Se eu não te amasse tanto assim...

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Zoé Magnus
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Post by Zoé Magnus »

Ah só mais um pouquinho.... Pra falar a verdade eu só taum loca por cães quanto possa se imaginar, vo ate fazer vestibular pra veterinária, alias to procurando um emprego em uma clinica veterinária se alguem quizer me contratar estamos ai!! huahua
Que é isso, Zoé, quer raptar os meu filhinhos? eheheheheh
Naum eu naum sou uma Nazaré, mas tem outras formas de conseguir num é? :twisted:
Brincadeirinha.....
{Zoé sai correndo antes levar uma caderada da Mary na cabeça}
“Da mesma forma que tudo é mortal na natureza, pode dizer-se também que todos que amam estão mortalmente atacados de loucura”

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“Ergue-te o sol resplandecente, e mata a lua invejosa, que já esta fraca e pálida de dor ao ver que tu és muito mais bela do que ela própria”
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Post by Éowyn & Tonks »

to procurando um emprego em uma clinica veterinária se alguem quizer me contratar estamos ai!! huahua
Oba! Já arrumei uma pediatra para os meus filhotes! ihih :lol:
Naum eu naum sou uma Nazaré, mas tem outras formas de conseguir num é?
Como é que você sabia que eu estava justamente pensando na Nazaré?? :shock:
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Zoé Magnus
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Post by Zoé Magnus »

Como é que você sabia que eu estava justamente pensando na Nazaré??
Elementar minha cara Mary: Intuição canina!!! Huehue... Tá quando eu me formar vô deixar c ir na minha clinica com os teus filhotinhos e vô atender eles de graça, tá?
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Post by Éowyn & Tonks »

Tá quando eu me formar vô deixar c ir na minha clinica com os teus filhotinhos e vô atender eles de graça, tá?
Iupiiii!!!
Que bom! Uma médica de graça!!
(Aiai, vamos embora, senão a Regina vai acabar estrangulando a gente!!!)
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Regina McGonagall
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Post by Regina McGonagall »

Hehe, pra vocês não ficarem falando de filhotes que ainda não pensam em aparecer, vamos tratar do único que já está a caminho por aqui... :emo104:

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Cap. 17 – O nome do novo Black

Regina acordou com o ronco de um trovão. Não podia acreditar. Chuva, logo pela manhã! Isto significava que não poderia caminhar na praça, mas não estava a fim de usar a esteira da sala de ginástica. Estava bastante sonolenta, ficara até tarde no fórum, ainda não recebera seu exemplar em inglês, mas evitava deliberadamente os tópicos que já ameaçavam estar contando trechos do livro, pois no fundo temia alguma notícia do tipo: Snape morreu!
Sorriu levemente ao se lembrar de sua amiga Mary, que estava de férias e viajara, por isso não andava muito freqüente pelos fóruns. E, provavelmente por um motivo muito semelhante, ela vivia repetindo: “Não me digam que o Lupin morreu!”

Deixando de lado elucubrações deprimentes, e resignada a ficar sem exercícios, levantou-se e fez, ao lado da cama mesmo, uma pequena série de alongamentos, e um pouco de ioga, que fariam bem ao bebê, antes de ir tomar seu banho e se preparar para o trabalho, desta vez sem muita pressa. Como sempre, fora a primeira a acordar no apartamento, mas ao sair do banho já encontrou duas de suas companheiras preparando o café com cara sonolenta. Renata resmungava como um leão velho, sempre disposta a dormir mais um pouquinho. Sozinha no quarto, pôde se vestir com calma, evitando pensar muito nas imagens que vira no dia anterior, na tela do ultrassom. Seu menininho estava forte e saudável, estava feliz por isso, mas não gostaria de se trair por estar pensando demais e falar alguma coisa sem pensar. Já fora o bastante ficar pensando no Snape a ponto de sonhar com ele, ali, querendo saber do filho, querendo levá-la de volta...
- Como se ele quisesse mesmo isso! - retrucou para si mesma, sacudindo a cabeça com veemência, como para afastar os pensamentos tolos.

Ante as caretas das colegas – agora Sinara também estava na cozinha – preparou um suco “vitalizante”: couve, laranja, mel e hortelã. Ultimamente, só conseguia mesmo tomar um suco pela manhã, e as colegas meio que desaprovavam seu gosto...
- Se vocês vão querer carona, apressem-se. O trânsito vai ficar uma maravilha, com uma chuva dessas! – exclamou, enquanto ia escovar os dentes e acabar de se aprontar.
Mas apenas Sinara iria com ela, já que trabalhavam no mesmo lugar. Para as outras, ainda estava cedo e preferiam se arriscar no trânsito. Então, em poucos minutos já estavam deixando a garagem do prédio, sob uma massa de água a cair incessantemente.
- Este carro está muito abafado, hoje – Sinara comentou.
- Com essa chuva, o que você queria? – Regina respondeu, atenta ao sinal que estava demorando para abrir, inexplicavelmente impaciente esta manhã.

Sinara olhou para a amiga com o canto do olho. Tinha uma porção de perguntas para fazer, mas precisava achar o momento certo... E elas já quase chegavam. O carro já entrava na avenida e Regina se preparava para estacionar. Mas, onde? Sinara não vira vaga alguma. A chuva fora embora, tão rápida quanto viera.
- Ei! Ali já tem... um carro – completou, desanimada, pois a amiga entrara em uma vaga inexistente até um segundo atrás.
- O que você disse? – ela olhou de lado, rapidamente.
- Nada... Pensei que não tinha vaga!
- Impressão sua – Regina respondeu, lacônica, mas deu um sorrisinho quase imperceptível.
Sinara aventurou-se. A outra estava concentrada na baliza, o terror de todo motorista “fresco”, responderia a perguntas curtas e diretas:
- A consulta, ontem, correu tudo bem?
- Sim. Tudo sob controle.
- E o exame? O que deu?
- Menino! – ela respondeu e, em seguida, brecou o carro – Gárgulas...
- Pode xingar, eu deixo! – a outra ria, vitoriosa – Apesar de saber que você odeia palavrões, ia dizer um, agora...
Regina encostou a cabeça no volante, respirou fundo, terminou a baliza com toda a calma de que foi capaz. Só depois de puxar o freio de mão e desligar o carro, é que olhou para a colega ao seu lado.
- Eu ia dizer apenas: Gárgulas Galopantes!
- De onde você tirou isso? – Sinara ergueu as sobrancelhas – Ah, já sei, não precisa dizer. Harry Potter.
- É. Mas... – Regina a fitou, curiosa e conformada – eu devia saber que você não ia ficar quieta...
- Ora! – Sinara estava realmente orgulhosa de si mesma – Acompanhe o meu raciocínio: há meses que você só toma esses sucos horrorosos de manhã, anda toda cuidadosa com coisas que antes nem notava, ta que nem uma manteiga derretida quando vê um bebê, até na tv, começou a usar aquela meia de compressão, e não venha me dizer que é porque seu uniforme exige o sapato social e você anda subindo e descendo escada, que não cola!
- Ok, você venceu. Batata frita!
- Pelo menos, não tá brava comigo... Ou vai ficar, se eu perguntar quem é o digníssimo?
Mas Regina já olhava para o cão que passeava do outro lado da avenida, “puxando” o dono pela correia, um belíssimo exemplar da raça terra nova.
- Sirius... – ao olhar curioso da amiga, apontou para o animal – Era assim que eu imaginava o Sirius, ou Almofadinhas, melhor dizendo. Não aquele cachorro horroroso do filme!
- Você saiu pela tangente! De novo!
Ao se virar para protestar, Regina pensou ter visto um par de olhos negros fitando-a pelo retrovisor com expressão dura e ferida. Fechou os olhos, abriu de novo, e já não viu nada. Estava tanto na defensiva, fechando sua mente a “possíveis legilimentes”, que começara a ver coisas...
- Desculpe – murmurou – É que não prestei atenção à pergunta.
- Sei... – Sinara suspirou, ia tentar de novo – É aquele cara de São Paulo? O que você andou visitando nos fins de semana, que também é louco por Harry Potter?
Regina riu. Então, ia ser mais fácil do que pensara. Afinal, fora essa a história que contara pra sua mãe, não fora? Marta, evidentemente, tentara “sondar” suas amigas, por telefone, para descobrir mais algum detalhe. Nem confirmou, nem desmentiu, deixando a amiga tirar suas conclusões sozinha.
- E já escolheu um nome pro “nosso” gatinho?
- Aldebaran – respondeu, simplesmente.
- E que diabo de nome é esse?
- Nome de uma estrela, a alfa de Touro. O anjo guardião da porta oriental do céu. O nome daquela música do Celso Adolfo – e uma pontadinha de dor surgiu em seu peito ao se lembrar.
- Isso eu sei, mulher. Não sou uma completa ignorante de astronomia. Quero saber é: porque escolheu um nome desses...
- Tradição de família, só isso. Todo Black tem nome de estrela – ela disse, e se arrependeu em seguida, aquela impressão esquisita de novo, os olhos voltando, temerosos, para o retrovisor.
- Ah, deixe eu adivinhar... Harry Potter de novo!
Regina sorriu, fingindo estar sem graça, saindo do carro. Depois, recuperando o bom humor enquanto abria a porta de trás para retirar suas coisas, exclamou:
- Olha, já que tudo que eu disser a respeito, mesmo sendo verdade, vocês vão achar que é loucura...
- Pode deixar, vou ligar para o Dr. Samir e ver se aquela vaga no “André Luiz” ainda está disponível pra você...
- Ha... ha... ha... – Regina caçoou – Está vendo? Mesmo você não acreditando, aí vai. Eu sou uma bruxa, estou “ligeiramente” grávida, e meu filho vai ser um bruxo também. Aliás, 100% bruxo, pois seu pai também é um sangue-puro. Definitivamente, esse não será um “sangue-ruim”...
- A mulher pirou mesmo! Achei que psicoses pós parto só ocorressem “pós parto”...
As duas ainda riram um pouco, antes de Regina pedir a Sinara que não comentasse nada, por enquanto.
- Eu sou um túmulo...
Fechou o carro e entraram no prédio, tranqüilas, e logo as tarefas do dia faziam a conversa ficar esquecida. Mas Regina concluíra que precisava tomar mais cuidado, ou todos ficariam sabendo mais rápido do que ela gostaria. Pelo menos agora, concluiu, teria que contar para as outras companheiras de apartamento, e achar um jeito de caber um berço em seu quarto, que já ficara bem cheio com aquele baú antigo.

Continuava estudando os livros de feitiços, transfigurações e poções, mas não experimentava a varinha, com receio de que seu uso fosse “detectado pelas autoridades bruxas”. Só não resistira à tentação de “enfeitiçar” uma vaga para estacionar. Por isso, Sinara pensara que a vaga já estivesse ocupada, aquela manhã.

Porém, se quisesse garantir sua sanidade, precisava seguir com mais cautela. Não sabia se, a partir do momento em que estivera no “mundo deles” por tanto tempo – dois meses inteiros – alterara a forma dos dois mundos se relacionarem e estariam, então, contando o tempo da mesma forma. Se inquietava com o fato de não ter recebido nenhum sinal, nenhuma notícia do mundo bruxo. E isso era o que mais a inquietava, quando se permitia pensar a respeito, pois ainda temia que o fato de simplesmente pensar neles pudesse fazê-los sentir sua presença ou vir até ela. Apesar de ter vários amigos que eram professores de física ou química, não se arriscara a discutir esta questão com eles.
Então, dedicou cada instante para pensar no pequeno Aldebaran, crescendo em seu ventre e já mudando seus hábitos, seus desejos, seu humor. E isso é que era realmente a parte difícil.
Mais algumas semanas, e não conseguiu mais disfarçar. Então, foi simplesmente deixando de esconder, deixando que as pessoas descobrissem por si só, algumas acanhadas demais para lhe perguntar diretamente.

O lançamento do livro, as notícias na Internet, a espera pela chegada de seu exemplar em inglês, tudo contribuía para que ela pensasse ainda mais em Harry Potter, mas tentou manter-se no patamar da fã, como sempre estivera antes do feriado da semana santa...
Então, dizia para quem se encorajava a perguntar, que seu “namorado”, um professor paulista também fã do menino bruxo, estava fora do país em um trabalho de pesquisa, mas voltaria a tempo do nascimento do filho. E o pessoal, em sua maioria, aceitava.
De seus amigos, apenas Vinicius insistira em saber dessa história com mais detalhes, mas ela acabara por convencê-lo a parar de interrogá-la. Na verdade, usara um argumento irrefutável: ou aceitava o que lhe contara e pronto, ou podia esquecer de vez que eram amigos há tanto tempo. E o amigo só teve uma alternativa: aceitar e dar tempo ao tempo, até que ela resolvesse se abrir de verdade.

Mas como explicar a ele que não mentira, ao dizer que o pai de seu filho era um bruxo? Estava fora de questão. Toda vez que sugeria algo assim, apenas para testar a reação dos amigos, era sempre a mesma coisa. Olhares para o alto, gestos de impaciência, gracejos debochados: de novo essa história?
Assim, Regina continuou sendo Regina McGonagall ao entrar no fórum, Regina “Gypsy” Rodrigues para amigos e parentes, e se limitava a ser Ariadne Black - querendo se tornar Ariadne Snape - apenas dentro de seus sonhos.
Last edited by Regina McGonagall on 25/05/06, 13:48, edited 1 time in total.
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Post by Éowyn & Tonks »

Sorriu levemente ao se lembrar de sua amiga Mary, que estava de férias e viajara, por isso não andava muito freqüente pelos fóruns. E, provavelmente por um motivo muito semelhante, ela vivia repetindo: “Não me digam que o Lupin morreu!”
Eheh! :mrgreen:
Pode ter certeza que eu tentaria descobrir de qualquer jeito.
A minha assinatura no fórum do Mugglenet é: "Sou esquisita, adoro Spoilers! Por favor, me enviem uma MP quando souberem quem morre em HP6. Não aguento esse suspense!" Eheheh :mrgreen:

Adoro esse capítulo, a cena dela usando magia para arrumar a vaga para o carro! Eheheh! Está aí uma das coisas que todo mundo queria saber fazer! eheheh :mrgreen:
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Post by Regina McGonagall »

hehe, quando escrevi esta parte, tinha ficado meio na dúvida... mas faz de conta que a Maria não quer nem saber, depois daquele "gentil" presentinho...

