Hokuto nao imaginava o peso que suas palavras causaram sobre Jessie. Primeiramente, tudo bem, ela havia ate dado uma risada de canto quando o professor disse que nao tinha escutado nenhum sermao. Ele nao entenderia que ter desdenhado uma detenção por cigarros era pior do que qualquer sermão? Para J.S era tudo tao claro, que esperava que para os outros tambem fosse, quando fosse fazer algo pior, nao poderia pegar detenção. Simplesmente nao poderia ser pega. Quando fosse algo sério, Arte das Trevas, ou técnicas vampiricas, ela buscava a impunidade.
Porem, as palavras que Hokuto disse a seguir, tiraram seu sorriso
´Se você tem mãe, pai ou qualquer um que minimamente se preocupe com você, o trabalho já deve ter sido feito. Mas como fumante bem educada, deve saber o que acontece com fumantes passivos, não?´
Foi como um punhal de madeira no peito, não, ela nao tinha mae ou pai, nao havia um anjo bom que se preocupasse com cigarros, alias ninguem que se preocupasse de verdade, ela sabia que em seu clã, tudo era um jogo de interesse.
Foi como tomar chá de alho ver Julia dando uma tragada no cigarro só pra desafiar os professores e dar motivo pra ser punida. Gostava do desrespeito latente na garota, do masoquismo que ela mostrava apreciar, mesmo com medo. Mas, como a própria havia dito haviam motivos mais interessantes pra isso.
- Você, senhorita dos cigarros, vai fazer tratamento na enfermaria. E repito, não estou preocupado com a sua saúde, mas sua punição consiste em passar por abstinência, tortura mental e toda essa sua necessidade doentia por estas porcarias. Se você não consegue respeitar a instituição, vai ter que respeitar o seu corpo e a si mesma, livrando-se desta, como disse antes, porcaria, para não dizer algo pior. Pelo seu bem, aconselho a fazer o tratamento certinho ou eu gostarei de comunicar ao diretor esta falta de respeito com os alunos menores que cuidamos nesta instituição de respeito.
J. virou os olhos cansada, deu de ombros, se focalizando na janela e no começo de noite que prometia uma lua cheia... seria uma noite perfeita pra caçar, treinando matar com lobos na floresta. O professor, ou o diretor, nenhum deles conseguia entende-la... Era viciada nao no cigarro em si, mas no prazer. Todo e qualquer tipo de prazer. E nao sentiria falta de tirarem seu marlboro, arranjaria outro modo de se satisfazer.
A tirania desse lugar é a maior falta de respeito aos alunos, faz mas mal do que mil tragos. - pensou, ainda sonhando com a caça na floresta proibida, e com tudo que poderia ter ensinado a Julia no jardim, se nao tivessem sido interrompidas pelos incovenientes do corredor.
Mal percebeu a garota ao lado caindo de joelhos, sem ar, chorando. Nao estava preparada pra fumar. J.S pode ouvir, como um grito, o ódio do professor da outra estudante, sua ira, a vontade de socar até a morte vinha dela. Tinha de intervir.
Quando Julia acordou, nos braços de Hokuto, todo o ódio de antes ja nao estava presente no olhar dela, era algo mais, algo até parecido com desejo.
Eles deram um beijo de perder o folego. Jessie ficou satisfeita em ter visto, tinha um prazer enorme em ser testemunha ocular de cenas picantes. Lembrava sua época ninfomaniaca em que Menages era comuns no Castelo que morava.
Julia estava de repente estranhamente apaziguadora
- Desculpe, eu fui uma criança idiota e mimada que não soube lidar com a situação. Não pude me segurar quando estava perto de você p-porque.. bem, não sei o por quê...e... vou cumprir a detenção o quanto antes.
- Não me importo de ir cumprir minha tão ´cruel´ detenção e deixar os pombinhos a sós, posso até deixar os cigarros aqui, mas levo a lata comigo. - disse aproveitando o choque que o professor estava, imerso pelo delicioso beijo inesperado, ela pegou a lata de marlboro da mao dele, jogou todo o conteúdo aos seus pés, e foi se adiantando no corredor, mas a frente planejava descer as escadas á esquerda, finalmente em direção aos jardins. Esperava que Julia nao demorasse a ver o bilhete que havia deixado em suas vestes.