar. - dissera, deixando Harry frustrado. Como assim, mais coisas para ele pensar?

Após alguns segundos, ele percebeu a outra parte da qual falara. Ele havia feito uma pergunta e a resposta era o enigma.

- A minha pergunta. - ele lembrou-se idiotamente. Estava concentrado demais no enigma para se lembrar da pergunta. Por que as coisas não podiam ser diretas? Por que tinham de ser sempre em partes!?

Lembrava-se da sua pergunta. Estava intrigado do porque servia Voldemort se não gostava de fazê-lo e ter consciência de ser mais forte que ele, ou igual. Vida... O que poderia ter isso a ver com vida? Harry não via qualquer ligação entre essas duas coisas. Mas havia conseguido riscar várias outras coisas das suas outras dúvidas.

A sua ideia sobre Pacto ou Voto Perpétuo se extinguira imediatamente, pois para que alguém iria responder algo relacionado com vida se estava preso à Voldemort com coisas imediatistas? Voldemort não era o tipo de pessoa que gostasse de perder tempo conquistando as pessoas à toa. Isso poderia dizer que Lacbel não devia ter medo da morte...

- Você não tem medo de morrer? - Harry perguntara repentinamente, fazendo Lacbel observá-lo, por algum tempo, talvez processando a pergunta que fizera com tanta brusquidão.

- Depende da morte que fale. - dissera, deixando Harry intrigado.

- Ah, morte... sabe, sem respirar, acabar batimentos cardíacos... - ele dissera, fazendo Lacbel se virar completamente para ele.

- A Morte que finaliza tudo. - simplesmente dissera, de modo sombrio, fazendo Harry até estremecer um pouco.

- É, essa daí... - ele dissera, mas intrigado. Que outro tipo de morte poderia haver?

- Não, eu não tenho medo. - dissera simplesmente, olhando para o outro lado. Mas havia alguma coisa... Como se a frase fosse dita de modo direto propositalmente, para omitir uma informação.

Sentou-se na tábua, sentindo uma leve apreensão. Achava ter tocado em um assunto levemente tenso naquele momento, mas recebera uma resposta concreta. Mas não satisfatória. Seu instinto dizia alto que Lacbel escondera uma informação valiosa, quando dissera tão diretamente a resposta para aquilo.

Decidiu voltar seus pensamentos para a questão principal que era importante saber. O que exatamente era Lacbel.

Retirara de sua lista todas as criaturas que poderiam ser conjuradas, pois vida indicava algo mais longo que apenas aquele "um ano". Apesar de não ter ajudado o tanto que gostaria, ainda assim já era algum avanço. Sobrara agora apenas as criaturas que podiam ser convocadas de outros lugares e as criaturas mundanas, como Vampiros, Humanos, Lobisomens Anciões e outras tantas criaturas, retirando Dementadores.

Mas como poderia filtrar mais essas informações? Como poderia obter uma resposta sem que Lacbel percebesse?

Isso, Lacbel não podia perceber... ele precisava fazer valer o célebre ditado "Jogar verde pra colher maduro". Seria o único método viável, se quisesse ganhar terreno naquele jogo. Seus pensamentos estavam meio desorganizados, então aquilo deveria ser testado assim que conseguisse organizar-se, quando tivesse reciclado o máximo possível de informações.

Harry sentou-se ao chão, apoiando os cotovelos nos joelhos e sua cabeça entre as mãos, com ar extremamente pensativo. Achava que a resposta seria fácil depois que descobrisse o enigma, mas parecia que tinha piorado. Lacbel produzira um segundo enigma de propósito? Lacbel queria lhe fritar os miolos de tanto pensar?

Apesar de ficar repetindo sua pergunta e a resposta, nada lhe vinha milagrosamente à mente.

Aquela resposta-enigma não parecia ter sido de grande ajuda na sua procura. Finalmente, parara, pois não iria conseguir achar resposta nenhuma com o cérebro tão quente, e aliviou-se quando ouviu os passos do comensal que trazia a comida. Tinha ido até a tábua, olhando para a silhueta negra que agora tinha parado, ficando estático ao ouvir os passos. Isso lhe deu praticamente certeza de que Lacbel estava mesmo demonstrando o que sentia para ele.

No dia anterior, após ter aceitado a proposta, Lacbel pedira para que fingisse não estar querendo se aproximar dele quando algum comensal viesse. Achara o pedido estranho? Claro. Pensara sobre o assunto? Claro. Descobrira a resposta? Talvez. Como sempre, as respostas jamais eram concretas... E aquelas que eram, tornavam-se incompletas.

O que imaginava é que Lacbel sentia-se constantemente vigiado por Voldemort. E aquela amizade ilícita não deveria ser descoberta. Bom, aquela amizade não deveria existir nunca, afinal, onde já se viu um carcereiro sendo amigo do prisioneiro que guarda? Se aquilo era um sonho, estava realmente interessante.