(e adorei esse "emotion" novo na sua assinatura...)
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Post by Éowyn & Tonks »

mas faz de conta que a Maria não quer nem saber, depois daquele "gentil" presentinho...
É... provavelmente seria mesmo o que aconteceria. :)
(e adorei esse "emotion" novo na sua assinatura...)
Achei num fórum inglês do Lupin e achei tão fofo que não resisti a colocar na assinatura! eheh
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Post by Zoé Magnus »

To aqui :mrgreen: !!!!!! Desculpa Regina falha nossa :oops: !!! Putz dei mancada né, como pude esquecer de postar? #-o :cry: Mas ó eu to lendo tua fic e tenho q disser q to ficando nervosa quando ela vai voltar a Hogwarts? Só quero ver a cara do "papai" Snape!
Bjux e desculpas de novo :oops: !
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Post by Regina McGonagall »

valeu, zoé. esperei passar o fim de semana pra editar um novo capítulo, pra dar tempo de você (e o resto da galera que gosta de ler "caladinho") conferirem...

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Cap. 18 – Dia das bruxas movimentado

Depois de tanto tempo, de novo aquele pesadelo horrível.
Só que, agora, sabia exatamente quem eram os personagens. Procurava incansavelmente por Snape, gritando seu nome. Mas apenas Dumbledore aparecia, dizendo que tudo terminara...
Acordou, molhada de suor, sentindo uma dor horrível no abdomem. Era de madrugada, tudo era silêncio. Olhou em volta. Estava no seu quarto, ainda no apartamento que dividia com as amigas. Sentou-se na cama. Do outro lado do quarto, Renata dormia tranqüilamente, como sempre. Da rua, não vinha nem o som de algum carro perdido na madrugada.
Tentando acalmar as batidas do coração, respirou fundo e aguardou. Mas não sentiu nenhuma dor, pelo menos por enquanto. Levantou-se, o mais silenciosamente possível, sentindo as costas doloridas e a barriga mais pesada. Foi ao banheiro, já estava molhada. Que estranho... – pensou. Entrou debaixo do chuveiro e tomou um longo banho. Por vias das dúvidas, vestiu-se, vagarosamente. Se sentia tão cansada! Fora o pesadelo, com certeza.

Fez um esforço para se lembrar direito do pesadelo, sem ficar aflita de novo. O que Dumbledore dissera, com certeza? “Já acabou”. Só isso. Não queria dizer muito. O que Snape lhe dissera, ao deixá-la? Que só iriam até ela, se ela o permitisse? Que o anel era a forma que ele teria de achá-la, se fosse preciso...
Olhou para o anel, querendo saber exatamente como funcionaria... E se... fosse realmente uma nova chave de portal? Mas então, para onde a levaria, com certeza? Para o mesmo instante em que partira? Para alguns meses à frente? Ou anos? Para o fim da guerra?

Reconhecendo que tinha mais perguntas do que respostas, sentindo vontade de voltar ao banheiro, ao mesmo tempo que uma dor muito forte se repetia, vindo da região dos rins e circulando toda a sua cintura, segurou-se com força numa cadeira. Pela primeira vez, preocupada de verdade, caminhou lentamente até a porta do quarto e chamou a amiga.
Daí a alguns minutos, todas já estavam de pé, falando ao mesmo tempo. Mas alguém teve a lucidez de encontrar o número do celular de sua médica. Regina conseguiu se sentar e conversar com ela com relativa tranqüilidade, relatando objetivamente tudo o que sentia, revelando inclusive que estivera inquieta e aflita durante toda a tarde de domingo. Após todas as informações, a médica chegou à conclusão de que sua bolsa se rompera, ao mesmo tempo em que as contrações já começavam. Passara instruções de como proceder para ser atendida no hospital dali a pouco, conversou com as meninas, em um tom de falsa zanga, advertindo-as de que só tinha uma parturiente, não quatro, e combinara encontrar-se com Regina na sala de cirurgia. Lá, após examiná-la, verificar pressão e tudo o mais, é que se decidiria por um parto normal ou cesária.
Enquanto se preparava, rindo da aflição das amigas, Regina percebeu pelo calendário em que dia estavam: 31 de outubro, dia das bruxas. Que data seu filho escolhera para nascer! Não poderia ser outra!

O sol estava nascendo, quando Regina recebeu nos braços seu filho, aflito e choroso, tão pequeno e já tão querido! Notou-lhe prontamente os olhos negros, como os do pai, e chorou, emocionada. Queria que ele estivesse ali... Sentiu uma pequena vertigem, chamou pela médica, o anestesista acorreu, atento. Mas o mal estar passou, embora ela pudesse jurar que havia mais uma pessoa na sala, no meio da equipe, que por um momento parecera estar sem as roupas adequadas, os grandes aventais, toucas e máscaras verdes. Mas concluiu ter sido apenas um efeito tardio da anestesia, e ouviu atentamente as palavras dos médicos, que lhe garantiam que o menino era normal, gozava de perfeita saúde, todos os sinais vitais ok. Foi colocado sobre o seu peito, e ela chorou ao ver seus olhos vivos a fitá-la, muito abertos. A enfermeira o levou, explicando que, assim que ela estivesse instalada no quarto, com um acompanhante, o menino seria levado até ela, para a primeira tentativa de amamentação.

Pouco tempo depois, ela cochilava no leito de seu quarto de hospital, cansada mas tranqüila, pois tudo correra bem, apesar de todos os seus medos. Apenas Sinara permaneceu com ela, mas não ficaria por muito tempo. Precisava ir trabalhar, dali a pouco. Quando a enfermeira entrou, com o pequeno bebê nos braços, ela se emocionou de verdade:
- Que fofinho! É uma pena que esta mãe cabeçuda tenha escolhido um nome tão...
- Sinara! – Regina reclamara, enquanto a enfermeira lhe ajudava a colocar o pequenino para mamar pela primeira vez, instruindo-a calma e gentilmente.
Vendo que estava tudo bem, que ela conseguia se virar, e contando que a jovem ali presente ajudaria se preciso, a enfermeira deixou o quarto. Mas lembrou que poderiam chamá-la se preciso. Regina agradeceu, querendo aproveitar cada momento com o filho.
- Você quer que avise alguém? – Sinara perguntou, falando baixinho.
- Bom... – a outra deu um sorriso cansado – Mamãe, né?
- E o pai? Como você vai fazer pra avisar?
- Já avisei... – respondeu quase sem sentir.
Imaginando que a outra devia ter ligado do celular sem que se desse conta, Sinara relaxou um pouco. Uma batida suave na porta e alguém entrou. Ao desviar a atenção da amiga por um minuto para ver quem entrava, quase morreu de susto. Nunca vira alguém como aquela mulher, por mais que estivesse acostumada a ver de tudo pelas ruas.
Alta, o cabelo preso num coque severo, roupas estranhas e fora de moda, um chapéu no mínimo ridículo, parecia estrangeira. Pensando melhor, as roupas fariam sentido, se fosse inglesa, concluiu. Por isso, não se assustou ao ouvi-la se dirigir a Regina naquela língua.
- Então? Você pensou que ia esconder isso de nós por muito tempo? – sua voz tinha um tom de repreensão, mas era gentil e carinhosa.
Regina ergueu os olhos, quase gritando de surpresa, e as lágrimas represadas enfim caíram. Minerva McGonagall, “sua tia”, ali! Vendo o ar curioso da amiga, disse-lhe apenas:
- Sinara, esta é tia Minerva. Acho que já percebeu que ela não é daqui...
- Evidente! – a outra respondeu simplesmente, analisando com olhar mais crítico cada detalhe de sua aparência. Alguma coisa lhe era familiar... já tinha visto roupas como aquela, uma mulher como aquela, em algum lugar. Aquele nome...
Mas a bruxa já pedia permissão a Regina para pegar a criança, visivelmente emocionada.
- Quando ele nos contou, não pudemos acreditar... Ele esteve aqui com você, na hora em que o bebê nasceu e você o chamou, mas foi orgulhoso demais para ficar. Você entende, não é?
- Não, não entendo. – Regina franziu a testa, confusa – Do que a senhora está falando? – com um olhar, pediu desculpas a Sinara por estar falando em inglês com a outra. Depois explicaria, ou talvez não fosse preciso...
- Bem... – Minerva parecia ligeiramente encabulada por tratar de algo tão íntimo – Homem nenhum se sentiria bem, numa situação como essa...
- Que situação? Ver uma criança nascer? Mas o pior já tinha passado! Não creio que um homem como ele fosse desmaiar numa hora dessas... Se bem que seria engraçado ver isso. – ela riu, imaginando algo assim, mas voltou ao assunto – Como é que ele estava lá? Eu percebi alguém, mas não pude ter certeza. Foi tão rápido! Por que não falou comigo? Por que não me deixou ver que era ele que estava lá? Imagino que tenha usado um feitiço desilusório, pois não o percebi claramente.
- Sim, fez isso... – Minerva pareceu subitamente sem palavras – Mas...ele não pareceu à vontade para ver a criança...
- Como? – Regina agora se espantou de verdade – Sei que ele não queria isso, mas... pensei que pelo menos fosse... querer conhecer o filho, depois de tudo.
- Mas ele – Miverva pareceu surpresa – ele nos disse que o filho não é dele, é do Black!
- O que? – Regina quase gritou.
O bebê choramingou nos braços de Minerva, ela o devolveu cuidadosamente para os braços da mãe, enquanto tentava encontrar uma forma de explicar o que acontecera. Olhou para a jovem, que se aproximara e conversava com Regina em sua própria língua:
- Seguinte: eu vou precisar ir agora, mas... Você vai ficar legal? Quer dizer, essa sua tia...
- Tudo bem, Sinara. Eu vou ficar legal. Vou te pedir um favor. Já estava para entrar de férias, mas vê pra mim o que é preciso, documentação, atestado, tudo o mais, com o pessoal do RH, ok?
- Pode deixar. Eu vou indo, então – ela conferiu o relógio – Ainda tenho que tomar café, mas vou deixar pra fazer isso lá. Na hora do almoço, se der, eu volto, tá bom?
- Tá bom. Eu te ligo, se precisar. “Brigadão” pela força, amiga.
- “Tamo” aqui pra isso. – ela piscou e saiu, depois de dar mais uma espiadinha no bebê e cumprimentar Minerva com um aceno formal.
Sentindo-se mais à vontade para conversar, agora, Minerva conjurou uma cadeira mais confortável perto da cama e se sentou, contemplando mãe e filho com carinho. Depois, respirando fundo, ela explicou:
- Severo, ao que parece, ignorou as recomendações de Dumbledore, visitando você algumas vezes, usando uma capa de invisibilidade para isso. Não precisou da chave. Parece que o anel que lhe deu funciona como tal, mas com algumas características diferentes. Coisas de Artes das Trevas, provavelmente.
Minerva pareceu desgostosa com isso, mas suspirou resignada. Não podiam fazer nada quanto ao “patrimônio” de Snape. Mas Regina pensava em como não se dera conta de que ele faria algo assim, de verdade. Vigiá-la, sempre que possível. Minerva tomou fôlego e continuou:
- Ele estava em sua casa, quando você descobriu que não... esperava um filho dele.
- Sei... – Regina começava a entender.
- E também, ao que parece, no verão, quando você contou para alguém, aquela jovem, acredito, que ia ter um filho, de alguém chamado Black.
Regina tentou relembrar aquele dia, a sensação de abafamento, a impressão de alguém a fitá-la no retrovisor.
- Meu Deus! – exclamou – Deixei Sinara pensar o que quisesse, mas quem entendeu errado foi ele! Mas... no verão? Isso foi há menos de quatro meses! – Regina tentava raciocinar, claro, fora em junho, então era verão para ele... Não, ela estivera em Hogwarts no verão!
- - Você tem mesmo certeza, minha filha, desculpe por lhe perguntar, mas...
- De que Severus Snape é pai de meu filho? Claro que tenho! – ela tentava a custo se manter calma – Eu me enganei, ao pensar que não estava grávida, só tive a confirmação dois meses depois. Mas a médica disse que isso pode ocorrer, e acontece mais vezes do que se imagina. Eu já saí de Hogwarts, grávida de Snape. E não estive com nenhum homem, depois dele, nem poderia! Como ele pode pensar que eu seria tão... leviana?
- Mas... – Minerva estava cada vez mais confusa – Minha filha, isto foi há mais de um ano!
- Como? – Regina a fitava, chocada, tentando raciocinar, rapidamente. Então, falou com muita calma – Aqui, no meu mundo, era o feriado da páscoa, quando parti para Hogwarts. E voltei no mesmo dia, apesar de passar dois meses lá, com vocês. De lá pra cá, se passaram sete meses... Alguma coisa, talvez essa chave de portal esquisita, faz com que os dois mundos se encontrem numa fração de tempo diferente...meu Deus!
- Para nós, se passou um ano. Depois da tarde em que Snape te visitou e soube que perdera o filho ou, como você diz, apenas pensou que isso tivesse acontecido, passaram-se meses até que ele se aventurasse a voltar, ficara abalado, acredite. Encontrou-a com um amigo, aquele rapaz louro do sítio, penso eu.
- O Vinicius – Regina adivinhou, lembrando-se do dia em que “terminara” sua fic e a editara no fórum, dando-lhe "um final feliz".
- Sim. Depois, ele afirma, não esteve mais com você, só voltou a vê-la no verão, no dia em que a acompanhou no seu... automóvel, enquanto contava para a amiga que ia ter um filho do Sirius Black...
- Eu não conheço Sirius, a senhora sabe disso! Como poderia? Eu não cheguei a conhecer o Sirius, ele... partiu antes que eu chegasse em Hogwarts, a senhora não lembra? E está morto, não está?
- Não, não está. E conseguimos tirá-lo daquele lugar, finalmente.
Regina não pôde evitar uma exclamação de surpresa e alegria, e Minerva a fitou com estranheza. Ela se apressou em explicar:
- Eu, e mais uma porção de fãs de Harry Potter, nunca acreditei de verdade nisso, mas... eu nunca o vi, nem antes nem depois de cair naquele véu! Quando usei o nome “Black”, me referia a mim mesma... ao nome que recebi de minha mãe, de meu avô!
Minerva a fitava, aturdida e confusa. Do que aquela mulher estaria falando? Será que o parto prejudicara sua razão?
Mas Regina chorava, silenciosamente, acariciando a suave cabeleira negra do filho, que agora adormecera, sereno. E falava, como para si mesma:
- Como ele pôde?... Depois de tudo, como ele pôde não confiar em mim? Imaginar... uma coisa dessas? Eu devia... matá-lo. Não! Transformá-lo num rato... num verme... num...
- Minha filha, calma! – Minerva já ficava assustada – Por favor, me explique: que história é essa?
- O Prof. Dumbledore desconfiava, mas não tinha certeza, acho. – ela respirou fundo – Ao voltar para casa, eu descobri que sou filha de uma bruxa, Ariadne Black, filha de Zubenel “Aníbal” Black. Minha... mãe morreu quando nasci, e meu avô me trocou por um bebê trouxa que nascera morto. Queria me manter longe do mundo bruxo, mas... a senhora sabe o que aconteceu, tanto quanto eu. Só sei que ele me deu o nome de minha mãe, me chamo, na verdade, Ariadne Regina Black, foi só isso que ele me revelou em uma carta. Agora, mais do que antes Regina McGonagall é um nome falso... por mais que eu goste dele, e talvez precise continuar a usá-lo, até... bem, até ter certeza de que não preciso me esconder mais e porque.
- Por Merlim, isso é verdade?
- Sim, pode perguntar ao retrato lá na sala do diretor. Ele já sabia, mesmo antes de eu deixar Hogwarts.
- Isso muda muita coisa! – Minerva ficou pensativa, mas ainda restava-lhe uma dúvida.

A enfermeira entrou, pois vira Sinara saindo e pensou que Regina estivesse sozinha. Viera buscar o bebê. Mas viu que tinha uma acompanhante, por isso, saiu.
- A senhora não vai poder ficar o dia todo... Tem afazeres em Hogwarts...
- Não se preocupe, esperarei até que alguém chegue para lhe fazer companhia. Assim, curto um pouco mais meu “neto”.
Resolveram conversar sobre coisas “mais simples” como, por exemplo, os planos de Regina dali por diante. Ela, porém, não os tinha muito claros. Depois de vencida a licença maternidade e também cumpridas suas férias, ainda não fizera planos. Na verdade, esperava o desfecho da saga de Harry Potter para isso, não querendo alimentar falsas esperanças. Embora fosse forçada a concordar que ficaria melhor vivendo e criando seu filho no mundo bruxo. Ele teria direito a isso, caso fosse dotado de tantos poderes quanto seu pai, pelo menos, já que ela nem sabia direito como usar os seus. . Contou a Minerva que tinha uma varinha e andara estudando bastante, seguindo a ordem dos livros básicos de Hogwarts, que seu avô lhe deixara, mas que ainda não aprendera o suficiente para tirar o atraso de quase 30 anos.
Minerva concordou, compreensiva. Mesmo para uma bruxa, não seria fácil criar um filho, sozinha. Mesmo que o perigo iminente – evitara citar diretamente Voldemort – fosse vencido. Todos estavam dispostos a dar a própria vida, se preciso fosse, para ajudar Harry a vencer, não por ele, mas por todo o seu mundo. E Regina sabia disso. E não desconhecia os riscos que ela própria correria, e o que teria que enfrentar para garantir a segurança de seu próprio filho.

Deixaram de falar em guerras e rumores de guerras, para falar de crianças. Enfermeiras e médicos entraram e saíram, todos olhando com ar curioso para sua estranha acompanhante. Alguns acharam que era a avó. E Minerva gostou da idéia, sorrindo quando Regina lhe explicou. Manifestou-se de acordo, caso ela quisesse apresentá-la como “sogra” se isso facilitasse as coisas. Regina riu, entre agradecida e divertida, pensando no que Snape acharia disso. O bebê foi levado e trazido de volta, Regina foi instruída e orientada por enfermeiras, avaliada pelos médicos, visitada pelas amigas. Mas Minerva foi ficando, vigilante e atenta. Até quando Marta chegou, esbaforida e nervosa, ela se manteve em sua posição de serena vigilância sobre mãe e filho, disfarçadamente segurando a varinha no bolso de suas “roupas de trouxa”.
Regina apresentou a mãe à sua “sogra”, contendo o riso. Marta reteve, assim, qualquer observação de reprimenda, intimidada pelo ar severo da mulher, que a filha lhe explicou ter chegado da Escócia naquela manhã, sem saber que o neto já nascera. Notando os ciúmes da mãe, Regina sorriu, divertida.Enquanto ela entrou no banheiro, Minerva sacou a varinha e murmurou um encantamento. Regina a observou curiosa, mas sua mãe saiu do banheiro sem perceber nada estranho. E Minerva aproveitou para se despedir.
- Agora, sei que estará segura. Portanto, preciso ir. Você sabe que tenho... obrigações. – ela sorriu – Mas voltarei em breve, tenha certeza. E pode ficar tranqüila. Terei uma conversinha com... meu filho. – piscou
- É melhor não lhe dizer nada, por favor! – Regina suspirou – Eu entendo porque ele está... chateado. Não aceito, mas entendo. Acho melhor esperar até... que eu encontre uma forma de explicar.
- Está bem. Mas falarei com Dumbledore a respeito, principalmente porque não há mais dúvida de que seja uma de nós. Mas, antes... quase me esqueci.
Ela tirou dois pequenos frascos dos bolsos, explicando que Papoula os mandara:
- Este é para sua recuperação, e este é para o menino. Não se assuste, você é que vai tomá-la. É para fortalecer o leite. Tome-as hoje à noite, antes de dormir – ela abraçou Regina, em sinal de despedida, comovida, ante o olhar ciumento de sua mãe adotiva.
Regina sabia que ela desaparataria ao sair do quarto, e desejou intimamente que não fizesse muito barulho para isso, enquanto a mãe agora aproveitava para pegar o neto sem ninguém com quem competir sua atenção.

A Dra Lúcia veio vê-la ao cair da tarde. Examinou os pontos – afinal haviam conseguido ter um parto normal - examinou o bebê. Garantiu a Regina que ambos poderiam sair no dia seguinte, ou no máximo no outro. Lamentou não ter conhecido “sua sogra”, quando Regina lhe informou que estivera lá.
Sinara chegou, logo depois. Tranqüilizou-a quanto às questões administrativas, estava tudo arrumado. E Marta acabou descobrindo que seria mais necessária do que imaginava, enquanto Regina se questionava, sem dizer nada a elas, se agira certo em decidir como decidira. Não poderia registrar o filho sem um documento do pai, e duvidava que Snape tivesse algo como um passaporte... Será que poderia produzir um, por magia? Isso seria legal? Por via das dúvidas, seria melhor registrar o filho apenas em seu nome civil. Se permanecesse ali depois, pensaria numa forma de corrigir a situação mais tarde.
Chegara a uma conclusão, depois da conversa com Minerva, e a informaria sobre sua decisão. No mundo mágico, seu filho se chamaria Aldebaran Alan McGonagall, por enquanto, ou até o final da guerra. O registraria com o seu sobrenome em seu mundo, e esperaria que o tempo trouxesse uma solução.

Quando o jantar foi trazido, e Sinara foi para casa, pois sua mãe passaria a noite em sua companhia, Regina chegou a pensar que deveria ter deixado McGonagall contar a verdade a Snape. Sentia uma falta tremenda dele ao seu lado num momento tão importante. Mas não o chamaria! Pensou até em tirar o anel, mas não conseguiu concluir o gesto, Sentiu como se arrancasse um pedaço de si mesma e desistiu. Havia prometido e manteria a promessa, mesmo que ele a magoasse ainda mais, ela permaneceria fiel a si mesma e ao que sentia. Mesmo que ele não ligasse a mínima para ela e seu filho.
Ia provar para ele, para todos, para si mesma, que era forte o suficiente. E que podia criar um filho sozinha, mesmo um pequeno bruxo.
- Ouviu, Snape? – sussurrou, segurando o anel – Não preciso de você. Posso me virar muito bem, sozinha. Eu e meu filho!
Last edited by Regina McGonagall on 03/04/07, 13:53, edited 1 time in total.
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Post by Éowyn & Tonks »

Esse é um dos melhores capítulos "sérios" da fic. Dá até vontade de ter filhos... (Não se preocupe, sem chance no momento! eheh)
Muito adulto, muito realista... Bom, mas tem outros, também...
(E dessa vez, o ciúme do Snape é até compreensível)
Quando eu crescer quero saber escrever como você! :mrgreen:
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Post by Regina McGonagall »

Mary, que graça! Você já cresceu, tenha certeza...

Pra vocês não ficarem esperando muito e eu não ficar mexendo demais em coisa que já está pronta, e acabar estragando o que está perfeito (modéstia não é meu forte), resolvi postar mais um capítulo (já inclui até um "momento brega" que acabei não tendo coragem de tirar depois... :oops: Mas é o capítulo "song fic" que deu nome à fic.

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Cap. 19 – Primeira manhã de Natal

Um estalo, provavelmente um escapamento na rua, a despertou. Abriu os olhos, instintivamente procurando o berço do filho, onde anteriormente ficava a cama de Renata, que se mudara para Brasília, e estremeceu. À luz de um relâmpago lá fora, pensou ter visto uma sombra, um vulto negro debruçado sobre o berço. Piscou, e não viu mais nada. Olhou o relógio. Cinco e trinta da manhã. Manhã de Natal. Constatou com tristeza que chovia e pensou que, se a chuva não parasse, as crianças não poderiam exibir os brinquedos novos na praça. E evitou pensar que manhãs de chuva sempre lhe pareciam manhãs de Hogwarts.
Aldebaran dormia ainda, por isso permaneceu deitada, olhando para a claridade fraca da janela. Até que a voz de Ivete Sangalo invadiu o quarto, esquecera-se de desativar o despertador do rádio-relógio em sua cabeceira.

“Meu coração / Sem direção,
Voando só por voar / Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar./ E as estrelas que hoje eu descobri
No seu olhar / As estrelas vão me guiar
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos / Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores / Por onde eu vi
Dentro do meu coração


Regina se levantou, ouvindo os resmungos do filho, que acordara e estava com fome. O leite já escorria mesmo de seus seios que ardiam, molhando o pijama, e ela tentou se convencer de que era essa a única causa da dorzinha chata no peito. Acomodou-se na poltrona de braços, ajeitando o filho em frente ao mamilo, que ele sugou com vontade, fazendo-a sorrir com a pequena fincadinha. A música continuava a tomar conta do quarto e, pela primeira vez, ela se via refletida nos versos tristes de Hebert Viana:

Hoje eu sei / Eu te amei
No vento de um temporal
Mas fui mais / Muito além / Do tempo do vendaval
Dos desejos de um beijo / Que eu jamais provei igual
E as estrelas dão um sinal!
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos / Dentro de mim
E vivesse na escuridão ...


As lágrimas rolavam por seu rosto, sem que fizesse qualquer esforço por secá-las. Tentava não pensar muito em Snape, praticamente não entrara mais nos fóruns desde que voltara pra casa, há quase dois meses inteiros. Mas como esquecer aquele homem, se a criança em seus braços era seu retrato fiel? E como negar que cada verso daquela canção lhe cortava mais fundo que um punhal?
Queria desligar o rádio, mas não podia interferir com o ritmo da mamada. Por isso, esperou de olhos fechados que a música terminasse, levando com ela aquele sentimento estranho, aquela sensação de uma presença tão forte que ela parecia evocar. Mas o “DJ” devia estar mais melancólico que ela hoje, pensou, pois colocou em seguida Caetano cantando “Sozinho”.
- Ah, filhinho, mamãe vai ter que desligar essa coisa, ou mudar de rádio... Não dá pra ficar saindo do caldeirão e caindo no fogo! – ela conferiu o relógio, era hora de virá-lo para mamar do outro lado.
O menino resmungou, mas continuou a mamar assim que sua mãe o ajudou a pegar o segundo mamilo, e Regina se resignou, afinal. Que mal poderia lhe fazer uma simples música? Não precisava de ajuda pra sentir o peito cortado pela saudade e pela certeza de que não teria outra chance com o homem mais orgulhoso e intransigente que já existira... Mas tinha o seu filho, o pequeno Aldebaran, que dependia dela. Isso a faria forte.
Ao ver que ele já se cansara de mamar, finalmente, e Regina tentou se erguer lentamente da poltrona. Chegou a ter a impressão de que um braço se estenderia, forte, para ampará-la, mas sacudiu a cabeça. Tinha que parar de imaginar coisas desse tipo. Estava sozinha e continuaria assim. Caminhou lentamente pelo quarto, embalando mansamente o bebezinho apoiado em seu ombro, pequenino. A chuva lá fora se amansara, assim como seu coração. O rádio continuava ajudando muito, ela pensou, agora tinha que ter um Cazuza! Ou, se tivesse sorte...
J Quest! Esse DJ deve ter levado um fora da namorada na ceia de Natal – ela concluiu com um sorriso.
Enquanto os versos de “Amor Maior” invadiam o quarto, Regina suspirou. Parecia que a programação tinha sido escolhida a dedo para atingi-la. Aqueles versos eram bem a cara de Snape:
“Eu Quero ficar só
Mas comigo só
eu não consigo...”