O comensal chegou, olhando para dentro das grades em direção à ele. Entregou a bandeja à Lacbel, era praticamente o mesmo procedimento todos os dias em dose dupla. Após ele ter saído, fora de encontro às grades, sentando-se ao lado. O bom de Voldemort ter escolhido um lugar tão desolado, é que qualquer pessoa que se aproximava era ouvido a metros de distância. Isso tornava as situações ilícitas quase impossíveis de serem flagradas.

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Lacbel estava ainda um pouco reticente sobre o prisioneiro. Não sabia se ele iria realmente passar pelo seu teste para ver seu real interesse em descobrir mais. Na verdade, ele deveria ser muito mais esperto e perspicaz, afinal, ele poderia arrancar informações de cada resposta que lhe dava, até mesmo antes de terem feito aquele desafio.

Mas já ficara satisfeito por seus pequenos progressos, como decifrar o seu primeiro enigma. Já era um enorme avanço, em sua opinião. Quantas pessoas tinham consciência de que tinha tido uma vida antes de se tornar comensal? Apenas duas. O Lorde e o prisioneiro. Mas isso não chegava nem milimetricamente perto do que gostaria que ele descobrisse. Em realidade, ele estava se arriscando terrivelmente só por conversar com ele... E isso era mais acentuado, agora que começara a ajudá-lo propositalmente.

Enquanto almoçavam, viu que ele parecia pensativo enquanto comia. Ao menos, poderia dizer que ele se esforçava, mas no ritmo dele... Poderia demorar demais. Muito mesmo. Não se importara, só de ter uma pessoa interessada, mesmo sabendo do que era capaz e não podendo receber nada em troca, já era suficiente. Desde quando se contentava com tão pouco? Já fazia muito tempo...

Ouviu-o cantarolando, logo após ter terminado. Era uma música de... Natal?

- O que está cantarolando? - perguntara, fazendo-o observá-lo, os olhos verde vivo pareciam intrigados, levemente assustados...

- Uma música natalina. Isso me faz relaxar e meu cérebro fica menos tenso. - ele respondera, mas ainda olhando-o intrigado - Erm, tem algum problema com isso? - perguntara levemente, parecendo constrangido.

- Não. Só faz... Algum tempo que não escuto... - falara com ar levemente reticente, voltando-se para seus joelhos, que grudou mais ao corpo e as mãos que ficaram prensadas - Pode continuar.

Mas ele só foi continuar após alguns segundos, provavelmente observando-o. Natal...

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Harry ficara levemente assustado quando a voz de Lacbel soara imperativa sobre o que estava cantando. Poderia-se até dizer que estava exigindo que respondesse àquela pergunta. Justo Lacbel, que era tão indiferente e impessoal quanto ao que fazia. Ele poderia ficar pelado lá dentro que provavelmente Lacbel não se importaria. No entanto, por estar cantarolando uma música natalina, Lacbel repentinamente havia se incomodado. Mas por quê?

Mesmo depois de ele tê-lo deixado cantarolar novamente, ficara reticente. Mas o fizera, porém agora com os olhos atentos na silhueta negra, que repentinamente tinha entrado naquela posição da Quarta-feira. Porque uma simples música de Natal faria Lacbel voltar àquele estado de letargia?

Por que falara tão reticente sobre não ter escutado músicas natalinas fazia "algum tempo"? Sentira uma conotação levemente mentirosa em sua fala, o que o fizera lembrar-se do dia anterior, quando lhe dissera que a mentira só era aceita dependendo do quanto você parecesse acreditar nela na hora que falasse. Lacbel estava escondendo alguma coisa em relação ao Natal... Só podia!

Com um frio na barriga, percebera que Lacbel estava lhe dando pistas sobre si mesmo desde a semana passada! Droga, Harry não possuía uma suma memória para lembrar-se de todas as irritações que fizera para Lacbel, nem todas as perguntas. Agora, Harry teria de fazer um esforço sobre-humano em sua memória para arrancar o máximo possível de informações.

Mas agora descobrira um método para adquirir as respostas que queria. Precisava fazer o comentário certo, do modo certo e no momento certo. Dependendo da resposta que Lacbel lhe desse, ele poderia saber finalmente algo mais concreto do que apenas charadas e enigmas. Era um jogo que ele precisava vencer. Tanto por ele, quanto pelo perdedor...

Mas aquele não era o momento para testar, pensar ou cogitar, ele precisava relaxar, mas aquela canção estava fazendo-o se preocupar com Lacbel. Isso era verdade, vai que Lacbel se transformava num zumbi de novo? Seria culpa dele, ainda iam achar que estava tentando fugir de novo. Mas, em certo ponto, acabara por descobrir um ponto fraco dele. Mas seria possível que Lacbel fosse... sensível? Cada vez estava piorando mais a sua confusão.