Podia até adivinhar o que viria a seguir, mas antes disso, desligou o rádio. O silêncio era mais seguro. Depois de trocar a fralda do bebê, e niná-lo nos braços um pouco mais, colocou-o no berço.
- Mamãe agora é que precisa se alimentar, malandrinho. Fique quietinho, ouviu? – disse-lhe baixinho, carinhosa, mas ele já dormia de novo. A felicidade morna e calma dos bebês!
Foi ao banheiro, depois pra cozinha. Preparou um grande copo de suco, sempre sentia uma sede imensa depois de amamentar, e espiava pela janela a chuva que ainda caía na manhã nascente, quando o ronco alto de uma moto encheu a rua inteira, quebrando o silêncio e fazendo os cães da vizinhança latirem, alertas.
- Que maluco! – ela pensou – Mal amanheceu! Deve estar voltando de uma noitada, mas não precisava acordar todo mundo... podia ter escolhido passar por outro caminho e nos deixar sossegados.
Ela tentou ver a rua, mas o motoqueiro já saíra de seu campo de visão. Deu de ombros, e foi para seu quarto, procurando uma camisa aberta para vestir, pois o pijama de cetim escuro estampado de luas e sóis risonhos estava realmente bem molhado.
Por um minuto apenas, se examinou criticamente no espelho, antes de vestir a camisa. Os seios aumentados pelo leite, protegidos agora por um sutiã de sustentação que acabara de vestir, que nem por isso deixava de ser uma peça bonita e delicada (presente “bem intencionado” de uma amiga de trabalho). Não engordara tanto, seu corpo já era praticamente o mesmo, com excessão dos seios, claro, mas não conseguia evitar um pouco de insegurança. Será que Snape a acharia grande e feia, se a visse assim? Lembrou-se com um sorriso de uma entrevista antiga de Rita Lee, dizendo que adorava ficar grávida, porque era sua única chance de parecer a Fafá de Belém.
- Eu até que estou parecendo mesmo... – murmurou, sorrindo para seu reflexo – só um pouquinho!
Rindo pra si mesma, imaginando que seria ótimo ter aquele “vozeirão”, cantarolou a primeira música da cantora que lhe veio à cabeça, mas parou bruscamente, sacudindo a cabeça. Não ia melhorar em nada seu astral, ficar cantando “Abandonada por você...” ou qualquer coisa do gênero. Ainda bem que estava sozinha, ou as amigas cairiam matando por causa do pequeno “momento brega” e ela teria que admitir que tinham razão...além de ficarem preocupadas se ela não estaria entrando em uma depressão pós parto, andando triste daquele jeito ou com crises de insegurança por causa das mudanças no seu corpo...

A campainha da porta interrompeu seu devaneio.
- A essa hora? – pensou, contrariada. Simone e Sinara passavam o Natal com as próprias famílias, e nenhum de seus amigos viria visitá-la às seis da manhã do feriado de Natal! – Só pode ser algum engraçadinho, vou fingir que não ouvi.
Mas, quem quer que fosse, não ia desistir, e insistiu. Agora realmente chateada com a inconveniência, vestiu um camisão amarelo-limão, mal fechando dois botões, impaciente. E abriu a porta, já pronta para xingar quem quer que fosse, pois o olho mágico não ajudou muito, indiferente ao perigo que isso poderia representar.
Mas parou, estarrecida, enquanto um homem se encostava ao batente, sorrindo. Usava jeans e uma jaqueta sobre a camisa meio aberta, tinha os cabelos crescidos, molhados da chuva, a barba por fazer e óculos escuros escondiam seus olhos.
- Não pode ser! – exclamou, dando dois passos para trás. Aquele não podia ser o Tiago! Ele estava morto! Mas claro que não era, pois a fitou curioso, enquanto perguntava, em inglês:
- É aqui a casa do mais novo membro da família Black?
Antes que se recobrasse da surpresa, outra voz, bem mais seca e agressiva, exclamou atrás dela, fazendo-a pular de susto.
- Sirius Black! Eu já estava me perguntando quando é que você iria aparecer!
- Ranhoso! – o outro disse irônico – Eu devia ter imaginado que você estaria aqui, um velho cão nojento guardando o osso!
- O único cão nojento aqui é você, Black.
Os dois homens avançaram um para o outro, varinhas já em punho, como se estivessem sozinhos. Regina, então, pareceu sair do torpor em que se encontrava.
- O que vocês dois estão pensando? – gritou, colocando-se entre eles, arrependendo-se em seguida. Sua fala ecoara pelo corredor vazio, logo algum vizinho curioso estaria espiando de alguma porta mal fechada.
Passou por Sirius, empurrou-o pra dentro e fechou a porta. Depois, encarou os dois homens, que a fitavam ao mesmo tempo que vigiavam um ao outro com o canto do olho. Mas foi Sirius que se recuperou primeiro.
- Ora, fiquei sabendo que ganhei um sobrinho novo... Não se preocupe, foi Dumbledore que me contou, e não pude deixar de vir visitá-la e conhecer o menino... Embora alguns pareçam acreditar que já faço isso com freqüência, não é, Ranhoso?
Regina fitou Snape. Ele parecia pronto a atacar o outro, mas respirou fundo e olhou pra ela.
- Eu só queria... trazer um presente de Natal pro meu... pro sobrinho de McGonagall, mas vejo que escolhi uma hora imprópria. Adeus.
Dizendo isso, desaparatou, sem que Regina tivesse a chance de pedir que esperasse. Desalentada, deixou-se cair no sofá, enquanto Sirius a observava.
- Desculpe, não tive a intenção. – ele disse, depois de algum tempo, sentando-se ao seu lado – Como me disseram que ele nega ser o pai, não imaginei encontrá-lo aqui... Você podia ter escolhido melhor o pai de meu “sobrinho”!
- Tudo bem – Regina sacudiu a cabeça, e enxugou as lágrimas com a costa da mão – Se você não tivesse chegado, era capaz dele ficar aqui o dia inteiro, me assombrando.
- Como assim?
- Não viu a capa na mão dele? Estava aqui, há algum tempo já, só que invisível, o... – ela não conseguiu achar um nome para xingá-lo, que expressasse realmente a raiva que sentia por ele ter feito isso. – O Ranhoso!
Mas teve que reconhecer. Isso era tão próprio dele, que ela mesma imaginara em sua fic. Que ele a vigiasse com uma capa de invisibilidade!
Sirius riu, ao ouvir seu desabafo. E só então a examinou com atenção. Era bonita, tinha os cabelos muito negros e a maternidade provavelmente acentuara suas formas. Será que Snape percebera aquela aura de força e sensualidade que a envolvia? Não, ele não tinha tal sensibilidade!
Mas Regina agora também fitava o primo, ou seria tio? Não sabia exatamente o grau de parentesco entre eles. Mas, com certeza, era como se visse Tiago à sua frente, e isso a feriu mais ainda, fazendo-a recuar, instintivamente.
- Ei, o que é isso? – ele tocou seu rosto, e ela estremeceu – Não precisa ter medo de mim, o lobisomen da turma é outro!
Regina se viu obrigada a sorrir, ao se lembrar de Lupin. Mas fitou Sirius com o olhar dolorido, vendo-se forçada a explicar:
- É que... conhecia alguém muito parecido com você. Mas ele morreu. Como, aliás, você, até onde eu sei...- tinha se esquecido completamente de que Minerva lhe contara que ele voltara do véu - Mas não me conte! Não quero ser tentada a colocar a “teoria” no fórum e depois ter que responder a perguntas embaraçosas tipo: “como você sabia?”
- Desculpe – ele riu – Dumbledore me preveniu sobre isso, disse que você poderia ficar chocada, mas eu tinha que vir. Tinha que me certificar por mim mesmo de que isso tudo não era um delírio dele.
Ele viu o cordão de ouro em seu pescoço, onde o relicário com a pena de Fawkes brilhava, e o pegou entre os dedos.
- Como conseguiu esta corrente? – perguntou, examinando o fecho, reconhecendo prontamente o brasão que continha.
- Era dele... do Tiago – Regina falou com voz fraca, tentando ignorar a sensação estranha de que era Tiago mesmo à sua frente, seus dedos quentes roçando a pele do seu pescoço, afastando perigosamente o decote de sua camisa ao examinar o cordão.
- Sei... – Sirius a olhou com expressão estranha, quase assustadora – Você tem alguma foto dele? Se você diz que se parecia tanto comigo, gostaria de conferir.
- Foto dele? – ela não entendia direito o que ele dizia, mas respondeu – Na verdade, tenho uma fita de vídeo.
Enquanto lhe perguntava se já assistira filmes feitos pelos trouxas, mais tranqüila por ele saber do que se tratava, procurou a velha fita. Ainda hesitou, mas ligou o vídeo e a tv e sentou-se novamente ao seu lado, não muito perto, pois as reações de seu corpo a estavam assustando de verdade. Quase adiantou a fita, mas preferiu ter tempo para se preparar, vendo tudo, enquanto explicava:
- Isso foi gravado num fim de semana, no sítio de uns amigos. Nossa turma era bem unida, na época. Este que está filmando é o Vinicius, seria bem o “Potter” da turma. Mas é melhor você ver por si mesmo.
Enquanto a fita corria, a cena da sala, a cozinha, Regina o examinava disfarçadamente, medindo suas reações. Ele agora se projetara para a frente, apoiando os braços nos joelhos, e ela resistiu à tentação de mexer em seus cabelos.
“- Rê! Olha pra cá!” – a voz de Vinicius a fez voltar à realidade. Sirius parecia mais concentrado ainda, assistiu à sua dança com Tiago, sem ao menos piscar. Na seqüência, os rapazes admiravam a moto nova, que Tiago descrevia com entusiasmo.
- Dá pra parar a imagem? – Sirius perguntou.
- Claro, é só falar quando...
- Aí... Pronto. – ele se aproximou da tela, examinando com atenção o que parecia ser ele mesmo aos 20 anos.
Depois, se virou para uma Regina cada vez mais confusa, perguntando:
- Como se conheceram?
- Ora, fomos vizinhos... a vida toda – ela não queria se lembrar disso, que a vida toda para ele fora apenas 20 anos. – ele morava na casa ao lado da minha. Por que?
- E você? Quem foi mesmo que a trouxe pra cá?
- Aníbal Black, meu avô. Quer ver a carta dele? Eu só descobri há pouco tempo...
- Por favor.
Regina foi para o quarto, seguida por Sirius, que sentou-se em sua cama, sem cerimônias. Com um suspiro e um olhar aflito para o berço, temendo que o bebê acordasse, ela lhe estendeu o velho pergaminho. Sirius o leu com atenção, depois examinou tudo que tinha no malão, que ela apontou como sendo de Aníbal.
- O você entendeu aqui, quando ele diz “tomar conta de vocês”?
- Ele falava de mim e de minha família, não? Ele conseguiu que mamãe confiasse nele, depois da morte de papai, e sempre foi um amigo precioso pra todos nós. Todos o chamávamos de “vô”, inclusive Tiago e as outras crianças da rua.
- Não necessariamente... – Sirius suspirou – O que praticamente ninguém sabe, é que tive um irmão.
- Claro, Regulus. Eu sei – Regina retrucou.
- Não, não esse irmão – ele sorriu tristemente – Tive um gêmeo. Sirius é uma estrela binária, não sabia?(*2)
Regina deixou-se cair ao seu lado. Aquilo era impossível! Tiago... não podia... não era...
- Meu irmão? – Sirius sorriu – Sua corrente é a prova de que sim. Veja isso. – ele levou a mão ao seu próprio peito, deixando-a ver uma corrente de ouro idêntica à que usava, aproximando-as e comparando o brasão no fecho de ambas – Não sei os detalhes, só sei que ele não possuía nenhum poder mágico, os Black tinham como detectar isso, não se espante. É um método doloroso para a criança, acredite, mas minha querida mãe não hesitou em usá-lo, em todos os filhos. Não podia se arriscar a ter um aborto na família...
A amargura de Sirius era palpável. Em voz baixa, respeitando o sono de Aldebaran, explicou que soube que seu pai pedira seu primo Aníbal para levar o garoto para um lugar seguro, usando uma chave especial, em poder dos Black há séculos. Ele cresceria como uma criança normal, num mundo diferente do que eles conheciam. Mas Sirius só soube disso na véspera da morte dos Potter. Então, mesmo que tivesse podido tentar algo, já não o alcançaria com vida... ele já estava morto. Seu pai soubera de sua morte, pelos Prewet, pouco antes deles morrerem também, embora eles só tivessem comentado que haviam encontrado um rapaz que era a sua cara, ao prestar um pequeno favor ao velho Aníbal e ele desconfiara...
- Meu Deus! – Regina não conseguia acreditar. Só podia ter ficado louca de vez! Nada daquilo estava acontecendo. Psicose pós-parto. Era isso! Estava tendo um surto, com dois meses de atraso, e sonhando aquela loucura toda!.
- Você sabe qual era o nome dele? O nome de família? – ela perguntou num fio de voz.
- Sei. – Sirius respondeu, depois de alguns segundos – Não se pode nomear crianças gêmeas como os astrônomos nomeiam estrelas binárias. Sirius A, Sirius B. É ridículo! Meu pai o chamou de Aldebaran.
Regina o fitou assustada. Não era possível que fosse verdade!
- O que foi? – Sirius ficou preocupado.
- Aldebaran... era o nome de uma música que ele cantava pra mim, de vez em quando. E foi o nome que escolhi para meu filho. Aldebaran Alan Black, é como se chama, pelo menos até ser reconhecido pelo pai.
Ela olhou para o filho, tão pequenino, dormindo tranqüilamente em seu berço, e pensou que o destino lhe reservara surpresas fabulosas...
Mas Sirius se recostou na cabeceira da cama, subitamente cansado, e ela teve pena de seu desespero mudo. Aproximou-se dele, e pegou sua mão, como a dizer que entendia e partilhava sua dor. Tiago fora seu primeiro amor de verdade, sentira muito a morte dele, a ponto de quase não se recuperar...
Então, aconteceu. Exatamente como há mais de vinte anos, com Tiago. Ele a fitou longamente, depois, sem dizer nada, a puxou delicadamente para si e a beijou. A princípio, surpresa, Regina tentou se esquivar, mas caiu sobre ele e, tomada por uma sensação de conforto e reconhecimento presa em seu abraço, correspondeu, até que sua mente gritasse o alarme:
- Este não é o Tiago! É o Sirius! – assustada, afastou-se, ofegante. Em seus olhos, havia uma dor maior que a dele, agora. E o anel em seu dedo queimava.
- Agora ele tem um motivo...
- Hein? – ela o olhou sem entender, ainda tonta com o que acontecera.
- Ranhoso. – Sirius soltou uma risada seca, apontando o anel – Este anel é mais eficiente que qualquer “cinto de castidade”... – Regina corou, mas Sirius completou com ar de quem estava torcendo pra ver o outro aparatar na sua frente - Ou ele volta aqui em dois segundos, ou nunca mais. Acho que estraguei de uma vez por todas suas chances com ele.
- Mais do que já estava? Impossível... – ela retrucou com amargura.
Sirius tentou abraçá-la novamente, mas Regina se esquivou, levantando-se e voltando à sala.
Precisava por ordem em seus pensamentos, em seus sentimentos. Quando Sirius se aproximou e segurou seus ombros, ela sussurrou, meio confusa:
- Se eu tivesse... chegado a Hogwarts... um ano antes, talvez isso fosse diferente.
- Como assim? – ele a fez se voltar para olhar em seus olhos, mas ela baixou o rosto.
- Antes... de você sumir naquele véu, e todo mundo pensar que estava morto... Eu ainda poderia... amar você. Ainda não me interessara de verdade por Snape. Mas, mesmo assim, poderia estar apenas vendo em você um reflexo dele, do Tiago. Não seria justo, nem pra mim, nem pra você.
Em silêncio, ele a abraçou, deixando que soluçasse contra seu peito por alguns minutos. E não a soltou enquanto ela não parou de chorar.
- Ei, não fique assim, gata! – ela estremeceu e ele a fitou, interrogativo – O que foi?
- Era assim... que ele me chamava... Está vendo? Eu nunca... imaginei que isso fosse acontecer um dia. – ela o fitou com os olhos rasos d’água – E mesmo torcendo por você nos fóruns, imaginando mil teorias pra provar que você sairia daquele véu maluco, eu no fundo tinha medo disso, depois que vi o filme. O Gary Oldman se parece realmente com você... com Tiago. Principalmente depois que... descobri que Harry Potter, Hogwarts e tudo o mais não eram simplesmente a criação salvadora de uma escritora desempregada. Eu tinha medo de encontrar você de verdade e... pensar que fosse Tiago! E transferir para você o que sentia por ele... como aconteceu agora... Isso não está certo!
- Sinto muito... – ele parecia sincero – Eu devia ter mandado uma mensagem pra você. Pelo Lupin, talvez, ou pela McGonagall, prevenindo-a de que viria e lhe dando tempo para se preparar. Não sou nada modesto, hein? – ele riu por um momento - Dumbledore me advertiu, mas, como sempre eu não escutei. Fui inconseqüente e leviano, ainda mais agora que você está tão... fragilizada, por causa daquele idiota do Snape! Me perdoe, sim?
Ele ergueu seu queixo, examinou seu rosto, seus olhos molhados. Ela não sabia, mas estava linda assim, e ele, poxa... como iria resistir a isso? Beijou-a novamente com imensa ternura. Regina se deixou beijar, imaginando que, pelo menos desta vez, podia se despedir de verdade de seu antigo amor, fosse ele Tiago ou não. Porque, no fundo de seu coração, percebia agora, claramente, que nem mesmo Sirius Black lhe arrancaria fora aquele sentimento que parecia uma doença: seu amor louco e sem futuro por Severus Snape.