Tentara trocar de música. Mas se trocasse e Lacbel saísse de sua letargia, ficaria extremamente intrigado, pois provavelmente haveria de ter acontecido alguma coisa em algum Natal para deixar Lacbel em estado tão letárgico.

Lacbel acordara. Sim, comprovadamente acontecera algo em algum Natal que fora extremamente marcante. Isso já diminuía uma boa parte da lista de cogitações sobre o que poderia ser... E, o mais palpável, para seu espanto... Era de que fosse um humano. Na verdade, também cogitava se não fosse um anjo. Por Merlin, e se fosse um anjo? Como Voldemort tivera a cara de pau de aprisionar, sabe-se lá com o que, um anjo para servir a propósitos tão negros?

- Que música é essa? - Lacbel perguntara, dessa vez, muito menos agressivo. Era apenas uma curiosidade.

- Música trouxa, uma das bandas que mais gosto. - sorrira, relaxando com Lacbel fora de seu estado anormal. Pensara... Seria o momento perfeito para o seu teste. – Infelizmente, faz algum tempo que não escuto, só posso cantarolar as que me vêm na telha. - falara, mas observando Lacbel atentamente naquele momento. Lacbel parecia não saber ou não se lembrar de música, o que indicava que "algum tempo" significava, na verdade, "muito tempo".

- Parece divertido. - falara de modo natural e ele sorrira. Lacbel caíra em sua armadilha.

- Você cresceu com uma família trouxa. - sentenciou, assustando Lacbel.

- O-o que? - ele gaguejara, parecendo estar incomodado com a acusação repentina.

- A expressão "me vêm na telha" é trouxa. Se fosse um bruxo puro-sangue ou alguma outra coisa, você teria perguntado o que seria isso. Mas você respondeu-me naturalmente, como se tivesse entendido perfeitamente. - explicara, sorrindo de canto - Isso indica que você é um humano.

- Posso ter compreendido o sentido da frase. - contra-argumentara, o que ele sorrira.

- Sinto lhe informar que a sociedade bruxa Puro-Sangue não é a suma inteligência humana. Além de não terem interesse nenhum em tentar entender como trouxas pensam, poucos puro-sangues se interessam em adentrar a essa "sociedade inferior", como eles os denominam. Isso porque eles são o mais perto de humanos possíveis e convivem com eles. - ele dissera convicto, sorrindo vitorioso.

- Você é mais inteligente do que eu supunha. - Harry aumentara seu sorriso ainda mais com o elogio. Conseguira dar um gigantesco passo naquele momento.

Mas ele não era o único satisfeito.

- Mas ainda assim eu não consegui ver a relação entre Vida e Servidão à Voldemort. - ele suspirara, novamente apoiando os cotovelos em seus joelhos e a cabeça em suas mãos, com ar pensativo. - E agora, sabendo que foi criado por trouxas, ou ao menos conviveu bastante tempo com eles... Continua sem fazer sentido. - sua voz era minimamente frustrada. Trouxas, Voldemort, Servidão, Vida... Que relação poderia haver nisso? Mas decidira sorrir. Não podia se frustrar tão rápido. - Mas EU sei mais que todo mundo. EU sei que é um humano e ainda teve convivência trouxa. - estava triunfante, o seu ego estava na lua.

Naquele momento, alguns andares acima, Lord Voldemort sorria.

- Parabéns, Harry Potter... Quem sabe não seja você a solução para os meus problemas? No final, parece que vai ser mais útil que meus comensais em meus propósitos. - a voz fria e aguda soou cínica e satisfeita, enquanto via, através de uma bacia cheia de água, Harry Potter sentado perto das grades, voltando a cantarolar com ar animado, encarando o chão de pedra cinzenta.
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Weee \o/ tempo livre finally do meu TCC/trabalhos infinitos. Vou aproveitar e dar uma atualizada geral nas minhas fanfics postadas aqui xD Espero que tenham tido uma boa leitura xD
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Agora eu me tornarei um dragão, para ficar ao seu lado." - Trecho retirado do anime Toradora. ~*

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Re: [Long-Fic] Tigres e Dragões

Post by danona23 »

Tigres e Dragões - Capítulo 05
- O que pretende fazer com o garoto? - falou uma voz atrás de Voldemort, desviando a atenção deste da bacia á sua frente, virando a cabeça calmamente para o retrato do antigo diretor, morto no sexto ano de Harry Potter.

- Creio que não vai gostar de saber, Amante de Trouxas. - ele respondera, sorrindo e tornando seu rosto ainda mais distorcido.

- Obviamente que está deixando-o vivo por causa de... - mas fora interrompido, com um gesto ríspido de Voldemort.

- Sejamos cautelosos, meu caro. As paredes têm ouvidos afiados. - havia um ar levemente malicioso em sua voz, seus olhos brilhavam maldosamente – Não quer piorar a situação em que se encontra Lacbel, não?

- Entrarei em seu jogo por hora, Tom, apenas porque não quero deixar a vida de... Lacbel – ao pronunciar essa palavra, havia um toque de ênfase e os olhos azulados se estreitaram. - ainda pior. Mas essa farsa não pode perdurar por muito tempo... São as leis. Uma hora a verdade sempre vem à tona. Demora, mas vem.

- Por isso estou apressando o que desejo, velho tolo. - a voz dele denotava leve irritação. Não gostava quando Dumbledore falava aquele ridículo nome com o qual fora batizado - Quando a verdade vier à tona, tudo já estará perdido e já não haverá mais volta.

- Particularmente, eu sugeriria que tomasse cuidado. Sabe a tempestade que ocorreu após a calmaria. Talvez a morte seja a forma mais gentil de retribuir o que proporciona à... Ele... - os olhos do velho diretor eram sérios e levemente preocupados. O que quer que fosse que tivesse falado, ambos sabiam que era perigoso. E não apenas para Voldemort.

- Eu sei com o que mexo. Apesar desses aurores tolos não terem mentalidade para compreender a magia, eu tenho. E agora que já tenho a parte faltante do meu quebra cabeça... - sua voz terminara de modo sutil, dando já a entender o que faria em seu passo seguinte.

- Achei que pretendia matar Harry Potter. As opções são tão poucas, Tom? - havia um quê até mesmo um pouco debochado em sua voz.

- Matar Harry Potter continua em pé, meu caro. Ele só está tendo um pouco mais de utilidade, antes de fazê-lo. A sorte daquele pirralho foi apenas gostar de fuçar lugares perigosos, o que lhe garante, talvez, algumas semanas... ou alguns poucos meses a mais de vida em meus domínios.

- Vai... - o ar debochado se desvanescera do rosto idoso, para ser trocado por uma expressão de puro espanto e pavor. - Mas isso seria loucura!

- Mas será exatamente o que farei. A morte sempre esteve reservada aos corajosos que se atreveram a desvendar o que há por detrás da capa. - o sorriso cruel de seus lábios dizia tudo – Mas não se preocupe, Amante de Trouxas. Nada vai acontecer... apenas a morte mais rápida de Lacbel. Poderei, desse jeito, alcançar dois objetivos com apenas um plano.

- Pela primeira vez, seus planos me parecem incompreensíveis. Mas uma coisa eu sei. É impossível não desencadear todo aquele poder, principalmente agora que você lhe deu treinamento. Se o que tem em mente der errado, nem que seja minimamente, sabe que estará colocando em risco milhares de vida! - o diretor havia dito meio sibilante – Inclusive a sua... principalmente a sua, pela qual tanto preza.

- Nada dará errado. Nada... - a voz sibilante era convicta e seus olhos vermelhos demonstravam a sua confiança naquele estranho plano que Dumbledore não compreendia. Ainda...

A muitos quilometros dali, no Beco Diagonal...

Uma mulher de estatura mediana observava três cartazes pendurados nas paredes de uma loja com ar natural. Aparentava ter uns trinta anos, com cabelos lisos até a cintura, de um tom loiro escuro, e sua pele era alva. Trajava roupas bruxas comuns, negras, e sentia os olhos dos comensais que, às vezes, observavam suas costas.

Seus olhos, de um azul metálico, passavam pelas figuras que estavam estampadas. A imagem era de três adolescentes, abaixo encontrava-se os seus nomes.
Procurados

Hermione Granger, Harry Potter, Ronald Weasley



Seus olhos pararam sobre o nome "Hermione Granger", sorrindo levemente, meio divertida. Era uma imagem de alguns anos antes, quando ainda cursava Hogwarts, mas, mesmo tendo passado esse tempo, ainda era reconhecível se retirasse o disfarce que utilizava desde que Voldemort começara a ganhar tanto terreno de uma hora para outra e era caçada como uma fugitiva. Fora até drástico demais, tornando a procura pelas Horcruxes, que já era difícil antes, quase impossível.

Então, naquele ano, Harry decidira desfazer o trio, separando-os, para dificultar o reconhecimento dos três, pois todos procurariam por um trio, e não individualmente. Havia também a vantagem de fazerem uma varredura maior e em menos tempo pela localização delas.

Antes da separação, no entanto, para continuarem a manter contato e em segurança, pedira para ela produzir novamente os galeões mágicos - antigamente utilizados para avisar sobre as reuniões da AD. Periodicamente, mandavam mensagens uns aos outros, comunicando as descobertas ou as suspeitas.

Mas a última mensagem de Harry havia lhe preocupado.

"Farei algo suicida, mas não se preocupem comigo. Preciso me aproximar de Você-Sabe-Quem e matar aquela cobra."

Após isso, outras mensagem apareceram, mas apenas para ela.