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(*2) - esta edição é mais científica, gente. recentemente descobri que os astrônomos já constataram que Sirius é uma estrela TERNÁRIA, na verdade. isso mesmo, descobriram uma terceira estrela perfeitamente escondida pela sombra da grande e luminosa Sirius (o engraçado que isso já era dito há décadas em um romance espítia: "Renúncia", autor espiritual Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)
Regina McGonagall
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Post by Éowyn & Tonks »

Eeeeh! Capítulo enorme! Ainda bem que eu já li! Eheh! Capítulo louco, Sirius engatatão... Regina não perde tempo! Eheh!
(Eu também ia ter problemas se o Lupin me desse as costas... Não ia poder ter nada com o Ron, porque ele é menor de idade - além disso, a Hermione me trucidava! eheh... Acho que ia terminar nos braços do Quim Shacklebot, que mexe comigo e eu ainda não entendi porquê! :roll: )
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Post by Regina McGonagall »

hehe, este capítulo apresenta uma nova personagem, uma certa lourinha, chegada lá da Terrinha...
Se vocês já pensavam que esta fic era sem base, é porque ainda não tinham lido este capítulo. Mas como meus 3 betas gostaram, aí vai! desculpem, é outro capítulo gigante...


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Cap. 20 – Cobras e espelhos

O resto do dia de Natal, Regina passou como num sonho estranho. Alimentou o filho, atendeu os telefonemas de alguns amigos, deixou-se ficar em frente à tv assistindo programas infantis de Natal que conhecia de cor. Nem percebera alguns pacotes diferentes sob sua árvore de Natal, até que a noite caísse.
Dera banho em Aldebaran antes da tarde esfriar, cantando-lhe canções de Natal e se recusando a pensar no ocorrido pela manhã. Depois daquele beijo terno, Sirius se despedira e partira. Ela ouvira o ronco de sua moto, e só depois do som se perder na distância, é que se deixara cair sentada no sofá, olhando para a tela da tv que ainda mostrava o rosto sorridente de Tiago. Fez a fita acabar de rodar, assistindo novamente depois de anos se negando a isso, sentindo ainda mais saudade daqueles dias. Pensando, por um segundo, em como as coisas poderiam ter sido diferentes.
Passara sua adolescência fazendo parte de um grupo ímpar, em que a amizade era valorizada e cultivada com lealdade e respeito. Fora, sim, apaixonada por Vinicius, tentando não chorar toda vez que ele chegava com uma nova namorada na turma, até que Tiago conseguiu conquistá-la de vez, mas seu amor tinha aquela cor mágica dos primeiros amores, cheios de sonhos, promessas e alegria.
Se aquele comensal não os tivesse alcançado, o que seria deles, afinal? Teriam construído um lar, do jeito que sonhavam, Tiago tinha projetos que chegavam a ser engraçados, como a casa sem paredes internas. Já teriam filhos, talvez uns três. Estariam agora, rindo em uma sala repleta de brinquedos e risos. Seriam fãs de Harry Potter, por que não? E ririam juntos, quando alguém brincasse que ele poderia ser dublê de Gary Oldman...

Se... que palavrinha danada! “Se o oceano incendiar...” – lembrou-se da melodia, sorrindo tristemente. Sua vida parecia repleta de “se’s” ultimamente. E agora, tinha mais alguns, mais difíceis de serem resolvidos: se Snape entendesse e aceitasse aquela visita de Sirius, se o anel realmente lhe dera um sinal de que algo acontecia entre eles e ele perdoasse seu “deslize”, se ele pelo menos tentasse vê-la de novo, e se ela não sentisse tanta atração pelo “primo”...
Se o Sirius voltasse, e insistisse, será que resistiria? E não seria melhor, não teria mais chances com ele de ser feliz do que se ficasse esperando que Snape a perdoasse de algo que nem fizera? Ainda... – uma vozinha implicante parecia sussurrar, fazendo-a se sentir pior.

Mas balançou a cabeça e foi à cozinha, preparar um lanche enquanto seu filho, a única coisa concreta em sua vida agora, e bem concreta quando acordava com fome, dormia. Ao voltar para a sala, viu que havia presentes sob a sua pequena árvore. Curiosa, abriu-os com aflição. O primeiro era de McGonagall. Uma roupinha, evidentemente bruxa e que só seria apropriada num inverno pra lá de rigoroso, para o Aldebaran, e um livro sobre educação de pequenos bruxos. Hermione, definitivamente, se parecia com ela. Papoula lhe mandara um vidro de uma poção para fortalecer a musculatura do abdomem, melhor que o tal óleo de amêndoas dos trouxas que ela deveria estar usando, comentou em um pequeno bilhete. Lupin lhe mandara um espelho, como o que Sirius dera a Harry, dizendo que não tivesse receio em usá-lo quando precisasse de “qualquer” ajuda. E perguntava por sua amiga portuguesa, pra quem mandava um lenço de seda. “Depois de um ano, talvez ela já tenha encontrado um namorado em seu mundo e tenha me esquecido, mas... quem sabe ainda possa considerar-me um bom amigo?”
Regina sorriu. O que Maria diria? Ele mandara um brinquedo engraçado para o pequeno Al, que parecia ter a capacidade de flutuar sozinho a pequena altura das mãos da criança, girando e mudando de cor, fazendo barulhos engraçados. Ela teria uma certa dificuldade em explicar isso para os amigos. Talvez se dissesse que era uma invenção japonesa...
Tonks lhe mandou uma nova camiseta das Esquisitonas, e Regina pensou que, se pudesse ir ver o filme 4, talvez fizesse sucesso entre os fãs, que ficariam loucos para saber onde ela a conseguira.
Nem acreditava que ia perder o filme tão esperado e comentado, por estar com um bebê pequeno, mas isso não tinha mais importância. Depois veria em vídeo, ou dvd.

Mais serena agora, depois de comprovar o carinho dos amigos, distraiu-se com a tv e os cuidados com o filho. Esta noite, porém, teve mais uma vez o velho pesadelo e acordou assustada, de madrugada ainda.
O filho dormia ainda, serenamente como sempre. Então, tentou se acalmar. Levantou-se, foi à cozinha, tomar um copo de água. Ruídos no corredor chamaram sua atenção, a porta do apartamento abriu suavemente, mas era apenas Sinara voltando pra casa. Regina respirou aliviada, e disfarçando ao máximo para que a outra não percebesse seu estado de espírito, acompanhou-a até o próprio quarto, perguntando pela viagem.
- Definitivamente, passo o revellion aqui! – ela exclamou, caindo na cama.
Regina riu, a outra perguntou como fora o Natal.
- Bem... tranqüilo – ela a fitou por um momento – Recebi a visita de um parente...
- Outro parente como aquela tia esquisita? – Sinara lembrou-se da inglesa no hospital – E ele? Pelo menos deu notícia?
Entendendo que a amiga não conseguia acreditar que o pai de seu filho não tivesse ao menos tentado passar o Natal com eles, mentiu, mas dizendo a si mesma que só dizia uma meia mentira:
- Ele disse um oi. Mas não teve como vir. Estão caindo verdadeiras tempestades, por lá! – ela omitiu o fato de que ele provavelmente é que as estaria provocando.
- Sei... – Sinara a olhou, desconfiada. Mas estava muito cansada pra tirar aquela história a limpo. Pelo menos, o filho fazia Regina falar menos de Harry Potter, e isso, por enquanto, era suficiente. Embora soubesse que ela lia todos os dias aqueles livros velhos que trouxera da casa da mãe.
Aldebaran chorou, Regina foi socorrer o filho, era “hora do lanche”, Sinara brincou, antes de se virar de qualquer jeito e dormir.

A semana passou, o ano novo chegou, o mês de janeiro, veio e se foi. Os amigos a visitavam, entre eles Vinicius e Paulo, que demonstrara sua preocupação pelo fato do pai de seu filho ainda não ter aparecido e regularizado sua situação. Ele a questionara sobre o assunto, mas Regina esquivara-se delicadamente, dando vivas mentalmente por ter conseguido exercitar a sua “oclumência”, porque o olhar de Paulo, às vezes, era incrivelmente como o de Dumbledore, parecia ler pensamentos.
Do mundo bruxo, só recebia recados curtos de Lupin, através do espelho, como para deixá-la a par do que acontecia na guerra, talvez temendo que ela recebesse notícias capazes de a preocupar. Mas nunca tocava diretamente no nome de Snape, embora às vezes citasse o Sirius.
E foi apenas para ele que contou que seus pesadelos haviam voltado, embora tivesse certeza de que ele informaria a Dumbledore sobre isso.

Mas foi na semana santa, que algo inusitado aconteceu. Sua amiga Maria veio de Portugal, passar alguns dias. Seu avô era brasileiro, a mãe viera visitar a família, Maria a convencera a visitar a amiga em Minas, e elas acabaram por viajar com um grupo de amigos de Regina para um hotel fazenda próximo à capital.
O grupo era composto de alguns casais, quase todos amigos desde a adolescência, com seus filhos, muitos entre 10 e 15 anos, e o café da manhã era uma verdadeira festa. Regina sempre descia quase no final, para não enfrentar um grande tumulto com Aldebaran. Maria a aguardara, pois a mãe fora com um pequeno grupo andar a cavalo. Na mesa do restaurante, então, só as duas permaneciam, além de Andréa, pois suas filhas de 10 e 8 anos demoraram a se levantar. Enquanto ela dava café ao pequeno Raphael, sua filha do meio brincava com Aldebaran no carrinho.
- Vingardio leviosa! – ela repetia, fazendo-o sacudir um biscoito como se fosse uma varinha
- Gá... gá! – o garotinho ensaiava, para o espanto de Maria.
- Não se assuste! – a amiga lhe disssera – elas são tanto fãs de Harry Potter quanto você. E Deborah acha que vai conseguir ensiná-lo a falar algum feitiço antes de aprender a dizer papai e mamãe.
- Minha nossa! – a outra exclamara. Ainda não entendia a explicação maluca de Regina sobre o filho. Ela lhe dissera que o pai era escocês, e que tinha mais a ver com Harry Potter do que ela imaginava. Pelo menos, a portuguesa pensava, aliviada, não “inventara” que fosse Snape, como na fic que escrevera, e não insistisse mais em dizer que fora realmente a Hogwarts. E haviam “concordado” de que ela inventara a fic por achar a idéia divertida.
Mas alguma coisa inquietou Regina, que procurou pelo grupo de garotos, preocupada.
- Onde estão os meninos? – perguntou para Andréa.
- Ah, foram fazer a tal trilha do lobo, com os monitores. Querem achar o lobo guará em sua casa, não estão contentes em vê-lo vindo até nossa porta, buscar comida fácil.
- E pra que lado é isso? – perguntou, tentando não parecer preocupada. A amiga apontou a direção.
- Você olha o Al pra mim? – ela perguntou – preciso ir encontrá-los.
- Claro, pode ir tranqüila. – a amiga estranhou a urgência em sua voz, mas Regina já se afastava, seguida por uma aturdida Maria.
- O que está acontecendo, amiga?
- Não sei... um aperto, aqui. As crianças correm algum tipo de perigo...
- Eu, hein? Desde quando tu estás a sentir “agouros”?
- Desde quando... nasci, eu acho. Isso sempre acontece comigo, mas não há de ser nada. Vou lá, só por desencargo de consciência, como diria minha mãe.
E Maria agradeceu mentalmente por ter vestido jeans e calçado tênis naquela manhã, desistindo da piscina. Porque a trilha que Regina subia era digna de qualquer desbravador de sertões, cheia de pedras e plantas espinhentas.