"Hermione, caso eu não consiga, por favor, poderia procurar uma pessoa para mim?"

"É algo muito importante mesmo. Mandei uma coruja com a imagem de quem procuro."

"Por favor, você necessita encontrá-la, viva ou morta. Não importa como, encontre-a."

"Caso falhe na minha missão, você deve continuar também a destruir as Horcruxes restantes."

No dia seguinte, uma coruja chegara até ela, onde havia apenas uma página de jornal antiga e meio amassada com uma reportagem de um desaparecimento. Pesquisara alguma coisa naquele tempo de desaparecimento de Harry, mas não encontrara nada anormal com a pessoa, para tanto interesse do amigo. Além disso, aquela página de jornal era de 7 anos atrás, quando ainda estudavam. Porque Harry estaria procurando aquela pessoa e agora?

Ao virar-se, deixando assim de encarar os cartazes, colocara a mão no bolso, sentindo o papel velho entre os dedos. Desde aquela última mensagem, Harry não dera mais nenhum sinal de vida. Mas ela sabia que, provavelmente, ele devia estar vivo, pois Voldemort faria questão de pendurar a cabeça dele em uma Praça Pública, apenas para retirar o último fio de esperança da população.

Não era consolador pensar nisso, mas era a prova de que ele ainda respirava.

Seus olhos percorreram o Beco Diagonal. O lugar não era nem a sombra do que outrora fora. Poucas pessoas andavam por ali, silenciosas. Ladeando a rua principal, comensais olhavam atentos os passantes, parando aqueles que se atreviam a encobrir o próprio rosto. Uma garoa fina começava a cair dos céus acinzentados, tornando aquela visão ainda mais deprimente. Era naquilo que se tornaria a Inglaterra, assim que Voldemort conseguisse vencer aquela Guerra?

Com passos calmos, começou a se dirigir à Floreios e Borrões, onde uma pequena placa abaixo podia-se ler "Recrutamento". Hermione sabia que estava para fazer uma loucura, mas não encontrara Harry em lugar algum e temia mandar alguma mensagem para ele através do galeão. E se as mensagens fossem lidas por pessoas erradas?

O único lugar que sobrara para procurar era aquele. Se fosse pensar pelo lado positivo, caso conseguisse infiltrar-se sem ser percebida, estaria no lugar mais seguro para se esconder. Afinal, seria o último lugar onde procurariam uma fugitiva renomada, com direito à cartazes por todos os lados e recompensas para quem a entregasse.

Já havia planejado toda sua falsa vida, desde a época de escola. Falsificara seus documentos e colocara um encantamento em sua varinha para falsificar sua assinatura mágica. Assim, ela também não seria rastreada por comensais que estavam trabalhando no Ministério para encontrar aurores e todas as pessoas que estavam contra Voldemort através de seus feitiços. Rony achava idiota pensar em cada detalhe, mas ela sabia que o menor deslize seria o último que faria em vida.

Ao adentrar a loja, demorara a se acostumar com a parca luminosidade, mas conseguira notar que o aposento estava mais cheio do que supunha. Várias pessoas se inscreviam para o recrutamento de comensais, mas provavelmente vinham através da Rede de Flu, por vergonha do que estavam fazendo.

Percebia-se que a maioria dos rostos que ali estavam pareciam meio abatidos e assustados. Mesmo ela estava sentindo-se apreensiva, mas tinha muitos motivos bem mais preocupantes do que a maioria ali. Das sombras, um comensal aparecera, fazendo-a parar antes de adentrar mais a loja.

- Recrutamento? - sua voz era baixa e até mesmo a assustara quando viera daquele modo furtivo, pois não o percebera ali ao entrar.

Virou-se na direção dele, processando o que havia falado tão de repente. Fez um sinal positivo firme, mas sem falar nada. Ele ficara olhando-a por alguns momentos, antes de começar a explanar como seria feita a inscrição. Parecia, pelo modo natural com que a tratou, que a maioria ali não respondia sim ou não.

Ouviu suas explicações atentamente antes de pegar a fila onde, também, estava atenta à qualquer conversa que poderia estar transcorrendo. Tentava manter-se o máximo possível informada do mundo bruxo, mas sua condição não era propícia para ser muito "xereta".

Poucos trocavam palavras entre si, preferiam manter silêncio e apenas a voz de uma mulher era ouvida, quando falava em voz alta "Próximo!".

Concluiu que com aquele novo "emprego", suas perquisas poderiam ser debilitadas. Não tinha certeza, mas, por via das dúvidas, avisaria Rony do que estava fazendo. Afinal, não sabia se manteriam vigilância sobre ela depois de ter se inscrito.

Poderiam perguntar o porque de não ter avisado Rony antes. Era simples. Ele não deixaria e atrapalharia suas tentativas futuras. Mas se já tivesse feito, não haveria mais volta. Provavelmente iria ficar furioso, mas era um mau necessário, talvez conseguisse dar informações valiosas para a Resistência, como foi chamada a união dos aurores após terem perdido o Ministério da Magia, e a Ordem da Fênix infiltrando-se ali dentro. Mesmo que isso não fosse o principal objetivo, poderia ser feito.

- Próximo! - chamou a mulher, observando-a com olhos atentos e fixos, como se a analisasse.

Aproximou-se, sentando-se em uma cadeira de frente a ela, transparecendo naturalidade. Um interrogatório começou, onde ela respondeu à tudo que pedia. Isso até a mulher lhe pedir para entregar a varinha. Não sabia para quê.

Essa parte não estava entre o planejado.

Assim que entregou sua varinha, a mulher a estendera para alguém logo atrás dela. Foi naquele momento que percebeu que tudo iria por água abaixo. Em meio às sombras, sem que ninguém pudesse ver, havia um homem vendado. Dois comensais estavam ao seu lado, obviamente mantendo-o como um tipo de prisioneiro. Logo reconheceu. Era Olivaras, o vendedor de varinhas, conseguindo reconhcê-lo pelos cabelos prateados, agora meio ralos pelo estresse. Sentiu seu estomago contorcer-se e os músculos enrijecerem, mas manteve em seu rosto as expressões calmas, mesmo que agora elas parecessem meio estáticas.

Observou os hábeis dedos tateando a varinha, verificando-a. Olivaras, obviamente, não precisava ver suas criações para descrevê-las detalhadamente. Logo Olivaras perceberia que acabara de pegar a varinha de Hermione Granger. Mesmo que ele quisesse ajudar, como ele poderia fazê-lo? Claro que em sua ficha dissera pertencer a outro país e decidiu se naturalizar na Inglaterra algum tempo mais tarde. Mas e se ele tentasse mentir algo que não fosse compatível com o que dissera?

- Não reconheço essa varinha. - fora a resposta, em voz muito baixa, que ele dera – Não vendi nada parecido com isso. - para o seu alívio, parecia que Olivaras tinha ouvido o interrogatório e pudera mentir sem hesitar.

Aquelas palavras fizeram seus músculos relaxarem e até mesmo sorrira na direção da mulher. Olivaras não devia ser usado com frequencia, apenas quando achavam um candidato suspeito, como ela. E no território da Grã-Bretanha, Olivaras era o único vendedor de varinhas, o que fazia com que conhecesse cada bruxo que comprara uma varinha em sua loja.

- Muito bem. - a mulher havia entregado sua varinha de volta e depois indicara o fundo da loja. - É por ali, para terminar seu recrutamento.

E assim que havia se levantado, ela já pedia pelo próximo candidato. Caminhou até o fundo da loja, onde um comensal esperava por ela, com ar carrancudo. Ou talvez suas feições já fossem feias daquele jeito por natureza.

- Levante a manga do braço direito. - ordenara rispidamente assim que se aproximou.

Agora era finalmente comprovado que tinha se tornado uma comensal, assim que erguera sua manga, deixando seu braço nu à frente dele, deixando-o que ele desenhasse a marca com sua varinha sobre o seu braço. Ardera bastante, mas mantinha uma expressão simplesmente concentrada enquanto aguentava a dor.

- Sua ficha será mandada para o Lorde das Trevas e, caso você tenha muita sorte, você será convocada a presença dele. - ele sorrira de modo torto em sua direção. "Ou caso eu tenha muito azar" ela pensara, assim que fora deixada com mais algumas informações sobre o que ocorreria nos próximos dias.

Pronto, aquele passo estava dado na busca por Harry. Se Voldemort o havia capturado, saberia de algo através das fofocas que provavelmente deviam rolar entre os comensais.




Quase um dia completo havia se passado e aquela ardência de quando fora marcada ainda doía-lhe a parte de cima do braço. Escrevia, através do galeão mágico, sobre o que fizera para Rony. Estavam tendo uma discussão fervorosa e sabia que ele ficaria chateado por dias à fio, mas ela não tinha dias para esperá-lo melhorar.

Ela precisava deixar todas as suas pendências que sabia não poder seguir em frente agora que tinha se transformado em comensal. Mandou a reportagem da menina desaparecida para ele, sem nem mesmo se importar se acabariam por interceptá-la. Não havia mandado com destinatário, pois a própria coruja sabia para quem estava mandando, e seu conteúdo era apenas uma página velha de jornal. Provavelmente, foi a mesma coisa que Harry pensou ao mandar para ela.

Apenas depois de dois dias, quando ela teve certeza que não estava sendo vigiada, mandara uma carta, codificada e com feitiços anti-decodificação, para Rony, explicando suas descobertas e pedindo, gentilmente, para que continuasse suas pesquisas e mandasse mensagens se precisasse de ajuda ou alguma dica de onde procurar.