Já haviam entrado bastante pela mata, subindo em direção às pedras, quando ouviram o relincho assustado de um cavalo, um grito de mulher e um baque surdo no chão. Maria exclamou, apavorada:
- Minha mãe! Este foi o grito de minha mãe!
As duas se puseram a correr, indiferentes aos obstáculos, chegando em segundos a uma pequena clareira, onde começava uma série de formações rochosas.
Num relance, Regina percebeu a situação: o grupo de cavalgada avançara para fora da trilha “permitida”, um dos cavalos se assustara com o chocalho de uma cascavel entre as pedras, derrubando sua amazona, a mãe de Maria. O cavalo fugira e os outros cavaleiros tentavam a custo controlar os próprios animais, enquanto o grupo de monitores e crianças se aproximava, atraídos pelo barulho. Rapidamente, ela tentou dominar a situação.
- Maria, veja se sua mãe está machucada mas não tente movê-la! Se perceber algo de mais grave, me avise. – ela correra e agora se colocava entre os meninos e a cobra, impedindo-os de se aproximar.
Os monitores pareciam perdidos, e um já apanhava no chão um galho para atacar a cobra, no que foi imitado por um dos garotos mais velhos.
- Não façam isso! – Regina ordenou
- Mas é uma cobra venenosa! – o monitor retrucou, mas o tom de comando de Regina o intimidara.
- Que está só defendendo seu território! Mas que diabos, rapaz! Você faltou às aulas de primeiros socorros, no seu curso de monitor?
- Na... não – ele admitiu, mas replicou – é o hotel que não quer pagar o curso pra gente...
- Nada que uma ameaça de denúncia não resolva... Agora, faça o favor de largar esse galho e levar as crianças daqui... com calma!
Um dos adultos, Juliano, já tentava vencer a curiosidade natural das crianças e as mantinha a uma distância segura. Regina localizou Gabriel, o filho mais velho do amigo, mais próximo dela e o chamou em voz baixa. Sabia que era um garoto tranqüilo, que não se apavoraria:
- Gabriel, por favor. Venha até aqui, atrás de mim – ela falava baixo, sem tirar os olhos da cobra que mantinha o bote armado, balançando-se ameaçadora, triou do bolso o celular e o estendeu por trás para o garoto – leve-o pra seu pai, se o hotel não atender logo, tem na agenda o telefone da “tia” Andréa, ela vai saber o que fazer...Maria! Sua mãe está bem?
A própria Isabel respondeu que sim, que ela não se preocupasse.
Mesmo atenta a toda a movimentação deles, Regina pensou ouvir uma voz sibilante:
- Meus filhotes... iam atacar meus filhotes...
Por um segundo, ficou petrificada. Depois, pareceu entender e, fitando a cobra, disse baixinho pra ela:
- Ninguém vai lhe fazer mal, só ficaram assustados.
A cobra mantinha o bote, mas virou a cabeça para Regina, que voltou a falar, indiferente ao espanto que provocava em quem estava mais perto:
- Volte para seu ninho. Todos a deixarão em paz. Vá, agora!
A cobra ainda balançou o chocalho, mais uma vez, depois recuou e sumiu entre as pedras.
Juliano já conseguira falar com o hotel, que mandara a equipe médica para socorrer a senhora portuguesa, e eles chegaram rápido.
Mas Regina não deixou de alertar aos monitores para evitarem aquela área, principalmente com as crianças, e lhes garantiu que não perderiam o emprego, ou ela divulgaria o ocorrido para a imprensa. E não havia nada pior para um gerente de hotel do que publicidade negativa...
Enquanto desciam a encosta, Juliano lhe devolveu o celular e Gabriel aproximou-se:
- Tia Regina...
- Sim, querido?
Ele lhe sorriu timidamente e, arregalando os olhos escuros, perguntou:
- Você é ofidioglota? Igual o Harry Potter?
Regina sorriu pra ele, mas nem percebera inteiramente que fora isso que fizera: falara a língua da cobra!
- É um segredo nosso, tá?
- Mas todo mundo viu... Você vai ter que fazer um feitiço pra eles esquecerem, né?
- Xiii, é mesmo! – ela piscou pra ele, divertida.
- Sabe? Tinha um bruxo espiando você... – ele falou baixinho, olhando em volta, preocupado.
Ela o fitou, agora curiosa de verdade.
- É, eu vi, lá atrás, no meio das árvores. Mas ele sumiu, quando a cobra foi embora – ele arregalou ainda mais os olhos, ao confidenciar mais baixo ainda – Eu acho que era o Snape!
Ela agradeceu pela informação, agora mais inquieta. Já chegavam à varanda do hotel, onde Andréa a aguardava com as crianças. Maria já vinha ao seu encontro, a mãe estava bem, ficaria em repouso até o almoço. Foi Sarah, a filha mais velha de Andréa, quem contou:
- Um homem veio aqui te procurando, tia.
- Que homem?
- Vestia-se de preto, tinha uma espécie de varinha – Andréa explicou – Deve ser da recreação, a tal festa que inventaram pra hoje à noite. Não é estilo “Harry Potter”?
Regina ergueu as sobrancelhas, espantada, enquanto Maria a olhava, visivelmente preocupada.
- Eu conversei com ele, em inglês! – Sarah contou, orgulhosa – Disse que se parecia com o Prof. Snape. Mas que você disse que ele não era mau, então eu não sentia mais medo dele. E que você colocou meu nome em uma personagem de sua fic...
- E o que ele disse?
A menina deu de ombros.
- Que ficava feliz com isso, mas não tinha tempo pra conversar. E saiu correndo atrás de você.
- Você precisava ver a cara que o homem fez! Mas ele até brincou um segundo com Aldebaran, antes de sair quase voando. Não se encontraram? – Andréa perguntou, curiosa.
- Não... Deve ter pegado outra trilha, ou desistiu. – ela tentou desviar o assunto – Ah, brigadão, Andréa! Agora, deixa eu levar esse fofinho pra trocar a fralda! Vem comigo, Maria?

Pegando o filho no colo, ela foi para seu quarto, seguida por uma atônita e confusa Maria. Percebeu que no pescoço do filho havia uma corrente – quem fora o maluco? – pensou. Correntes no pescoço de bebês eram uma coisa arriscada! Percebeu que o pingente de prata tinha um brasão como o de seu anel, o brasão dos Snape. Então fora isso: sem que Andréa ao menos percebesse, ele colocara-o no filho. Será que agora o reconhecia como tal?
Depois de trocar o garoto e colocá-lo no berço, onde ele ficou brincando feliz com o presente de Lupin, abriu sua mala, procurando por algo, enquanto Maria tomava fôlego e perguntava, afinal:
- Regina, como pode ser isto? Falaste com aquela cascavel!
- Impressão sua, Maria. Foi pura sorte.
- Minha e de todos que estavam lá... E este homem que esteve à tua procura? Quem era afinal? Estás a esconder-me alguma coisa!
- Na verdade, não, amiga. Sempre lhe disse a verdade, você é que não quis acreditar...
- Ah, não me venhas dizer mais uma vez que todos esses nossos personagens queridos existem de verdade e que...
- Snape é o pai de meu filho. “Mary”, eu nunca menti, só me cansei de repetir... Mas, agora é sério. E vou provar.
Dizendo isso, mostrou-lhe a corrente de prata no pescoço do filho. Não estava lá, quando elas o deixaram para subir a trilha. Mostrou-lhe o brasão igual em seu anel. E tirou da mala o lenço de seda e o bilhete de Lupin, entregando à amiga
- Era pra ser seu presente de Natal... mas fica valendo como presente de Páscoa, ok?
- De novo, não! – Maria replicou, mas apanhou o lenço e leu o bilhete, emocionada, enquanto Regina pegava um celular antigo, falando para o visor. Na verdade, era apenas uma carcaça, escondendo o espelho de Lupin. E chamou pelo amigo, três vezes.