Sabia que Rony entenderia quando recebesse. Só esperava que ele colaborasse, ao invés de fazer a infantilidade de mandar-lhe uma mensagem via galeão falando que aquilo era problema dela por ter escolhido se transformar em comensal da morte. Mas não ficaria admirada se recebesse isso...

Seus primeiros dias como comensal da morte eram enfadonhos, sempre convocando-os para fazer coisas banais como roubos, arrombamentos e certo caos em alguns locais. Isso até eles decidirem fazer um treinamento à sério com os novatos e ver o quanto eles sabiam obedecer ordens. E ela viu sua vida complicando.

Ela e mais 11 novatos haviam aparatado em uma praça deserta àquela hora da noite. Observava como eles estavam apreensivos, mas as ordens recebidas a menos de 5 minutos eram bem claras.

"Precisamos de Matthew Bricmon. Tragam-no vivo. O restante deve ser morto."

Deram o endereço num papel escrito à mão para ela. Não sabia exatamente porque eles pareciam tão confiantes em confiar a liderança deles a ela, mas tinha alguma noção de que aquilo significava algo. Só não sabia se positivo ou negativo.

- Todos leram? - ela perguntou de modo ríspido e frio, enquanto encarava cada capuz. Observou as mãos deles, enquanto passavam os papéis. Tremiam com tudo. Eles nunca deviam ter matado em suas vidas.

- Vai ser bem simples. Dois de vocês ficarão aqui fora, para não deixar ninguém escapar. Quem se candidata? - ela poderia dizer que nem mesmo se reconhecia enquanto falava, parecendo um general.

Vários ergueram as mãos.

- Quantos covardes... - ela resmungara de mau-humor, enquanto simplesmente indicava aqueles que queria que ficassem na porta. - Vocês foram os escolhidos. O restante vai vir comigo para dentro da casa.

A tremedeira deles era praticamente perceptível agora. Aquela não seria a primeira morte que ela produzia. Para sobreviver como fugitiva, atacar ao invés de defender não era uma opção, era uma obrigação. Virou-se em direção onde deveria estar a casa onde indicava o endereço.

E lá estava a casa.

- Vamos devagar. Usem feitiços desilusórios em si mesmos. Não podem perceber nossa aproximação antes de atacarmos.

Assim como ordenara, em silêncio, todos produziram seus próprios feitiços desilusórios. Então, ela sussurrou, pois sabia que aquilo seria um desastre se tentassem matar logo de cara.

- Estuporem. Depois, nós matamos. - e sentiu o alívio de muitos às suas costas, enquanto começavam a avançar. Revirou os olhos, enquanto se aproximava.

Observava as janelas atentamente, mas parecia não haver nada. Parecia... Não podia ter certeza. Arrombou a porta, abrindo-a vagarosamente e adentrando na frente, logo sendo seguida pelo resto.

Silêncio. Era um sinal de perigo.

Num reflexo, ela protegeu-se de uma azaração. Fora o estopim para a batalha. Era habilidosa em duelos com mais de um, pois os comensais só vinham aos bandos, como, na verdade, faziam naquele momento. E foi sorte ela estar entre eles, pois se não estivesse, com certeza estariam perdendo feio.

Seus feitiços eram poderosos e, se não fossem desviados com frequencia ou bloqueados, eram extremamente certeiros. Seus reflexos eram rápidos e conseguia processar as informações do que ocorria à volta com rapidez e decidir-se com ainda mais agilidade.

Sentia-se um pouco hipócrita, enquanto lutava contra os poucos aurores que ali estavam, quando ela deveria lutar ao lado deles. Mas ela havia mudado de lado, para encontrar Harry. As vidas deles eram importantes, mas com a morte de Harry tudo estaria acabado. Toda a resistência que estavam fazendo contra Voldemort iria morrer junto a Harry. A lenda não podia morrer, esse era o principal objetivo.

Após quase 10 minutos de luta, os aurores finalmente haviam sido nocauteados ou feridos gravemente, mas sobraram poucos em pé dos comensais que trouxera, que também haviam sido feridos. Os dois que sobraram em pé, ofegantes com a batalha, chamara para matar os aurores, enquanto procurava pelo tal de Matthew Bricmon.

- Se eu voltar com Bricmon e não os tiver matado, vão se ver com a minha pouca paciência. - ameaçara, enquanto dava as costas aos comensais, que pareciam estar prestes a ter um colapso nervoso.

Primeiro, subira as escadas. Nada encontrara, além dos quartos onde eles dormiam. Mas, como sempre, gostava de saber se não havia informações ali. Não, todas as cartas que recebiam eram queimadas e qualquer informação que tinham deviam estar na própria mente deles.

Voltou para o andar térreo, indo em direção ao porão, ignorando completamente os dois comensais, que, ainda, para o seu aborrecimento, não haviam retirado a vida de ninguém.

Chegando ao porão, descobriu que Matthew Bricmon era um comensal que estava sendo mantido prisioneiro. Pelo estado lastimável, devia estar sendo torturado para tentarem extrair informações. Não imaginava isso, mas tinha uma idéia de que ele devia estar morto, assim que entregasse para os seus superiores.

Libertou-o, percebendo-o acordar de um sono leve e olhar para onde deveria ser o seu rosto com um ar de espanto. Logo após, pareceu apavorado. Aquilo era a certeza de sua sentença de morte.

- Não parece que lhe trataram com muita gentileza, Bricmon. - sua voz era levemente debochada e perversa. Fazia um bom tempo que ela perdera seu ar pacifista, para compreender que o mundo era violento. Indiferença era o único método de não enlouquecer.

- Eu não contei nada. Eu não queria ter contado nada! Eles me obrigaram! - o tom apavorado desmentia descadamente aquelas palavras.

- Vamos ver o que os meus superiores acham disso. - dissera dando de ombros e nocauteando-o, pois sabia que ofereceria resistência para ser levado.

Levitou o corpo e convocou a varinha dele, recebendo-a em poucos segundos. Subira as escadas e, para sua mais completa fúria, eles não haviam feito nada do que ordenara. Tinham chamado os dois comensais que deixara na porta para ajudar a curar os companheiros feridos.

- Richardson. Evans. - ela havia chamado, fazendo ambos erguerem as cabeças. Os dois comensais que haviam sobrado em pé. - Venham até aqui.

Ambos estremeceram, entreolhando-se por alguns instantes, mas se aproximaram, para um canto, ela ainda carregando o comensal dedo-duro. Se estivesse sem o capuz, haveria uma carranca das mais furiosas estampando seu rosto, mas eles não puderam ver isso.

- O que eu ordenei para vocês, quando fui buscar Bricmon? - ela perguntara com a voz carregada de fúria.

- Matar os aurores... Mas, srta Lavransdatter, nossos companheiros... - ela os interrompera, de modo ríspido.

- Eles podem ser curados mais tarde. Richardson, se nós não cumprirmos ordens, seremos eliminados. É isso o que acontece: ou nós cumprimos as ordens ou não prestamos e devemos ser eliminados igual à lixo. Então, escolha. Ou eles ou nós. - sua voz era ríspida e aborrecida, enquanto indicava com a cabeça para eles irem até os aurores e terminarem o serviço.

Chocados, ambos perceberam que não haveria escapatória. Eles teriam de matar se quisessem sobreviver. Com relutância, foram até os aurores desacordados e, com lágrimas nos olhos, eles mataram um à um. É, fora chocante também a primeira vez que ela tivera de fazê-lo.

Ajudara a curar os feridos, para que estes pudessem pelo menos aparatar para o local combinado.

Assim que chegaram, já havia alguém os esperando. O comensal que os esperava estava sério, erguendo uma sombrancelha ao ver que quase 2/3 do grupo estava ferido, mas sorrira ao perceber que ela estava inteira e praticamente intacta.

- Trouxe Bricmon? - ele perguntara assim que haviam se aproximado, alguns deles sendo apoiados pelos mais inteiros.

- Aqui está. - respondera friamente, jogando o corpo dele aos pés do outro com desdém e desprezo.

- Hum, muito bem. Mataram todos? Verificaram a casa?

- Eles mataram, enquanto eu verifiquei a casa. - ela havia indicado Richardson e Evans, que estavam praticamente logo atrás dela - Mas não havia mais ninguém.

O comensal sorrira, completamente satisfeito.

- A senhorita tem um ótimo potencial de liderança, srta Lavransdatter. Creio que isso possa ganhar pontos extras com o Lorde das Trevas, quando mandarmos a sua ficha com essas observações. Você, junto a Richardson e Evans, passaram no teste. Quanto aos outros... Terão de fazer um novo. - os olhos dele eram ameaçadores ao encarar os 7 integrantes feridos. Os outros dois intactos eram, como ela soube desde o começo, e que não queria que interferissem, comensais experientes que estavam ali para analisá-los.

Hermione simplesmente sorrira, com ar confiante, típico de um comensal convencido. Fora proposital fazê-lo, pois seu disfarce dependia também da sua atuação. Adquirir a confiança das camadas mais altas de comensais era um objetivo que queria alcançar, assim receberia com mais facilidade informações mais concretas, não apenas boatos.

"Eu espero que consiga te achar a tempo, Harry... Espero mesmo..." ela pensava, assim que foram dispensados.
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*~ "Desde tempos antigos, o dragão era a única besta que poderia se igualar com um tigre.

Agora eu me tornarei um dragão, para ficar ao seu lado." - Trecho retirado do anime Toradora. ~*

Propriedade e proprietária exclusiva de Perséfone Black.
Princesa Slytherin e a bebê piromaníaca da Aeres.
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