Não tinha como saber que neste momento, ele estava na sala de Dumbledore, escutando o relato exasperado de Snape, numa reunião de emergência convocada pelo diretor. Também estavam presentes Moody, McGonagall e Sirius, que parecia divertido com o que escutava.
- Uma ofidioglota! Como é possível?
- Você tem certeza do que está dizendo? – Dumbledore o encarava, seriamente preocupado.
- Claro que tenho! E na frente de um punhado de crianças trouxas. Ela é tão irresponsável quanto o Potter! Nem parece que... já é mãe – ele completou, afinal.
Mas Moody, cujo olho mágico se fixara em Lupin, chamou sua atenção:
- Atenda, homem!
- Quê? – Lupin o olhou, sem entender
- Ela o está chamando! – e apontou para o bolso de sua veste.
- Hein? – Lupin subitamente se lembrou: o espelho!
- Por Merlim! – ele o mirou e viu o rosto da amiga – Regina? É você?
- Você também!? – Snape retrucou, esbaforido e Sirius soltou uma gargalhada.
De seu quarto, Regina indagou, alarmada:
- Onde você está? Pensei ter ouvido... Snape e... alguém rindo...
- Era o Sirius – Lupin respondeu, olhando de lado para os companheiros – estamos... em uma reunião da Ordem.
- Ah, desculpe! A gente se fala depois, então.
Lupin ia concordar mas, a um aceno de Dumbledore, pediu:
- Regina, espere! Parece que... vamos todos querer ouvi-la.
- E tem como fazer isso? – ela perguntava, enquanto Maria espiava por sobre seu ombro e indagava, curiosa:
- Regina, o que é isso? É um celular com imagem? Com quem está falando em inglês?
- Quem está com você? – Lupin perguntou, preocupado – É uma trouxa?
- Merlim! – Moody exclamou, sendo ouvido por Regina – Isso provavelmente vai contra todos os artigos da Lei de Sigilo!
- Diga a Moody que fique tranqüilo, ela não é uma trouxa qualquer.
- Obrigada! – Maria gracejou, irônica e magoada, mas se dando conta de que algo incrível estava acontecendo: a amiga falava com... ele!
- É ela, Lupin. A Maria... A “Mary Lupin”!
- A “minha” Mary?
Foi a vez dos bruxos soltarem exclamações de espanto, enquanto Maria deixava escapar um gritinho.
- Regina, como pudeste?
Mas Dumbledore já dava instruções a Lupin, que as repassou a Regina.
Assim, ela tirou o espelho da capa falsa e o fixou no espelho da penteadeira, enquanto Lupin fixava o seu em um grande espelho que Dumbledore lhe estendeu. Então, o diretor lançou um feitiço sobre os espelhos, que se enfumaçaram, depois clarearam novamente. E Regina pôde ver a todos, e todos puderam vê-la no quarto do hotel.
Maria, atrás dela, soltou um novo grito. Não podia acreditar no que via naquele espelho! Bem ali à sua frente, o verdadeiro Lupin lhe sorria, igualmente surpreendido e acanhado. Mas, com exceção de Sirius, todos os outros estavam muito sérios, e ela os foi identificando com facilidade e receio.
- E aí, gata! – Sirius perguntou, e Regina fechou a cara para ele, que se desculpou com um trejeito engraçado.
- Como vai, minha filha? – Dumbledore perguntou com bondade.
- Bem... na medida do possível – ela sorriu, odiando-se por uma resposta tão clichê.
- E o garoto? Já deve estar crescidinho! – Minerva sorria, ansiosa.
Enquanto Maria se sentava na beirada da cama, ainda olhando de um bruxo para o outro e evitando fitar Lupin, Regina foi até o berço e pegou o filho, sentando-se com ele ao colo, a uma distância em que poderiam vê-lo por inteiro. Todos soltaram exclamações de espanto e admiração, mesmo que involuntárias. O garoto estava risonho e, se os cabelos negros podiam ser atribuídos à mãe, os olhos eram do pai, isso era inegável. Era grande para a idade e Minerva comentou com Snape que a poção do leite realmente fizera efeito.
- Só faz efeito... em um Snape legítimo – ele retrucou em voz baixa e rude, mas Regina ouviu, piscando, confusa, e se lembrando do cordão no pescoço do filho. Então, agora, ele acreditava nela?
Mas não era por isso que estavam ali.
- Imagino... – ela o fitou pelo espelho – que o Prof. Snape já tenha lhes contado que andou me espionando de novo!
- Só porque... a senhorita me chamou – a ironia era a única nota de emoção em sua voz – e pensei que... o menino estivesse em grave perigo.
- É verdade o que ele nos contou, querida? – Minerva se apressou em perguntar, tentando quebrar a tensão entre os dois.
- Que eu dominei uma cobra cascavel, conversando com ela? Sim, mas não sei como fiz isso. Há ofidioglotas na nossa família, Sirius? – ela o olhou interrogativamente.
- Não que eu saiba... mas talvez nosso tataravô saiba mais sobre isso – ele se voltou para o retrato de Fineas, que se limitou a negar com a cabeça, já que era impossível fingir que não acompanhava tudo com atenção e interesse.
- Entendo... – Regina baixou a cabeça por alguns minutos. Depois, respirou fundo e os fitou novamente, perguntando a si mesma se valeria a pena levantar outra questão que a estava torturando já há alguns dias. Dumbledore lhe fez um sinal imperceptível, e ela olhou diretamente para Moody, indagando:
- Eu tenho outra coisa para lhes falar. O senhor nos disse, aquele dia, que os Inomináveis desconheciam o feitiço de sangue usado na chave de portal. Já descobriram o que era?
- Não. É, ao que tudo indica, uma arte das trevas desconhecida.
Regina observava cada reação de Sirius, enquanto perguntava:
- Ou será que é uma arte das trevas apenas conhecida pelo clã dos Black? Não foi isso que me disse, Sirius, quando conversamos sobre Tiago Black?
- Tiago Black? – tanto Maria quanto os demais bruxos exclamaram ao mesmo tempo, mas Regina e Sirius se fitavam numa batalha silenciosa. A teimosia de ambos parecia que não teria fim, mas Regina surpreendeu a todos ainda mais ao revelar, decidida:
- O “meu” Tiago, que foi morto pelo comensal conhecido como Stone, era um Black, e foi trazido pra cá da mesma maneira que eu, e pela mesma pessoa: Zubenel Aníbal Black. Ele usou a mesma chave para isso. Mas, agora, ela deve estar perdendo poder.
- O que você está dizendo? – Snape estava atônito. Como aquela mulher podia saber de artes das trevas que ele próprio desconhecia?
- A chave precisa ser renovada com o sangue de cada nova geração dos Black, e isso não foi feito. O último sangue em que ela foi banhada é o meu.
- Como... você descobriu? – Sirius estava aterrado, mas sua demonstração de que sabia do que ela falava não passou despercebida.
- Encontrei o feitiço descrito num fundo falso da caixa de minha varinha, há alguns dias...
- Você tem uma varinha? – Maria estava cada vez mais assustada com o que via e ouvia.
Pedindo à amiga que segurasse seu filho sobre a cama, ela voltou à mala e apanhou uma caixa comprida e fina. Depois de tirar a varinha rósea de dentro, que o filho pegou e ficou brincando, sem que ninguém além de Maria prestasse muita atenção às pequenas fagulhas que ele já conseguia provocar, Regina mostrou como apertara uma pequena reentrância na caixa e o fundo se soltara, revelando a inscrição à vista de todos.
- Está em espanhol e de trás para frente. Decifrei por acaso. Acho que, finalmente, descobri porque o Lord mandara me buscar. Segundo o que está escrito aqui, seu possuidor poderia dominar facilmente os dois mundos, o bruxo e o trouxa, e ainda viajar pelo tempo, destruindo seus inimigos antes que eles o alcançassem. Isso, se tivesse em seu poder além da jóia, claro, o portador do último sangue que a banhara, pois seu sangue deveria se derramar sobre a chave uma segunda vez. Mas, como isso tem que ser feito antes que esta pessoa complete vinte e um anos e, vencido o prazo, só é possível renová-lo com o sangue do cordão umbilical de um Black recém-nascido...
- O ciclo foi quebrado – Dumbledore concluiu.
- Sim, pois isso não foi feito com o sangue de Aldebaran. Agora, a única utilidade da chave é trazer seu portador até onde estiver o Black que o banhou por último, ou seja, eu. Isso os senhores já comprovaram por... três vezes? O que significa que não preciso mais me esconder de Voldemort. Perdi a utilidade pra ele, já que a chave resiste à maldição imperius. Ele não poderia me forçar a usá-la em seu benefício.
Vendo que eles ainda vacilavam em acreditar no que dizia, aproximou a caixa do espelho, dizendo:
- Usem outro espelho, e poderão ler a descrição, exatamente como eu disse.
Mas Dumbledore apenas usou a varinha, para projetar as palavras no ar, aumentadas e invertidas. Aplicando um feitiço de tradução, constatou, aterrado, que ela dizia a verdade.
- Acredito que foi por isso que Aníbal ficou aqui, tentando proteger a mim e ao Tiago, até completarmos 21 anos... Mas vocês já sabem que ele não conseguiu... não inteiramente. Tiago morreu por causa disso.
Maria estava pálida. Recordava o relato da amiga em sua fic, mas sempre imaginara que era tudo fantasia dela. Então, aquele rapaz que ela sempre achara engraçado ser parecido com o Sirius... era seu parente? Que loucura!
No silêncio que tomou conta das duas salas, apenas Sirius sorria de modo nervoso, ao dizer:
- Prima, você é um espanto! Eu procurei tanto por isso, quando descobri! Queria voltar para salvar os Potter, trazer meu irmão de volta...
- Sem pensar no que teria que fazer pra isso? – ela o fitou com profunda dor.
Ele suspirou e se sentou, segurando a cabeça entre as mãos. Lupin, que nunca vira o amigo assim, perguntou a Regina:
- O que quer dizer?
- Nossa única salvação, foi que Voldemort a teve nas mãos antes de saber o que era. Acredito que ele pensou que Aníbal fosse uma espécie de guardião do conhecimento da magia, não que ela residia em um objeto... Mais uma vez, ele tinha apenas parte de uma informação importante. Você sabe do que estou falando, Sirius. Você conhece a outra parte do feitiço... para que a chave tivesse seu poder total. Teria coragem?
- Não sou um verme covarde... Não lhes faria mal – ele a olhou com tristeza por ela ser capaz de imaginá-lo fazendo algo tão terrível, mas viu o quanto estava abalada.
- Poderia ser diferente. Você podia aceitar partilhar este poder comigo... – ele piscou, tentando parecer indiferente ou divertido. Mas suas palavras criaram outra suspeita no coração de Regina.
Alguém estivera na sala de parto. Tivera contato com o sangue de seu filho...
Ela olhou para Snape. Não, rebateu. Dumbledore confiava nele, ela desconhecia os motivos, mas precisava acreditar nisso.
- O que você está imaginando, exatamente? – Snape fora mais rápido e ela não conseguiu fechar sua mente a tempo.
Eles se encararam dolorosamente, e ela exprimiu seu receio em voz alta, mesmo se arrependendo em seguida:
- Só pensei que, talvez você tenha usado a chave...E tenha sido com ela que me visitou na sala de parto, para usar o sangue de meu filho e renovar seu poder, para que o Lord pudesse usá-la, afinal... não teria pudor nenhum para entregar a ele uma criança que não reconhece como seu filho.
- Como sempre, você se precipita em suas conclusões. – Foi só o que ele respondeu, saindo da sala, em seguida.
Todos ficaram em silêncio, até que Sirius comentou:
- De todas as punhaladas que o Ranhoso já recebeu na vida, e eu sei porque muitas fui eu que dei, esta foi a pior. Gata, você superou até ao Pontas! Parabéns!
Regina apenas balançou a cabeça. Não acreditava realmente no que dissera. Só levantara uma hipótese, mas ao fazê-lo, escorregara na profunda mágoa que sentia por ele não aceitar o filho com seu e desprezá-la todo aquele tempo, e falara sem pensar. Um péssimo hábito que pusera a perder qualquer chance que ainda tivesse com ele.
- A chave sempre esteve e está em meu poder – Dumbledore falou com voz branda –Está constantemente sob a minha guarda, nunca saiu dessa sala, a não ser quando eu mesmo o fiz. Exceção, claro, para a visita que Minerva lhe fez no hospital, com minha autorização, pois Sirius usou seus próprios meios, sem meu conhecimento, para localizá-la.
Ele apontou para o próprio pescoço, onde se via uma corrente fina. Dela pendia o camafeu de prata.
Regina se sentou na beirada da cama, e Maria a abraçou pelos ombros, solidária.
- Acho melhor deixarmos para conversar em uma outra hora, minha filha. – Dumbledore concluiu, tristonho. – Preciso ir atrás de meu amigo e professor de poções.
Regina baixou os olhos, consciente de que merecia a repreensão que vira em seu olhar.
Ele desfez a magia ampliadora do espelho, e Lupin guardou o seu. Tanto no escritório do diretor, quanto no quarto de hotel, o silêncio reinou absoluto por um longo tempo. Embora de um dos lados, um garotinho ensaiasse futuros feitiços com uma varinha na mão.
- Gá... gá! – Aldebaran repetia, fazendo sua primeira magia: a mãe sorriu, afinal, e o abraçou, o rosto banhado em lágrimas.
Last edited by Regina McGonagall on 04/08/05, 17:12, edited 3 times in total.
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Eheheh!
Tadinha da minha mãe! Eheheh :mrgreen:
(E tadinha de mim, morrendo de vergonha do Lupin! eheheh)
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Post by Regina McGonagall »

Para ninguém ficar muito aflita, principalmente alguém que espera uma certa visita, aí vai mais um capítulo pra se distrairem no fim de semana

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Cap 21 – A Ilha Terceira

É possível sobreviver ileso de uma catástrofe total? Regina descobriu que não. Aquilo não fora nem um vendaval, fora um tsunami, concluiu. Fora obrigada a contar tudo que descobrira para Maria, que finalmente se dispunha a acreditar. Também, depois de uma “espelho-conferência” com a elite da Ordem da Fênix, quem não acreditaria? Ela ainda olhava furtivamente para o espelho da penteadeira, temendo, ou ansiando talvez, que seus rostos ou pelo menos um daqueles rostos surgisse ali novamente.
Quando voltaram do hotel fazenda, Regina lhe mostrou em sua casa os livros de Hogwarts, as vestes, tudo que “herdara” de Vô Aníbal, mostrou-lhe a fita que registrava as imagens narradas na fic, que os bruxos viram na penseira, e Maria “conheceu” o irmão gêmeo de Sirius.
- Mas... como viveste tanto tempo aqui sem que os bruxos te contatassem? Será que não manifestaste nenhum sinal mágico durante a infância? Será que não existem escolas bruxas aqui?
- Claro que existem escolas bruxas aqui, um dos irmãos do Rony não se correspondia com uma brasileira? Mas estamos no mundo real, lembra? Ou existe uma barreira mágica, sei lá. Talvez meu avô tenha me lançado um feitiço que inibiu meus poderes... Para que eu não fosse “descoberta”. Quanto a Tiago, era um aborto, foi Sirius que me disse. Aquela mãe dele... era uma megera, mesmo!
Essa explicação pareceu contentar a ambas, e não falaram mais no assunto. Maria só não a perdoava por ter falado dela pra Lupin, de verdade. Ficara morta de vergonha!
- Ora, ele também é a timidez em pessoa, com esse medo bobo de ferir a quem se aproximar. Mais estrago faço eu, sem precisar ser um lobisomem pra isso...
Elas acabaram rindo e, quando Maria e Isabel foram embora, levaram a promessa de Regina de que passaria com elas as férias de verão.

Regina surpreendeu a todos, no início de junho. Pediu sua dispensa do trabalho, e fez suas malas. Depois de meses com tempo de sobra para pensar no assunto, decidiu-se. Viajaria para Portugal, como combinado com Maria e sua mãe. De lá, se mudaria para Londres. Então, talvez ficasse mais fácil ir para Hogwarts, assim que tivesse notícias concretas do fim da guerra. Pois tinha consciência de que, assim que JK lançasse o sétimo livro, uma nova janela se abriria e ela poderia ir até eles. Sua permanência lá talvez seguisse então o curso normal do tempo, e ela estava disposta a renunciar a tudo, amizades e lembranças, para educar seu filho no mundo a que ele pertencia por direito. Mesmo que Snape nunca mais a perdoasse, ela preferia estar lá, em seu universo. Quem sabe, um dia, Snape aceitasse e reconhecesse o filho? Talvez, ao vê-lo em Hogwarts, experimentando o chapéu seletor...

Ao sobrevoar o Atlântico, não pôde deixar de lembrar de seu vôo com Bicuço, e sorriu. O filho dormia no banco ao lado, ela podia pensar à vontade no que iria dizer pra Maria, quando...
Sorriu ao imaginar a reação da amiga. Conversara com Lupin, dias antes, através do espelho, e avisara que viajava para Portugal. Ele a encontraria lá, Dumbledore permitira que usasse a chave, com relutância. Mas, ao entender as suas razões, concordara. Ela pensava na felicidade do amigo...
Adorou a cidade de Maria, adorou tudo, mesmo que fosse um pouco diferente do que imaginara, baseado nos documentários e reportagens que já assistira. Viajou com a família de Maria para a casa de seus avós, na Ilha Terceira e lá pareceu encontrar o cenário ideal para o que tinha em mente.
- Sabe, estou quase voltando lá em cima e pegando o notebook. Esse lugar me dá uma porção de idéias para novas fics... – ela disse, ao passearem de barco pela costa.
- Nada disso! Ainda não me recuperei de tua última fic! – Maria ralhou com ela. Mas, no fundo morria de vontade de perguntar se falara novamente com Lupin...
Regina percebeu, mas não disse nada. Tinha que ficar atenta a Aldebaran, que achava que poderia sair engatinhando pelo barco.
À noite, o garoto já dormia, quando elas ficaram na janela do quarto que dividiam na casa à beira dos rochedos. De lá, viam o mar, mas a noite estava escura. Era lua nova.
- Que pena que hoje não é lua cheia! - Maria exclamou – Você ia adorar ver este lugar sob o luar!
- Ainda bem que é lua nova, isso sim! - Regina piscou para a amiga, que a fitou sem entender. Mas, com dó da cara de espanto da amiga, explicou logo - Porque, senão, você não ia poder rever um amigo meu, que ficou de vir nos visitar, se receber permissão para usar a chave de portal...
Maria balançou a cabeça, entristecida. Regina continuava a acreditar que, se acontecera com ela, podia acontecer com a amiga. Ela se apaixonara por um bruxo de Harry Potter, estivera em Hogwarts e voltara, até descobrira que era uma bruxa! Mas estava ali, agora, infeliz e... com um filho para criar, sozinha. Não, definitivamente, Maria não queria passar por tudo aquilo também.
- E quem disse que precisa? – Regina retrucou, disfarçando a tristeza – Lupin não é como Snape. Seu único problema é achar que sua família não vai aceitá-lo, por ser o que é. Mas, sinceramente, eu acho que ele está errado. É tão sensível, tão equilibrado, que Isabel vai “amar” esse genro... E a diferença de idade não é tanta assim... Ele até anda remoçado... A poção mata-cão...
- Para com isso! – Maria pediu – Já foi bastante descobrir que me apaixonei por algo mais que um personagem de ficção! Ainda não me acostumei com a idéia de que meu Lupin existe.
Nesse momento, a campainha tocou, e Regina sorriu, piscando travessa.
- Então pode começar a se acostumar, porque temos visitas!
Com efeito, em alguns segundos, Maria escutou sua mãe chamando-as. Um amigo da Inglaterra estava ali para vê-las.
- Meu Deus! O que eu faço agora? – Maria estava aflita.
- Coragem, mulher! Será possível que terei que “incorporar” a Sarah McGonagall, pra fazer você tomar uma atitude digna da Mary Hallow que conheço?
- A Mary Hallow também ficaria apavorada, se existisse de verdade!
- Não seja boba! Eu me lembro da sua determinação, em “Esperando a lua nova...” que parte, mesmo?
- Muito engraçado...
Regina riu, e deixou-a sozinha. Tinha certeza de que a amiga iria querer “se arrumar” para receber o “bruxo de seus sonhos”...

Foi se encontrar com o amigo na sala, tendo certeza de que estaria tão nervoso quanto Maria. E quando o viu, não pode conter um sorriso... Ele parecia um adolescente, conversando educadamente com Isabel mas atento a qualquer movimento que denunciasse a chegada delas...
Ergueu-se de pronto e cumprimentou-a com a habitual gentileza discreta. Isabel, talvez pensando que Regina fosse a razão de seu nervosismo – sabia apenas que o pai de seu filho era inglês, e professor, como ele – deixou-os a sós, discretamente.
Regina ficou aliviada, pois só assim podia lhe perguntar com franqueza:
- Como vão as coisas? O Lord... já foi derrotado?
- Ainda não. – Lupin soltou um longo suspiro e se sentou novamente – É estranho saber que você está uma porção de tempo diferente da nossa, por isso não sente os efeitos. Muitos têm sofrido muito com tudo. Está cada vez mais difícil, e Harry carrega um fardo muito grande... Dumbledore teme por ele, por sua sanidade, até. Mas todos nos esforçamos para ajudá-lo. E quando chegar a hora, ele estará pronto. Sinceramente, espero que não demore... Dumbledore mandou lhe pedir que aguarde um pouco mais. As coisas ainda estão muito difíceis. Não é uma boa hora pra uma mulher e uma criança se mudarem pra lá.
Regina soltou um longo suspiro. O amigo estava certo, como sempre. E se lembrou:
- Você sabe o que vai acontecer amanhã?
- Não... Não sou a Sibila – ele tentou brincar
- O livro. O sétimo livro de Harry Potter. É amanhã o lançamento, o dia em que ele chega às livrarias.
- Então o fim está mais próximo do que pensamos... O que pode ser um alívio.
- E Snape? – ela se forçou a perguntar – Continua me odiando por ter... dito aquilo?
- Bom, não sei... falei com ele, ontem. – ele pegou sua mão, tocou o anel – Foi apenas isso, este anel, que ele usou pra chegar até você. Nunca precisou da chave. Ele tem seus próprios meios para fazer o que quer, e nem sempre os comunica ou compartilha com os outros. Se bem que...
- O que?
- Nada! – Lupin desconversou – Ele apenas... me prestou um favor...Mas não posso lhe contar o que é, agora.
Regina ainda ia tentar lhe arrancar mais alguma informação, mas não conseguiu, pois, neste momento, Maria entrou na sala, tímida, mas deslumbrante, mesmo tendo tentado parecer casual, como se ver aquele homem parado no meio da sala de sua casa não fosse um sonho acalentado e temido. Mas estava muito bonita, vestindo seu jeans favorito e um top rosa, de alças de cetim. O toque romântico da cintura alta de renda e cetim ajudava a realçar mais ainda a alvura de sua pele, e Lupin se surpreendeu imaginando o quanto aquela pele deveria ser macia, suave ao toque...
Sem se incomodar por nem mesmo ser notada, Regina saiu da sala silenciosamente, imaginando que encontraria metade do guarda-roupa sobre a cama ao subir, e foi ao encontro de Isabel, na cozinha, que já preparava alguma coisa pra servir ao visitante.
- R… Regina! – Gaguejou Maria, visivelmente aflita. – Regina!
Não podia acreditar que a amiga a deixara sozinha com um desconhecido! Respirou fundo. Não. Não era um desconhecido. Era o homem que ela tanto amava… mas que durante tanto tempo achara que não existia, que era apenas fruto da prodigiosa imaginação de uma escritora inglesa e aquele amor… aquele amor era apenas fruto da sua própria imaginação e delírios. Já sofrera bastante por amor, por isso selara o seu coração, abrindo-o apenas para aquele personagem de ficção, paixão impossível, que ela sabia que jamais a machucaria… e agora descobrira que ele era real. Estava ali, bem na sua frente, tão diferente do Lupin que David Thewlis interpretara no cinema, mas tão parecido com o Lupin dos seus sonhos. Não tinha mais como fugir; a ficção se tornara real.
Tudo aquilo era tão estranho, que estava dando um nó na sua cabeça. Sentiu que o chão fugia debaixo dos seus pés. Estava perdendo os sentidos. Estava caindo… até que sentiu uns braços fortes erguendo-a. Olhou o rosto do homem que a segurava: olhos azuis, de um tom cinza, algumas rugas precoces no rosto pálido, o cabelo castanho-claro misturado com alguns fios prateados, caindo desalinhados sobre os olhos… Não havia a menor dúvida: era Remo Lupin, em pessoa. O mesmo que ela vira através do espelho, naquela manhã louca em que Regina falara com uma cascavel e, depois, convocara o bruxo por um espelho. E ele agora a estava levando lá para fora, onde a luz das estrelas os iluminava e o bater das ondas nos rochedos serviam de trilha sonora para eles.
- Eu não acredito… - Murmurou baixinho, enquanto ele a presenteava com um sorriso cheio de carinho.
- Você deve estar pensando justamente o mesmo que eu. – Ele disse, ajudando-a a se manter de pé. – Quase duvidei que você existisse de verdade. Às vezes, achava que tudo não passava de um sonho que nunca antes eu me atrevera a sonhar., até o dia em que Regina me falou de você, à beira do lago de Hogwarts.
Ele corou e Maria ainda mais. Instintivamente, deu um passo atrás, sem reparar no sorriso bobo de menina apaixonada que começara a se formar nos seus lábios.
- Não precisa fugir. – Ele disse. – Eu não mordo. – Com um sorriso algo divertido, acrescentou – Pelo menos, não em minha forma humana.
Mary soltou um risinho encabulado. Não sabia o que dizer. Maldizendo interiormente a sua falta de jeito com os homens, baixou os olhos e murmurou:
- Desculpe. Você deve estar me achando uma idiota. Estou caminhando para os 30 anos, mas agindo como uma adolescente! Que idéia você vai ter de mim?
- A melhor possível. – Ele respondeu, sorrindo com ternura. – Você parece uma adolescente, sim, mas eu estou adorando isso. Estou achando lindo!
Maria riu, nervosa e o olhou, com o fascínio expresso nos olhos castanhos:
- Não acredito! Você é exatamente como eu imaginava! Até mesmo nas coisas que diz.
- É mesmo? – Ele riu, também, sentindo um enorme carinho por aquela mulher com rosto e jeito de menina desajeitada. Talvez outros homens a achassem estranha e imatura, mas não ele. Ele adorava aquele jeito dela.
Mary não podia acreditar. Ele era tudo o que ela sempre sonhara! E não precisava disfarçar o que sentia, podia ser ela mesma, na frente dele. Ele a aceitava do jeito que ela era: atrapalhada, desajeitada… e gostava!
Lupin tomou sua mão com delicadeza, e constatou, feliz, que ela usava seu anel. Então, tirou a varinha e tocou-o, murmurando algumas palavras que Maria não conseguiu entender. O anel brilhou, assim como brilhou o que ele também usava, de desenho mais austero, nitidamente masculino, e que só agora ela notara. Então, levou sua mão aos lábios e a beijou. Beijou também o anel, e Maria estremeceu.
Ele a fitou com ternura, e disse:
- Acho que podemos dizer que estamos noivos...
Mas faíscas vermelhas cortaram o céu repentinamente. Maria adivinhou-lhes o significado, antes mesmo de olhar para Lupin e ver seu semblante carregado de preocupação.
- Infelizmente, preciso ir. Mas voltarei... pra te buscar, assim que for possível. Cuide dessa desmiolada que é sua amiga. E... – ele novamente apertou suas mãos – Acredite. Enquanto você usar este anel, estarei a salvo. Mesmo que livros e filmes talvez digam outra coisa... Depositei minha vida nele. Uma pequena gentileza de Snape, me ensinar como fazê-lo.
Ele a fitou com imensa ternura e beijou-lhe os lábios num arroubo repentino de paixão. Tirou do bolso um pequeno objeto, tocou-o com a varinha e partiu, num estalo azul.

Regina encontrou Maria parada no mesmo lugar, um bom tempo depois, as mãos junto aos lábios, como se murmurasse uma prece junto ao anel. Também vira as faíscas vermelhas, e entendera seu significado. Por isso, apenas abraçou a amiga, e juntas permaneceram olhando o céu sem nuvens, temendo pelos donos de seus corações, lutando em uma guerra incrível e cruel.
- Aquela prece? Como era? – Maria perguntou com voz fraca, quase soluçando
- A prece de Sarah? Por Snape? É um salmo...
- Ensina-me, por favor?
- Claro! Rezaremos juntas, está bem? – Regina respirou fundo.
Contendo um soluço, a bruxa exilada começou a orar, acompanhada pela voz tímida de sua amiga:

- Elevo os olhos para os montes. De onde me virá o socorro? Meu socorro vem do Senhor, Criador do céu e da terra. O Senhor é quem te guarda. E é certo que não dorme o guarda que vela por toda a tribo. O Senhor é quem te guarda. Não te molestará de dia o sol, nem de noite a lua, pois o Senhor é quem te guarda. Ele abre todas as tuas entradas, e todas as tuas saídas da Vida. O Senhor é quem te guarda - por mim - agora e sempre.

E um vento suave carregou suas palavras por sobre o mar imenso...
Regina McGonagall
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Post by Éowyn & Tonks »

Porque será que eu amo esse capítulo? :mrgreen:
Essa explicação pareceu contentar a ambas, e não falaram mais no assunto. Maria só não a perdoava por ter falado dela pra Lupin, de verdade. Ficara morta de vergonha!
Até parece! Ela ia ficar chateada era se ela não tivesse falado nada pra ele! eheheh :mrgreen: Tá só fazendo charme... :P
Mas morta de vergonha na frente dele, ela estaria, sim... :oops:
Elevo os olhos para os montes. De onde me virá o socorro? Meu socorro vem do Senhor, Criador do céu e da terra. O Senhor é quem te guarda. E é certo que não dorme o guarda que vela por toda a tribo. O Senhor é quem te guarda. Não te molestará de dia o sol, nem de noite a lua, pois o Senhor é quem te guarda. Ele abre todas as tuas entradas, e todas as tuas saídas da Vida. O Senhor é quem te guarda - por mim - agora e sempre.

Esse salmo é lindo demais!!
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Post by Zoé Magnus »

esperei passar o fim de semana pra editar um novo capítulo, pra dar tempo de você (e o resto da galera que gosta de ler "caladinho") conferirem...
Ai que quirida!! Brigadão!!
Adorei tudo mas o cap 19 ganhou! Aquela musica é linda. E esse Sirius naum aprende né! Mas pelo q a JK diz dele aposto como nenhuma mulher reclama. Como diria minha miguxa "Todo homem é um diabo, mas naum me importo de ser levada para o mal caminho" se encaixa direitinho com o sr Almofadinhas naum? :mrgreen:
A Mery deve ta com o sorriso lá nas orelhas! Q cap lindo!!! Hum vai ter casamento na área espero ser convidada!
Citação:

Elevo os olhos para os montes. De onde me virá o socorro? Meu socorro vem do Senhor, Criador do céu e da terra. O Senhor é quem te guarda. E é certo que não dorme o guarda que vela por toda a tribo. O Senhor é quem te guarda. Não te molestará de dia o sol, nem de noite a lua, pois o Senhor é quem te guarda. Ele abre todas as tuas entradas, e todas as tuas saídas da Vida. O Senhor é quem te guarda - por mim - agora e sempre.


Esse salmo é lindo demais!!
Realmente ele é maravilindo (xi olha o q os desenhos naum fazem com uma pessoa! :shock: )
Bjux
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Post by Éowyn & Tonks »

A Mery deve ta com o sorriso lá nas orelhas! Q cap lindo!!! Hum vai ter casamento na área espero ser convidada!
Estou mesmo! :mrgreen: Viu só o emoticon? Estou assim, ó meu sorrisão! eheh
E não vou falar mais nada, para não me comprometer... ihihih... nem a mim nem... a mais ninguém... :-#
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Post by Zoé Magnus »

E não vou falar mais nada, para não me comprometer... ihihih... nem a mim nem... a mais ninguém...
Oh menina pra me deixa curiosa! tá loko! :cry:
Ah Mary percebeu q eu escrevi teu nome errado. Só vi agora! E eu falando q as pessoas nunca acertam meu nome foi mal.... MARY(viu acertei) :mrgreen:
Voltando a fic! O regina olha ela! Só faz isso pra eu fica com a pulga atras da orelha. Vô ficar roendo os dedos(pq as unhas já se foram a muito tempo) esperando o proximo capitulo!
:shock: Bjux
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